Jornal cenárior 9 edição fevereiro 2009

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CENÁRIO NOTÍCIAS DE MOTUCA

UM SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - ANO III, NÚMERO IX - PERIODICIDADE MENSAL- MOTUCA-SP, FEVEREIRO DE 2008

União das festas atrai grande público e resgata tradição Eventos foram realizados juntos pela primeira vez. Praça da matriz foi palco de diversas atrações

As tradicionais barracas apresentaram várias opções de compras

Faltaram cadeiras para acomodar as pessoas que foram na quermesse

A festa também apresentou várias opções para as crianças

Procissão reuniu grande número de romeiros no último dia de festa

Ao unir a Festa de São Sebastião, padroeiro de Motuca, com a 19ª comemoração pela emancipação política e administrativa da cidade, a nova administração municipal conseguiu resgatar a tradicional festividade, proporcionando à população momentos de lazer e descontração como há muito tempo não se via. Nos quatro dias de evento, de 22 a 25 de janeiro, aconteceram diversas atrações para diferentes públicos, mesclando valores do próprio município com os de outras cidades. Houve apresentações de grupos musicais em todos os dias, sendo um da cidade, coral de Guariba, orquestra de sopro de Motuca e Matão, grupo de dança da cidade, espaço para artesãos do município e da região, atrações para as crianças, além das tradicionais quermesses e barracas, que ocuparam grande parte da Praça da Matriz com suas diversidades de produtos, alimentos e bebidas. No último dia, aconteceu a procissão com grande número de romeiros, leilão e queima de fogos. Alguns dias antes da festa, a rodoviária passou por uma reforma simples, tornando-a mais agradável. Sem a presença do campo de bocha, ganhou mais espaço, onde foram abrigadas algumas das atrações do evento como a feira de artesanato e música ao vivo. “A festa de São Sebastião é tradição em Motuca e ela estava acabando”, ressalta o prefeito João Ricardo Fascineli. Em sua opinião, os governos anteriores dividiam os dois eventos, o que causava prejuízos, principalmente para a Festa de São Sebastião. “Existia uma desunião. Temos que somar valores e não dividir”, destaca. De acordo com o presidente da Festa de São Sebastião, Valter Muniz (Lagarti-

Evento abriu espaço para artistas de Motuca e de cidades vizinhas xa), o evento deste ano foi um dos melhores para a igreja. “Ainda não fechamos o balanço, mas com certeza este vai ser o que apresentou o melhor retorno”, aponta o presidente, que contou com a ajuda de cerca de 40 voluntários. “Em todos os dias, as quermesses estavam lotadas, com pessoas de Motuca e também muitas de outras cidades, tivemos até que emprestar cadeiras”, relata. Oportunidade

A banda de rock KasaKai, formada no final do ano passado por músicos de Motuca, foi uma das atrações musicais que se apresentaram no palco principal, fechando as noites de show e a festa. A oportunidade de tocar para um grande público foi um grande aprendizado para eles. “O convite para o show nos pegou de surpresa”, relata o baterista Márcio,

em entrevista para o espaço “Na Área”, desta edição. Segundo o vocalista Silvinho, a falta de incentivo é uma das principais dificuldades para os músicos, e convites como este contribuem para que a banda cresça. O aposentado Orlando Schiavinato (Badão), de 88 anos, conta que a festa deste ano foi uma das melhores que já viu. “Estava muito bonita e bem organizada. Tinha tanta barraca que parecia que ia entrar na casa da gente”, observa.”A chuva atrapalhou um pouco, mas não tirou o brilho do evento”. O aposentado também elogia a reformulação na rodoviária. “Agora ela ficou com cara de rodoviária, ali não é lugar para bocha”, destaca o aposentado, que praticou o esporte durante quarenta anos. “Ela ficou mais bonita, com banheiros mais limpos”, finaliza.


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EDITORIAL

Conhecendo o inimigo A principal reivindicação que o prefeito João Ricardo Fascineli ouviu da população durante a campanha que o levou ao executivo foi “emprego”. Depois de eleito, não foi diferente. As filas que se formaram na prefeitura logo nos primeiros dias de seu governo deram uma noção do problema que ele terá que enfrentar. Antes de ir para a guerra, no entanto, é fundamental que se conheça o inimigo. Saber realmente a dimensão da sua força e procurar atacá-lo no ponto mais vulnerável. De início, a arma mais indicada é um estudo aprofundado da realidade da população motuquense. Depois, com as informações nas mãos, recomenda-se utilizar munições mais pesadas. O desemprego em Motuca tomou outra dimensão depois do fechamento da usina. Antes, o “porto seguro” abrigava a maioria dos motuquenses que necessitavam de um lugar ao sol. Como já se previa, a readmissão dos funcionários pelo grupo que comprou a indústria não passava de retórica. A maior parte dos funcionários da Santa Luiza já foi demitida e, aos poucos, outros estão saindo. Se não fosse a admissão de pessoas de Motuca pela empresa CCI, que realiza

DESAFIO CENÁRIO edição anterior

O vencedor do Desafio Cenário da edição anterior foi Nelson Gonçalves de Oliveira (Nelsinho Fininho), que trouxe riquezas de detalhes sobre o momento histórico apresentado na foto acima, que ilustra uma luta de sumô em um dos primeiros núcleos coloniais de japoneses do Brasil, denominado “Núcleo Colonial Tókio de Motuca”, fundado em 1915, próximo onde hoje é o “Salto”. No texto, Nelsinho destaca a figura de Sunao Babá, japonês que veio ao Brasil com 27 anos no navio Wakassa Maru, junto com a esposa, e foi um dos fundadores do Núcleo. O texto enviado pelo Fininho será, em breve, publicado pelo Cenário. Com méritos, ele já pode ir se deliciar com a pizza oferecida pela Lanchonete do Levi.

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recapeamento de asfalto em estradas da região, o problema seria ainda maior. A empresa Viana Confecções também chegou em uma boa hora, pois irá amenizar o desemprego na cidade a partir deste ano. Com o fechamento da usina, a prefeitura passou a ser a maior empregadora do município. No entanto, segundo cálculos da gestão anterior, se o governo não conseguir suprir o déficit orçamentário no ano que vem, em decorrência do fechamento da usina, será inevitável a dispensa de funcionários municipais, em função da Lei de Responsabilidade Fiscal, que obriga os municípios a gastarem até 54% do orçamento com folha de pagamento. Para piorar, não podemos esquecer que ainda neste ano o Brasil pode passar por uma desaceleração (para os otimistas) e recessão (para os pessimistas), em decorrência da maior crise econômica desde 1929. Seja qual for a situação, ambas representam menos repasses dos Governos Federal e Estadual, além de dificultarem a aquisição de emendas parlamentares, uma das bandeiras do novo prefeito, e a vinda de empresas para o município, já que, em sua maioria, estão

com receio de investir em um cenário de incertezas. O desemprego existe em qualquer lugar, seja em Motuca ou na mais rica cidade do mundo. Infelizmente, a oferta de serviços não consegue acompanhar o acelerado crescimento populacional. A isso, acrescenta-se a baixa escolaridade, falta de qualificação profissional, inexperiência ou idade avançada, entre outros fatores. O desemprego em Motuca, ou em qualquer lugar, sempre irá existir. Por isso, é inevitável a ida de motuquenses para outros municípios em busca da ocupação profissional, fundamentalmente, pelo tamanho da cidade. No entanto, se o município oferecer educação de qualidade, concentrar esforços para a vinda de empresas e fomentar o desenvolvimento empresarial, além de realizar cursos de qualificação, já está cumprindo o seu papel. No mais, pode tranquilamente culpar o “sistema” pelo desemprego na cidade. O Cenário quer saber sua posição sobre este texto e o tema “desemprego em Motuca”. Envie sua opinião para cenarioregional@gmail.com

DESAFIO CENÁRIO No final da década de 60, a cidade já fervilhava nos carnavais em blocos e cordões que saiam do salão e percorriam as ruas. Entre confetes, serpentinas e sangue do diabo, (líquido vermelho que manchava as roupas), os foliões elegiam a Rainha do Carnaval. O desafio Cenário pergunta aos leitores o nome da rainha desta foto, que está ao lado do Sr. Lúcio dos Santos, e que ano ela foi eleita. Deposite a resposta na urna que se encontra na Farmanina, localizada na rua São Pedro, 480, centro. O vencedor ganhará uma pizza oferecida pela lanchonete do Levi. Havendo mais de um acertador, será realizado sorteio. Fábio Falvo e Maria Angélica


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Vereadores constituem Comissões Permanentes

Prefeito estuda projeto para Reforma Administrativa Com medida, setores da prefeitura passarão de departamentos para secretarias

O prefeito João Ricardo Fascineli, juntamente com sua equipe, estudam projeto de Reforma Administrativa que irá transformar a atual divisão dos setores da prefeitura de departamentos para secretarias. O objetivo, segundo o prefeito, é proporcionar autonomia aos funcionários do município responsáveis por pastas estratégicas. “O atual modelo centraliza os poderes na figura do prefeito”, explica Ricardo. “O status de secretário facilita a conquista de recursos nos Governos Estadual e Federal. Eles desenvolvem o projeto e correm atrás do dinheiro”. Segundo o prefeito, a medida não trará aumento de custos para o município. “Vamos apenas mudar a condição de diretores para secretários, com os mes-

Município firma convênio para recapeamento de asfalto O Município de Motuca firmou convênio com o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) para restauração e recapeamento de 17,5 km de asfalto na estradas que ligam Motuca a Rincão e Motuca a Guariba . De acordo com a prefeitura, o DER ainda não revelou o valor total da obra e nem qual será a contrapartida do município, pois estava aguardando a aprovação do convênio pela Câmara. O projeto foi aprovado na última sessão, realizada em dois de fevereiro.

Na sessão extraordinária realizada em 21 de janeiro foram formadas as quatro Comissões Permanentes da Câmara Municipal de Motuca (ver box), para o biênio 2009/2010. As comissões, formadas pelos vereadores, analisam os projetos de lei para averiguar se estão de acordo com a constituição federal, estadual e com a a lei orgânica do município.

mos salários e mesma estrutura”, afirma. Ele revela que, além dos atuais setores, irá criar a secretaria de desenvolvimento econômico e estuda a possibilidade de criação de pasta para o meio ambiente. Caixa

A prefeitura herdou cerca de R$ 1,5 milhão da gestão do prefeito anterior Hamilton Falvo. Parte destes recursos foi deixada para finalizar a construção do Ginásio de Esportes e do espaço físico da indústria têxtil. “Vai sobrar muito pouco, pois ainda temos que pagar precatórios e reformar a frota de veículos, que está em más condições”, afirma o prefeito. Ele revela ainda que assim que iniciou os trabalhos, encontrou os com-

Prefeito Ricardo no discurso de posse

putadores da prefeitura com os arquivos apagados. “O advogado da gestão anterior teve a coragem de falar que perdeu seu pen drive com todos os arquivos dos processos”, reclama.

Câmara extingue cargo e cria outros três

Vereadores em sessão da câmara

A Câmara Legislativa de Motuca, em sessão extraordinária realizada em 21 de janeiro, extinguiu o cargo de diretor administrativo e financeiro da casa e criou

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as funções de assessor contábil, assessor jurídico e atendente. Até o momento foram contratados funcionários do município para as duas primeiras ocupações. De acordo com o vereador e presidente da Câmara, José Carlos Francisco de Arruda, o objetivo da lei foi diminuir custos e oferecer oportunidade para pessoas de Motuca. “O funcionário que ocupava o cargo anterior era contratado pelo executivo e tinha um alto salário”, relata. “Com isso, foi possível abrir espaço para pessoas daqui e ainda sobrar recursos”. Arruda afirma que a Câmara estará aberta para a população em horário comercial (das 8h às 17h).

Comissão de legislação, justiça e redação Presidente: José Aguinaldo dos Santos Membro: Octavio Cezar de Oliveira Filho Membro: Marcilaqui da Silva Comissão de tributação, finanças e orçamento Presidente: Pedro Ipólito Vieira Filho Membro: José Carlos Spinelli Membro: Marcilaqui da Silva Comissão de obras e serviços públicos Presidente: Renato Luis Rateiro Membro: Pedro Ipólito Vieira Filho Membro: Octavio Cezar de Oliveira Filho Comissão de educação, saúde e assistência Presidente: Maria do Carmo Mendes de Oliveira Membro: Fábio de Menezes Chaves Membro: José Aguinaldo dos Santos


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Monte Alegre foi pioneiro no plantio da cana Programa estimulado pela Usina Santa Luiza gerou polêmica e foi amplamente discutido

Cana-de-açúcar no Assentamento Crise do setor e problemas estruturais prejudicam expansão do programa, iniciado em 2002

A atual crise do setor sucroalcooleiro, que se estende desde 2007, vem levando muitos produtores do Assentamento Monte Alegre a não renovar o contrato com as usinas para o plantio de canade-açúcar. O cultivo da cultura em áreas de Reforma Agrária, iniciado em 2002, foi autorizado pela Portaria 75 do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), que disciplina a exploração de plantações voltadas para a agroindústria em Assentamentos. Atualmente, segundo informações da Casa da Agricultura de Motuca, cerca de 60% dos lotes produzem cana-de-açúcar (box). Além disso, o programa apresenta problemas no sistema de mutirão e os assentados se queixam da falta de assistência técnica. De acordo com a Portaria do Itesp, a cana-de-açúcar (ou qualquer outra cultura agroindustrial) só pode ser explorada em até 50% dos lotes das áreas de Reforma Agrária. No restante, o produtor pode optar por cultivar o que quiser, sendo que em 1/3 deve plantar gêneros alimentícios para subsistência ou comercialização. Além disso, o acordo com a indústria não deve configurar arrendamento. Os próprios assentados ficam responsáveis pelos tratos culturais como plantio, adubação e corte. Para os que não podem realizar o trabalho em função da idade ou doença, foi criada a figura do representante, que pode ser um parente ou morador local pago para desenvolver a atividade, principalmente no corte da cana, realizado em sistema de mutirão. Também ficou acordado que os assentados receberiam assistência técnica da usina e da prefeitura, além do apoio de técnicos do Itesp. Na última safra completou cinco

anos que José Prudente Custódio, morador do Assentamento Monte Alegre II, plantou cana em 50% de seu lote - cerca de 2,5 alqueires. Com o término do contrato, ele resolveu não renová-lo, mesmo considerando uma boa experiência. “Como a área para o cultivo é pequena não dá para ter ganhos suficientes para uma boa lucratividade”, explica. Custódio relata que a falta de assistência técnica, de equipamentos e problemas no sistema de mutirão prejudicaram o programa. Ele revela que está cultivando laranja e hortaliças para vender em mercados da região e que vai ocupar a área da terra que cultivava cana com milho. “Pretendo criar frango tipo chester e preciso ter milho na propriedade”, conta Custódio. Melhorias

Já o produtor Manoel Vitorino, também morador do Assentamento Monte Alegre II, afirma que a cana melhorou sua condição financeira. “Quando terminar o contrato, daqui há três anos, irei renová-lo, porque a cana proporcionou uma situação que nos tirou de um momento crítico”, ressalta. No entanto, Vitorino aponta problemas com o sistema de mutirão e considera importante a criação de regras mais severas para ajustá-lo. “No começo, tínhamos 100 representantes inscritos para o corte da cana, mas muitos foram para a laranja e no final apenas 10 estavam no trabalho”, relata. “Aqui no assentamento tem uma parcela que pensa no próximo e outra que pensa em si próprio”, aponta Vitorino, de 58 anos, que contratou um representante em função da idade.

O complexo Monte Alegre (ver box), criado em 1984 após a transformação de áreas do Estado em Reforma Agrária, foi o primeiro a cultivar cana em Assentamentos. Iniciado em 2002, o programa que culminou no cultivo da cultura foi objeto de muita discussão entre industriais, órgãos governamentais, sindicatos, acadêmicos e assentados. A iniciativa partiu da extinta Usina Santa Luiza, que buscava expandir sua produção de açúcar e álcool, e contava com apoio da prefeitura local. Com a abertura, o Assentamento Guarani, na região de Pradópolis, também passou a plantar cana, amparado pela Portaria 75 do Itesp. “Havia uma agroindústria com excelente potencial de produtividade interessada em novas áreas para o plantio e nós procurávamos um programa de base que tirasse o Assentamento do buraco”, explica o engenheiro agrônomo e um dos coordenadores do projeto, Paulo Roberto Amaral, da Casa da Agricultura de Motuca. Amaral relata que, na época, realizou levantamento pelo qual constatou que cerca de 80% dos lotes apresentavam níveis de improdutividade. “Apenas uma pequena parcela conseguia se desenvolver graças a recursos de fora como aposentadorias e empregos em empresas da região”, aponta. “Com isso, conseguimos convencer o Governo do Estado da necessidade de se implantar um programa de base sem que fosse necessário o financiamento público, pois a indústria estava interessada em investir”. Na opinião do coordenador regional do Itesp, Afonso Curitiba Amaral, a inserção da cana no Assentamento está sendo uma boa experiência, pois trouxe melhorias de renda para a maioria das famílias que participaram do programa. “Atualmente, a cana não apresenta uma boa rentabilidade, pois o preço dos insumos disparou e o valor do produto não subiu tanto assim”, destaca. “Mas ela é uma cultura como outra qualquer, em um momento está com preço bom e em outros, está ruim”. Segundo o coordenador, a cana-de-açúcar está muito presente na região e seria inevitável sua entrada no Assentamento Monte Alegre. “As pessoas querem melhorar de vida e, na época, a cana oferecia esta possibilidade”, relata. “Ela é uma cultura reconhecida pelo Ministério da Agricultura, não tínhamos como impedir alguém de cultivá-la”. Estabilidade O secretário geral Jair dos Santos, da Federação da Agricultura Familiar do Estado de São Paulo (FAF), considera prejudicial o programa, pois não proporcionou

estabilidade para os produtores. “A cana trouxe melhorias em um momento, mas não conseguiu manter o Assentamento em uma boa situação, por isso muitos não vão renovar o contrato”, aponta. Santos afirma que a usina impôs sua posição e que ocorreram diversos problemas trabalhistas durante o programa. “A contratação dos representantes para realizar a atividade no lugar do titular que não apresenta condições físicas configura vínculo trabalhista, mas isso não foi observado”, relata. Segundo o secretário, alguns acordos não foram cumpridos, como a assistência técnica adequada pela usina e pela prefeitura. Ele relata que é contra o cultivo de culturas agroindustriais na Reforma Agrária. “Os produtores perderam autonomia em suas próprias terras e tornaram-se meros funcionários das indústrias, ficando subordinados às variações do mercado”. Segundo o Secretário, a produção do Assentamento Monte Alegre deveria estar voltada aos gêneros alimentícios, para atender a demanda de instituições públicas da região. “Temos várias cidades como Araraquara, Ribeirão Preto, Matão, além de municípios menores, que podem comprar a produção para escolas, hospitais e outras entidades”, aponta. “Até agora Motuca posicionou-se contrária neste sentido e é muito importante a articulação da Prefeitura, criando um entreposto no município e dando apoio na escoação da produção”, finaliza.

Complexo Monte Alegre Pertencentes ao município de Motuca As. Monte Alegre I: As. Monte Alegre II: As. Monte Alegre IV: As. Monte Alegre V:

49 famílias 62 famílias 49 famílias 34 famílias

Pertencentes ao município de Araraquara As. Monte Alegre III: 76 famílias As. Monte Alegre VI: 96 famílias As. Bueno de Andrada: 31 famílias

Pertencentes ao município de Matão Horto de Silvânia:

Total : 416 famílias.

19 famílias.


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27 famílias do Assentamento Monte Alegre recebem financiamento para moradias Recursos são provenientes do govern o federal e do estado a partir da mobilização de entidades sociais Desde que se casou, há cerca de três anos, que Deise Cristina da Silva, 21, mora na residência dos pais, juntamente com o marido e os dois filhos pequenos, onde tem que dividir o espaço com outros quatro familiares. “Na casa de meus pais está muito apertada e precisamos de um local para podermos ter mais conforto”, relata a dona de casa, que teve seu desejo realizado no último dia 22 de janeiro, quando assinou no Barracão Comunitário do Assentamento II, financiamento, a fundo perdido, no valor de R$ 14 mil voltado para a construção de moradias no Assentamento Monte Alegre. No total, 27 famílias assinaram o contrato. O financiamento, conquistado a partir da mobilização da Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares

Beneficiada do Assentamento assina contrato para receber financiamento

(Cooperhaf/SP) em parceria com Federação dos Agricultores Familiares (FAF/ SP), é proveniente da Caixa Econômica Federal, com recursos do FGTS, no valor R$ 6 mil, e da Secretaria de Habitação do Estado de São Paulo, que ofereceu a contrapartida de R$ 8 mil. O recurso já está disponível em uma conta corrente na Caixa e será liberado por etapas. As moradias, com 45 m2, serão construídas nos próximos meses em sistema de mutirão. Os materiais devem ser comprados no próprio município, no estabelecimento que apresentar o menor orçamento. Segundo coordenador do programa no Assentamento Monte Alegre, Jair dos Santos, secretário geral da FAF, o financiamento das construções fará com que os jovens permaneçam no campo. “A maioria das famílias daqui possui pouca renda e quando os filhos se casam não têm condições de ter uma moradia”, relatou. “Assim, geralmente vão para a casa dos pais ou de algum parente”. Santos explicou que não houve seleção para escolha das famílias. “As pessoas que possuíam documentação em ordem foram beneficiadas com o financiamento, já as outras terão que regularizar e aguardar a liberação de mais recursos nos próximos meses”. Em discurso, o prefeito João Ricardo se comprometeu a auxiliar os moradores do Assentamento que não possuíam documentos regularizados. “Colocaremos nosso departamento jurídico à disposição para ajudá-los a resolver este problema”, prometeu. Segundo o prefeito, além de conquistar uma moradia, os jovens que estão no campo precisam almejar melhores perspectivas profissionais. “É muito importante que tenha médicos, engenheiros e advogados morando no Assentamento”, destacou.

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Moradora se revolta com destruição de árvore

A dona de casa Ivorene Mariano Alfenas ficou revoltada no último dia dez de janeiro quando acordou e viu a árvore que plantara a cerca de dois anos destruída. “Vizinhos ouviram pessoas gritando e fazendo arruaça na rua”, relata Ivorene, que foi à delegacia fazer boletim de ocorrência. “A gente planta e cuida com carinho durante tanto tempo para vir alguém e acabar com a árvore”. Segundo ela, a rua que mora, a Marcos Rogério dos Santos, que liga o centro a três bairros da cidade é muito movimentada e precisaria de mais atenção pelo poder público. “A prefeitura poderia instalar lombadas porque trafegam muitos carros, alguns em alta velocidade”, relata. Além disso, ela também reclama do som alto dos automóveis. Pena

Segundo o escrivão Carlos Alberto Stochi, da polícia civil, a infração relatada pela dona de casa configura crime de menor potencial ofensivo, de acordo com a lei 9.099. “Além de ressarcir o prejuízo à vítima, o infrator, conforme a interpretação do Juiz, pode pagar cestas básicas às instituições filantrópicas e prestar serviços comunitários, além de comparecer por dois anos no fórum”, explica o escrivão.


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Na Área... Espaço Jovem

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Kasakai é a mais nova banda de rock de Motuca. Formada há apenas cinco meses, ela foi uma das atrações das festividades em comemoração ao aniversário de emancipação política da cidade, tocando no último dia da festa. Conversamos com Alan, guitarra solo e backing vocal; Claudinho, guitarra básica e vocal; Jé, contrabaixo e backing vocal; Márcio, bateria e Silvinho, vocal. Eles nos contam um pouco sobre a experiência de formar uma banda de rock. Gabriela Marques Luiz retomar a febre do rock, com a banda surgindo agora, dá para influenciar a galera”, afirma o vocalista Silvinho. Dificuldades e oportunidades

Márcio: bateria, Alan: guitarra solo, Cláudio: guitarra base, Silvinho: volcal, Jé: Baixo

A paixão pela música Desde adolescentes, na época da escola, que eles gostam de música. Todos os trabalhos escolares tinham música envolvida. Márcio, Alan e Jé estudaram respectivamente bateria, teclado e violão durante um tempo, mas depois aprenderam tudo sozinhos. “Estudei teclado durante um ano com professor”, conta Alan. Já Cláudio, decidiu aprender a tocar guitarra depois que viu as performances de Alan. “Foi amor a primeira vista pela guitarrinha”, brinca. Silvinho nunca fez aulas de música, mas tem intenção de estudar canto em breve. “Pretendo fazer um curso para controlar a voz”, diz. O sonho de formar uma banda sempre esteve presente em todos. “Sempre tive esta vontade de ter uma banda séria”, revela Jé. Foi em um ensaio casual que a ideia criou força. “Decidimos montar um conjunto e levar a sério. Já compramos até um som para fazer os ensaios”, revela Cláudio. O título da banda foi decidido depois, com o nome Kasakai, proposto pelo vocalista Silvinho, e aceito pelo grupo depois de um “caso de polícia”. “Estávamos ensaiando

quando a polícia interrompeu nosso ensaio por causa do barulho, pois a vizinhança havia reclamado. Aí eu pensei: agora a casa cai”, diverte-se Cláudio.

No começo, a banda sofreu algumas dificuldades, como a falta de incentivo e lugar para ensaiar. “A dificuldade que tivemos, os músicos de Motuca ainda têm: o incentivo”, observa Silvinho. O baixista Jé, completa. “O trabalho também é uma das dificuldades, pois falta tempo para ensaiar”, lamenta. Mas conforme a banda foi se destacando, surgiram oportunidades, como local para ensaiar e o primeiro show. “Agora está aparecendo bastante incentivo”, relata Alan. Para eles, a oportunidade concedida por Ricardo, prefeito da cidade, foi de muita importância. “O convite para o show nos pegou de surpresa. Foi uma grande oportunidade esta que o Ricardo nos deu”, afirma Márcio. O primeiro show

A Banda

O repertório, criado de acordo com os pedidos do público, é composto por interpretações de bandas e cantores de rock nacionais e internacionais. Mas já vem novidade aí. “Começamos a compor nossas músicas e já temos duas letras prontas”, revela Silvinho, que adiantou o nome de uma delas: “Desfocado”, composta por ele. Como o rock não está em evidência no momento, o grupo acredita que a música das bandas antigas é o que predomina. “Hoje, banda de rock que faz sucesso é uma em um milhão, a moda atualmente é funk e sertanejo”, relata Márcio. Alan completa. “A música eletrônica prejudicou o surgimento de verdadeiros conjuntos. Antigamente, o rock era feito na raça”, diz. Com o surgimento de um conjunto de Motuca, eles acreditam que consigam reverter esse quadro na cidade. “Acredito que dê para

“Foi maravilhoso”, conta Jé, quando indagado sobre a experiência de fazer um show ao vivo para a cidade inteira. “Para mim, foi um aprendizado muito grande”, diz Silvinho. Momentos antes do show, a banda se reuniu no camarim e pediu a benção de Deus. “Pedimos a Ele que a gente conseguisse fazer um show espetacular para o pessoal de Motuca”, relata Cláudio. Outro show já está marcado na agenda da Banda Kasakai. “Primeiro show em vista vai ser no Levi. Uma noite de puro rock´n roll”, anima-se Cláudio, que também revela estar esperando um telefonema para um show em Rincão e outro em Matão. Objetivo da Banda

O que eles querem? “Sucesso”, responderam todos. Mas, claro, tudo ao seu tempo. “Acredito que temos que ir por etapa. No momento, conseguir divulgar

bastante a nossa banda com músicas próprias gravadas para a galera escutar quando quiser”, conta Silvinho. “O nosso objetivo agora é crescer, começar a fazer shows, aumentar nosso repertório de acordo com o que o nosso público pede. Até chegar um dia, e nós já estamos buscando, gravar um CD com as nossas músicas e de bandas famosas”, vislumbra Cláudio. Banda Kasakai na internet

Para quem curtiu, o grupo montou um blog com suas fotos, vídeos e história: bandakasakai.blogspot.com e também uma página no Orkut.


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Espaço de cidadania e qualidade de Vida

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Fábio Falvo e Maria Angélica Torta de abóbora com carne seca

Simplicidade – Uma tendência global! Simplicidade é a ausência de extravagâncias e excessos de bens materiais, sociais e psicológicos. O que isso significa? Buscar uma maneira de recuperarmos coisas imateriais importantes que haviam sido perdidas como o tempo, a saúde e a felicidade. Isto é qualidade de vida ideal. A simplicidade está se tornando uma tendência mundial, onde mais e mais pessoas se afastam do consumismo desenfreado em busca de um estilo de vida mais simples. Esta mudança não se dá somente pela crise financeira que está remodelando o mundo, mas também porque muitos estão acreditando que gastar menos talvez possa levar a mais felicidade. Vamos deixar aqui dicas de coisas simples: Conforto: Passamos longas horas caminhando, sentados ou dormindo. Portanto, invista em calçados, cadeira de

trabalho e colchões, quanto mais conforto nestes itens, maior a qualidade de vida. Nestes itens não vale a pena economizar Modismo: Supérfluo: É preciso se perguntar quantos itens são necessários para viver bem. Devemos usar as coisas em vez

de apenas ser donos delas. Exemplo: Você precisa de quantas calças jeans? Transporte: Existem aqueles que, por nada, não sai de casa sem o carro. Mesmo que tenha que ir até a esquina.

Trocar o carro por pedaladas ou caminhadas é um bom exercício para simplicidade. Organização: Simplicidade é saber controlar uma vida que é muito ocupada, cheia de bugigangas, e muito fragmentada. É não só organizar, mas reconhecer que, quanto menos detalhes e distrações, mais fácil é levar uma vida simples. “A vida é desgastada pelo detalhe...” Simplifique, simplifique! Tempo Livre: Temos mil e uma coisas para fazer, sem tempo livre para nada, mas continuamos a aceitar novas tarefas, novos compromissos e novas obrigações. O pior de tudo é que muitos desses compromissos não contribuem em nada para melhorar nossa vida. Pense: o que é importante para você? Calma: Se conseguir pôr isto em prática, sua vida de simplicidade irá melhorar bastante. Quando andamos sempre

a correr, durante o dia, chegamos ao final sem forças para fazer algo interessante que nos beneficie. Por isso, deve começar a andar mais devagar, a comer mais devagar e, no geral, a viver mais devagar. Sentindo mais o presente e pensando menos no futuro. Nossa dica mais importante: Seja sábio e feliz. Viva com simplicidade.

Ingredientes: 2 xícaras (chá) de abóbora em cubos cozida ½ xícara (chá) de margarina 1 xícara (chá) de leite 1 e ½ xícara (chá) de farinha de trigo 2 ovos 1 colher (chá) de sal 1 colher (sopa) de fermento em pó margarina para untar Recheio 1 cebola média em cubos 2 dentes de alho amassados 2 colheres (sopa) de óleo 1 xícara (chá) de carne seca dessalgada e cozida 2 tomates sem pele e sem sementes em cubos 2 colheres (sopa) de salsa 2 colheres (sopa) de coentro Sal, pimenta do reino e cominho a gosto Preparo Para o recheio, refogue a cebola e o alho no óleo até dourar. Acrescente a carne seca e frite por 3 minutos. Junte o tomate e refogue por 2 minutos. Desligue o fogo, acrescente a salsa, o coentro, sal, pimenta e cominho. Leve todos os ingredientes da massa ao liquidificador até ficar homogêneo. Despeje metade da massa em um refratário untado, distribua o recheio e cubra com o restante da massa. Leve ao forno alto, pré aquecido, por 40 minutos ou até dourar. Decore como desejar e sirva em seguida. Boa apetite

Esta receita foi enviada por Dominique Mout Mendes Envie também sua receita predileta para cenarioregional@gmail.com ou diretamente a um de nossos coloboradores.


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Vila Nova vence torneio de futebol de Motuca Competição como nos “moldes antigos” não era realizada há mais de cinco anos

Lagoinha mesclou experiência com juventude

Ari, o mais disciplinado

Campeonato Municipal de futebol começa dia 15/02 Título foi conquistado nos pênaltis após empate no tempo normal com Lagoinha

Após empate sem gols no tempo normal, o Vila Nova venceu o Lagoinha nos pênaltis por 5 a 4 e foi campeão do torneio municipal em comemoração ao aniversário da cidade, realizado pelo departamento de esportes do município em 18 de janeiro. Tendo como base membros da família Kawaka com a participação de amigos, a equipe venceu três partidas e empatou o jogo da final. “Todos os jogadores demonstraram raça e deram o sangue para conquistarmos o torneio”, relata o atacante mineiro Mauricio Gomes dos Santos, 23, destaque da equipe. “Além dos bons times do torneio, também enfrentamos o cansaço pela falta de treinamento, o que valoriza ainda mais a vitória”, aponta o jogador. O torneio foi realizado no campo do Motuca Futebol Clube, pois o estádio municipal passa por reformas. Dez times da cidade participaram do campeonato, sendo três do Assentamento Monte Alegre. O campeão e o vice foram premiados com troféu. Já o goleiro menos vazado, o artilheiro e o jogador mais disciplinado ganharam medalhas. “Há cerca de cinco anos não era realizado torneio em Motuca e tivemos a preocupação de desenvolvê-lo como nos moldes antigos”, destaca o diretor de esportes do município Sidnei Ferreira (Iei). “O torneio sempre foi uma forma de motivar os jogadores, pois não deixavam de praticar o futebol, além de oferecer um momento de lazer para o público que gosta do

esporte”. O pedreiro João Pereira Nunes é um amante do futebol. Torcedor do Santos, ele relata que a realização de torneios é importante para o lazer da população e contribui com a formação de atletas. “A diversão do povo é o esporte”, ressalta. “Além disso, o torneio incentiva a molecada a praticar o futebol e a cidade precisa de novos talentos para voltar a ter um time forte”. Nunes lembra que Motuca teve grandes equipes e destaca alguns jogadores como Lazinho, Moisés, Azulão e Aurélio. “Nossas equipes não perdiam para nenhuma da região, mas há algum tempo estamos sem um time competitivo”, observa. Disciplina

Aos 60 anos de idade, o defensor Ariovaldo Marques (seu Ari) nem pensa em abandonar os gramados. Reconhecido pelo seu amor ao futebol, o fanático são paulino foi premiado com a medalha de jogador mais disciplinado, depois de ter levantado a taça de vice-campeão pelo Lagoinha. “Torneio como este é uma motivação para continuarmos a praticar o futebol, esporte que a gente acompanha desde criança”, destaca o defensor.

No dia 15 deste mês tem início a 12ª edição do Campeonato Municipal de Futebol Masculino, com a participação de dez equipes do município, sendo duas do Assentamento, e duas convidadas: Guariba e Matão. A competição terá seis rodadas na primeira fase, com turno e returno, e será realizada aos sábados e domingos. Os quatro melhores disputam a semifinal, de onde saem os finalistas. Na quarta (11), será realizada reunião com os líderes das equipes para a discussão das regras da competição. Campeonato Regional

O Campeonato Municipal servirá para a comissão técnica do time de Motuca

que irá disputar o Campeonato Regional escolher os jogadores que irão compor a delegação. De acordo com o técnico Célio Pereira da Cruz, da equipe que disputará o regional, o time será formado de acordo com o potencial dos jogadores. Uma das preocupações do técnico é a disciplina. “Para disputar um campeonato é preciso que os jogadores tenham consciência de suas responsabilidades, eles não podem sair para beber, bagunçar à noite e jogar na manhã seguinte”. Célio revela que os jogadores podem ser punidos, caso não respeitem as exigências da comissão técnica. “Se não tiver condições, não joga”, afirma.

Árbitro quer garantias de segurança para apitar jogos Há vários anos Edson Aparecido Lavezzo (Peta) atua como árbitro em jogos realizados no município. Ele foi convidado a participar do torneio realizado no último dia 18, mas compromissos particulares impediram sua atuação. Lavezzo, que já fez cursos de arbitragem na liga regional de futebol, exigiu garantias de segurança junto às autoridades do meio esportivo de Motuca para participar de competições realizadas na cidade. “A gente lida com futebol há muito tempo e sabe que pode ocorrer algum tipo de confusão”, observa. “Como todo ser humano, não somos perfeitos, e é normal que a gente cometa erros, ainda mais no nervosismo das partidas, onde

há muita rivalidade dentro de campo”. Segundo o árbitro, para que os jogos transcorram sem problemas, é necessário que sejam realizados em campos com alambrado, além da presença de seguranças e policiais.


Cenário

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CENÁRIO ENTREVISTA David Orlando Lepesteur, um dos articuladores do processo emancipatório de Motuca Perto de completar 90 anos, o carioca da Tijuca David Orlando Lepesteur, radicado em Motuca há 28 anos, concedeu entrevista ao Cenário para falar, principalmente, de política. Ele que foi um dos principais articuladores do processo que culminou na emancipação política/administrativa de Motuca, em 1990, tendo disputado o cargo de prefeito na primeira eleição municipal. David fundou o PMDB e esteve à frente do partido por 18 anos. Sua relação com Motuca começou depois que conheceu sua primeira esposa, a motuquense Cleide de Melo Lepesteur. O casal se conheceu na capital paulista e foram morar no Rio de Janeiro, onde residiram por 30 anos. A primeira visita à Motuca foi em 1950. David trabalhou nos Correios e no Ministério das Comunicações. Depois que se aposentou, atendeu ao pedido da esposa e veio morar no então distrito, em 1980. A partir daí, fincou raízes na cidade, tendo recebido da Câmara o título de cidadão motuquense, em 2004. Segue abaixo a entrevista. Cenário: O senhor foi um dos articuladores da emancipação política de Motuca. Como foi o processo? Sr. David: A iniciativa para emancipar Motuca partiu do Rui Pinotti (primeiro prefeito

de Motuca). Ele convidou algumas pessoas da cidade para uma reunião, em 89, e perguntou se gostaríamos de engajar no trabalho. Fui o primeiro a levantar a mão. Depois de formado o grupo responsável pelo início do processo, fizemos um abaixo assinado para fazer o plebiscito com no mínimo 150 assinaturas. Conseguimos 280. Ganhamos o plebiscito e fiquei encarregado de ir à Câmara Legislativa de Araraquara buscar as documentações necessárias para o processo. Cenário: O que o levou a disputar a primeira eleição do município como candidato a prefeito? Sr. David: Na verdade, o Rui queria que eu fosse vice dele. No entanto, na época,

havia uma disputa entre meu partido (PMDB) e o partido do Rui na capital paulista, e o diretório estadual do PMDB não permitiu que eu realizasse a coligação, sob pena de cancelar a convenção. No dia da convenção para a escolha do candidato a prefeito, o deputado Jaime Gimenes, que na época era presidente do PMDB paulista, passou o dia inteira em minha casa e me incitou a disputar o cargo. Ele me convenceu porque em minha opinião candidato único é ditatorial. Então, decidi disputar a prefeitura sabendo que iria perder, não tendo a mínima expectativa, nem trabalhei

muito. Tive 480 votos e o Rui 1.100. Cenário: Como o senhor observa o atual quadro político da cidade? Sr. David: No atual quadro político poucos se salvam. Tivemos em Motuca

vereadores que tinham nome e atuavam firmemente. Cito como exemplo o próprio Emílio, o Pancho e o Gilson. Eles brigavam na Câmara. Hoje a gente não vê mais isso. Cenário:O senhor considera o povo de Motuca politizado? Sr. David: Não. Aqui se vota por simpatia ou porque ganha algo em troca. Não se

elege pelo devido valor. A maioria das pessoas filiadas em partidos da cidade sequer conhece o programa de governo de suas siglas. Nem mesmo os partidos possuem ideologias. Quais são as principais dificuldades do município, na opinião do senhor?

Minha grande preocupação é a saúde financeira de Motuca. A perda da renda da usina foi muito grande. O prefeito Ricardo pode minimizar este problema, primeiramente, enxugando a prefeitura. Fui informado que a gestão do Prefeito Hamilton terminou com mais de 200 funcionários. Considero demasiado pelo tamanho da cidade.


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