OJB 41 - ANO 2023

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ISSN 1679-0189

23º Congresso Nacional da 3ª Idade e Capacitação agita Caldas Novas - GO

O final de setembro ficou marcado na memória dos Batistas na melhor idade. Entre os dias 21 e 24, os idosos estiveram na cidade de Caldas Novas - GO para participar do 23º Congresso Nacional da 3ª Idade e Capacitação. Eles saíram do evento certos de que são vidas que frutificam. Leia a matéria completa nas páginas 8 e 9.

Reflexão Notícias do Brasil Batista Notícias

Inclusão na Escola Bíblica

Mônica Coropos aborda a importância de lembrar das pessoas com deficiência na Igreja

110 anos de evangelização no Sergipe

A pioneira PIB de Aracaju comemorou aniversário com Conferência Evangelística

OJB Entrevista

O jovem pastor Raphael Abdalla expõe conselhos para preparar novas gerações de líderes para a Igreja

Fé com chá

Igreja Batista Aliança, em Campinas - SP, realiza o 15º “Chá Colonial”, evento evangelístico para mulheres

ANO CXXII EDIÇÃO 41 DOMINGO, 08.10.2023 ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA FUNDADO EM 1901
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do Brasil Batista Notícias do Brasil Batista Fotos: Selio Morais

O destaque da edição desta semana vai para a 23ª edição do Congresso Nacional da Terceira Idade e Capacitação, evento realizado pela União Feminina Missionária Batista do Brasil (UFMBB) e Convenção Batista Brasileira (CBB), de 21 a 24 de setembro, na cidade de Caldas Novas, no estado de Goiás. O evento acontece anualmente, reunindo participantes de todo o Brasil, e em 2023, entre congressistas

e equipe, o público do evento foi de quase 500 pessoas. Sob o tema “Vidas que frutificam”, os idosos viveram dias de edificação espiritual, aprendizado, comunhão e diversão. Nesta edição de O Jornal Batista, as páginas da UFMBB trazem toda a cobertura da programação.

A segunda edição de O Jornal Batista em outubro traz artigos sobre o Dia Batista de Evangelismo Pessoal, que

Artigos e notícias que edificam

será celebrado no dia 12 de outubro; atuação do educador cristão em diversas áreas, já que também estamos no mês que celebramos o trabalho tão importante destes irmãos e irmãs; e muito mais!

Na seção de notícias destacamos o aniversário de 110 anos da Primeira Igreja Batista de Aracaju - SE; e a entrevista com o pastor Raphael Abdalla, líder da Primeira Igreja Batista em

( ) Impresso - 160,00

( ) Digital - 80,00

Guarapari - ES e 3° vice-presidente da Convenção Batista Brasileira.

Vale também destacar que hoje, segundo domingo de outubro, é o Dia da Criança Batista. Que nossas Igrejas invistam cada vez mais nos pequeninos, no ensino da Palavra e valorizando suas qualidades, para que no futuro tenhamos pastores, missionários, músicos e profissionais das mais diversas áreas de atuação. n

O JORNAL BATISTA

Órgão oficial da Convenção Batista

Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso.

Fundado em 10.01.1901

INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189

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INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923).

ARTE: Oliverartelucas

IMPRESSÃO: Editora Esquema Ltda A TRIBUNA

2 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23
EDITORIAL
REFLEXÃO

As ruas da cidade estão repletas de violência. A cada novo dia, cresce o número de pedintes nos semáforos. Alguns portam cartazes que ferem nossa sensibilidade. “Estou com fome”, dizem; “não como há três dias”. Dói saber que um ser humano, criado à imagem e semelhança do Criador, morador de um país de tanta fartura, não tenha como se alimentar. Quem já experimentou fome compreende a dor e o desalento de um estomago vazio. É triste e profundamente revoltante ver alguém pedindo pão para sobreviver. Deus nos deu um país rico em alimentos. Milhares de toneladas de alimentos são desperdiçadas todo dia. A desonestidade daqueles que governam responde por boa parte da

miséria em que vive o nosso povo. Enquanto alguns vivem nababescamente, outros imploram por um naco de pão. A ausência de uma sociedade equânime tem gerado mais violência a cada novo dia. Há poucos dias, um pedinte de semáforo se irritou com um motorista que negou dar-lhe uma moeda em troca de uma paçoca. Aos brados, queria que o dono do carro baixasse o vidro da janela para comprovar ser verdade o que afirmava. Felizmente, o sinal abriu e a vítima seguiu seu caminho em paz, evitando tragédia maior. Duas verdades tristes se revelavam claras aos olhos dos demais transeuntes. O pedinte se achava no direito de exigir do outro uma moeda inexistente. Ninguém é obrigado a comprar paçoca às seis horas da manhã para satisfazer

O meu tema

Wagner Antônio de Araújo pastor

Extraído do site da Associação dos Diáconos Batistas do Estado do Rio de Janeiro

O meu tema não é política. Certamente, tenho as minhas opiniões, conflitos, protestos, lamentos, mas estes guardo comigo. Não milito no meio do reino deste mundo, conquanto queira ser sempre um cidadão de bem, cumpridor dos meus deveres e desejoso de que os meus direitos sejam respeitados. Respeito os que o fazem e oro por eles. Mas não é a minha praia.

O meu tema não é o esporte. Tenho um ou outro esporte do qual gosto. Em minha infância fiz artes marciais, natação e fui um pouco atleta. Depois de minhas enfermidades cardíacas, eu não militei mais nessa área. Hoje, com a cura do meu coração e uma série de bênçãos, volto pouco a pouco ao exercício. Mas, este não é o meu assunto de interesse. Admiro quem tem saúde e eficiência atlética.

Também não tenho por tema da vida a academia. Fiz os meus estudos em diversas áreas e preparei-me

Violência nas ruas

a alguém que dizia estar com fome. A recomendação das autoridades é que não se dê dinheiro e não compre nada dos ambulantes nos semáforos. Mas, o poder público nada faz para evitar tais confrontos, que podem gerar mortes. Ninguém é obrigado a comprar paçoca de um morador de rua. A origem de tais mercadorias é duvidosa, e nem sempre são recomendáveis. Prefiro dar a moeda solicitada e não receber a paçoca duvidosa.

Se nem as autoridades agem, o que fazer? Como solucionar o problema, se vivo numa sociedade injusta, pecadora e corrompida? Não há solução humana capaz de inverter o quadro triste que se revela em nossas ruas. Isto sem contar com os que batem as nossas portas para pedir dinheiro ou um prato de comida.

A fome existente em nossos dias se revela como excelente alavanca para alimentar a hipocrisia dos que nos governam. A propaganda política que antecede as eleições promete impunemente soluções miraculosas para todos os problemas sociais. Não fomos criados para a violência. Jesus nos convida a sermos pacificadores (Mateus 5.9) e evitar a violência. “[...] a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos, em Cristo Jesus”, escreve Paulo no capítulo 4, verso 7, da carta aos cristãos filipenses). É preciso estar em Cristo para promover a paz, nas ruas de nossa sociedade. Isto só é possível com a pregação do Evangelho. Viver uma vida que glorifique a Cristo, o Senhor. n

para ter um bom salário e uma boa atuação em minhas áreas do saber. Depois, chamado que fui pelo Senhor para o ministério pastoral, dediquei-me integralmente a isto e especializei-me em conhecer de tudo um pouco, de forma caseira, artesanal, autodidática. O meu tema não é a academia. Admiro os que detém graduações diversas e que se tornam especialistas em muitas áreas. Mas não sou um doutor.

Muito menos tenho por tema o entretenimento, as séries da Netflix, as músicas populares, as artes diversas. Não tenho qualquer interesse no entretenimento televisivo, nos programas de auditório, nas invasões de privacidade dos programas que usam a plataforma dos confinamentos públicos para a diversão. Sou um apaixonado pela música, tanto a música cristã tradicional quanto a contemporânea. Eu também sou eclético em meus gostos, ouço com diversificação músicas seculares instrumentais, cantadas, brasileiras ou estrangeiras, desde que não firam o tema de minha vida. Mas o meu tema é outro.

O meu tema é Jesus. A razão de minha vida é Jesus Cristo. Foi Ele

Quem me salvou, foi Ele Quem na cruz morreu em meu lugar, ressuscitando ao terceiro dia. Ele é o Deus-Homem, o Pai da Eternidade e o Príncipe da paz. Ele transformou os meus pensamentos, mudou o meu coração e me deu o perdão dos meus pecados. Ele mostrou-me como viver com Deus, como viver com o próximo e como as coisas serão em breve, quando Ele regressar e tomar as rédeas do mundo e dar-me a eternidade no Céu, a mim, não merecedor, mas agraciado por Seu amor!

Jesus é o tema da minha vida. Ele é o tema das minhas canções. Ele ocupa o centro dos meus pensamentos. Ele é o meu interesse máximo nas leituras que faço, em especial nas páginas sacrossantas das Escrituras Sagradas, únicas fidedignas que me apresentam a Sua vida. Ele é um homem sem igual, um ser sem igual, um mestre sem igual, o único Senhor. Ele é o meu Messias, único e invencível. Ele é a motivação de tudo o que faço. Eu não milito por um reino de Cristo nesta Terra, mas sirvo-O crendo no porvir, absolutamente certo de que Ele irá vencer. E, por servi-Lo, posso amar o

próximo, posso servir aos irmãos, posso perdoar aos inimigos, posso orar pelos que me perseguem e posso ser feliz! Neste serviço, posso construir uma realidade mais justa e solidária, mais bondosa e piedosa. Mas tudo por Cristo e não despido dEle.

Amo falar dEle em família. Ele é o assunto em minhas refeições. Sou apaixonado por louvá-Lo quando me reúno para o culto doméstico. Quando vou à Igreja, quando me visto para ir ao culto, não o faço para seguir modas ou tendências. Faço para servir a Jesus, para dar a Ele o meu melhor. Não me importam as múltiplas interpretações contemporâneas. Ninguém pode atrapalhar o tema principal no coração de alguém que sabe o que encontro. Eu, miserável pecador, encontrei salvação! Eu, mendigo esfomeado na alma, encontrei o Pão da Vida. Eu, sedento de perdão e de vida, encontrei a Água Viva. Jesus me satisfaz. Eu gosto de falar dEle com os irmãos na Igreja, com os amigos nas redes sociais, com as pessoas a quem eu encontro. Enfim, meu tema é Jesus.

Qual é o tema de sua vida, prezado leitor? n

3 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23
BILHETE DE SOROCABA
REFLEXÃO

Dia Batista de Evangelismo Pessoal

O dia 12 de outubro é separado para celebrar o Dia Batista de Evangelismo Pessoal. Os Batistas brasileiros buscam agir com correção para cumprir a ordem de Jesus anotada por Mateus: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (28.19-20).

A Junta de Missões Nacionais (JMN) dá ênfase especial para esse Dia, ancorado nas palavras do Mestre ao ensinar que é preciso estar sempre a comunicar a Palavra individualmente em todos os lugares onde estiver um filho abençoado do Senhor. Cada crente em Jesus, individualmente, deve se responsabilizar pelo testemunho em comunicar o Evangelho da Graça divina que o salvou.

É preciso fazer discípulos. Entretanto, essa obra não alude à arte de “fazer discípulo”, isto é, de trabalhar o

intelecto da pessoa tornando-a capaz de compreender e comunicar a Palavra por meios racionais inteligentes, a ponto de agregar pessoas para fins de promoção particular. “Fazer discípulo” é ter a graça de encaminhar um pecador para estar sob a atuação do Espírito Santo de Deus capacitando-o a reconhecer seus pecados, confessar a Jesus e aceitá-lo como seu Salvador pessoal. Assim, o crente é instrumento que encaminha o pecador. Este instrumento deve ser obediente ao chamado de ir e fazer Sua obra.

É preciso, então, chegar ao aprimoramento de sua tarefa. Esta se resume em um ato apenas: “batismo”. Um pecador que se converte deve ser doutrinado a ponto de saber que deve se identificar com Jesus na sua morte e ressurreição, representando-as pelo ato do batismo. Este literalmente o conduz a mergulhar em água completamente, capaz de simbolizar sua morte para a velha vida, e à emersão para simbolizar o novo nascimento capaz de jamais esquecer que “para quem está em Cristo, as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo” (II Co 5.17).

Olavo Fe ijó

Nosso futuro está fundamentado em Cristo?

“E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração” (Jr 29.13).

O profeta Jeremias revelou os planos de Jeová quanto ao futuro do Seu povo, dizendo: “Só Eu conheço os planos que tenho para vocês: prosperidade e não desgraça, bem como um futuro cheio de esperança. Sou Eu, o Senhor, quem está falando” (Jr 29.11).

O futuro, quando vindo em comunhão com o Senhor, sempre tem sido caracterizado pela prosperida-

No Dia Batista de Evangelismo Pessoal, os crentes em Jesus devem reavaliar a Palavra de Jesus individualmente, a ponto de se convencerem se estão cumprindo Mateus 28.19-20. A convicção da prática torna mais eficiente o cristão obediente. Sua falta desqualifica o crente, a ponto de entender que essa ordem é só para os que são chamados para o ministério. E, assim, o Corpo de Cristo padece por enfermidade própria: a desobediência de alguns de seus membros.

de, tanto material, quanto espiritual. Daí a pergunta: como nosso tempo, como cristãos, está acontecendo? A resposta vem clara, no contexto da revelação bíblica. Estamos vivenciando nosso hoje com uma postura de negligência? Se este é o nosso caso, não será de estranhar a ocorrência de problemas que estejam nos atropelando.

Por outro lado, caso nossa vida tenha levado a sério o convívio com o Senhor Jesus, teremos todo o direito de esperar bênçãos da parte dEle.

O grande desafio é ser conduzido pela Palavra a ponto do crente em Jesus se sentir “devedor” e, logo, “obrigado a ser obediente” se deseja ter vitórias em sua vida individual e crescimento de sua Igreja, graças ao seu testemunho individual que enriquece o Corpo sagrado de Jesus nesta terra - a Igreja.

Portanto, faça-se o “Dia Batista de Evangelismo Pessoal” ser vivido, praticado todos os dias, tal como a vida é: dia após dia, até o chamado para a glória. Amém n

Um coração com Cristo é um missionário. Um coração sem Cristo é um campo missionário

Os cristãos possuem o imperativo da evangelização. Em nosso país e no mundo todo, devemos difundir que Jesus Cristo é o único Senhor e Salvador.

Há muitos corações para serem alcançados. Esses são os campos missionários. E os convertidos ao Evangelho são os missionários, os porta-vozes da mensagem da Esperança.

Aquele que recebe Jesus em sua vida passa por uma transformação,

vive uma metamorfose. A pessoa se transforma em uma nova criatura. O pecado não é mais o foco. O objetivo passa a ser Jesus. Viver para a glória de Deus. Viver para dar muitos frutos. Sempre será tempo para a obra de missões no Brasil e no mundo. Aqui

e longe, devemos pregar o Evangelho. Se não podemos ir aos lugares longínquos, podemos enviar os missionários. Ajudar pelas orações e pelas ofertas esses irmãos e irmãs para que ganhem muitas almas para Jesus Cristo. n

4 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23
Rubin Slobodticov pastor, colaborador de OJB Davi Nogueira pastor, colaborador de OJB
REFLEXÃO
pastor & professor de Psicologia

Adaptações curriculares na Escola Bíblica

Mônica Coropos educadora cristã

Extraído do site da Ordem dos Educadores Cristãos Batistas do Brasil (www.oecbb.com.br)

O ensino da Bíblia é tópico que não pode ser negligenciado em tempo algum, em qualquer situação, em qualquer contexto. Dele advém toda a formação para um ser humano preparado para viver os desafios seculares e, com muito mais propriedade, conhecer a Deus, adorá-Lo, servi-Lo e temê-Lo. Em Hebreus 4.12, vemos definida sua máxima importância: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gumes; penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é capaz de perceber os pensamentos e intenções do coração”.

A contemporaneidade ampliou o olhar da Igreja para os “campos brancos” dos indivíduos denominados “atípicos”. Temos reconhecido a necessidade de mapear as pessoas com deficiência existentes em nossas comunidades de fé e identificar suas necessidades, para o planejamento e implementação dos ajustes necessários que as possibilitem aprender na Escola Bíblica. Com um sistema educacional inclusivo ainda em construção e demanda cada vez maior, somos responsáveis por pensar e proporcionar o acesso à compreensão da

Bíblia a todos. Para isso, uma equipe de trabalho deve ser formada para desenvolver as adaptações curriculares na Escola Bíblica.

É importante lembrar que currículo é a conexão entre a teoria e a prática, entre o planejamento e a ação. É pelo currículo que uma Igreja caminhará unida sobre o que ensinar, quando ensinar, como ensinar e quando avaliar Uma Congregação que não planeja é uma verdadeira “colcha de retalhos”, com seus ministérios e departamentos fragmentados, gastando energia e gerando cansaço nos poucos obreiros da seara. Somente após a etapa curricular concluída, as adaptações terão melhor alcance e resultados.

De acordo com Glat (2002), as adaptações curriculares “são ajustes realizados no currículo para que ele se torne apropriado ao acolhimento das diversidades do alunado - currículo verdadeiramente inclusivo; currículo dinâmico.” (GLAT, 2012). Na Igreja, estas alterações serão respostas oferecidas, de forma a favorecer o acesso ao ensino-aprendizagem da Bíblia a todos. No âmbito destas mudanças no currículo, as mais significativas são aquelas que levam em conta a história de vida, o conjunto de saberes bíblicos já construídos e aprendidos anteriormente (caso existam), além das características pessoais em seu modo de aprender. Em uma anamnese com os responsáveis

pela criança ou adolescente, por exemplo, a equipe colherá informações para adaptar o currículo a atividades com recursos visuais, auditivos e tecnológicos, exploração da percepção sensorial, utilização do concreto ou abstrato, incluindo leituras, filmes, atividades dirigidas. Os educadores também modificarão o plano de aula para a realização das propostas previstas, adaptação de materiais para deficientes visuais e auditivos, eliminação de conteúdos secundários, ajuste no tempo para trabalhar determinados objetivos, no nível de dificuldade das perguntas e jogos, incluindo atividades alternativas às previstas e aulas de reforço.

Uma Escola Bíblica reúne diferentes faixas etárias e deve buscar participação integral e bem-sucedida para todos os que se achegam. É necessário buscar atender as peculiaridades e necessidades relacionadas às etapas de aprendizado e desenvolvimento esperados para determinada idade, ajustando os conteúdos à compreensão de todos os alunos. Quando possível, recomenda-se ter uma sala ou espaço para regulação das crianças atípicas, onde elas possam voltar à calma. Um lugar com luz reduzida, pouco barulho, mobiliário planejado e estímulos cuidadosamente selecionados. Um cuidado a mais seria contar com abafadores de ouvidos para os que têm irritabilidade ao som alto. Contar com salas

de regulação, aparatos tecnológicos, recursos didáticos e até Inteligência Artificial não substituem a nossa única fonte de fé e prática - a Bíblia Sagrada. A Escola Bíblica - entenda-se aqui, toda a reunião de pessoas com o objetivo de estudar a Palavra de Deus - é um pilar de fortalecimento da Igreja. Olhar para os neuro divergentes nos aproxima de suas famílias e as aproxima do desejo de estudar a Palavra, pois terão ali educadores e currículo preparados para receber e integrar a todos numa atmosfera de amor cristão e receptividade. Que tenhamos um coração sensível e urgência para alcançarmos a muitos a partir das adaptações curriculares.

Referências

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares / Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. –Brasília : MEC/SEF/SEESP, 1998. COROPOS, Patrícia. Conhecer para incluir. Disponível em: www.coropos. com Acesso em 24 jun 2023. 2021. GLAT, Rosana; OLIVEIRA, Eloiza da Silva Gomes de. Adaptação Curricular. Disponível em: <http://www.cnotinfor. pt/inclusiva/pdf/Adaptacao_curricular_pt.pdf > Acesso em 13 jun 2023. 2012. n

5 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23 REFLEXÃO

Marcas impressas no ensino do educador cristão

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

93ª ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DA UNIÃO FEMININA MISSIONÁRIA BATISTA CARIOCA – UFMBC

Na qualidade de presidente e em cumprimento ao art. 6 do Estatuto da União Feminina Missionária Batista CariocaUFMBC, convoca as mensagerias das Organizações Femininas das Igrejas Batistas deste Município para participarem da 93ª Assembleia Geral Ordinária, a ser realizada no dia 04 de novembro de 2023, sábado, a partir das 8h30, no templo da PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE MADUREIRA, situada à Andrade Pinto, 28 - Madureira – RJ, constando na pauta Eleição da Diretoria 2023/2024, ref d E t t t d U iã h l ação da reforma do Regimento Interno da União.

6 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23 REFLEXÃO
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Campanha Missionária também é comunhão e serviço

Redação de Missões Nacionais

A Primeira Igreja Batista em Santa Rita, em Nova Iguaçu - RJ, iniciou a Campanha Missionária no dia 03 de setembro. Nesse período, todos os cultos reforçaram o tema da Junta de Missões Nacionais para este ano, a divisa em João 3.16 e o hino oficial da campanha. A cada dia, a Igreja assistiu a vídeos sobre algum projeto missionário e intercederam pelas missões.

No primeiro culto, três irmãos receberam um desafio. Cada um ganhou um envelope com o valor de R$100,00 dentro. O objetivo era multiplicar esse valor durante a semana. No domingo seguinte, eles entregariam os valores adquiridos e, então, outras três pessoas seriam desafiadas. Não faltou criatividade. Um irmão vendeu bolinhos de aipim, outro fez prateleiras de madeira. Foi uma bênção!

A PIB em Santa Rita também participou da Vigília de Oração pelo Brasil, que aconteceu de 1° a 07 de setembro. Foi um momento em que Igrejas de todo o país se uniram para orar 24h por dia, cada uma sendo responsável por um período de 6h. A Igreja de Nova Iguaçu se comprometeu a orar em um dos momentos e viveu lindo tempo de mobilização e intercessão.

No dia 10 de setembro, a Igreja saiu das quatro paredes para compartilhar o Evangelho pelo bairro. Eles distribuíram panfletos e convidaram os moradores para a Feira Missionária, que foi realizada no dia 16. A feira foi caprichada: almoço, bazar e venda de doces e salgados, além de atendimentos de assistência social, aferição de pressão

e medição de glicose e oxigenação.

Essa Igreja viveu de fato um tempo de mobilização missionária! Culto ao Senhor, oração, comunhão, louvor,

evangelismo, ofertas para os campos. Toda essa dedicação tinha o intuito de propagar a mensagem de que “A Solução é Jesus Cristo”. Louvado seja

Vamos avançar, compartilhar o Evangelho e abençoar os campos missionários do nosso país! n

7 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23
MISSÕES NACIONAIS
Missões na Baixada Fluminense: PIB em Santa Rita mobilizou os membros para levarem o Evangelho para fora do templo
8 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23
BRASIL BATISTA
NOTÍCIAS DO
Noite Real Crianças tiveram programação especial Lea Perenyi conduzindo o Estique-se Ministério de Louvor da PIB de Caldas Novas Pastor Izaias Querino, preletor oficial Pastor Fabricio Freitas, de Missões Nacionais Marli Gonzalez Rede 3.16 transmitiu ao vivo do Congresso Pastor Sócrates Oliveira Foto oficial do Congresso Missionário Jorge Siqueira, de Missões Mundiais
9 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23 NOTÍCIAS DO BRASIL
BATISTA

PIB de Aracaju - SE celebra 110 anos de evangelização

Igreja promoveu Conferência Evangelística para comemorar.

Fundada em 19 de setembro de 1913, a Primeira Igreja Batista de Ara caju - SE foi pioneira da denominação Batista em Sergipe. A Igreja teve orga nização de irmãos da Igreja Batista de Penedo - AL, que atravessaram o rio São Francisco para chegar na cidade sergipana. O início, naturalmente, foi marcado por dificuldades de todo gênero. A Igreja sequer tinha sede própria e mudava corriqueiramente de lugar. A animosidade à época por parte de adeptos da religião dominante também concorreu nos problemas encontrados. Entretanto, nada disso impediu o avanço do Evangelho de Cristo e sua proclamação nas ruas e lares da pequena cidade. Daí, a Igreja

foi alargando suas tendas, instalando agências evangelísticas e organizando, inicialmente em 1924, a Igreja Batista de Propriá; em 1925, a Igreja Batista Brasileira; a Igreja Batista de Maruim, em 1926, não parando mais de crescer.

A PIB de Aracaju - SE seguiu impoluta com seus membros e os pastores que a fizeram ascender, sedimentando o trabalhar compromissado, promovendo e avançando na capital e interlan, fomentando, assim a propagação das verdades bíblicas. Muitos foram os evangelistas leigos, mas um jovem da Igreja foi encaminhado ao Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB), em 1934. Com esse envio, outros vocacionados foram se apresentando e encaminhados às casas de profetas. Alguns jovens egressos dos Seminários foram assumindo seus

postos no estado e fora dele, tendo a PIB de Aracaju - SE servido em lugares longínquos, inclusive em missões transculturais.

É visível a dispensação da graça de Deus no trabalho desenvolvido pela Igreja ao longo destes 110 anos de existência. A cidade de Aracaju pode divisar um verdadeiro celeiro de integridade, lugar de cooperação.

A PIB de Aracaju completou 110 anos, em 19 de setembro. Entre os dias 15 e 17, a Igreja comemorou o aniversário com a Conferência Evangelística. O evento contou com ministração do pastor Erivaldo Barros de Oliveira, presidente da Convenção Batista Baiana (CBBA) e louvor do cantor e pastor Nelson Bomilcar.

O culto celebrativo dos 110 anos ocorreu no próprio dia do aniversário e teve como ministrante o pastor

Hilquias Paim, presidente da Convenção Batista Brasileira (CBB). Ainda no dia 19, foi reinaugurada a Galeria dos pastores presidentes da instituição.

No dia 20 de setembro, ainda na programação dos 110 anos, houve o lançamento da obra “Memórias da Igreja Batista Pioneira em Sergipe João Heleodoro do Nascimento - Mário Barreto França (Esboços)”, de minha autoria. O livro condensa narrativas acerca dos personagens que enobreceram parte significativa do trajeto histórico da instituição, notadamente na segunda década de 1900. Ao concorrido lançamento que aconteceu no Museu da Gente Sergipana, compareceram familiares dos personagens, pastores, membros das igrejas, autoridades e intelectuais das Academias de Letras do Estado de Sergipe. n

Músicos Batistas promovem Encontro em Santo Antônio de Jesus - BA

Programação contou com a realização de diversas oficinas.

Lidiane Ferreira

gerente de Comunicação e Marketing da Convenção Batista Baiana

A Associação dos Músicos Batistas da Bahia (AMUBAB) promoveu de

08 a 10 de setembro o seu Encontro na Igreja Batista Esperança em Santo Antônio de Jesus - BA. O evento foi a oportunidade para momentos de comunhão e aprendizado.

A programação teve como prele -

tor o pastor Ivan Torres, da Igreja Ba tista Metropolitana em Salvador - BA. Os participantes também contaram com as seguintes oficinas: Música e Missões (Cláudio Cerqueira), Liturgia do Culto (pastor George Argone),

Prática de Conjunto (Franklim Silva)gramação da AMUBAB não faltou o grande coro formado pelos participantes, que se apresentou durante o evento. n

10 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23 NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA
Sandra Natividade membro do Conselho Editorial de O Jornal Batista Um século e uma década da presença dos Batistas em Sergipe foram muito comemorados na primeira Igreja Batista do estado Aleluia ao Senhor: coral da AMUMAB encanta Igreja Batista Esperança em Santo Antônio com seu canto

Thupula

missionária no Quênia

Alguém já disse que “um homem não morre quando deixa de viver, mas quando deixa de sonhar”. Esta frase me fez lembrar nossa querida Irmã Anita de Moçambique. Um dia lhe perguntei qual era o sonho dela. A resposta me fez chorar. Ela disse que já não tinha sonhos e que apenas vivia.

Muitos se encontram na mesma situação. Tudo na nossa vida começa com um sonho. O povo de Israel sonhava com a libertação e a restauração. O “cativeiro” mencionado no Salmo 126 se refere ao exílio babilônico. O povo judeu havia sido levado cativo para a Babilônia, quando Jerusalém foi saqueada e o Templo de Salomão, destruído. Foi um período de profundo sofrimento e angústia para Israel e a promessa de libertação e restauração

Volte a sonhar

era um anseio intenso de todo o povo.

Os sonhos regam a mente infrutífera, fazem florescer o jardim do nosso coração, nos fazem vislumbrar um mundo melhor. Todos quantos estão parando de sonhar estão abandonando simplesmente o prazer de viver. Os sonhos são como um novo amanhecer. Vêm nos trazer boas novas de um dia melhor. Sonhar faz parte da vida de gente capaz, de gente que pensa, de gente visionária, e o maior responsável pela frustração dos nossos sonhos somos nós mesmos.

O ex-presidente americano Richard Nixon afirmou: “os covardes nunca tentam, os fracassados nunca terminam e os vencedores nunca desistem”. Para sonhar, é preciso respeitar os ciclos, pois Deus tem um tempo determinado para todo propósito.

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu” (Ec 3.1).

Corra atrás dos seus sonhos, pois nunca é tarde para sonhar! Fecho essa reflexão com uma música que tanto amo do Sergio Lopes.

“Sonhos, quem nunca teve um sonho pra sonhar?

Eu sei que muitos cansam de esperar, e perdem a fé, a fé em Deus Sonhos, na vida de quem guarda sua fé, é só uma questão de tempo Nunca aconteceu de Jesus desapontar um filho seu”.

Aqui no Quênia, nós, a sua família missionária, temos ainda muitos sonhos a serem conquistados, tanto pessoal como ministerial. Alguns já foram realizados. Começamos a revitalização da Igreja com 15 pessoas e hoje somos mais de 120. Desde que chegamos (há três anos), a Igreja não tinha realizado a Santa Ceia e no ano

de 2023 tivemos nossa primeira comunhão. Realizamos também uma conferência para mulheres na qual mais de 170 mulheres estiveram presentes por três dias.

Quantos sonhos estão sendo realizados pelo nosso bom Deus! Aleluia!

Ainda há outros que vou compartilhar, pedindo que se juntem a nós para interceder por eles. Agora estamos aspirando a construção de três salas de aula e uma cozinha que atenderá tanto a Igreja como nossa escola que funciona durante a semana. Também estamos mirando num carro que facilitará nossa locomoção para as vilas.

E que venham os próximos sonhos, desafios e realizações em 2024! Continuem orando pela direção de Deus para a realização desses sonhos em Meru e no Quênia. Interceda para que sejamos usados pelo Espírito Santo para anunciar a Palavra e completar a missão aqui no campo. n

11 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23 MISSÕES MUNDIAIS
Jacqueline Matos Dos Santos

“Não deixe que ninguém o menospreze porque você é jovem”

Em um dos seus escritos mais conhecidos, Paulo instrui seu discípulo Timóteo a permanecer firme em seu ministério, apesar de sua juventude (I Timóteo 4.12). O jovem liderava a comunidade cristã na agitada Éfeso e sentia a pressão da sua pouca idade à frente dessa Igreja polêmica. Raphael Abdalla tem uma experiência parecida.

O pastor da Primeira Igreja Batista de Guarapari - ES foi o primeiro a se converter na sua casa, aos oito anos de idade. Como aquele jovem de origem grega, Raphael permaneceu na fé da irmã de sua bisavó. A tia de terceiro grau morava a três horas de carro do menino, mas passou a buscá-lo todo domingo para ir ao culto. Aos poucos, o menor da casa foi trazendo o restante da família para os braços de Deus.

Vinte anos depois da conversão, o pastor Abdalla conta ao Batistas em Pauta os desafios do jovem líder e chama a atenção para aspectos que a Igreja precisa observar ao lidar com esse público.

Tem um vídeo seu pregando ainda adolescente na PIB de Guarapari. Como foi o início de seu ministério aí?

Minha primeira atividade na Igreja foi no ministério de Data Show Depois, me tornei líder dos adolescentes, quando tive a oportunidade de pregar. Mas a chamada para o ministério se deu muito tempo depois. Fui batizado na PIB de Guarapari, fui jovem diácono na época do pastor Doronézio [Andrade] e entrei para a faculdade de Direito. Meu sonho era ser advogado e fazer um concurso para juiz. Esse era o meu radar. Sempre fui muito engajado com a Igreja, mas defendia a teoria de que nem todo mundo atuante tinha a vocação para ser pastor.

Até que, um dia, o Senhor me chamou claramente. Ouvi uma voz clara, profunda no meu coração e entrei para o Seminário. Quando o pastor Doronézio recebe o convite para a Primeira Igreja Batista de Vitória, minha Igreja me convida para assumir aqui. Eu tinha 23 anos.

Algo unânime entre nosso povo é que a vocação pastoral tem dois pilares. Primeiro, o reconhecimento da comunidade. Segundo, a convicção pessoal. No meu caso, a comunidade já me reconhecia, mas veio a convicção da parte do Senhor.

Quais características você considera interessantes que o jovem precisa ter para liderar?

Quero partir de uma primeira característica: um coração ensinável. É muito peculiar a nós, jovens, a ideia de inventar moda, ser vanguarda. É importante entender que a juventude tem, sim, seu valor, mas que existem pessoas respaldadas pelo tempo que podem contribuir na nossa vida. Eu não teria conseguido exercer meu ministério sem gente com mais experiência. Se cercar de pessoas que possam servir de mentoria é algo imprescindível.

A segunda característica é absolutamente correlata: a humildade. Russell Shedd dizia que “as marcas do ministério não são as condecorações, mas as esfoliações.” A gente precisa ter humildade para saber reconhecer os erros e entender os pensamentos divergentes.

A terceira é a necessidade de capacitação constante. Não é porque a gente atingiu esta ou aquela posição que podemos nos desleixar em aprender. A capacitação diária é um estudo diário.

A quarta é a paciência. Às vezes, você demora um pouco mais para colher os frutos. A idade vira um fator de questionamento para algumas pessoas. Mas concordo com quem disse que a idade é um problema que a gente resolve todo dia. Todo dia, ficamos mais velhos.

Na sua Igreja, você também tem pessoas mais velhas. Você já foi desprezado por ser jovem?

Aqui, nunca tive problema. Tenho no meu coração que nenhuma Igreja prospera sem a bênção dos anciãos e deixo isso muito claro. Como obreiros, precisamos ser pastores de todo mundo, uma só Igreja, um só corpo. Gosto daquela linda profecia de Zacarias de que, “nas praças de Jerusalém” terão crianças correndo e velhos com suas bengalas sentados.

Não posso negar que, em outras Igrejas, já passei constrangimentos. Di-

ziam: “apesar de jovem, vamos ouvi-lo”. Em contrapartida, tive a oportunidade de pregar no Poder Legislativo do nosso estado e o deputado que presidia a sessão falou, antes de me passar a palavra: “Estou muito feliz porque vamos ouvir uma voz jovem.” Tempos depois, estive numa empresa grande da região e o CEO disse: “Estou feliz de ver o despertar da juventude.” Parece que o meio que chamamos de “secular” percebeu algo que a Igreja ainda não. Toda vez que minha idade foi julgada como demérito foi em púlpitos, mas, nas vezes em que minha vocação se estendeu para fora, foi vista como mérito. É um paralelo.

Boa parte dos jovens tem, como você tinha, alguma meta profissional, mas ao mesmo tempo uma vocação. Como o líder jovem pode trabalhar essas duas áreas de maneira que tenha uma vida saudável?

Concordo com um tema que sempre foi muito caro à Junta de Missões Mundiais: “Sim, somos todos vocacionados”. Parto da premissa de que todo discípulo de Jesus é chamado à proclamação do Evangelho. Mas entendo que algumas pessoas receberam uma vocação específica para viver para a obra e até da obra.

Como encarar isso? A gente precisa do discernimento da nossa vocação. Tem gente que deseja, por exemplo, a medicina por causa do dinheiro. Mas você também tem o vocacionado, que está se importando em fazer a diferença na vida das pessoas. Para mim, vocação está diretamente ligada com aquilo porque o seu coração bate, o que te dá ânimo para acordar todos os dias. Dinheiro é apenas uma consequência.

E tempo sempre vai ser uma questão de prioridade. Se pulsa no coração, o tempo vai estabelecer quais são as suas. Por exemplo, apesar de ser advogado, não pego nenhuma causa, porque a minha prioridade é o ministério. Há quem seja bivocacionado, quem consegue enquadrinhar na sua agenda

tanto um trabalho quanto um ministério. Paulo, o apóstolo, quando podia ser sustentado pela Igreja, dedicava-se exclusivamente a ela. Quando não podia, era um belo fazedor de tendas.

O que a Igreja pode fazer para preparar líderes mais jovens?

Primeiro, a Igreja precisa identificar quem Deus está chamando para o ministério. Hoje, louvado seja Deus, nossa Igreja tem muitos seminaristas novos, que estão despertando para entregar sua vida ao ministério da Palavra logo no início da caminhada. Mas isso é fruto de um trabalho. Então, convido os líderes Batistas a um encorajamento de despertar vocações entre as novas gerações. E também oportunizar. Rodando por aí, vejo que os jovens tendem a ser a mão-de-obra da Igreja para a parte técnica. Não, você tem que identificar os pregadores. Aqui (PIB de Guarapari), no mês de agosto, prego apenas no domingo à noite. Toda quinta-feira e domingo de manhã, tem um jovem levando a Palavra. Eles precisam ser incentivados, não só na parte operacional, como também no pensamento estratégico da Igreja.

Segundo, de maneira geral, precisamos de sério investimento nessa área. A Igreja tem de orar e chorar pelos mais novos. Orar pela juventude tem que ser agenda diária, urgente, inafastável de cada Igreja. Também quero destacar que precisamos de capacitação para esse público. Lembro que, no início do ministério, ministrei um curso de capacitação para liderança. Dez horas da noite, mas era lotado de jovens!

Na nossa sociedade plural e midiática, o problema não é encher um salão com jovem. Posso a todo momento fazer isso, chamando um cantor famoso, um pregador em alta. O problema é um trabalho de base. Como diria [Edmund] Chan no livro “Um tipo certo”: “não é só a quantidade de discípulos, é a qualidade.” Eventos, o próprio nome já fiz, é vento, o vento leva. A gente precisa de trabalho sólido. Simplesmente atrair jovens por estética, isso passa. Na mesma facilidade que vêm, vão embora. Tem que ser por ética, por base.

Este texto foi composto a partir do episódio 21 do Batistas em Pauta, programa semanal da Convenção Batista Brasileira em parceria com a Rede 3.16. Acesse esta e outras entrevistas no canal da CBB no Youtube : www. youtube.com/@ConvencaoBatistaBrasileira.

*Sob supervisão de Estevão Júlio, jornalista responsável pelo Departamento de Comunicação da CBB n

12 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23 NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA
Sebastian Zanuncio estagiário do Departamento de Comunicação da Convenção Batista Brasileira*
Pr. Raphael Abdalla fala sobre os dilemas que envolvem a juventude cristã.

Igreja Batista Aliança, em Campinas-SP, realiza o 15º evento evangelístico “Chá Colonial”

Evento que acontece desde 2004 recebeu mais de 120 mulheres.

Todo ano, nossa Igreja tem a tradição de realizar o Chá Colonial. A celebração voltada para as mulheres acontece desde 2004, com exceção do anos de pandemia do coronavírus. O evento serve de oportunidade para as irmãs convidarem suas amigas.

Neste ano, não foi diferente. Com mais de 120 mulheres presentes, mais da metade não crentes, o Evangelho de Cristo foi compartilhado no dia 16 de setembro. Tivemos como preletora a irmã Edna Paz, missionária de Alianças Estratégicas da Junta de Missões Nacionais (JMN).

Louvamos ao Senhor por mais esta edição do nosso Chá Colonial. E somos gratos pela linda história que vem sendo escrita em nossa Igreja. Expressamos a nossa gratidão a Deus pela vida da nossa diaconisa, irmã Elny Nobre, idealizadora do Chá, pela vida da irmã Priscila Vieira, responsável por esta atividade nos

últimos anos, e por todas irmãs e irmãos que têm contribuído com esse tão nobre trabalho.

Uma linda história que vem sendo escrita há 19 anos. Um momento oportuno em que as mulheres se unem em torno do nome de Cristo e rendem a Ele louvor e adoração. E uma graciosa oportunidade àquelas que ainda não conhecem o Salvador de ouvirem o Evangelho e, assim, receberem a mais rica dádiva, a salvação em Cristo.

Que Deus seja sempre louvado. n

Segunda Igreja Batista em Pilar, em Duque de Caxias - RJ chega ao 40° aniversário

Ministérios da Igreja participaram da celebração.

pastor da

Igreja Batista em

Duque de Caxias - RJ; secretário Executivos da Associação Batista Caxiense

“A Ele seja a glória, na Igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Ef 3.21)

O aniversário de 40 anos da Segunda Igreja Batista em Pilar, em Duque

de Caxias - RJ, foi celebrado no dia 24 de setembro. Uma festa inigualável. E, como toda boa festa, não poderia faltar o presente: Igreja lotada, culto alegre e abençoado.

Tivemos uma linda participação do Ministério infantil, Ministério de Louvor, Rede de Homens e Mulheres, Ministério Pérolas e os irmãos Osias e Ozenir, que elevaram a Igreja a um nível de adoração muito profundo.

Mas não só de festa vive o homem, mas também da Palavra de Deus. Após este lindo momento, meditamos nas Escrituras com o pastor da Igreja, Carlos Alberto. O tema da mensagem foi “Voe alto”.

Foi maravilhoso comemorar os 40 anos de organização de nossa Igreja de maneira tão especial. Um domingo abençoado. Louvamos e agradecemos a Deus pela vida de todos os ir-

mãos e irmãs que, de alguma maneira, possibilitaram a organização desse evento. Tudo ficou perfeito. Parabéns a todos!

Nos alegramos e nos regozijamos no Senhor em todas estas coisas. Agora, é continuar caminhando na Missão dada a Igreja, no conforto do Espírito Santo, em todo Pilar, Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Brasil e mundo. n

13 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23 NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA
Edson Landi pastor da Igreja Batista Aliança, em Campinas - SP Carlos Alberto dos Santos Segunda Pilar, em Edna Paz, preletora do evento Elny Nobre, idealizadora do Chá, foi homenageada Mais de 120 mulheres participaram do Chá Bom e agradável: a festa da Segunda Igreja Batista em Pilar contou com a participação de toda a congregação

“Pois Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo, não levando em conta as transgressões dos homens; nos encarregou da mensagem da reconciliação” (II Co 5.19).

O amor de Deus se revela claramente em Sua iniciativa de nos reconciliar conSigo mesmo. O nosso Deus nos buscou amorosamente em Cristo Jesus. Não fomos nós que nos reconciliamos com Ele, mas foi Ele que tomou a decisão de fazê-lo. O Deus de amor nos perdoa, reconstrói, provê, protege, encoraja e encaminha para uma vida que vale a pena ser vivida. O caminho de Deus é perfeito.

O Deus de amor nos ajuda em nossas fraquezas, mazelas. A Sua preciosa graça nos basta (II Coríntios 12.910). Somos tratados e curados pelo Seu amor revelado em Cristo Jesus.

No amor do Pai em Cristo Jesus somos mais que vencedores (Romanos 8.37). O amor de Deus está centrado na Pessoa do Filho, o nosso Redentor. O Seu amor é incomparável. A Sua justiça é perfeita.

Estávamos mortos em nossos delitos e pecados, mas Ele nos vivificou em Cristo Jesus (Efésios 2.1-2). Somos novas criaturas por causa da obra de Cristo na cruz e na ressurreição. O amor de Deus infundiu em nós a plena alegria. Aprendemos a viver contidos no contentamento, em toda e qualquer situação (Filipenses 4.10-20). O amor do Pai nos motiva a sermos sempre gratos por tudo (I Tessalonicenses 5.18). A andarmos com louvor e não com murmuração no coração.

O Pai que nos ama com um amor pródigo é Aquele que nos ministra a Sua graça, Seu favor imerecido. Ele é o nosso Pastor e nada nos faltará (Salmo

Cartas do Amor de Deus (4)

23.1). Conhecer o Pastor do salmo é viver em Sua intimidade e segurança. O Deus que é amor nos ensina a amar com o Seu amor. A relevar a ofensa motivados por Seu amor. Como filhos de um Deus de amor amemos os nossos inimigos e oremos pelos que nos perseguem (Mateus 5.44).

O Senhor Amoroso é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia (Salmo 46.1). Ele está conosco em todo o tempo (Salmo 46.27). O verdadeiro amor lança fora todo o medo (I João 4.18). Nada e ninguém nos poderá separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 8.38-39). Ele é âncora da nossa alma.

Apesar de dias tão difíceis, cinzentos, confiemos no Deus que nos ama, que tem prazer em lidar com filhos e filhas quebrantados e contritos de coração. O Senhor é a nuvem durante os dias de sol muito quente e o fogo

Um ministério invisível não menos excelente

(serviço), objetivando sempre trazer algum benefício ao próximo (Tiago 5.16).

Embora os judeus acreditassem na existência de pelo menos sete céus, o apóstolo Paulo faz menção a apenas três (II Coríntios 12.2). Acredita-se que o primeiro seja o que vemos a olho nu; o segundo, composto por inúmeras galáxias, somente visto mediante o uso de equipamentos; já o terceiro, é o trono do Altíssimo, o qual, será desfrutado apenas pelos salvos, após o Juízo Final. Entretanto, todas as vezes em que um simples mortal se dirige ao seu Criador, através da oração, um fenômeno magnífico acontece. O Seu Reino vem até nós, criando uma espécie de ponte, uma linha de transmissão direta entre o céu e a terra (Mateus 18.18).

É possível verificar na Bíblia algumas categorias de oração e uma delas é a intercessão (João 17.20). Há cristãos muito dedicados a essa prática, transformando-a em um autêntico Ministério

A seguir, será utilizada uma narrativa bíblica, fazendo um paralelo para demonstrar a relevância desta oração.

O povo de Israel saiu do Egito sob a liderança de Moisés e começou a peregrinar pelo deserto. Em dado momento, eles se depararam com uma tribo de beduínos, liderados por um homem chamado Amaleque, provavelmente descendentes de Esaú. Houve um empasse e o confronto era inevitável. Moisés mandou Josué escolher os homens e partir para a batalha. Enquanto isso, ele, Arão e Hur subiriam ao monte com o bordão de Deus. Assim procedeu seu Comandante. No decorrer da peleja, quando Moisés, em posse do bordão, levantava a mão, Israel prevalecia. Ao baixá-la por conta do cansaço, era o inimigo quem triunfava. Então, Arão e Hur pegaram uma grande pedra e fizeram Moisés se sentar nela, enquanto se posicionavam um de cada

lado dele. Eles mantiveram a mão de Moisés sempre erguida até a vitória final, desempenhando uma função de extrema importância ao ajudar o líder de seu povo a cumprir sua missão (Êxodo 17.8.16).

À semelhança da experiência daqueles israelitas, a intercessão exerce sustentação para os demais Ministérios nas Igrejas, em especial, aos pastorais. Diante da luta espiritual onde todos os cristãos são submetidos, ininterruptamente, ela contribui para o fortalecimento dos missionários, concedendo-lhes sabedoria, força e intrepidez para cumprirem a grande missão de pregar o Evangelho aos povos não alcançados. Por se tratar de uma guerra contra principados e potestades, não adianta utilizar armas humanas. É preciso recorrer a instrumentos adequados.

O Ministério de Intercessão é uma das ferramentas mais poderosas a ser utilizada pela Igreja de Cristo. Lucas,

durante as noites frias. Temos um Pai de amor que cuida de nós com ternura. Ainda que sejamos infiéis, o nosso Deus de amor permanece fiel, pois não pode negar-Se a Si mesmo (II Timóteo 2.13). Devemos confiar no Senhor e fazer sempre o bem; descansar e esperar nEle (Salmo 37.3,7).

Como filhos de um Deus reconciliador, que nos ama profundamente, exerçamos o ministério ou serviço da reconciliação. Proclamemos o amor e não o ódio; o perdão e não a amargura ou o ressentimento; a justiça e não a injustiça; a gratidão e não a ingratidão; a graça e não o legalismo; a liberalidade ou o repartir e não a avareza; o falar bem e não mal dos outros; a integridade e não a corrupção; a verdade e não a mentira; a santidade e não a impureza; a humildade e não o orgulho; a sinceridade e não a hipocrisia. Vivamos o amor de Deus em todo o tempo e em todo o lugar. n

ao escrever sobre os primeiros passos da Igreja primitiva, comenta sobre a prisão do apóstolo Pedro (Atos 12.919). Aos olhos humanos, era impossível ele escapar. No entanto, diante do poder intercessor da Igreja, Deus enviou um anjo e o arrancou de lá de maneira inacreditável. A intercessão parece não ter tanta relevância, talvez por ser exercida frequentemente no anonimato (Mateus 6.6). Os irmãos chamados para exercerem este Ministério devem ter ciência da necessidade de utilizarem armas apropriadas, como a oração e a fé (Efésios 6.10-19). Esses artifícios devem ser empregados com toda ousadia através da intimidade com Deus, sendo alcançados por vidas totalmente consagradas a Ele.

Portanto, apesar de sua invisibilidade, o Ministério de Intercessão é indispensável para a conquista dos objetivos impostos pelo Mestre a sua Igreja, bem como dos traçados pela nossa Junta de Missões Nacionais. n

14 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23 FÉ PARA HOJE PONTO DE VISTA
Juvenal Netto colaborador de OJB

Missões, missão, missĭo Dei, missional, missiologia! O que é isso? (parte 1)

Estamos vendo a utilização destes termos em diversos meios de comunicação. Como compreender cada significado? Estão relacionados? E ainda surgem outros tais como vocação e atuação missionária, evangelização, plantação e crescimento de Igrejas, o “Ide de Jesus”, discipulado etc.

Já ouvi que missões são a missão da Igreja. Mas também que a missão da Igreja é adoração. Mas também servir. E também pregar, ensinar etc. Afinal, a Igreja tem uma missão? “[...] não é tanto que Deus tenha uma missão para sua Igreja no mundo, mas que Deus tenha uma Igreja para sua missão no mundo. A missão não foi feita para a Igreja; a Igreja foi feita para a missão: a missão de Deus.” (Christopher Wright)

Em outras palavras, quem tem a missão é Deus em redimir e recuperar toda a criação perdida. Chamamos isso de missĭo Dei (do latim “missão de Deus”). Wright nos ensina que “a maravilha está em que Deus nos convida a participar. A missão nasce no coração do próprio Deus e se comunica desde Seu coração até o nosso. A missão é o alcance global do povo global de um Deus global”.

Quando considerarmos isso, teremos de redescobrir algumas definições, como a de termos enfatizado apenas que a missão é da Igreja e tudo se centraliza nela mesma. Como resultado, o que temos considerado é centralizar na Igreja toda ação e atuação em relação ao Evangelho, preparar alunos nos seminários para a Igreja, que a estrutura denominacional tem de visar a Igreja etc.

Ao avançarmos um pouco mais, poderemos descobrir que diante de nós teremos enormes e mais profundos desafios na prática do que é ser Igreja, ser cristão, nosso papel diante do mundo, muito mais do que normalmente temos considerado. E, então, redescobrir novas “janelas” e oportunidades, seja para a Igreja, para seus membros, educação na Igreja, educação teológica. Poderá ser muito fascinante e estimulante ingressar nessa jornada.

Em primeiro lugar, quando o pecado entrou no mundo, Deus passa a assumir a missão de trazer tudo de volta (Gênesis 3.15) e toda narrativa bíblica passa a desenhar esse processo em

que Ele, o centro de tudo, vai soberanamente comandar a história.

Ele chama Abraão (Gênesis 12.1;15) e o escolhe para ser bênção a todas as nações. Sua descendência, os hebreus, depois Israel, assumem essa promessa. Mas, ao se misturar com os povos vizinhos e seu paganismo, Israel não cumpre o seu papel de ser uma comunidade de contraste (Newbigin e Goheen) para demonstrar o único e verdadeiro Deus.

Israel vai para o cativeiro e Deus prossegue em Seu plano redentor agora com Judá, que também se afasta da missĭo Dei dada a Abraão. Com o tempo, Judá se torna arrogante se separando dos povos, tratando-os com marginalização, deixa também de ser um povo de contraste, um povo modelo.

No tempo determinado, Jesus, o Messias, vem e Judá, que esperava um revolucionário político, leva Jesus a ser o Cristo crucificado. Mesmo assim, Deus prossegue em Sua missão fazendo agora dos dois povos (judeus e gentios) um só povo (Efésios 2; Romanos 9-11) - a Igreja.

Prosseguindo, a Igreja tem diante de si agora a missĭo Dei. “Missão, a partir do ponto de vista de nosso esforço humano, significa a participação comprometida do povo de Deus nos propósitos de Deus para a redenção de toda a criação. A missão é de Deus” (Wright).

Também Deus espera que ela seja uma comunidade de contraste, uma comunidade modelo, diante do mundo para anunciar as Boas Novas. E mais, para ser transformada pelas Boas Novas e viver essas Boas Novas na vida concreta e cotidiana.

Em Sua missão de resgatar toda criação, com certeza Deus está resolvendo o nosso pecado individual, mas não podemos reduzir o Evangelho a uma solução para o problema do “nosso pecado individual, como um cartão magnético para abrir a porta do céu” (Wright).

A missão de Deus para a Igreja vai muito mais além do que isso, pois a Igreja é mais do que um ajuntamento de salvos individuais. Na realidade, ao perdermos a dimensão comunitária da Igreja, temos transformado a salvação individual no centro da mensagem bíblica e o fim da Igreja acaba sendo ela própria.

Atos 17.6 relata que os cristãos primitivos causavam impacto por onde iam. Enfatizamos o proclamar, pregar, anunciar as Boas Novas, porém Deus espera de nós muito mais. Ele deseja que essa mensagem transforme nossas vidas e que impactemos a sociedade como comunidade contracorrente. Assim, cumpriremos o propósito de Deus em gerar uma nova humanidade, para influenciar o mundo com vidas transformadas e transformadoras.

Partindo da missão de Deus, somos todos enviados em missão, como missionários, para cumprirmos nosso papel missional diante do mundo, impactando-o pela demonstração concreta em nossas vidas da realidade das mesmas Boas Novas.

Dois importantes aspectos surgem diante de todo esse desafio. Por um lado, temos a intencionalidade missionária , que envolve o alcance do anúncio das Boas Novas aonde ainda elas não chegaram. E isso se refere ao trabalho missionário de onde deduzimos a palavra “missões”, envolvendo a atuação missionária, evangelística.

Outro aspecto podemos chamar de dimensão missional, que envolve o papel e atuação de cada cristão manifestando, no ambiente em que vive, suas ações, decisões, relacionamentos, convivência à luz dos ideais divinos, e para além do espaço em que está sua Igreja ou comunidade. É como viver sem fronteiras.

Estes dois aspectos mobilizam a Igreja a cumprir a missĭo Dei como um modelo que demonstra diante de um mundo sem Deus e sem coração a vida nova que Ele quer trazer à tona.

Atualmente temos utilizado um adjetivo para impulsionar essa compreensão: “missional”. Assim, “se vivo uma vida missional, vivo uma vida moldada pela missão de Deus - e missão, repito, é uma palavra de origem latina centrada no conceito de ser enviado […] ser enviado implica em propósito” (Ed Stetzer).

Em outras palavras, se vivo uma vida missional, vivo uma vida moldada pela missão de Deus. A partir de minha conversão, o meu projeto de vida é agora o projeto da missĭo Dei e eu me entrego como ferramenta para que Ele me manuseie na restauração de Sua criação.

Para ilustrar, vamos pensar em um tripé: se uma perna for retirada, tudo

desmorona. Vamos chamar de tripé da missĭo Dei: ANUNCIAR verbalmente + VIVER concreta e responsivamente + SER realmente.

Vejam que nosso desafio é muito, mas muito mais amplo do que apenas anunciar verbalmente o Evangelho. E, quando falamos que a missão da Igreja são missões, nos referimos a apenas um aspecto, ainda que importante, de todo o conjunto do que se constitui a missão ou missĭo Dei O mesmo quando pensamos que a missão é apenas culto, serviço, educação, pregação. São partes e componentes importantes, mas todos juntos seguem como componentes colegiados para o cumprimento da missĭo Dei

Enquanto a expressão “reino de Deus” se refere à ação de Deus no mundo todo como o Rei, a Igreja é um instrumento de Deus para que Ele cumpra a Sua missão de resgatar toda criação, incluindo o indivíduo. Por isso é que, no final dos tempos, todas as coisas serão refeitas, tudo se tornará novo.

Jesus nos lembra que, como Ele foi enviado pelo Pai, também nos enviou (João 20.20,21). Portanto, como parte da Igreja – o corpo de Cristo –, cada um de nós é enviado ao mundo para sermos instrumentos de Deus no cumprimento de Sua missão. Todos nós, os chamados missionários/evangelistas, e todos os demais, somos enviados.

Os missionários/evangelistas são enviados para levar as Boas Novas onde ainda não foram alcançadas e cada um de nós também é para que, em nosso ambiente (em nossa Jerusalém - Atos 1.8), seja testemunha, indo além da mensagem verbal, também com vidas transformadas e transformadoras. E todos atuando como ativa e visível comunidade de contraste diante desse mundo que necessita de redenção.

E missiologia? É a área no campo da Teologia que busca refletir, discutir e estudar estes aspectos da missão e as suas aplicações e implicações na vida concreta da Igreja e do Reino de Deus.

Vamos ao próximo artigo para compreendermos mais um pouco.

Contato: rega@batistas.org

Instagram: @lourencosteliorega n

15 O JORNAL BATISTA Domingo, 08/10/23 OBSERVATÓRIO BATISTA PONTO DE VISTA
Lourenço Stelio Rega

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