Região de Leiria 12 Novembro 2010

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Nós // Família

01 Tiago de Louriçal fotografado junto ao Convento 02 O avô, D. António, nos anos 50, numa propriedade da família em Alenquer. 03 Os pais, D. Rosa e D. António, Condes da Ericeira, na foto oficial de noivado.

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04 Os bisavós, D. António e D. Maria, numa foto de 1931 em Sintra. O 7º marquês morreria pouco depois, num acidente de viação. 05 A família, numa festa, na década de 80. Os actuais Marqueses de Louriçal e Condes da Ericeira, junto de Tiago, em criança, e do tio, João de Louriçal (ao centro)

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06 Uma mascarada de camponeses, nos anos 20, por ocasião do casamento do 7º marquês 04

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de um vendaval, os anexos do Convento guardaram por horas algumas relíquias. Uma delas foi um jarro histórico: “quando o avô vinha passar uma temporada com os duques de Maiorca, à Figueira da Foz, mandava um criado vir ao Louriçal buscar água, para lavar as mãos”. Terá sido assim até aos anos 30, quando ainda havia cocheiros. Já os pais “nunca estiveram mais de duas horas seguidas no Louriçal”, ainda que este herdeiro saliente “a ligação com o Mosteiro e com as Irmãs” como ininterrupta. Porém, terá sido através dele e do intenso trabalho de recuperação dos arquivos da família que as visitas se regularizaram. “Agora venho cá de dois em dois, ou de três em três meses”, conta. Telefona à madre superiora e almoça lá, no convento, com as irmãs. Não é que não goste de interagir com a populaça, ou mesmo de almoçar no restaurante “O Zé” (conhecido

como “o Miséria”). “Adoro o sítio. Acho uma ‘caturreira’. Mas quando entro aqui num café fica tudo a olhar para mim. Sinto-me uma ave rara”. Ainda assim, aceitou fazer parte da Irmandade do Santíssimo, coisa que o pai e o avô sempre recusaram. As últimas propriedades da família Menezes foram vendidas por volta de 1850. De tal forma que a primeira memória que tem da vila é péssima: “Eu devia ter uns cinco anos. Fomos atacados por um pássaro, que se espetou contra o vidro, quando vínhamos a chegar”. Tiago Henriques fala com a mesma displicência com que se refere ao dia em que a avó e a tia foram atacadas na escadaria do convento por um grupo de mulheres locais. Já lá vão muitos anos. Para quem estudou Ciência Política (na Universidade Católica), é fácil perceber as lutas em que andaram envolvidos os duques de Loulé e de Lafões,

a disputar durante 40 anos os bens da Casa de Louriçal. A família conseguiu recuperar algumas coisas, que agora vai preservando, através da recém-criada Fundação D. Luís de Menezes. Era a sede desse organismo que a Junta do Louriçal gostava de ter na vila, tal como garantiu ao REGIÃO DE LEIRIA fonte da autarquia. Mas na família não parece existir grande vontade, mesmo se a autarquia conseguisse uma casa para o efeito na “Quinta da Marquesa”, que pertenceu a esta nobreza. Ao povo, não é fácil imaginar esse clima de fidalguia que se vive na casa da família. Mas diz quem já lá foi que se vive e respira como se a República (implantada há 100 anos) nem existisse. Tratamse todos, entre si, por você. A religiosidade mede-se na celebração da missa, todos os dias. Os “criados” ainda vestem uniforme. paula.sofia@regiaodeleiria.pt

Especialistas em genealogia contestam título nobiliárquico: “O 4º e último Marquês do Louriçal morreu em 1844” “Um dia serei o 17º Senhor de Louriçal, 14º Conde da Ericeira e 10º Marquês de Louriçal. O pai é o 13º Conde da Ericeira, o avô foi o 12º Conde da Ericeira e é actualmente o 8º Marquês de Louriçal”. A convicção de Tiago Henriques de Menezes é sustentada em toda a documentação que exibiu ao REGIÃO DE LEIRIA. Porém, alguns especialistas em genealogia contestam a utilização do título. O historiador Saul António Gomes baseia-se em Anselmo Braamcamp Freire (Brasões da Sala de Sintra) para sustentar que “o 4º e último Marquês do Louriçal morreu a 3 de Junho de 1844”. “Desconheço quando foi e se foi restabelecido”, afirmou. “Os Marque-

ses de Louriçal são um ramo ilustre da casa de Marialva. O primeiro Marquês do Louriçal foi D. Luís de Menezes, 5º conde da Ericeira, por carta real do Senhor D. João V, passada a 22 de Abril de 1740. O 4º e último Marquês do Louriçal morreu a 3 de Junho de 1844. Os bens da casa passaram para um seu parente, o 4º conde de Lumiares, José Manuel da Cunha Faro e Menezes, falecido em 9 de Dezembro de 1908”, acrescenta. O assento de baptismo do jovem Tiago tem...26 nomes. Mas é como Tiago de Louriçal que o herdeiro da Casa se identifica. O celebrante da cerimónia “foi o Cardeal Patriarca, D. José Policarpo”.

12 Novembro, 2010 — Região de Leiria

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