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A euforia do pão e circo ou alegria e paz de Jesus Cristo?

Nédia Maria Bizarria dos Santos Galvão membro da Igreja Batista do Centenário -Congregação em Areia Branca - SE; professora de EBD; especialista em Ciência da Religião, bacharel em Teologia

Na época do Império Romano, a política do “pão e circo” era a forma de engodo usada pelos governantes para manter a ordem e fidelidade do povo em meio à opressão, pobreza, mazelas e infortúnios os quais a população era acometida.

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O pão representava os cereais que eram distribuídos gratuitamente para o povo mensalmente e o circo representava as grandes arenas que sediavam espetáculos mesclados pela atrocidade e regados de sangue. Era dessa forma que o povo que vivia na miséria, sem conforto, em moradias de espaço reduzido, carente de saneamento básico, explorados em empregos que exigia trabalho braçal e mínimo retorno financeiro, que o império da época atenuava o sofrimento deles. A política do “pão e circo” era a maneira de acalentar com a esmola do pão e o deleite de ver espetáculos envolvendo sangue derramado.

O Carnaval no Brasil assemelha-se a tudo isso! Há uma massa de desempregados, endividados, que padecem necessidades, mas que no período carnavalesco se rendem com avidez a esse engodo. Folias, bebidas, drogas, sexo ilícito, esses e outros itens são vendas nos olhos da massa para não enxergar, pelo menos, temporariamente, a triste realidade que a cerca.

Passados os dias de carnaval, a venda é retirada, a máscara cai por terra e a maquiagem é desfeita, porque o “pão e o circo” são suspensos até o próximo ano. E a volta à realidade é falta de pão e o palhaço de cara triste!

Assim, sem o pão, sem o circo, sem o samba, sem as bebidas, sem as orgias, sem as folias, restou a realidade. Momento, então, de sair da alienação para a reflexão. Reflexão, ação ameaçada de extinção, porém, se colocada em prática pode trazer solução.

Na ocasião, chamo sua atenção para a carta do apóstolo Paulo aos filipenses. Os irmãos em Filipos tinham muitos problemas, estavam sob perseguição, tinham conflitos pessoais, difi- culdades financeiras, mas a alegria e a paz eram possíveis mesmo nesse cenário (Filipenses 4.4-7). Alegria e paz, quando da parte de Cristo, são ultra circunstanciais, isto é, estão acima de quaisquer circunstâncias, também não são passageiras, nem nos arrebatam da realidade. Antes, move o cristão com a certeza de que não por três ou cinco dias o pão e o circo são garantidos, mas por toda a vida, alegria e paz em meio às perdas, dificuldades e lamentos nos acompanham moldando em nós a imagem de Cristo, não uma maquiagem que no final da festa nos deixa de cara borrada. Assim, entendemos que a euforia do pão e circo é enganosa e passageira, mas, a alegria e paz de Jesus Cristo são verdadeiras!

Eu tenho observado que muitas Igrejas têm se despertado há muitos anos para o trabalho com casais. Sempre tenho dito também que o ministério com casais deve estar no contexto do ministério com famílias, debaixo do guarda-chuva do ministério de famílias.

O ministério com casais, quando bem estruturado e desenvolvido debaixo da orientação do Espírito Santo, há de ser uma bênção para os próprios casais, para os filhos desses, para a Igreja e para a comunidade ao redor.

Os católicos saíram na frente dos evangélicos na implementação desse ministério em suas paróquias, com a realização dos Encontros de Casais. Depois de alguns anos, os evangélicos perceberam o valor desse evento e copiaram o modelo católico, dando início assim os Encontros de Casais com Cristo ou ECC’s. Mas, a partir dos

ECC’s criou-se um equívoco no sentido de que o ministério com casais se restringia somente a realização dos encontros. Com o advento da pandemia, ou talvez até um pouco antes, os ECC’s já estavam perdendo espaço e hoje precisamos repensar o que vem a ser um efetivo ministério com casais nas Igrejas.

Um dos problemas dos ministérios é que os seus integrantes não entendem, que, para cada ministério há um propósito, uma filosofia. Essa visão distorcida leva, por exemplo, ao pensamento de que a primeira coisa num ministério, no nosso caso, de casais, é pensar em realizar evento mais eventos. Esse é um problema sério, não tenha dúvida. Por isso, dizem por aí, que eventos são “e ventos”. Os eventos, quando dentro dos propósitos de um ministério não são ‘e ventos”.

O lugar do Ministério com Casais na Igreja

Mas, voltando ao assunto, os envolvidos no ministério com casais devem estar cientes, em primeiro lugar, dos propósitos desse ministério. Uma pergunta que os integrantes do ministério com casais devem fazer a si mesmo é a seguinte: “Por que precisamos de um ministério com casais em nossa Igreja?”. Essa pergunta deve ser respondida com clareza e sinceridade. Já vi, em minha caminhada nessa área, há mais de 30 anos, que muitas Igrejas realizavam o ECC’s para competir com outras Igrejas. Um ministério com casais não deve existir na Igreja apenas para ocupar um espaço no quadro de ministérios da Igreja.

Todos os envolvidos no ministério com casais devem ter a nobre visão de que o ministério com casais deve ter os seus propósitos ajustados com os propósitos de Deus quando criou o casamento. Eu até afirmaria que, antes mesmos dos líderes pensarem nos propósitos do ministério com casais, devem, antes de tudo, procurarem estar cientes desses propósitos em suas próprias vidas, em seus próprios casamentos.

No próximo artigo vamos nos aprofundar um pouco mais sobre esse tema, mas antes eu desafio a você, leitor, a pesquisar e a estudar um pouco mais sobre os propósitos de Deus para o casamento cristão e fazer uma análise desses propósitos em sua própria vida conjugal.

Até lá. n

Gilson Bifano é diretor do Ministério OIKOS. Palestrante, escritor e coach na área de família e casamento. oikos@ministeriooikos.org.br