JornalCana 315 (Abril/2020)

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MERCADO

Abril 2020

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PRODUÇÃO DE ETANOL NA 2020/21 DEVE CAIR EM ATÉ 24%, ESTIMA PECEGE A produção de etanol na safra 2020/21 deverá cair em até 24% ante a temporada 19/20. A estimativa é do relatório Impactos do Coronavírus no Setor Sucroenergético Brasileiro, assinado pelo economista Haroldo José Torres da Silva. Ele é gestor de projetos do Pecege. Segundo o estudo, divulgado em 22 de março, se a produção cair mesmo em 24% as unidades irão produzir 25 bilhões de litros. Na temporada 19/20, conforme o economista, a produção total foi de cerca de 33 bilhões de litros. Por sua vez, o gerente do Pecege destaca que a produção pode ser ainda maior. “Essa redução será mais drástica na produção de etanol hidratado, enquanto o etanol anidro acompanhará o volume de vendas da gasolina”, destaca ele no levantamento.

O relatório atesta, ainda, que o consumo de etanol acompanhe a esperada queda na demanda do ciclo Otto, de 3,7% em 2020. Ou seja, a participação do biocombustível nas vendas de combustíveis do ciclo Otto deverão cair para 37%. Em 2019, essa participação foi de 45%. “Historicamente, no mercado doméstico, o consumo de combustíveis para o ciclo Otto tende a acompanhar o crescimento econômico”, relata. Sendo assim, o arrefecimento da economia brasileira esperado para 2020 implicará numa uma redução na demanda do Ciclo Otto. A estimativa é de uma queda de 3,7% nessa demanda. Por fim, o economista lembra que “a queda nos preços do petróleo apoiará uma maior produção de açúcar no Brasil para a nova safra que se inicia em abril.”

VALOR DA CANA DEVE CAIR EM MAIS 16% E APROFUNDAR CRISE, PREVÊ FEPLANA O valor da cana-de-açúcar para os produtores deverá cair em mais 16%, prevê a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil, a Feplana. A queda reflete os impactos da covid-19 (novo coronavírus), segundo a entidade, que representa 60 mil produtores de cana no país. “O cenário que nos espera deve ser mais problemático que o atual, inviabilizando o negócio canavieiro devido aos preços baixos, ficando bem menores que custos de produção”, afirma Alexandre Andrade Lima, presidente da Feplana. Segundo a entidade, imobilizados pela quarentena no país e mundial diante do coronavírus, amargam quedas acentuadas nos valores do açúcar (-15,3%) e do petróleo (– 59%) nas bolsas de valores. “Esta realidade tem reduzido o preço da matéria-prima do açúcar e etanol, com impactos sobre as lavouras e em toda cadeira produtiva canavieira”, afirma Lima. “A cana gera milhares de empregos e responde por ampla fatia do PIB do país.”

“USINAS QUE JÁ FIXARAM SEUS AÇÚCARES ESTÃO MAIS ALIVIADAS”, AFIRMA ECONOMISTA Os baixos preços do barril de petróleo e a influência indireta do isolamento solicitado para tentar conter o avanço da COVID–19 são os motivos da baixa nos preços do etanol, de acordo com André Rocha, presidente do Fórum Sucroenergético Nacional. “Por isso teremos uma maior oferta e ao mesmo tempo uma redução abrupta no consumo”. Avaliação feita pela ProCana mostra que até o dia 31 de março a redução de consumo de etanol chegou a 60%. Especula-se que pode chegar a 80%. Isso fará — segundo Rocha — que muitas usinas repensem sua estratégia principalmente para as unidades que só fazem etanol. Esse quadro de incertezas e sustos contínuos aponta para um enorme crescimento do mix de açúcar para esta safra de 2020/21. Neste caso não há dúvida de que usinas organizadas e capitalizadas, que administram sua própria mesa de futuros e opções vão dar prioridade ao açúcar. “As usinas que já fixaram seus açúcares estão aliviadas”, afirma o economista Arnaldo Corrêa, da Archer Consulting. A Usina Diana, de Avanhadava (SP) é um bom exemplo de quem fez o hedge de seu açúcar adequadamente. A unidade produtora fixou 90% de seu adoçante num patamar de R$ 1.350/ton para a 2020/21 e para a 2021/22 a usina fixou em torno de 67.500 toneladas num patamar de R$ 1.407/ton. “Tudo isso respeitando e seguindo nossa Política

Diana fixou 90% de seu adoçante num patamar de R$ 1.350/ton

de Risk Management”, celebra Ricardo Junqueira, CEO da Diana. “Estamos muito satisfeitos, pois essa política nos protege muito em tempos de pre-

ço baixo”. Segundo estimativa preliminar da Archer Consulting o mix de açúcar para a safra 2020/21 deve alcançar 44% (contra 34.5% da safra 2019/20).


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