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MERCADO
Junho 2017
ENTREVISTA – Julio Maria Borges, sócio diretor da JOB Economia
“Crescer a qualquer custo não acontecerá mais no setor” WELLINGTON BERNARDES, DE RIBEIRÃO PRETO (SP)
Em cenário de estabilidade nos preços para esta safra, investimentos nas áreas agrícola e industrial avançam, porém de maneira tímida. Em entrevista ao JornalCana, Julio Maria Borges, sócio diretor da JOB Economia, destaca que será preciso equilibrar os investimentos e controles de gastos em busca de melhores resultados financeiros. JornalCana – Por que é tão difícil para uma usina recuperar sua saúde financeira? Julio Maria Borges - Para recuperar a saúde financeira de uma usina é necessário inicialmente uma definição de estratégia de sobrevivência. A recuperação é difícil pois exige muita disciplina na redução de despesas, incluindo a remuneração do acionista. Em alguns casos, até a renegociação da dívida com bancos pode ajudar nesta restrição de gastos. Como o setor sucroenergético pode sair da área de risco para investimentos? Julio Maria Borges - Existem alguns fatores que pesam para que usinas e grupos melhorem suas situações financeiras. É necessário aliar boa estratégia empresarial com planejamento e controle dos gastos. Isto requer atenção para a correta aplicação da eficiência técnica e econômica, com disciplina financeira em todas as operações e a implantação da gestão de riscos. A inclusão da participação dos colaboradores via participação nos lucros (PLR) é uma ferramenta que auxilia em incrementos nos resultados. Esta safra pode ser melhor para as usinas com caixa negativo e com baixa linha de crédito? O etanol pode favorecer estas empresas? Julio Maria Borges - O cenário somente será favorável se tivermos uma eventual redução de juros e maior disponibilidade de créditos aliado a uma taxa de câmbio com baixa volatilidade. Em relação aos preços, não vejo uma situação melhor que a observada na safra 2016/17. Como a JOB Economia vê esta safra em termos de investimentos nas áreas agrícola e industrial? Julio Maria Borges - Os investimentos têm sido feitos de maneira prudente e responsável na área agrícola e industrial. Temos percebido melhores tratos da lavoura e maior nível de renovação do canavial, o que deve elevar o rendimento agrícola. Quanto a expansão da lavoura e investimentos industriais temos notado que ocorrem visando a otimização das operações. Parece que crescer a qualquer custo é uma situação que possivelmente não deve ocorrer mais no setor, tendo em vista a péssima experiência dos últimos dez anos.
Julio Maria Borges, da JOB: “cenário somente será favorável [para o setor] com redução de juros”