20 AGRÍCOLA
Maio 2019
O AVANÇO DOS BIOPRODUTOS Palestrante do Simpósio CANABIO, a ser realizado em junho em Ribeirão Preto, o especialista em controle biológico Alexandre de Sene Pinto destaca quais bioprodutos lideram nos canaviais DIVULGAÇÃO
“O CONTROLE BIOLÓGICO TEM AUMENTADO EM PRODUTOS COMERCIALIZADOS EM MAIS DE 100% AO ANO EM CANA-DEAÇÚCAR E EM ÁREA PLANTADA DESSA CULTURA, O USO DE BIOPRODUTOS TEM AUMENTADO CERCA DE 6% AO ANO”
Alexandre Sene
Considerado um dos principais especialistas em manejo de pragas, com ênfase no controle biológico, Alexandre de Sene Pinto presta seus conhecimentos como consultor em algumas das principais companhias sucroenergéticas. Os conhecimentos de Sene serão apresentados em sua palestra na primeira edição do CANABIO – Seminário de Manejo Biológico & Orgânico em Cana-de-Açúcar que a ProCana Sinatub realizará entre os dias 26 e 27 de junho no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto. Confira a entrevista que o especialista concedeu para o JornalCana: Como está a situação do manejo biológico das pragas da cana-de-açúcar? Alexandre de Sene Pinto - O uso do controle biológico das pragas (incluindo nematoides) da cana-de-açúcar está em plena ascensão. Atualmente cresce mais de 30% por ano, mas a Associação Brasileira de Empresas de Controle Biológico (ABCBio) afirma que esse crescimento é de 75% ao ano em toda a agricultura. O controle biológico tem aumentado em produtos comercializados em mais de 100% ao ano em cana-de-açúcar e em área plantada dessa cultura, o uso de bioprodutos tem aumentado cerca de 6% ao ano. O bioproduto que tem liderado esse aumento é Trichogramma galloi, com aumento de 6% ao ano, em área, Bacillus spp., com aumento de 2% ao ano, Trichoderma harzianum, 2%, Cotesia flavipes, 2%, Metarhizium anisopliae, 2%, e Beauveria bassiana, 1% da área plantada ao ano. Qual deve ser a área canavieira abrangida pelos bioprodutos? Alexandre de Sene Pinto - Na cana-de-açúcar, hoje se usa Metarhizium anisopliae em cerca de 4 milhões de hectares (sozinho ou em associação com inseticidas químicos), Cotesia flavipes em cerca de 3,5 milhões de hectares, Trichogramma galloi em 2 milhões de hectares, Bacillus subtilis (e outras) em cerca de 0,3 milhões de hectares, Trichoderma harzianum em 0,3 milhões
MAIS SOBRE ALEXANDRE Engenheiro agrônomo, mestre em Entomologia Agrícola e Doutor em Entomologia, Alexandre de Sene Pinto é professor universitário e diretor e sócio da Occaso – editora e análises técnicas. Ele também é diretor de P&D e sócio da Bug Agentes Biológicos. É consultor no manejo de pragas de companhia sucronergéticas. Possui mais de 300 trabalhos científicos, a maioria deles de tecnologia de liberação em controle biológico. Possui ainda mais de 20 livros e 40 capítulos publicados no Brasil e no exterior. Sene recebeu vários prêmios de inovação, sustentabilidade e empreendedorismo no Brasil e no exterior, incluindo o prêmio “Technology Pioneer” do Fórum Mundial de Economia.
de hectares e Beauveria bassiana em cerca de 0,2 milhões de hectares. Os bioprodutos Pochonia chlamydosporia, Paecilomyces lilacinus, Bacillus thuringiensis e outros são usados em menos de 100.000 hectares. Sem dúvida, é a cultura que mais usa biológicos no mundo. A situação financeira da maioria das unidades produtoras segue preocupante. Qual o impacto dessa situação nos investimentos em manejo biológico das pragas? Alexandre de Sene Pinto - Essa dificuldade financeira tem, em alguns casos, favorecido o controle biológico, pois a maioria dos bioprodutos é mais barata do que os químicos, o que tem feito alguns agricultores mi-
grarem para essas tecnologias. Qual a eficiência em resultados do controle biológico diante o controle por químicos? Alexandre de Sene Pinto - A eficiência é quase sempre a mesma em curto prazo, mas costuma ser maior em médio ou longo prazo. No caso de Trichogramma para o controle de ovos da broca-da-cana, a eficácia costuma ser maior do que a dos inseticidas já em curto prazo. Essa microvespa, se bem utilizada, diminui cerca de 6% de infestação ao ano e mantem a infestação da praga ao redor de 1%, o que já não acontece com Cotesia. A vespinha Cotesia, utilizada para o controle de lagartas que já entraram
no colmo da cana, consegue diminuir a infestação em 2-3% ao ano, sendo mantenedora de infestações ao redor de 2% em médio prazo, dependendo da infestação inicial. O fungo Trichoderma spp., utilizado em substituição de fungicidas e nematicidas químicos no plantio, tem eficácia superior aos convencionais, aumentando as raízes mais profundas. Os fungos Beauveria e Metarhizium causam infecções de algumas pragas quando em altas populações e são tão eficazes quanto os inseticidas químicos, ou até mais, especialmente pela ação residual, quando aplicados nas condições ideais. (Esta entrevista continua nas páginas seguintes)