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GENTE
Março 2019
“SETOR TEM MUITO A CRESCER” Apesar das enormes dificuldades enfrentadas pelas empresas sucroenergéticas, Brasil segue na liderança mundial como país de menor custo de produção de cana, avalia Martinho Seiiti Ono DIVULGAÇÃO
DELCY MAC CRUZ, DE RIBEIRÃO PRETO (SP)
As dificuldades enfrentadas pelas empresas sucroenergéticas são insuficientes para tirar o Brasil da liderança mundial como país de menor custo de produção de cana-de-açúcar. E há muito a fazer para avançar na consolidação dessa liderança, explica o economista Martinho Seiiti Ono, presidente da SCA Trading S/A. Reconhecido pelo MasterCana Brasil, principal premiação do setor sucronergético na América Latina, Ono detalha, na entrevista a seguir, suas avaliações sobre as tendências do setor sucroenergético brasileiro. Como o Brasil deve fazer para manter-se na liderança do setor sucroenergético mundial, seja em termos de produção como em tecnologia agrícola e industrial de açúcar, etanol e bioeletricidade? As enormes dificuldades que o setor atravessa reduziram em muito a capacidade de investimentos na expansão da atividade canavieira brasileira, porém continuamos liderando como o país de menor custo de produção de cana no mundo. Sabemos que ainda há muito espaço para incremento de rendimento, desde investimentos em tecnologia agrícola, em máquinas e equipamentos e no desenvolvimento genético da planta. Em favor, dispomos de excepcionais condições de clima. Para que os novos investimentos sejam estimulados, precisamos de ações concretas envolvendo setor privado e órgãos do governo que
“O Brasil deve incentivar os biocombustíveis porque já dispõe de investimentos feitos pelas montadoras, pelas distribuidoras de combustíveis e pelos milhares de revendedores de combustíveis”
assegurem a sustentabilidade econômica de longo prazo. E a guerra contra o açúcar por meio de políticas protecionistas? No açúcar as políticas protecionistas e de incentivos indevidos praticados por outros países produtores desequilibram as condições de livre e justa concorrência. A Organização Mundial do Comércio (OMC) é o fórum ade As dificuldades enfrentadas pelas empresas sucroenergéticas são insuficientes para tirar o Brasil da liderança mundial como país de menor custo de produção de cana-de-açúcar. E há muito a fazer para avançar na consolidação dessa liderança, explica o economista Marti-
nho Seiiti Ono, presidente da SCA Trading S/A. Reconhecido pelo MasterCana Brasil, principal premiação do setor sucronergético na América Latina, Ono detalha, na entrevista a seguir, suas avaliações sobre as tendências do setor sucroenergético brasileiro. O que deve ser feito em relação ao etanol? O etanol não pode continuar a ser comercializado apenas considerando a paridade em relação ao combustível fóssil (gasolina e gás natural). É imprescindível reconhecer as externalidades positivas do etanol através de um trabalho forte envolvendo órgãos do governo e
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o setor privado. Necessitamos de maior previsibilidade de demanda do etanol hidratado, a exemplo do que aconteceu com o etanol anidro, como foi determinado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No etanol hidratado somos diferenciados e únicos no mundo. Temos uma frota de 30 milhões de automóveis flex que podem usar etanol e dispomos de uma rede com mais de 40 mil postos aptos a comercializar etanol. Precisamos e devemos desenvolver um programa de estímulo de consumo de biocombustíveis, através de melhor comunicação com a sociedade brasileira, enaltecendo os diversos benefícios econômicos, sociais, ambientais que são proporcionados. Neste sentido, o RenovaBio é uma esperança concreta que está em desenvolvimento. Devemos urgentemente modernizar a comercialização. É essencial que se crie mecanismos financeiras que permitam a realização de hedge, assegurando ao produtor e ao comprador oportunidades de fixação de preços antecipados. Vivemos um 2018 com o etanol dominando a produção das unidades. Essa tendência deverá repetir em 2019 também por conta do excedente de oferta mundial do açúcar? A queda gradativa do consumo e a ampliação da concorrência não farão o setor migrar de vez para o mix mais alcooleiro? O empresário do setor sucroenergético brasileiro tem oportunidade única. Temos a opção de em cada safra decidir pela produção de etanol