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MERCADO
Maio 2017
Importação de etanol dos EUA avança. Mas até quando? WELLINGTON B ERNARDES, DE
MOTIVOS PARA ENTRADA DO ETANOL AMERICANO NO BRASIL
R IBEIRÃO PRETO (SP)
Somente nos dois primeiros meses deste ano, o Brasil importou mais de 50% de todo o etanol que entrou no país em 2016. A necessidade da utilização do etanol estrangeiro para suprir a demanda interna aumenta consecutivamente desde 2013. Este cenário está atrelado à maior competitividade do etanol americano no mercado brasileiro, que possui menor custo de produção em comparação com o etanol nacional, além de haver isenção de taxas de importação. Outro fator que impacta na entrada de biocombustível é a indefinição da posição do etanol na matriz energética brasileira, problema que é articulado entre o setor e o governo através do programa RenovaBio, que visa estimular a produção de biocombustíveis no Brasil atrelando previsibilidade e estímulos à produção. Entidades ligadas ao setor realizam movimentos para dificultar a entrada do biocombustível no país e tornar o mercado mais competitivo para as usinas brasileiras. O principal argumento da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) é que o fator ambiental do etanol brasileiro deve ser bonificado no mercado. Seu principal concorrente, o etanol de milho fabricado nos Estados Unidos, possui maior emissão de gases de efeito estufa (GEE) e, assim, não atinge as expectativas de seu consumidor final, de ser um combustível limpo
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Fabricação de etanol de milho é mais barata Não existem taxas para a importação de etanol Produção recorde de etanol de milho em 2016 nos EUA: 60,6 milhões de m³ Custo da energia caiu nos últimos anos para a indústria americana
Fonte: International Energy Agency (IEA)
Armazenamento de etanol de milho nos Estados Unidos: país tem no Brasil um dos principais importadores do biocombustível
com baixos impactos para a saúde e para o meio ambiente. Para frear o crescimento na entrada de etanol dos Estados Unidos, a Unica encaminhou à Câmara de Comércio Exterior (Camex) um pedido para revisão da tarifa de importação do etanol dos atuais 0% para 16%. Segundo a Unica, a taxa seria uma forma de corrigir a diferença entre os etanóis nos aspectos mercadológicos e ambientais. “É importante esclarecer que os 16% se justificam por um cálculo, que tem como base o valor necessário para corrigir as externalidades ambientais associadas à emissão de GEE entre etanol importado e o nacional e o preço médio do etanol importado nos últimos 12 meses pelo Brasil”, explica a instituição.