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Editorial

Bolsonaro 2022: só pensa naquilo

Os reiterados ataques às instituições e aos entes democráticos desde que assumiu a presidência evidenciam a sina autoritária de Jair Bolsonaro (sem partido). O presidente tem mostrado sua total incapacidade de conduzir o país, e não apenas isso, segue instalando crises e mais crises com declarações diárias para seu “cercadinho”.

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Apesar de seguir comemorando as vitórias econômicas “invisíveis”, a população continua sentindo o impacto da má gestão do superministério da economia, comandado por Paulo Guedes. Em julho deste ano, a infl ação ofi cial do país alcançou a taxa de 0,96%, superando os 0,53% do mês anterior e registrando a maior oscilação para julho desde 2002. Além da alta no preço dos combustíveis, ocorreram aumentos na conta de luz, no gás de cozinha e nos alimentos. Como de costume, o presidente se exime da culpa e aponta os governadores como responsáveis pelas altas nos preços, fazendo valer uma máxima desse governo: “A culpa é sempre dos outros”.

No meio de uma das maiores crises políticas, econômicas e sociais do Brasil, o governo dirigido por Bolsonaro propõe, sem qualquer discussão ou consulta à sociedade civil, o fi m do programa Bolsa Família, que subsidia cerca de 14 milhões de famílias no país. Vale lembrar que a taxa de insegurança alimentar dentro dos domicílios brasileiros passou de 36,7%, em 2018, para 59,4%, em 2020, segundo dados da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Ainda assim, faz parte do plano de Bolsonaro impor de forma atabalhoada um programa que mais parece uma corrida de obstáculos, que burocratiza o urgente acesso ao benefí cio. Embora anuncie o Auxílio Brasil como uma melhora do Bolsa Família, afi rmando que ele será 50% maior, nada esconde a tentativa desesperada do presidente de intensifi car o seu ininterrupto clima de campanha eleitoral, a fi m de conquistar as fatias mais pobres da sociedade brasileira e retomar sua popularidade, minando os programas sociais criados pela oposição e substituindo-o por migalhas de seu Governo.

Uma constância desta presidência, a falta de planejamento traz consigo uma ameaça ao auxílio por meio dos precatórios, que são dívidas da União decorrentes de ações judiciais. Para se manter dentro do teto de gastos, o que não parece ser a vontade do presidente, um corte de R$ 31,9 bilhões terá que ser realizado. Caso isso não aconteça, até a prestação de serviços públicos deverá ser interrompida.

O presidente, que ainda não tem partido para disputar o pleito de 2022, não parou de fazer campanha desde que assumiu a cadeira. E parte desse projeto eleitoral é o caos. Enquanto o povo quer vacina, se discute cloroquina. Enquanto o povo passa fome, a pauta que o governo engaja no Congresso é uma estapafúrdia PEC do voto impresso. O presidente cria situações para se sobrepor a triste realidade que se encontra o país.

Bolsonaro trata com indiferença o número de desempregados, chama de “idiota” quem se preocupa com a fome, por diversas vezes já debochou de pessoas contaminadas com a COVID-19, e não se solidariza com as mais de 580 mil vidas perdidas por conta do vírus durante a Pandemia. Entre elas, nosso professor André Naveiro Russo. A ele, nosso respeito.

Preocupado demais com 2022, Jair Bolsonaro esquece do sofrimento do agora, ele só pensa naquilo. André Russo, presente!

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