JORNAL O DIA

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Teresina, Domingo, 26 de Agosto 2012

Editora: Viviane Menegazzo // Repórter: Virgiane Passos / Fale conosco: 86 2106.9924 // email: jornalodia@jornalodia.com.br

Saúde

Lúpus: uma doença pouco conhecida, sem cura, mas controlável

O tratamento é feito à base de drogas medicinais que estão disponíveis para o paciente tanto na rede particular quanto na rede pública de saúde Virgiane Passos Repórter Uma patologia de causas desconhecidas e que impede métodos de prevenção. Assim se caracteriza o lúpus, uma doença inflamatória crônica, de origem autoimune, que pode atingir a pele ou acometer vários órgãos internos do organismo humano. Por se tratar de uma patologia autoimune, o portador sofre com um desequilíbrio no seu sistema imunológico e, assim, passa a produzir anticorpos que vão atacar as células saudáveis do corpo, ao invés de agir como defensor contra os organismos estranhos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, cerca de 65 mil pessoas possuem lúpus no país. E apesar das causas desconhecidas, sabe-se que fatores genéticos, hormonais e ambientais participam do seu desenvolvimento, principalmente quando a pessoa é predisposta geneticamente à doença e se expõe ao sol ou entra em contato com vírus e bactérias. “Esta é uma doença que tem manifestações clínicas, ela pode começar de forma lenta e progressiva ou

Elias Fontenele / O DIA

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Ângela Maria explica que tratamento deixa paciente sem sintomas

surgir abruptamente. Então o paciente pode apresentar apenas sintomas iniciais como dores articulares, dor muscular, algumas alterações cutâneas, ou pode se apresentar com muitas manifestações, dependendo do órgão acometido”, explica a reumatologista Ângela Maria Freitas Paiva. Segundo a médica, os sintomas mais comuns são: dores nas articulações, dor na hora da inspiração, tosse, ou sintomas de doença renal como edema, inchaço e pouca urina, alterações no exame sangue e até mudanças neuro-psiquiátricas, que são menos frequentes, mas que também podem acontecer,

tais como convulsões e distúrbios de humor. Ângela Maria comenta que o maior temor dos pacientes está no fato da doença não ter cura. Contudo, ela reforça que a patologia pode ser controlada através de medicamentos. “O tratamento de lúpus é à base de drogas medicinais que estão disponíveis tanto na rede particular quanto na rede pública de saúde. Apesar de não ter cura, podemos deixar o paciente sem sintomas”, esclarece. Diante da ausência de medidas preventivas para o lúpus, a reumatologista recomenda que as pessoas que tenham casos da

doença em sua família, até o segundo grau de parentesco, fiquem atentas às manifestações do corpo. No mais, é manter hábitos saudáveis, praticar atividades físicas e consultar um especialista caso aconteçam alterações biológicas. Para as portadoras de lúpus, a médica explica que não existe nenhuma mudança na taxa de fertilidade e elas podem engravidar normalmente. Entretanto, trata-se de uma gestação de risco. “É uma gravidez mais delicada, com maiores incidência de abortamentos e natimortos”, diz. De acordo com Ângela Maria, os quadros mais graves de lúpus acontecem quando há o desenvolvimento de nefrite, que é uma lesão nos rins. “Cerca de 40% dos pacientes que tem lúpus estão vulneráveis a desenvolver lesões renais”, conta. Contudo, a reumatologista afirma que se o portador de lúpus seguir rigorosamente as determinações médicas, tomar os remédios necessários e ser acompanhado, mensalmente, por um especialista, pode levar uma vida totalmente normal e sem maiores complicações.

Doença é vista como atestado de morte “Quase 100% dos pacientes que saem dos consultórios médicos com diagnóstico de lúpus, encaram como se fosse um atestado de morte”, é o que afirma a fundadora da Associação dos Amigos e Pacientes com Lúpus do Piauí (Amplu), Maria do Socorro Moraes. Diante deste índice de rejeição é que a Amplu foi criada em 2005, com o intuito de dar apoio aos portadores de lúpus no estado, levar informação e demonstrar que é possível sim conviver bem com a doença. “Quando você recebe o diagnóstico de lúpus, o peso é muito grande, logo porque você pergunta ao médico se tem cura e ele responde que não. E por ser profissional da área, eu comecei a sentir necessidade de ajudar as pessoas a aceitarem o diagnóstico”, conta. A fundadora da Amplu reclama da falta de apoio à entidade, que nem mesmo possui uma sede própria. “Nossas reuniões

acontecem toda terceira terça-feira de cada mês, no auditório do hospital Lineu Araújo, a partir das 17h. Porém, o espaço é uma concessão temporária da unidade de saúde, precisamos de um espaço físico só nosso”, explica. Outra queixa da associação trata-se da precária assistência médica oferecida aos pacientes com lúpus por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). “Os portadores da doença encontram muita dificuldade em marcar consultas para os especialistas disponíveis nos hospitais públicos”, reclama. Esta lentidão, verificada nas unidades de saúde do SUS, pode até mesmo acelerar o processo de gravidade da doença e culminar na morte do paciente. “Se a pessoa não tiver força de vontade, ela desiste, pois a caminhada é longa e complicada”, desabafa Maria do Socorro. (Virgiane Passos) (Continuação na página 3)

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