38 GENTE
Abril 2019
A COMANDANTE DA DELTA Aos 35 anos e mãe de dois filhos, Virgínia Lyra Leão assumiu a vice-presidência da companhia e trabalha com a equipe em várias metas, entre elas a de ampliar a produtividade agrícola das três unidades do grupo ARQUIVO PESSOAL
DELCY MAC CRUZ, DE RIBEIRÃO PRETO (SP)
Virgínia Lyra Leão tem os pés na capital paulista, onde a Delta Sucroenergia, da qual é vice-presidente, possui escritório, e também em Minas Gerais, estado na qual a companhia controla três unidades produtoras. Alçada ao cargo de vice-presidente da Delta Sucroenergia em 2018, Virgínia mescla o trabalho de executiva da empresa e o de mãe. Aos 35 anos, ela possui dois filhos: um de 14 anos e um bebê que tinha cinco meses no começo de março, quando esta entrevista foi realizada. Virgínia começou a trabalhar efetivamente na empresa com 23 anos, após formar-se em Administração de Empresas. Anos depois tornou-se diretora comercial da Delta, que controla as unidades Delta, no município de Delta; Volta Grande, em Conceição das Alagoas; e Conquista de Minas, em Conquista.
VIRGÍNIA LYRA LEÃO Idade: 35 anos Natural: Natural de Maceió (AL
ficar mais concentrado, com mais unidades nas mãos de menos grupos? Sim. Há muitas unidades à venda. O problema são os preços. Os compradores querem pagar valor muito baixo e os vendedores querem valor mais alto. Como o ciclo da cana é longo, com seis anos para colher, a situação se estende.
Como deverá ser a safra 2019/20 para a Delta? Em relação a moagem, deverá repetir a safra 18/19, quando foram processadas 10 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. A safra tende a começar com mix mais alcooleiro. A produtividade em TCH, por sua vez, será um pouco melhor. Significa que teremos mais produção de ATR total, que representa a multiplicação do ATR da indústria com o agrícola. A que se deve esta projeção otimista em volume de ATR? O rendimento agrícola deverá ficar melhor do que em 2018. Tudo é o campo: 70% do custo da unidade está ali. Por isso prevemos que o volume de TCH, devido ao manejo e ao plano de produtividade empregado, supere o da safra anterior. Temos a intenção de chegar a 90 toneladas de cana por hectare para os próximos três anos. Se essa projeção for cumprida, o país já terá em vigor o RenovaBio. Quais suas expectativas em torno desse programa? Quero que dê certo. O problema é que você emite os Cbios [certificados de venda] e é preciso ter também o lado comprador [desses certifica-
Por isso a negociação demora a ser efetivada? Sim. Pode-se ficar até nove anos com a cana, mesmo com queda em produtividade.
dos]. Senão o Cbio não irá valer nada. Temos que incentivar que haja uma ponta compradora. E as distribuidoras de combustíveis? Temos as distribuidoras, que são obrigadas a comprar. Mas se tivermos mais participantes no mercado chamado secundário, haverá mais volume para dar liquidez e valor [aos Cbios]. É preciso ter oferta e demanda para eles valerem cada vez mais. E não só os certificados medidos pela
calculadora do programa, a RenovaCalc, a partir da redução da emissão de CO2, e que gera mais Cbios para as unidades mais eficientes. Como a Delta Sucroenergia se prepara para o RenovaBio? Estamos começando a nos preparar neste começo de 2019, quando a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) oficializou as primeiras certificadoras. Em sua opinião, o setor tende a
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Foco no Resultado!
A Delta também é reconhecida pelo potencial de bioeletricidade. Sim. Investimos em caldeira nova, de leito fluidizado, na matriz Delta. Cogeramos e exportamos nas duas unidades (Delta e Volta Grande) via leilão. Mas não vendemos toda a energia produzida em leilão. Vendemos entre 70 e 75% do total. O restante vendemos no mercado spot, por meio de contratos bilaterais com distribuidoras e comercializadoras. As mulheres tendem a assumir mais postos de comando no setor sucroenergético? A tendência é cada vez mais as mulheres assumirem posições. Hoje isso é muito baixo devido a questões culturais, de vida. Antes as mulheres eram criadas para serem mães e donas de casa. Hoje querem trabalhar. E dá um trabalhão. Sou prova viva disso.