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AGRÍCOLA
Abril 2020
MANUTENÇÃO AUTOMOTIVA PREDITIVA É ESTRATÉGICA PARA REDUÇÃO DE CUSTO DIVULGAÇÃIO
Os gastos na média nesta área da usina giram em torno de R$ 14,00 a R$ 16,00 por tonelada de cana própria produzida
De acordo com Sodré, a otimização dos custos de manutenção automotiva é iniciada desde a estruturação da manutenção automotiva, através da definição da estrutura organizacional, identificação dos processos, procedimentos fundamentados num orçamento consolidado da manutenção e adoção de melhores práticas de manutenção, de suprimentos, de gestão e de acompanhamento através de KPI’ s pré-estabelecidos, que são fundamentais para atingir uma melhor otimização de custos da manutenção automotiva.
ANDRÉIA VITAL
A manutenção automotiva pode ser usada como uma estratégia para redução de custos na produção de etanol, açúcar, energia e seus subprodutos. Os orçamentos nesta área, no segmento, representam cerca de 8% a 15% da ROL (Receita Operacional Líquida) de uma unidade e podem ter índices maiores, caso a área não receba uma atenção especial. Segundo Dário Wilian Sodré, diretor da D2G Consultoria e especialista nesta questão, em média, os gastos com manutenção automotiva numa usina, giram em torno de R$ 14,00 a R$ 16,00 por tonelada de cana própria produzida, para as empresas que tem ao redor de 90% de primarização ou verticalização de sua manutenção. Embora existem usinas, atualmente, com indicadores muito acima disso, fato que impacta significativamente os custos do produto. Portanto, a boa gestão da manutenção automotiva reflete no desempenho das indústrias, influenciando nos indicadores previstos, já que sem garantia de disponibilidade dos equipamentos, não é possível realizar as operações agrícolas dentro dos prazos planejados, com isso, é necessário a contratação de recursos extras de maneira desordenada, sem nenhum planejamento, elevando muito os custos de manutenção e de produção. Para garantir um resultado satisfatório, com mais qualidade e agilidade nas oficinas, é possível fazer a manutenção automotiva e a manutenção preventiva. Mas afinal, qual a diferença entre as duas? Sodré explica que a manutenção preventiva é uma intervenção prevista, preparada e programada antes da data possível do surgimento de uma falha, normalmente estruturada na manutenção TBM (Time Based Maintenance). Já a manutenção preditiva é uma metodologia, CBM (Condition Based Maintenance), conhecida como uma
AS SEIS TÉCNICAS DE ANÁLISES USADAS PELAS USINAS SÃO ESSAS • Análise de óleos lubrificantes feita com instrumentos para reparos programados, de muito menor custo nos equipamentos, através das análises dos fluidos; • Análise de medição de superfícies através das medições programadas do material rodante das colhedoras de cana, com isso, fazendo as intervenções no melhor momento programado; • Análise de pressões e profundidade em pneus através das medições de pressão nos pneus, garantimos a maior durabilidade e produtividade e com a medição da profundidade do sulco de borracha, da melhor hora para fazer a retirada do pneu para reforma ou outras manutenções de pneumáticos; • Análise de vibração em elementos rotativos fazendo a medição de vibração por exemplo em colhedoras de cana, embora, essa tecnologia, muito utilizada na área industrial, ainda é bem embrionária no setor de máquinas automotivas, em função da dispersão dos valores; • Análise de superfícies por termografia, muito utilizada por nós atualmente para fotos térmicas em equipamentos, com isso, fazendo intervenções programadas nos equipamentos antes das falhas; • Análise de trincas em eixos através de testes com partículas magnéticas para detectar trincas e quebras em eixos rotativos.
técnica de manutenção com base no estado do equipamento. A manutenção preditiva faz o acompanhamento periódico das máquinas, baseando-se na análise de dados coletados por meio de monitoramentos ou inspeções em campo. “A manutenção pre-
ditiva já é uma ferramenta usada por empresas do segmento sucroenergético em suas frotas, embora há espaço para evoluir muito nos próximos anos, principalmente com as tecnologias de on board sensor e machine learning”, afirma o especialista.
Indicadores fundamentais A manutenção automotiva identifica dois indicadores fundamentais, ou seja, a disponibilidade e o CRM (Custo de Reparos e Manutenção) com segurança. E para que esses indicadores sejam atingidos, é necessário uma série de planejamentos, programação e gestão que devem ser estabelecidos inicialmente no PDM (Plano Diretor de Manutenção) e realizados através dos Planos Táticos e Operacionais de Manutenção. Pesquisas mostram que o PCM vem sendo muito usado pelas usinas, gerando bons resultados, embora ainda tenha muito a evoluir como instrumento de planejamento, programação e controle da manutenção automotiva. “A padronização e confiabilidade são essenciais em um processo de manutenção”, afirma Manoel Gomes, da Lema Empresarial. Para ele a falta de manutenção preventiva ou uma preventiva mal implantada empobrece a confiabilidade do ativo e muitas usinas já têm um bom padrão; outras precisam se atualizar. Gomes também alerta que é preciso rever a capacitação dentro das oficinas e ter como regra a homologação das peças. “Não é só a falta de uma manutenção preventiva que faz o equipamento parar. É preciso checar a mão de obra do mantenedor e do operador, se possuem baixa capacitação, se os materiais foram comprados de forma adequada, se houve PCM. Enfim, há um conjunto de informações para se averiguar que garantem um desempenho aceitável do equipamento”, explica. “Uma usina que consegue trabalhar com os custos reduzidos tem uma estruturação boa. Com preventiva, pessoal capacitado e plano diretor de manutenção não terá tanto prejuízo”, pontua.