Miolo caminhando com maria

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Auxiliadora Leal

CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

BABECCO

Olinda 2013


© Copyright 2013 Auxiliadora Leal Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução integral ou parcial deste livro por qualquer meio sem a autorização prévia. COORDENAÇÃO EDITORIAL Manuel Oliveira Batista PROJETO GRÁFICO Bruna de Souza Leão Xavier REVISÃO ORTOGRÁFICA Maria Lúcia de Pontes Galvão e Autora FOTOS Arquivo do Movimento Schoenstatt Nordeste Acervo particular da autora Dr. Cláudio Escorel Ir. Renate Dekker Google Ficha Catalográfica (Catalogação na fonte pela Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco)

L435c

Leal,Auxiliadora, 1939Caminhando com Maria : reflexões e reminiscências / Auxiliadora Leal ; prefácio Pedro Cabello. – Olinda, PE : Babecco, 2013. 143p. : il. Inclui referências. 1. MARIA, VIRGEM, SANTA– DEVOCIONÁRIO. 2. EVANGELIZAÇÃO. 3. ORAÇÃO. 4. REFLEXÕES. 5. MARIA, VIRGEM, SANTA– MEDITAÇÕES. 6. MOVIMENTO SCHOENSTATT – BRASIL (NORDESTE) – HISTÓRIA. 7. SANTUÁRIO DAMÃE RAINHA– OURO PRETO (BAIRRO) – OLINDA (PE) – HISTÓRIA. I. Cabello, Pedro. II. Título. CDU 232.931 CDD 232.91

PeR – BPE 13-433 Características: Capa Triplex 250g Miolo: 144 páginas / Papel Off-Set 90g Diagramação, Impressão e Acabamento: Editora Babecco Rua Prof. Olímpio Magalhães, 256 Jardim Atlântico - Olinda - PE. CEP: 53.140-120 (81) 3432.1537 / 3431.3127 babecco@babecco.com / www.babecco.com


SUMÁRIO Oferecimentos Apresentação Prefácio Introdução

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Capítulo 1 - Fundação e início do Movimento no Engenho Tapacurá - Um Farol de Maria foi enviado para o Nordeste Brasileiro - Em busca de um terreno - Surge o Morro do Peludo - A construção do Santuário e as raízes históricas do terreno - Inauguração do 1º Santuário da Mãe e Rainha do Nordeste - Olinda - Santuário Mãe do Nordeste – 20 anos de Evangelização: 1992 – 2012 - Guarda de Honra do Santuário – Uma Homenagem a Você

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Capítulo 2 - Quem é esta Senhora ? - O Neto da Senhora Sant'Anna - O Mês Mariano - Saudades do “Mês de Maio” - Reflexões Marianas - Outubro, mês de grandes comemorações - Apresentação do Menino Jesus no Templo - Maria e João, o Evangelista e sua Gloriosa Assunção - Como Coroar Maria?

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Capítulo 3 - Os Discípulos de Emaús e a Ressurreição do Cristo - Feliz Páscoa, Jesus! - Ressurrexit, Irmão! - Um Segredo de Natal

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Capítulo 4 - O Senhor Salvador do Mundo: Padroeiro de Olinda - As Procissões de Olinda - Olinda Sagrada e Profana

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Posfácio Por Quatro Mãos Amigas Orações Fontes Consultadas

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OFERECIMENTOS Ofereço (in memoriam) aos meus iluminados pais Bartholomeu e Elizete, que me ensinaram a religiosidade indispensável a todo ser humano que deseja pautar sua vida pelos caminhos marianos. À minha tia-mãe Ivete Leal Lopes, exemplo de fortaleza, doação e alegria e a Arnaldo de Carvalho Lopes, seu esposo e meu segundo pai, a quem chamávamos carinhosamente de Aiá, querido por todos da família, desde o mais velho até a criancinha mais nova que experimentava seu carisma. Ao meu irmão Toninho e ao primo-irmão Fernando Lopes, o Fernando Mágico, ceifados desta vida ainda muito cedo e de forma abrupta. À Cléa Borges, minha irmã por adoção e coração, no 10º aniversário de sua partida para o Pai, minha gratidão pelo incentivo dado aos meus ensaios na produção literária e pelas vezes que ralhava comigo, quando eu, insatisfeita com o teor escrito, machucava o papel jogando-o no cesto, e ela o recolhia e guardava a me dizer: “Leia-o daqui a mais alguns dias!” Este livro é dedicado a você, Maria Cléa!

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Oferecer a renda proveniente da venda deste livro ao Santuário da Mãe e Rainha, em Ouro Preto, visando a ajudar ao trabalho de Evangelização desenvolvido nele e por ele, sendo uma forma de dizer à Mãe Admirável: “Muito obrigada pela acolhida que me ofereces Mãe! Grata, porque o teu Santuário é meu oásis, meu Tabor, minha consolação. No tripé que promana de Ti, sinto os Teus eflúvios, os do Santuário e do Pai Fundador, nosso querido Pe. Kentenich!”

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AGRADECIMENTOS A Alexandre Neto, editor do Jornal Mega FM, que me convidou para assumir uma página nesse jornal, fato que me incentivou a refletir com mais profundidade as letras do Evangelho aplicando-as à realidade da sociedade atual, ao mesmo tempo em que surgiam espontaneamente nos recônditos de minha mente, reminiscências salutares da época dos meus pais, avós e bisavós. Aos meus irmãos: Nanda, Pedrinho, Aninha, Gracinha, Fátima e Zui, com seus filhos, netos e cônjuges, anjos tutelares, presente de Deus que me ajudam a viver e vivificar minha Fé. Obrigada por vocês existirem em minha vida. Vocês são muito importantes para mim. À minha neta Nony, seus irmãos, filhos e netos; Marco Aurélio, neto pelo coração; às queridas sobrinhas Taciana e Lila, esposo e filhos; a Rosélia, irmã que me foi dada por Deus; a Hélia, e ao meu afilhado Antônio; a Ângela e a minha afilhada Bárbara; a Eliane, Valentina e minha afilhada Betinha, enfim aos Danda, Barbosa e Borges, que tanta significação deram e dão à minha vida, seguem as mensagens deste livro e a confirmação da minha incondicional estima a todos Vocês.

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Aos demais parentes que nominá-los aqui, o espaço seria insuficiente. Estejam certos: Vocês estão entregues a Maria e eu os amo muito. Aos amigos que me incentivaram a reunir estas Reflexões e Reminiscências e publicá-las: especialmente a Danizete Serpa, Margarida Leopoldino e Berenice Bastos, meu reconhecimento entregando-as a Maria. Aos verdadeiros e queridos Amigos que fiz ao longo de minha vida(e que já vai longeva), minha gratidão por tudo que me ensinaram e pela partícula de cada um que subsiste na “essência do meu ser”. Obrigada por pertencerem à minha história de Vida! À Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda – AALCO, na pessoa de seu Presidente, o Poeta Carlos Severiano Cavalcanti e esposa, grandes amigos que encontrei e a quem dedico respeito, carinho e admiração. À Geração Fundadora do Movimento e do Santuário, ressaltando a Ir. Renate Dekker, um Farol de Maria a iluminar o Nordeste. Aos Padres de Schoenstatt, com destaque para Pe. Miguel Lencastre, o Bandeirante do Schoenstatt Nordeste; Pe. Pedro Cabello que no auge de nossa ousadia mariana, entregou a 1000ª Imagem Peregrina, em 1988; Pe. José Fernando que passando por nosso 8


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Santuário, deixou sua marca, seu carisma; e ao paraibano Pe. Severino Araújo, atual Reitor do Santuário, a quem dizemos: bem vindo ao Nordeste, sua casa, sua Região! À minha Admirável Mãe e Rainha, fonte destas Reflexões e Reminiscências, e Vencedora de todas as dificuldades que ousam aparecer no meu caminhar. Obrigada, Mãe querida, porque mesmo eu sendo uma mariana convicta desde criança, ao te acolher como Rainha e Vencedora, te posicionaste na minha vida como um Admirável “divisor d’águas”, conforme se costuma dizer em nosso Nordeste. A Deus que permitiu minha vinculação com o Santuário Tabor da Nova Evangelização – 1º Santuário da Mãe Rainha, no Nordeste Brasileiro, Ouro Preto – Olinda, a verdadeira “Escola de Maria”!

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PREFÁCIO

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urpresa, admiração, gratidão. Estes foram meus sentimentos ao ler e meditar “Caminhando com Maria: Reflexões e Reminiscências”. Na minha primeira incursão pelo Nordeste brasileiro tive a graça de conhecer Auxiliadora Leal, foi no ano de 1988. Na época, o Movimento de Schoenstatt consolidava-se fortemente em algumas capitais dos estados do Nordeste, “inculturando-se” na alma nordestina. Já naquela época chamou-nos muito a atenção o ímpeto da Geração Fundadora, que acreditava, segundo a Fé Prática na Divina Providencia, ter chegado o momento de construir um Santuário de Schoenstatt na cidade de Recife. O sinal foi o envio da milésima imagem da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, para visitar os lares das famílias. A pequena Família tinha feito sua parte, o “nada sem nós” agora, a Mãe devia fazer a sua o “nada sem vós”. Passaramse alguns anos até que a Mãe e Rainha tomaria posse do seu novo Santuário, no ano de 1992. A Geração Fundadora esforça-se para descobrir e formular o Ideal ou a missão deste novo Santuário para a Igreja: para todo sempre, este deverá ser um Santuário “Tabor da Nova Evangelização”. Uma missão exigente para pastores e leigos. A partir deste Santuário deverá se gestar uma nova forma de evangelização: “nova em seu ardor, nova em seus métodos, nova em sua expressão.”

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Em muitas oportunidades, conhecendo o carisma e a formação acadêmica de “Dora”, insisti: “a senhora deve pôr no papel a sagrada história dos começos de Schoenstatt no Nordeste”, porque, segundo o pensar do Pe. Kentenich, fundador da Obra Internacional de Schoenstatt, “a história é a realização ordenada e sucessiva, no tempo, dos planos de Deus”. Li com muito agrado “Caminhando com Maria: Reflexões e Reminiscências”, especialmente os capítulos sobre a história da fundação do Movimento de Schoenstatt no Nordeste, Um grande presente para a atual geração, que caminha nas pegadas deixadas pelos primeiros. Diante destas reflexões, mais uma vez deparamo-nos com o conselho de Goethe, que o nosso Pai Fundador, Pe. José Kentenich, repetia para os membros do Movimento de Schoenstatt: “O que herdaste dos teus antepassados, conquista-o para o possuíres...” Sim, que estas reflexões e reminiscências nos ajudem a amar mais profundamente esta Obra da Mãe Rainha e a entregar o nosso ser, sem reservas, à missão que nos foi confiada.

Pe. Pedro Cabello Instituto Secular Padres de Schoenstatt – (ISPSCH)

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INTRODUÇÃO

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abe aqui falar um pouco sobre a Mega FM, rádio católica comunitária, que desde o seu nascedouro teve como proposta colaborar na Evangelização do meio social onde estava inserida – bairro de Ouro Preto em Olinda, indo até os locais alcançados por suas ondas FM. Propôs-se também junto ao Santuário da Nova Evangelização – Santuário da Mãe e Rainha, “Fonte de Iluminação” e “Coração Mariano”, situado no mesmo bairro há 21 anos, transmitir as missas celebradas aos sábados e domingos; levar ao ar todos os dias, às 15hs, o Terço da Misericórdia; semanalmente transmitir o Terço dos Homens e colaborar na programação dos festejos de aniversário do Santuário, entre outras atividades. A Mega com seu trabalho evangelizador diário, tornou – se conhecida e adquiriu vários sócios e voluntários para a missão proposta - a Evangelização. Infelizmente depois de algum tempo, espalhando a fé e reforçando a religião católica, ocorreram problemas de ordem técnica em um dos seus transmissores, culminando com a retirada da emissora do ar. Outro prefixo já vem sendo providenciado através do Ministério das Comunicações, processo esse que está fluindo demoradamente, dado a burocracia vigente em nosso País. Seu editorchefe mantém-se firme, editando o Jornal Mega FM, com freqüência mensal e efetuando a distribuição gratuita nas paróquias, entre seus sócios fiéis e na Lojinha do Santuário. Através deste veículo, o objetivo de evangelização permanece vivo, contando com uma equipe 13


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que escreve mensalmente sobre a Fé, o Amor, a Caridade, a participação de Maria como co-redentora da humanidade, a Aliança definitiva de Deus-Pai com os homens, a importância do Terço dos Homens, enfim a essência do viver católico, além de contar com patrocinadores que cobrem as despesas oriundas de impressão, divulgação, tais como correio, envelopes, etiquetas, distribuidor, etc. O Jornal que surgiu com a Rádio já chegou ao Ano V e em outubro de 2013, publicará a edição nº 60. O Santuário da Mãe e Rainha, verdadeira “Escola de Maria”, abriga em seu pátio os encontros da Família Mega FM, que de forma esperançosa aguarda a conclusão de autorização do novo prefixo, a fim de que essa rádio católica possa continuar seu trabalho evangelizador e assim voltar a transmitir as missas e eventos do Santuário, como sempre o fez. Atualmente o único veículo de comunicação e evangelização da Mega é o Jornal, distribuído gratuitamente à comunidade católica, graças à colaboração de patrocinadores anunciando seus produtos. O processo no Ministério das Comunicações está bastante adiantado e a expectativa da volta da Rádio da Família Católica, é extremamente animadora. O Jornal continua sua missão evangelizadora conservando o nome da Rádio assim traduzido: Missão Evangelizadora de Graças e Ação dos Filhos de Maria, na esperança de continuar a servir ao Santuário, realizando aquele intercâmbio, no qual os dois vivenciam uma ajuda mútua, importante para a família católica.

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Neste sentido é justo que a renda oriunda da vendagem deste livro, seja destinada ao Santuário para ajudá-lo em suas despesas precípuas. Auxiliadora Leal Setembro-2013

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“Agora lábios meus, dizei e anunciai os grandes louvores da Virgem Mãe de Deus...”



1º CAPÍTULO: Um pouco da história de Schoensta Nordeste:



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SCHOENSTATT NORDESTE ‐ 01 Fundação e início do Movimento em Tapacurá “ Minha jangada vai sair p'ro mar, vou trabalhar meu bem querer, se Deus quiser quando eu voltar do mar, um peixe bom eu vou trazer meus companheiros também vão voltar e a Deus do Céu vamos agradecer.”

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o dia 25 de novembro de 2010, o Movimento da Mãe e Rainha, aqui no Nordeste, estará completando 30 anos de caminhada, lutas, bênçãos e muito amor à Mãe de Deus. Sua história será narrada em 6 partes, de maio a outubro, no Jornal da Mega FM, incluindo a inauguração do 1º Santuário do Nordeste, o Santuário Tabor da Nova Evangelização, situado no Morro do Mirante, em Olinda, ou seja: o Santuário da Mãe e Rainha, em Ouro Preto, como é chamado carinhosamente pelos devotos que o freqüentam e pelos ouvintes e sócios da Mega FM. O Movimento da Mãe Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, no Nordeste, é fruto de um sonho alimentado pelo Padre Miguel Lencastre, de origem portuguesa, Sacerdote do Instituto dos Padres de Schoenstatt, com profundas raízes nordestinas, fincadas aqui em Pernambuco, no Engenho Tapacurá - São Lourenço da Mata, latifúndio pertencente a sua família, há mais de 300 anos. Iniciava-se o ano de 1980 e o Pe. Miguel Lencastre, viu surgir a oportunidade, com a ajuda de sua família, de dar inicio no Engenho

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Tapacurá, ao Movimento de Schoenstatt. Em fevereiro, entronizou na Capela do Engenho um quadro da Mãe e Rainha, adquirido por suas irmãs numa excursão feita ao Santuário de Santa Maria-RS e no dia 24 de abril, realizou a fundação do Santuário-Lar, na mesma Capela. Esse Santuário-Lar da Família Lencastre, foi o 1º do Nordeste, completando neste mês, 30 anos de existência. Em suas idas e vindas ao Recife, foi preparando espiritualmente sua família que aqui morava e em novembro do mesmo ano, trouxe consigo do Rio Grande do Sul, outro quadro da Mãe e Rainha e convidou uma Irmã do Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt, a Irmã Áurea Dotto, amiga sua e de sua família. No dia 25 daquele mês, com Dona Maria Eucaristia Lencastre e Dona Margarida Lencastre (suas irmãs), Maria do Carmo e Antonio Lencastre (seus sobrinhos, jovens estudantes) e a Irmã Áurea Dotto, realizaram um encontro no Engenho Tapacurá, no qual cada um dos participantes assumiu o compromisso de acordo com suas disponibilidades e dons, de impulsionar o Movimento em terras pernambucanas, divulgando a devoção à Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt. Estava oficialmente fundado, no dia 25 de novembro de 1980, o Movimento Schoenstatt-Nordeste. O Nordeste de tradição mariana, naquele momento abria seu coração para acolher mais uma invocação da Mãe de Jesus, sem saber que o seu solo ressequido pelo sol inclemente da região, seria umedecido por lágrimas de agradecimento, derramadas pelos devotos da Mãe e Rainha, tendo em vista as torrentes de graças espargidas nos lares de seus filhos nordestinos.

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O quadro trazido de Santa Maria – Rio Grande do Sul, foi um presente da Irmã Senira, após uma conversa que ambos tiveram em outubro, na qual ele revelou sua preocupação com a divulgação do Movimento em terras nordestinas: “ Como começar a conquistar o Nordeste para Schoenstatt?” A resposta da Irmã Senira foi simples e objetiva: “Ofereçolhe um quadro da Mãe Tres Vezes Admirável, para que ela seja a Grande Missionária do seu projeto!” Esse quadro, desde 1983, está entronizado na Capela de Nossa Senhora da Conceição dos Artistas, na Av. João de Barros, Bairro da Boa Vista, a Capelinha da João de Barros, como carinhosamente é chamada pelos primeiros devotos da Mãe e Rainha, no Recife. Os dois anos que se seguiram à inauguração do Movimento, foram de inaudito esforço na divulgação de sua mensagem mariana. Vários encontros foram realizados no Engenho, nos quais participaram jovens estudantes universitários, que divididos em grupos, muito se interessaram pela espiritualidade schoenstatteana. O Grupo Jangada, foi o mais atuante e persistente em sua missão evangelizadoQuadro da Grande Missionária do ra; lançava “redes ao mar” para recolher Nordeste sobre o Altar do Santuário de Olinda, anos depois da oferta. “corações marianos”. Apesar de todo o esforço dos jovens jangadeiros, liderados por Maria do Carmo, cujo carisma foi o verdadeiro condutor dessa luta mariana, o Movimento 23


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da Mãe e Rainha se tornou mais conhecido e tomou o impulso desejado, após a entronização da Grande Missionária, na Capelinha da João de Barros, com o envio das primeiras Imagens Peregrinas e principalmente com o surgimento do Grupo de Mães, em abril de 1985, sempre liderados pela jovem Maria do Carmo, sob a orientação do Pe. Miguel, que residia em São Paulo. Hoje, essa jovem Maria do Carmo Lencastre, é médica geriatra, casada, mãe de três filhos e muito bem sucedida em sua vida familiar e profissional, sempre guiada pelo amor de Maria. Quanto aos demais Fundadores do Schoenstatt-Nordeste, três residem em Portugal, sendo que Dona Maria Eucaristia e Dona Margarida, a Tia Guidinha do Movimento, regularmente vêem ao Recife; a Irmã Áurea Dotto, vive em Santa Maria-RS, em sua Congregação; e o Pe. Miguel, feliz Instrumento de Maria, vê seu sonho concretizado, ao vislumbrar um Nordeste Schoenstatteano, que mora no Coração da Mãe e Rainha. As primeiras Gerações Fundadoras, a expansão das Imagens Peregrinas por todo o Nordeste, os Santuários-Lar que foram surgindo, as Alianças de Amor formadas com Maria, a luta pela aquisição de um terreno para a construção do Santuário, o Nordeste no Coração de Maria e Maria no coração nordestino, serão tema para a edição do mes de junho. Maio - 2010

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SCHOENSTATT NORDESTE ‐ 02 Um farol de Maria foi enviado para o Nordeste Admirável, clamamos por Ti! Mãe e Rainha, clamamos por Ti! Vencedora, clamamos por Ti!

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edição de maio, contou que o Movimento de Schoenstatt- Nordeste foi fundado em 25 de novembro de 1980, no Engenho Tapacurá. Os anos de 1981, 1982 e 1983, foram de muita luta e abnegação. Em 1984, na “Capela da João de Barros”, a Mãe e Rainha foi entronizada em 18 de outubro, durante Missa celebrada pelo Pe. Miguel Lencastre. Ela agora tinha um “lar oficial” onde todas às terças feiras recitava-se o Têrço e fazia-se um aprofundamento mariano. Essa dinâmica semanal atraiu também senhoras residentes nas proximidades da Capela, que incorporadas ao Grupo Jovem tornaram o Movimento mais conhecido. A 1ª Peregrina começou a circular em Pernambuco no dia 02 de dezembro, no bairro da Estância, com Dona Rosa da Veiga, sua Zeladora (hoje, a Zeladora de Imagem é chamada Missionária). No dia 18 de janeiro de 1985, a 2ª Peregrina foi enviada para o bairro da Boa Vista, sob a Zeladoria de Julieta Vieira. Regina Neunshwander foi designada 1ª Coor-

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denadora das Peregrinas no Nordeste. Em 18 de março, a 3ª Peregrina foi enviada para Boa Viagem, sob a responsabilidade de Lúcia Bacelar; a 4ª Imagem peregrinou em 18 de abril para a residência de Enoy Chacon Maciel; a 5ª Peregrina seguiu a 18 de julho para o bairro do Espinheiro e por fim, a 6ª Imagem Peregrina em 18 de julho, foi recebida em Olinda, no bairro de Casa Caiada. Era a 1ª Imagem que peregrinava solo olindense! Ainda em 1985, Pe. Miguel, feliz com o entusiasmo dessas senhoras pioneiras convidou-as para organizarem um Grupo de Mães, o 1º do Nordeste. Chamou-as de Custódia Viva, Protetora e Portadora de Cristo, a exemplo de Maria, incentivando-as a tornaremse Custódias Vivas dos filhos, do esposo e do lar. O ideal foi assimilado por todas. O 1º Grupo de Mães foi constituído por :Maria da Eucaristia, Regininha, Enoy, Socorro Vitório, Julieta, Madeleine, Otília, Cláudia Mafra, Luíza Campos da Encruzilhada, Ivanise, Tereza Campos, Minervina, Ivanete e Júlia Santos, Maria Luscélia e Madalena Monteiro, entre outras. Esse Grupo foi convidado a selar uma Aliança de Amor com Maria e elas compreenderam que a Aliança é uma “ponte” para Cristo e que amar Maria, é enlaçar-se em Sua Vida. Perceberam que essa Aliança de Amor é retroalimentada pelo Capital de Graças, que nada mais é que as orações e sacrifícios do dia a dia; o esforço na santificação pessoal; a preocupação com a correção de erros, a moderação da palavra e o ato de perdoar; o oferecimento de alegrias, tristezas, jejuns, paciência, caridade; e perfeição no que se executa.

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Compreenderam também, que as contribuições ao Capital de Graças alimentam a Aliança de Amor e sentiram-se INSTRUMENTOS DE MARIA, assumindo o lema: NADA SEM TI; NADA SEM NÓS! O Grupo se deixou enlevar pelo desejo de transformar seu lar em Santuário da Mãe de Deus. Daí começaram a surgir os SantuáriosLar. A Mãe era convidada a se instalar naquele Trono Doméstico, transformando cada membro da família em Santuários Vivos, alimentados pelas Graças que o Santuário oferece. Em dezembro de 1984, surgiu o 2º Santuário-Lar, na residência da Sra. Rosa da Veiga. Em 1985, surgiram: o 3º Santuário na residência de Julieta Vieira; o 4º Santuário – Lar com Celina Didier; e o 5º com Maria Elba. O 1º Santuário-Lar, já estava inaugurado desde 1980, no Engenho Tapacurá, sob a responsabilidade da Família Lencastre e em abril deste ano (2010), completou trinta anos de existência. Pernambuco abrigava os primeiros Santuários-Lar do Nordeste. Em 1986, os encontros e reuniões tornaram-se mais freqüentes e com mais adeptos. Em Penedo-Alagoas, o Movimento vinha tendo uma difusão e aceitação surpreendentes. Ali a Mãe invadia lares, escolas e hospitais. A Coordenadora era a Irmã Alexandrina, franciscana, que rápido assimilou a espiritualidade de Schoenstatt. Em meio a esse crescimento, chegou ao Recife em julho de 1986, a Irmã Renate Dekker, do Instituto das Irmãs de Maria Schoenstatt vinda de Santa Maria-RS para assessorar e expandir Schoenstatt-Nordeste. Seu carisma, sua espiritualidade, logo conquistaram aqueles que já atuavam no Movimento. Sua liderança e abnega27


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ção conquistaram o coração do Povo Nordestino, que ainda hoje, 24 anos passados, lhe tributa reconhecimento e carinho. Com a presença da Irmã Renate, a história do Schoenstatt-Nordeste tomou nova dinâmica. UM FAROL DE MARIA FÔRA ENVIADO PARA O NORDESTE! Em julho, 16 Imagens peregrinavam por Recife, Olinda e Penedo e em dezembro, o Movimento já somava 36 Peregrinas. No ano de 1987 a Mãe prodigalizou bênçãos especiais sobre o Nordeste e a “Conquista Espiritual do Santuário”, começou a ecoar fortemente no coração dos schoenstatteanos. O ano fechou com 400 Imagens Peregrinas adentrando o Nordeste: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Piauí, Bahia, Sergipe e Alagoas. À medida que a Família de Schoenstatt-Nordeste crescia e se estruturava, crescia também o desejo de ter um Santuário.... A próxima edição do Jornal Mega FM, narrará a conquista e o histórico do terreno onde está edificado o 1º Santuário da Mãe e Rainha no Nordeste. Junho 2010

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SCHOENSTATT NORDESTE ‐ 03 Em busca de um terreno “ Esta é a hora de Maria; este é o tempo Tabor. O tempo que o profeta já previa, o tempo da Aliança de Amor”.

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os anos de 1987 e 1988, o pensamento geral era dar um lar à Mãe, era a construção do 1º Santuário de Schoesntatt, no Nordeste. Em 1987, a Mãe prodigalizou bênçãos especiais e a expansão das Peregrinas intensificou-se a cada mês. A Ir. Renate Dekker, no mês de janeiro, trouxe de Santa Maria, uma Imagem Auxiliar da Mãe Peregrina – réplica da original carregada pelo Sr. João Pozzobon, para percorrer o Nordeste e arrebatar os corações nordestinos e que hoje, se encontra no Santuário de Garanhuns, continuando sua Missão. Em fevereiro de 1988, chegou ao Recife para ajudar na expansão do Movimento, a Ir. Stella Rubbin, do Instituto de Maria de Schoenstatt vinda de Santa Maria-RS. Sonhadora, logo se identificou com o Nordeste e muito convicta do que queria descrevia um Santuário em Olinda, numa colina, entre coqueiros e de frente para o mar. As Irmãs Stella e Renate, residiam em pensionato e na Páscoa de 88, transferiram-se para um apartamento próprio, no Bairro das Graças, adquirido pelo Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt, e que serviria de residência, secretariado do Movimento, local de encontros, reuniões de pequenos grupos de estudo, reflexões, orações e planejamento, centralização de material

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do Movimento e casa de apoio às Irmãs que vinham visitar o Nordeste. O Movimento tomava proporção fenomenal! Os pedidos de Peregrinas chegavam a uma media de 70 por mês, fato que gerou uma crise financeira para atendimento às solicitações. Mesmo com a crise instalada, o ideal não foi abalado, continuaram a clamar ajuda à Mãe e a agir: bingos, quermesses, rifas, shows, venda de material como medalhinhas, estampas, novenas, terços, etc, etc, foram organizados para superar o arrocho financeiro. Em meio a essa situação aflitiva, a Ir. Renate compôs um poema-oração meditado por todos os leigos do Movimento: “Senhora/ já estás cansada desta caminhada?/ou ainda não está maduro, o prêmio que te pedimos no futuro?/ Queres dizer-nos:/ “Demos juntos passos mais pequeninos?”/Ou bem ao contrário nos dizer:/ “Coragem, avancemos! Lutas são sinais de autenticidade./ Nada e ninguém pode fazer-nos parar./ Eu cuidarei que tenham recursos para pagar./ Amem a pobreza./ Ufanem-se dela com toda nobreza”. A resposta da Mãe foi rápida. No dia 18 de novembro de 1988, na Capelinha da João de Barros (Capela de Nossa Senhora da Conceição dos Artistas, na Avenida João de Barros - Recife), o Pe. Pedro Cabello, que naquela data visitava o Recife com o Pe. Antonio Bracht, ambos do Instituto Secular Padres de Schoenstatt entregou em meio grande alegria, a 1000ª Peregrina. Cumpria-se o contrato feito com a Mãe: Entregar-lhe 1000º Peregrinas e Ela mostrar o terreno, onde queria que o seu Santuário fosse construído. Hoje, 2010, Pe. Pedro Cabello é o Reitor do 1º Santuário do Nordeste. O contraente humano cumpriu sua parte, agora só faltava a Mãe se clarificar. A confiança na Mãe e Rainha era contagiante e embora sem nenhuma reserva financei30


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ra, as buscas para o terreno ideal continuavam. Logo surgiram corretores oferecendo “lotes maravilhosos”, mas desapareciam ao perceber que o Grupo se alimentava da Fé e não dispunha de numerário para a compra. Surgiram também doações de terrenos como: Piedade – pertencente à Sra. Christina Pedrosa, participante da Liga das Mães e engajada ao Movimento. A alegria foi geral, mas o terreno era pequeno para comportar o “fenômeno mariano nordestino”. Os Prefeitos de Jaboatão, Camaragibe e Paulista, ofereceram terras para a construção do Santuário, porém faltava infra- estrutura para a concretização do projeto. A Mãe sabia onde queria que o seu Trono de Graças fosse erguido mas, seus filhos não entendiam o porque de tudo dar sempre errado. Um dia , uma das leigas engajadas no Movimento, conversando em seu local de trabalho com o Ex-Prefeito de Olinda, o Jornalista Ubiratan de Castro e Silva, comentou o assunto de um terreno para abrigar um movimento mariano em Olinda. Ele de imediato respondeu olhando para o Morro do Peludo: Por que não naquele Morro? É tombado pelo Patrimônio Histórico, respondeu a schoenstatteana. Ubiratan, enfático respondeu: fui Prefeito duas vezes em Olinda e posso garantir que o terreno não é tombado! Ela feliz se dirigiu ao apartamento das Irmãs para dar a notícia. Algumas pessoas colocaram dificuldades, porque a área estava abandonada, 31


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servia de antro para drogados e prostituição. A idéia sofreu um congelamento, porém não saiu da mente da Ir. Renate. Certo dia, vindo de uma visita frustrada a um terreno em Paulista, com o Dr. Antônio Wanderley, futuro administrador das obras de construção do Santuário, passavam pela Av. Perimetral, quando a Ir. Renate avistou umas ruínas. Logo deduziu pertencerem ao local sugerido e que segundo a amiga do Dr. Ubiratan, tratava-se de um local histórico, cheio de muralhas, vestígios de seu passado glorioso. Rumaram para lá. O impacto da beleza sensibilizou-os que repetiam: “É este o local! É aqui que será construído o Santuário!” Daí, para contagiarem o Pe. Miguel, a Ir. Stella e os membros do Movimento, foi um passe de mágica e a conquista foi logo iniciada. A luta foi inaudita e a vitória da Mãe, será relatada na próxima edição, em agosto. Julho - 2010

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Auxiliadora Leal

SCHOENSTATT NORDESTE ‐ 04 Surge o Morro do Peludo “Eu vou me estabelecer para vos fazer felizes, E atrair vou querer os corações juvenis.”

A

conquista do terreno para construção do Santuário, guarda uma história de lutas e desafios. A Mãe e Rainha, como vimos na edição passada, escolheu o local para que seu Trono de Graças fosse erguido, agora cabia aos seus filhos realizar essa construção. O terreno era no alto de uma colina, com vistas para o mar, conforme sonho da Ir. Maria Stella Rubim. Estava porém abandonado, com vegetação espessa, escondendo um passado glorioso, testemunhado apenas pelas velhas ruínas que o tempo e as intempéries não conseguiram destruir. Era o Morro do Peludo com suas histórias de lutas nacionalistas e de religiosidade. O terreno era em Olinda, mas sua aquisição seria resolvida em nível estadual, pela Secretaria de Trabalho e Ação Social, apesar de não ser tombado pelo Patrimônio Histórico. Começaram as 33


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

dificuldades! Surgiu um grupo de músicas afro-brasileiras que reivindicou o terreno pretendendo construir uma concha acústica no platô do Môrro, para palco de suas apresentações, conseguindo apoio de alguns políticos locais; o Conselho dos Sítios Históricos de Olinda também interferiu estudando o estilo de construção a ser feito naquele local, enfim o terreno tinha raízes históricas e religiosas e era necessário preservá-las; políticos, ainda bem que poucos, por não conhecerem a filosofia do Movimento, fizeram algumas interferências alegando que o terreno estava sendo vendido a um “grupo alemão”; a Secretaria de Trabalho e Ação Social demorou muito para aprovar a planta do Santuário, impossibilitando a tão sonhada construção do 1º Santuário do Nordeste; a Prefeitura de Olinda, retardou a entrega das plantas, examinando itens já esclarecidos anteriormente; algumas pessoas, ante a beleza natural do local, foram despertadas por uma cobiça imensa, porque jamais imaginaram que a Secretaria de Trabalho e Ação Social vendesse aquele platô, ou antes, aquele mirante contendo as velhas ruínas do Convento de Santo Amaro de Água Fria, muito embora, a mesma Secretaria já houvesse loteado toda a área no entorno do Morro. Uma verdadeira maratona foi vivenciada para superar as dificuldades apresentadas pelos órgãos públicos. A Mãe porém, havia reservado aquele espaço para si. Todos os empecilhos Ela acompanhou e deu solução a todos. Foi Ela quem escolheu o Morro do Peludo, que começou a ser chamado pelos schoenstatteanos, Morro do Mirante, para do cimo daquela colina, manter aceso “um farol” acenando maternalmente para seus filhos. O grande dia chegou: 11 de março de 1991, a escritura do terreno foi entregue. 34


Auxiliadora Leal

A compra, a posse estavam confirmadas, após dois anos de peregrinação por repartições públicas O grupo schoenstatteano, guiado pela Mãe, Rainha e Vencedora Tres Vezes Admirável de Schoenstatt, havia vencido todas as barreiras legais e financeiras através do fervor da oração: ajoelhavam-se todos na sala do apartamento das Ir. Renate e Stella e rezavam o CONFIO EM TEU PODER.......... No dia 20 de janeiro de 1992, aconteceu a emocionante “Procissão dos Tijolos”, com peregrinos vindos dos mais longínquos Municípios, carregando tijolos e oferecendo-os à construção do Santuário. Quem presenciou essa cena , jamais a apagará de sua lembrança. Homens, mulheres, velhos, jovens, crianças, cada um carregando a quantidade de tijolos que sua resistência física permitia. As lágrimas , teimosamente escorriam pelas faces daquela geração que se envolvera na “Conquista do Terreno”. Maria, feliz anunciava que naquele local havia chegado: UMA NOVA PRIMAVERA DE DEUS! A edição do mês de setembro, reviverá a CONSTRUÇÃO DO SANTUÁRIO.

Agosto-2010

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SCHOENSTATT NORDESTE ‐ 05 A construção do Santuário e as raízes históricas do terreno “ Um tijolo, outro tijolo, vamos construir; Eu sou tijolo, você é tijolo, vamos construir!”

O

terreno escolhido para fazer surgir uma nova Primavera de Deus, não era um espaço comum. Aquele morro abandonado, guardava em seu seio, histórias esquecidas que deveriam ser relembradas e valorizadas para gáudio de todos os schoenstatteanos. O local onde foi erguido o Santuário tem raízes históricas e serviu de estância militar ao bravo comandante Matias de Albuquerque, na campanha de resistência contra o inimigo holandês, que invadiu Olinda em fevereiro de 1630, atraídos pela produção de açúcar (Olinda tinha a maior produção de açúcar do Brasil), chegando a incendiá-la em novembro de 1631, como castigo porque a Cidade não se rendera ao domínio holandês. O local também contém raízes religiosas, pois ali existira o Convento de Santo Amaro de Água Fria, onde fora criada a Ordem dos Padres Oratorianos do Brasil, pelo Padre João Duarte do Sacramento. Até os dias de hoje, permanecem lá as ruínas desse Convento, símbolo do trabalho de Evangelização feito pelos Padres Oratorianos, antes chamados Recoletos de Santo Amaro, por causa de sua forma simples de viver. Com o passar dos

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anos, a Congregação cresceu bastante e a nova geração de Padres, decidiu construir uma Igreja e um convento no Recife e assim o fizeram: construíram a Igreja da Madre de Deus , no Bairro do Recife, hoje Concatedral da Arquidiocese de Olinda e Recife com o Convento ao lado da Igreja. Este, após a dissolução da Ordem Oratoriana no Brasil, transformou-se em Alfândega Brasileira, por decreto imperial e atualmente abriga o “Paço Alfândega”. Com a transferência dos Padres de Olinda para o Recife, o local ficou abandonado e do Convento de

Ruínas do Convento de Santo Amaro de Água Fria

Santo Amaro de Água Fria, restaram apenas as ruínas. Na construção do Santuário, essas ruínas foram cuidadosamente preservadas, pois elas falam de um passado onde acontecera a 1ª Evangelização sob os auspícios de Nossa Sra. da Encarnação (a mesma Nossa Sra. da Anunciação), cuja grande festa era celebrada pelos Padres Oratorianos no dia 25 de março. As ruínas, pareciam pedir para reacender a evangelização mariana naquele local, oferecendo ao Movimento Schoenstatt-Nordeste um testemunho mudo e concreto 37


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

de Fé e Esperança na Nova Evangelização que se prenunciava. Elas pareciam querer unir o ontem com o hoje, dizendo: “À sombra das velhas muralhas do passado, surgirá uma nova Primavera de Deus”. Aquele terreno abandonado e cheio de vegetação agreste, teve sua primeira limpeza bem antes do início da construção, por um grupo da Geração Fundadora, que capinou mato, derrubou arbustos que cresAcesso ao terreno abandonado Ir. Renate e Chris na Pedrosa ciam junto às ruínas, reabriu caminhos, agindo como “Bandeirantes de Maria” desbravando uma pequena “selva urbana”. Muitas Missas foram celebradas no local pelo Pe. Miguel Lencastre e assistidas pela Geração Fundadora que para lá se deslocava a fim de pedir à Mãe a liberação do terreno. A luta para aquisição de recursos financeiros, indispensáveis à construção material foi inaudita mas, a construção espiritual foi alicerçada pelo Grupo, através de aprofundamento espiritual que caminhou antecipado à construção material: Consagração de 1000 tijolos vivos, Capital de Graças, Coroação da Mãe e Rainha, Aliança de Amor com a Mãe, Rosário Vivo, visitas às Paróquias, reuniões de estudo e aprofundamento da Espiritualidade Mariana em Casa das Irmãs sob a orientação da Irmã Renate Dekker, Pe. Irineu Trevisan, Pe. Miguel Lencastre e outros Sacerdotes de Schoenstatt. 38


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A construção do Santuário foi iniciada no dia 15 de junho do ano de 1992, faltando menos de quatro meses da data escolhida para a inauguração, ou seja 11 de outubro do mesmo ano, precisamente três meses e vinte e oito dias para concluir a edificação do 1º Trono da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, em terras nordestinas – o Santuário Tabor da Nova Evangelização, o Santuário Mãe do Nordeste. A fundação da nova Casa da Mãe de Deus, estava coincidindo com a comemoração dos 500 anos de Descobrimento e Evangelização das Américas, dia 12 de outubro. O 1º Santuário do Nordeste foi oferecido como marco comemorativo da data festejada nas Américas, no dia 11 de outubro, na vigília do dia 12 de outubro, em meio a grandes e inesquecíveis comemorações, com devotos vindos de todo o Nordeste e de quase todo o Brasil, além daqueles que vieram de outros países da Europa e América do Sul. Olinda, recebia em seu seio o 1º Santuário de Schoenstatt. Coincidentemente, essa palavra significa: Schoen = belo; statt= lugar, portanto Lugar Belo. A Cidade na qual foi erigido o 1º Trono da Mãe de Deus, no Nordeste, tem esse nome, porque o Donatário da Capitania de Pernambuco, o fidalgo português Duarte Coelho, nas suas incursões por sua donataria, chegou ao cimo de um monte ( Misericórdia, onde fica a Academia Santa Gertru1º SANTUÁRIO SCHONSTTATEANO des, perto da Catedral da Sé) e DO NORDESTE‐OLINDA‐1992 39


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

maravilhado com a visão tão bonita do mar, areia branca, coqueirais, vegetação variada exclamou: “Oh! linda situação para uma cidade”, originando-se daí o nome Olinda.

Olinda e Schoenstatt, entrelaçadas na espiritualidade mariana! Ontem os padres Oratorianos; hoje os Padres de Schoenstatt! Maria novamente entronizada no platô do Morro do Peludo! No capítulo de outubro, reviveremos a inauguração do Santuário, seus frutos e sua irradiação pelo Nordeste.

Acesso ao Santuário 18 anos depois da construção

Setembro - 2010

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SCHOENSTATT NORDESTE ‐ 06 Inauguração do 1º Santuário da Mãe e Rainha no Nordeste‐Olinda “Me aproximo do Teu Santuário E aos pés do Sacrário entrego meu coração..................” “Vim louvar, vim louvar e entregar Mãe, o meu coração. Vou levar, vou levar Tua Imagem a cada irmão!”

A

construção do 1º Santuário de Schoenstatt no Nordeste, cumpriu o tempo aprazado.

Chegou afinal o dia da grande festa mariana. Em 11 de outubro de 1992, o Morro do Mirante engalanado, recebia às 16 horas, a Procissão com a Imagem da Peregrina Auxiliar, saída da Matriz de São Lucas, em Ouro Preto, acompanhada por uma multidão de romeiros e festivamente saudada pelos fiéis que permaneceram no Morro para esperar a Mãe e Rainha do Nordeste. Um momento de cânticos, orações e reflexões antecedeu a Missa, que foi iniciada às 18 horas com o sino do Santuário repicando pela 1ª vez. A Missa foi presidida pelo Sr. Bispo Dom Eliseu, em substituição a Dom José Cardoso e concelebrada por Pe. Miguel Lencastre, Pe. Irineu Trevisan, Dom Fernando Saburido( Pároco de São Lucas) e tantos outros que participaram daquela emocionante Celebração Eucarística. Os fiéis desco41


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

nheciam que a Imagem de Graças da Mãe e Rainha, estava guardada no DETELPE( hoje funciona a TV Pernambuco, em frente à entrada do Santuário)... Ouviu-se uma tocata de clarins! Todos se voltaram e viram a Banda de Clarins do Exército Brasileiro, anunciando a chegada triunfal de Maria reassumindo aquele Morro que sempre fora seu. A Mãe vinha conduzida por soldados da Polícia Militar de Pernambuco, vestidos com uniforme de gala e ladeada por bandeiras representativas dos 9 Estados do Nordeste, do Papa e do Movimento de Schoenstatt. Todos os fiéis tocados por grande emoção, saudavam a Mãe e Rainha com bandeirinhas brancas agitadas no ar e lágrimas eram vistas escorrendo pelas faces dos marianos. Espetáculo pirotécnico, cânticos, recitação do Convite-oração à Mãe para descer e permanecer naquele local distribuindo bênçãos e reinando para sempre em Seu Trono de Graças, Consagração dos fiéis à Maria, Consagração do Santuário, Coroação da Mãe e Rainha do Nordeste e das Imagens Peregrinas das Famílias e dos Santuários-Lar, levados especialmente para aquele momento solene, antecederam a entrada do Quadro da Imagem de Graças da Mãe e Rainha, que seria fixada no Altar. O Monumento erguido como marco comemorativo à Nova Evangelização, foi abençoado e o cruzeiro luminoso foi inaugurado. Momentos inesquecíveis que nunca desaparecerão da mente de quem os presenciou e viveu aquele turbilhão de emoções... A Missa continuou após esses atos de profundo significado shoenstatteano. Até às 22horas, o Santuário ficou aberto à visitação pública, seguindo-se a uma vigília. No dia seguinte, 12 de outubro, a 1ª Missa foi celebrada no interior do Santuário, pelo Pe. Miguel, assistida por todos da Geração Fundadora. 42


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A imprensa estimou cerca de 15 mil devotos presentes no Morro do Mirante, nos dias 11 e 12 de outubro. Neste ano de 2010, o Santuário Mãe do Nordeste, após algumas reformas necessárias à sua conservação, completa 18 anos e continua a exercer o seu papel de “Antena de Maria” em meio às antenas de rádio e televisão que existem em seu redor. Continua funcionando como um grande farol (MARIA), passando e repassando seu facho de luz (JESUS), enviando-O em todas as direções, indicando ao homem o Caminho, a Verdade e a Vida. Em meio a essas recordações, justo se faz lembrar o importante papel da Construtora São Simão, responsável pela construção material do 1º Santuário do Nordeste e sua manutenção ao longo desses 18 anos de existência, sob a influência da nossa co-irmã Manuela Ferreira, pertencente à Geração Fundadora. Sem poder enumerar os nomes dos demais benfeitores (o que daria uma lista imensa) a partir dos doadores de tijolos aos doadores de objetos internos do Santuário: Cruz da Unidade, Cetro, Chave, luminárias, sino, Sacrário, imagens de São Pedro e São Paulo, Cálice, Patena, bancos, armários, Quadro de Graças da Mãe e Rainha, passadeira, etc, etc, etc...registra-se aqui o agradecimento e a alegria dos componentes 43


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

da Geração Fundadora, nas pessoas dos Religiosos e Leigos que viveram um sonho tornado realidade pelo poder da Mãe e Rainha do Nordeste. Impossível neste momento, não mencionar dois expressivos baluartes, orientadores, formadores e Bandeirantes do Nordeste, por quem a Geração Fundadora nutre especial carinho e gratidão: Padre Miguel Lencastre e Irmã Renete Dekker.

Ao repassar a História do 1º Santuário do Nordeste, logo os frutos se apresentam aos nossos olhos: a perseverança das Guardas, que há 18 anos dedicam-se amoravelmente ao Santuário; a formação da Liga da Família; a Liga das Mães; os jovens integrados ao JUMAS (Juventude Masculina) e ao JUFEM (Juventude Feminina); as vocações religiosas surgidas aos pés da Mãe de Deus; as inúmeras romarias que buscam o Santuário; o número de fiéis presentes às Missas dominicais e no Dia da Aliança; o fenômeno TERÇO DOS HOMENS, iniciado em Jaboatão dos Guararapes pela schoenstatteana Oneida, difundido aqui no Santuário e irradiado primeiramente para as Paróquias, depois para os demais Estados do Brasil, hoje um movimento 44


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internacional. Neste conceito de fruto do Santuário, a MEGA FM, vem oferecendo a sua contribuição, fazendo do Santuário seu Berço Mariano, promovendo encontros nos quais os nomes de Jesus e Maria são exaltados. A programação semanal e as missas são transmitidas com carinho e eficiência pelas ondas FM desta Rádio Católica, que por motivos técnicos aguarda um novo prefixo para continuar sua Missão Evangelizadora. O jornal mensal editado pela MEGA FM, é mais um veículo evangelizador, distribuído gratuitamente para todos os católicos, e suas mensagens confirmam a ligação SANTUÁRIO/MEGA FM. Parabéns, Santuário da Nova Evangelização pelos seus 18 anos de Vida! Parabéns, Movimento de Scoenstatt-Nordeste, que no dia 25 de novembro, completará 30 anos em terras nordestinas! Parabéns, Campanha da Mãe Peregrina pelos 60 anos de existência, iniciada pelo Sr. João Luiz Pozzobon, assomando o Brasil e alcançando amplitude internacional! Parabéns, Padre Miguel Lencastre, Bandeirante de Maria; Parabéns, Irmã Renate Dekker, Farol de Maria, ambos verdadeiros Peregrinos do Nordeste e nossos pais espirituais! Nós, Geração Fundadora, os amamos muito e lhes somos muito gratos! Parabéns, MEGA FM por sua MISSÃO EVANGELIZADORA!!! Outubro - 2010 45


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

PS. Em outubro de 2013(o ano do lançamente destas memórias), o 1º Santuário do Nordeste – Santuário Tabor da Nova Evangelização, estará completando 21 anos de sua inauguração.

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SANTUÁRIO MÃE DO NORDESTE 20 anos de Evangelização: 1992 – 2012 “ E cada vez mais forte é a voz Daquele que nos mostra a missão; Brasil, um Tabor! Tabor todos nós, no seio da Igreja um Coração! Ao alto os corações, aqui é bom estar. O Tabor de Maria é nosso lar!”

O

1º Santuário da Mãe e Rainha instalado no Nordeste Brasileiro, fica localizado em Olinda, mais precisamente no bairro de Ouro Preto, no cimo de uma colina que mais parece um trono natural, preparado pelas mãos do Criador para nele ser instalada a morada da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt. O local foi escolhido pela Mãe e assemelha-se a um mirante, com vistas para o mar vendo-se o vai e vem de brancas jangadas, o balouçar de verdejantes coqueiros, a orla marítima com seus belos edifícios que contrastam ao oeste com uma área de casario mais simples. A visão oferecida é de 360º. Ao sul, vê-se o Recife e seu porto de intenso movimento, seus arrecifes naturais, pontes e edifícios modernos, enfim, ostentando o porte de Capital de Pernambuco. No entorno do Santuário, ocupando outras colinas ou encostas, encontram-se várias antenas de televisão e 47


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

rádio, realizando a intercomunicação do Estado com o País e com o mundo. Mas no dia 11 de outubro de 1992, à tarde, vigília dos 500 anos do Descobrimento das Américas, marco do início da Evangelização do Novo Continente, foi inaugurada a maior antena de comunicação dentre as existentes no local: a ANTENA DE MARIA, que iria irradiar para todo o Nordeste a mensagem de amor, acolhida e transformação dos seus filhos. O carisma do Santuário da Mãe e Rainha, em Olinda, naquele dia fora lançado ao ar, através das ondas da Antena de Maria, que objetivava a Nova Evangelização no final do Séc. XX e nos séculos vindouros. O terreno onde está construído o Santuário, chamado oficialmente Morro do Peludo, é um local de raízes históricas e sagradas: Histórica, porque serviu de asilo para as tropas pernambucanas combaterem o invasor holandês que havia invadido Olinda, em busca da riqueza da cana de açúcar; Sagrada, por ter sido a sede do soerguimento moral e espiritual de Pernambuco,após 25 anos de domínio batavo, além de ser o memorável local de fundação da Ordem Oratoriana do Brasil, com a construção do Convento de Santo Amaro da Água Fria, cujas ruínas estão ainda no local como testemunhas de um passado mariano, onde Nossa Senhora da Encarnação (Nossa Senhora da Anunciação) era cultuada, sendo o 25 de março, a grande festa religiosa dos Padres Oratorianos, com procissões, peregrinações e agradecimento pelas inúmeras graças alcançadas. O local ficou reservado pela Mãe, durante três séculos para ser reocupado por ela! O terreno ape-

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sar de toda sua beleza apaixonante estava abandonado, esquecido ou antes, guardado pela Mãe e Rainha para ali estabelecer seu 1º Trono de Graças no Nordeste Brasileiro. O pequeno grupo schonstatteano, em 1987, com menos de 200 Imagens peregrinando já sonhava com um terreno onde pudesse construir uma Casa para nossa Mãe. Ousadamente foi feito um “contrato” com Ela: “Mãe, aponta-nos um terreno e nós te daremos 1000 Peregrinas circulando até dezembro de 1988. A Mãe recebeu no dia 18 de novembro de 1988 a 1000ª Imagem, entregue a um grupo do bairro da Iputinga, no Recife pelo Pe. Pedro Cabello, atual Reitor da Regional Schoenstatt Nordeste e que naquela ocasião estava em visita ao Nordeste com o Pe. Antonio Bracht. A partir daí, a Mãe começou a dar seus sinais revelando o terreno que Ela mesma havia escondido e que por direito era seu. Assim retomou seu belo lugar, em Olinda! Muitos entraves surgiram para a aquisição do terreno; até forças políticas o grupo co-fundador do Santuário teve que enfrentar, mas a Mãe “como soldado em ordem de batalha” conseguiu alijar todos os obstáculos. A vitória foi do Movimento de Schoenstatt, que construiu o 1º Santuário Filial do Nordeste, cujo carisma se firmou na nova evangelização, recebendo o nome de Santuário Tabor da Nova Evangelização em alusão à 1ª evangelização feita nas Américas e ao passado sagrado daquele local. A Nova Evangelização, seria responsabilidade do grupo schoenstatteano. 49


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O Santuário Mãe do Nordeste, tem seu alicerce construído com as pedras de parte das ruínas do Convento de Santo Amaro da Água Fria, que podem ser vistas nas suas laterais e parte posterior. As suas paredes foram erguidas com uma significativa quantidade de tijolo comum. A 1ª oferta de tijolos aconteceu no terreno da futura construção do Santuário, no dia 20 de janeiro de 1992, em comemoração aos 50 anos de passagem do Pe. Kentinich pelo Recife, após Missa festiva celebrada pelo Pe. Miguel Lencastre, na Capelinha da Avenida João de Barros, de onde todos seguiram em procissão até o Morro do Peludo, levando cada pessoa da Geração Fundadora do Santuário um tijolo simbolizando ser uma “Pedra Viva” na construção da Obra de Schoenstatt. Posteriormente, em diversas romarias vindas de longe, realizava-se a Procissão dos Tijolos, em uma cerimônia emocionante, diante da devoção com que crianças, idosos, jovens, homens e mulheres transportavam uma quantidade de tijolos condizente com a sua capacidade física. O Santuário Tabor da Nova Evangelização, o 1º Santuário do Nordeste, completa 20 anos de presença mariana. A Mãe e Rainha do seu Trono de Graças, conforta seus filhos, realiza prodígios, esparge bênçãos, congrega a cada dia mais corações amoráveis, partícipes da Escola de Maria, que ensina: “Nada sem Ti; nada sem nós! Conhecedores, esses alunos, deste lema e da máxima do Pe. Kentenich: “O amor une e assemelha!” contribuem 50


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para que se cumpra o carisma do Santuário Tabor da Nova Evangelização, junto às ruínas da antiga evangelização, pois a Escola também ensina: “Quem busca Maria, encontra Jesus!” Ontem, no cimo da colina, os Padres Oratorianos; hoje, no mesmo local, os Padres de Schoenstatt! A ousadia nordestina pode repetir com alegria mariana, um lema que lhe fora desafiante: “Sobre as velhas ruínas do passado, brotará uma nova Primavera de Deus!” Ao Pe. Miguel Lencastre e à Ir. Renate Dekker, líderes da expansão do Movimento de Schoenstatt e da fundação do 1º Santuário Filial do Nordeste, a gratidão do Povo Nordestino e em especial o carinho da Geração Fundadora do Santuário; Ao Pe. Pedro Cabello, 1º Reitor do Regional Schoenstatt-Nordeste, e ao Pe. José Fernando Bonini, Reitor do Santuário Tabor da Nova Evangelização, a confiança, o respeito e a amizade de todos os nordestinos que respiram, amam e tentam seguir a espiritualidade de Schoenstatt. Nos cum prole pia, benedicat Virgo Maria!

Da esquerda para a direita: Pe. Pedro, Manuela Ferreira, Auxiliadora Leal, Conceição Brainer, Anunciada, Chris na Pedrosa, Nice Patriota, Edite Vieira, Maria da Eucaris a, Enoy Maciel e Pe. José Fernando, em 11 de outubro de 2011, comemorando o 19º aniversário do Santuário.

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CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

GUARDA DE HONRA DO SANTUÁRIO! ‐ Uma homenagem a Você – “Nada sem ti e sem nós, fala Maria e ouviremos tua voz!............ Sim, Mãe eu quero viver a Aliança de Amor, Vem transformar o meu ser, dá-me abrigo e ardor.”

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omo seria o LAR da nossa Mãe e Rainha, sem sua presença GUARDA DO SANTUÁRIO? Quem abriria a porta da CASA da Mãe de Deus, diariamente às 7horas, fechando-a às 17horas, quer no inverno ou no verão? Quem cuidaria para que o Santuário estivesse sempre limpo, bonito, ornamentado, digno de ser apresentado como o LAR de Maria? Quem acolheria o romeiro e lhe ofereceria as informações necessárias a quem vem de longe, sedento da sombra acolhedora do Santuário? Quem alimentaria as orações diárias recitadas no Santuário, ou ainda, tomaria todas as providências com conhecimento litúrgico, para a celebração diária da Santa Eucaristia? No entorno do Santuário gravitam Ramos e Ligas pertencentes ao Movimento de Schoenstatt, cuja motivação espiritual está firmada no tripé sustentador e orientador dos schoenstatteanos: a Mãe e Rainha, o Santuário e o Pai Fundador, o Pe. José Kentenich. Todos estão disponíveis para servir à Mãe de Deus! Mas VOCÊ, GUARDA DO SANTUÁRIO, você exerce um papel diferenciado de guardar, zelar, alimentar espiritualmente a Casa da Mãe de Deus. Sua missão foi determinada por Maria, que tocou seu coração ao lhe fazer o convite e lhe conferir a honra de ser GUARDA. Segundo Jesus: “muitos são

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chamados e poucos os escolhidos”. Você está dentre os escolhidos pela Mãe e Rainha! Parabéns! A sua responsabilidade é grande; todos identificam a sua figura, usando um vestido branco com jaleco azul nos dias de domingo ou festivos e blusa azul durante a semana. Você se reveza com seus pares, se distribui durante os dias da semana, zelando para que o Santuário tenha sempre alguém de PRONTIDÃO, de GUARDA para acolhimento e oração. Você após aceitar o convite da Mãe de Deus, celebrou sua Aliança de Amor com Ela, vinculando-se espontaneamente ao Santuário, transmutando seu lar para o Lar da Mãe de Schoenstatt, entendendo que o Santuário é um berço de santificação e que Schoenstatt, é uma grande família mariana, contendo Lar, Mãe e Pai-Fundador, o grande pai desta família. Você ao fazer sua Aliança de Amor, entendeu que o Capital de Graças é retroalimentação dessa Aliança e que necessita ser ofertado constantemente à Mãe de Deus, através dos sacrifícios silenciosos, do desempenho do labor diário, do silêncio, da caridade, do perdão, da paciência, do evitar comentários que nada constroem apenas machucam ou inflamam outrem, da oração, do recolhimento, enfim qualquer ato que expresse ou traduza alegria, sacrifício, tristeza e doação. Você, GUARDA DO SANTUÁRIO, compreendeu o lema do Movimento Apostólico de Schoenstatt: “NADA SEM TI (MARIA); NADA SEM NÓS (TEUS FILHOS). Cada schoenstatteano deve ser um INSTRUMENTO DE MARIA, pronto para oferecer-se com FILIALIDADE e FIDELIDADE à serviço da “transformação do novo homem, numa nova ordem social” ou seja, numa sociedade cristã, justa, fraterna, missionária, íntegra, confiante na Providência Divina. Você está atenta e deve sempre estar aler53


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

ta para a ESPIRITUALIDADE DO MOVIMENTO, que requer constante oração e aprofundamento, para bem cumprir sua MISSÃO de GUARDA. Você sabe que ao fazer sua Aliança de Amor, seu coração por toque divino foi transformado em Santuário-Coração, devendo seu espelho ser Maria, e, que no exercício de sua MISSÃO você deve ser “UMA PEQUENA MARIA”, espargindo amor, união, solicitude, paciência, abnegação; agindo com filialidade, fidelidade, tolerância nos momentos imprevisíveis, companheirismo e solidariedade; oferecendo conforto espiritual aos mais necessitados; uma palavra de reconhecimento ou elogio ao bem praticado pelo outro; sentindo um reconhecimento sincero e singelo da própria fraqueza ao cometer uma injustiça ou falha; oferecendo um silenciar bondoso ao perceber falhas nos outros; um cumprimento alegre para todos; um falar paciente com os impacientes e inoportunos; e agradecer sempre com gratidão e sem quaisquer resquícios de orgulho humano por ter sido escolhida pela Mãe para compor o CÍRCULO DE GUARDA DO SANTUÁRIO. Lembre-se sempre das palavras do Pai Fundador, o Pe. José Kentenich: “O AMOR UNE E ASSEMELHA!” Daí a necessidade de você amar e imitar cada vez mais a Maria, para poder assemelhar-se a Ela e ser uma “Pequena Maria” a serviço da causa de Deus; ser uma propagadora do Evangelho, como foi a Mãe de Jesus. Para fortificar mais sua abnegação, você deve ter em mente um ensinamento do Pe. Kentenich: “Deus é Pai; Deus é Bom; e bom é tudo o que Ele faz e consente.” E quando algo acontece, magoa ou entristece, o mariano deve dizer: “O Pai me vê; O

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Pai me ama; O Pai cuida de mim” colocando-se nas mãos DELE com FILIALIDADE HERÓICA e FÉ NA DIVINA PROVIDÊNCIA. Parabéns, GUARDA DO SANTUÁRIO, como é bom ver você zelando o Santuário, acolhendo os romeiros, organizando o Pátio, rezando o Terço, preparando a Liturgia da Missa, cantando, erguendo a Bandeira na hora da Comunhão avisando sem palavras: “venham Jesus está aqui!”, guardando zelosamente o Cálice, a Patena, as galhetas, o Missal, o Lecionário, dobrando as toalhas, desligando e guardando o som, enfim, Pequenas Marias a serviço da Grande Maria, Mãe de Jesus. Saudá-la é mais que um dever, antes de tudo é mais que um ato de reconhecimento pelo trabalho de dedicação que há 18 anos VOCÊ vem prestando à Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt no 1º Santuário do Nordeste, Santuário Tabor da Nova Evangelização ou ainda, Santuário-Mãe do Nordeste. O ideal seria citar seu nome, GUARDA NOBRE DO SANTUÁRIO que atuou “ontem”, atua “hoje” e daquelas a quem Deus já levou para zelar, guardar Seu Trono Divino, mas um lapso de memória poderia provocar a omissão de alguém, fato desaconselhável nesta homenagem. PERSEVERE NA SUA MISSÃO MARIANA! novembro-2010

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2º CAPÍTULO: Quem é esta Senhora? Reflexões e Reminiscências:



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QUEM É ESTA SENHORA? “Maria teu lindo nome, é todo encanto e luz, Quando eu te chamo Maria, tu logo chamas Jesus!”

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aria, quem és Tu, que tocas os corações mais empedernidos e sensibilizas os corações dóceis, amáveis e que a Ti cantam louvores de gratidão, amor e saudação? Por que o dia 08 de setembro é dedicado à Tua Natividade e o dia 12 do mesmo mês ao Teu Santíssimo Nome, ó Maria? O mariano sabe que para seres a Mãe de Deus, foste por Ele escolhida para exercer a missão divina, anunciada desde o Antigo Testamento. Deus preparou Anna e Joaquim para serem teus pais; preparou Isabel e Zacarias para serem os pais de João Batista, o Precursor e Te preparou sem a mancha do pecado original, porque para seres a Mãe do Messias prometido, abrigar em Teu ventre o Filho de Deus, deverias ser uma pessoa especial, completamente pura. Daí seres Tu, Santíssima dentre todos os que estão ao lado do Pai. Anna, Tua mãe, Joaquim, Teu pai, Isabel, Zacarias, João Batista, os Apóstolos são todos santos, mas Tu Maria, és Santíssima, és especial, porque fostes a Escolhida do Pai para ser a Mãe do Salvador, que Te fecundou sob a sombra do Altíssimo, tornando-se o Espírito Santo, Teu esposo. Com tal afirmativa não queremos dizer que a plenitude da Tua santidade

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CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

iguala-se ou ultrapassa a santidade do Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Afirmamos sim, que no Céu, abaixo da Santíssima Trindade, és a única que foi chamada pelo Arcanjo Gabriel, a CHEIA DE GRAÇA e assim permaneceste dando Teu testemunho de graça e santidade. És Senhora, a Maria Santíssima, Mãe de Deus e todos os homens. - Fostes o 1º Sacrário, ao abrigares em Teu ventre o Menino Jesus; - A 1ª Ministra da Eucaristia, quando ao saberes que Isabel, Tua prima estava esperando um filho (João, o Batista) e Tu já grávida de Jesus, subiste as montanhas de Judá e foste ajudar Isabel, esquecendo Tua própria situaçãode gestante e assim levaste Jesus a Isabel e João; - A 1ª Apóstola de Jesus, que embevecida escutava-O falar das “coisas” do Pai; - 1ª Custódia desde Jesus nascido; procuravas protegê-lO, acompanhando-O e avisando-O quando queriam emboscá-lO; - 1ª Patena ao fazeres a apresentação no Templo, do Teu filho, segundo os costumes da época. Tuas mãos sustentaram Jesus e Teus braços O ergueram para apresentá-lO diante do Altar do 60


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Senhor; - 1ª Peregrina, caminhando pelas montanhas de Judá, levando contigo em Teu santo ventre, o Messias Prometido; - 1ª Arca da Aliança ao guardar em si o Legislador e não a legislação. São inúmeros os títulos atribuídos a Ti, Maria! A Ladainha Lauretana é rica em invocações que expressam as Tuas magnificências, Maria. Dentre algumas podemos destacar: Santa Maria, Santa Mãe de Deus, Santa Virgem das Virgens, Mãe de Jesus Cristo, Mãe Puríssima, Mãe Amável, Mãe Admirável, Virgem Louvável, Virgem Fiel, Espelho de Justiça, Vaso Espiritual, Rosa Mística, Casa de Ouro, Torre de Marfim, Arca da Aliança, Estrela da Manhã, Saúde dos Enfermos, Refúgio dos Pecadores, Consoladora dos Aflitos, Rainha Concebida sem Pecado Original, Rainha da Paz. No dia 08 de setembro a Igreja comemora Teu nascimento, a Virgem pura que nascia sob os desígnios de Deus, sem a mancha do pecado original, para ser a Mãe do Messias esperado, fato desconhecido por todos, inclusive por Teus pais. O dia 12 de setembro, é uma homenagem a Tua Excelsitude, reunindo todas as invocações do Teu sagrado nome e homenageando-as: assim, Nossa Sra. do Carmo, Nossa Sra. de Fátima, Nossa Sra. da Conceição, Nossa Sra. da Ajuda, Nossa Sra. do Perpétuo Socorro, Nossa Sra. da Penha, Nossa Sra. da Salete, 61


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Nossa Sra. do Monte, Nossa Sra. das Graças, Nossa Sra. de Lourdes, Nossa Sra. Auxiliadora, enfim todos os nomes que recebes mundo afora. Feliz a mulher que traz em seu nome o prenome de Maria! No dia 12 de setembro, essa mulher comemora o seu onomástico, juntamente Contigo, Mãe Santíssima! Voltamos a inquirir: quem és Tu, Maria? E aos nossos ouvidos explode a resposta: Eu sou aquela Menina que Deus designou para ser a Mãe do Criador e Mãe de todos os homens! Eu sou aquela que te ama e não te abandona um único minuto! Eu sou aquela a quem o Pai deu poderes para esmagar a cabeça da serpente! Eu sou aquela que transformou e dividiu o mundo em antes e depois de um SIM dado ao Deus Pai e que se dispôs a fazer cumprir a VONTADE DO ALTÍSSIMO. EU SOU TUA MÃE! EU SOU A RAINHA EXCELSA DA TUA VIDA! EU SOU A VENCEDORA DE TODOS TEUS PROBLEMAS! EU SOU A VIRGEM ADMIRÁVEL PORQUE O PAI ME CRIOU “CHEIA DE GRAÇA”! EU SOU MARIA SANTÍSSIMA! Setembro-2012 62


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O NETO DA SENHORA SANT'ANNA “Que a família comece e termine sabendo aonde vai. E que o homem carregue nos ombros a graça de um Pai. Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor. E que os filhos conheçam a força que brota do Amor....”

O

mês de Julho também é chamado “Mês de Sant'Anna”! Vejamos o porquê!

Anna, casada com Joaquim, era uma pessoa especial, preparada por Deus para ser a mãe daquela que geraria o Messias Prometido, Maria, a que foi concebida sem a mancha do pecado original. Anna, mulher virtuosa, cuidou da filha com todo o carinho, preparando-a para ser uma criatura voltada para Deus, servindo-O com dedicação total. Jamais passou por sua cabeça materna, que aquela menina era uma predestinada e que fora escolhida pelo Altíssimo para ser a Serva do Senhor, Mãe do Salvador do Mundo! Anna viveu numa época em que a mulher não tinha destaque na sociedade, não necessitava aprender a ler nem escrever, mas essas restrições, por inspiração divina, Anna não impôs a Maria, porque ela mesma era uma mulher inteligente, temente a Deus e alfabetizada, ajudando a Joaquim, seu esposo, em seus compromissos religiosos para com o templo. Anna foi a mestra de Maria e pacientemente ensinava-lhe a ler e a executar todas as tarefas que uma jovem deve saber.

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Por esse labor assumido, Anna, foi escolhida no Século passado, a Padroeira dos Professores, principalmente os do Ensino Básico. Partindo do raciocínio que Anna é a mãe de Maria e que Maria é a Mãe de Jesus, logo se vê que Jesus é neto de Anna e Joaquim, o que tornou o mês de julho, também dedicado aos avós. A Bíblia nos fala pouco a respeito do casal que gerou Maria, mas é comum ver-se uma imagem de Sant'Anna ensinando a Maria, ainda uma criança. Podemos imaginar a emoção dessa avó, se descobrindo ser a mãe da Mãe do Messias Prometido! A sua emoção por ter gerado Maria, a Escolhida de Deus para gerar Seu Filho Unigênito, e como avó, o sentimento que a dominou ao pegar em seus braços o Salvador do Mundo. Pensar que ela ensinou a Maria os afazeres domésticos e que a preparou sem intenção, juntamente com Joaquim, para ser a Mãe do Filho de Deus; essa Maria que obediente disse o Sim ao Anjo Gabriel, aceitando ser a Mãe do Salvador. Um Sim tão decisivo para a humanidade, que demarcou o mundo em duas eras: antes e depois de Cristo. Imaginemos também o quanto deveria ser carinhoso o Menino Deus para com sua vovó Anna e seu vovô Joaquim e como os amava demonstrando esse amor em sua linguagem infantil. O quanto Vovô e Vovó adoraram aquela Criança que “crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus”, conforme narra São Lucas, em seu Evangelho. Pensemos em Anna ou Senhora Sant'Anna, como algumas pessoas costumam chamar, aconchegando seu neto (o Doce Menino Jesus) ao peito, acariciando-O, beijando sua Cabecinha, emocionada acarinhando sua mãozinha, seu pezinho, além de auxiliar

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Maria dando banho naquele frágil corpinho e preparando sua alimentação. Podemos imaginar também a angústia de Anna e Joaquim, sabendo ter Herodes decretado a morte de todas as crianças com menos de dois anos e que Maria e José, fugiram para o Egito, levando consigo Seu Precioso Menino. O que se passou no coração desses avós? Quanto sofrimento, quanta angústia por falta de notícias? E Maria e José sendo obrigados a manter silêncio sobre o destino para não serem alcançados pelo perverso Herodes? A história não relata se Anna e Joaquim tiveram a glória e a alegria de rever sua filha e seu neto, juntamente a José, quando voltarem do Egito, após a morte de Herodes... Lembrando esses avós tão especiais: Anna e Joaquim, homenageemos também nossos avós como seus representantes; recordemos as tantas alegrias que nos deram carregando-nos em seus braços, ensinando-nos a amar Papai do Céu e Mamãe do Céu, preparandonos de forma cuidadosa e suave para trilharmos o caminho do bem. Lembremo-nos de quantas vezes eles intercederam por nós junto aos nossos pais, defendendo-nos das repreensões ou castigos merecidamente aplicados por eles, tendo em vista nossas peraltices de criança, que nos faziam correr buscando nossos anjos protetores chamados Vovô ou Vovó, que com autoridade intercediam por nós, livrandonos de uma boa sova. Quero aqui nesta coluna, prestar minha homenagem aos meus queridos avós: Celina e Luiz, Corinthia e Sebastião e a três bisavós que Deus em sua infinita bondade me concedeu a graça de conhecê-los e

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CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

com eles conviver um pouco, tempo suficiente para que deixassem impressas em minha memória lembranças carinhosas e jamais apagadas pelo tempo que já vai tão distante: Cléria, minha “bisa” paterna e Anna e João, meus “bisos” maternos. Vocês todos, avós e “bisos”, deixaram em meu coração marcas de suas personalidades simples, justas, corretas, humildes e amigas. Obrigada, pelas historinhas contadas para seus netos e que nos transformavam em ouvintes atentos e sonhadores, formando na nossa tela mental, um cenário diferente de acordo com o poder de imaginação de cada um de nós. Que Sant'Anna e São Joaquim abençoem todos vocês, todos os avós do mundo, principalmente os da Família Mega FM e em especial Dona Nair, avó-mãe de Alexandre Neto, falecida recentemente.

Julho-2012

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O MÊS MARIANO “Uma entre todas foi a escolhida, foste tu Maria serva preferida. Mãe do meu Senhor, Mãe do meu Salvador! Maria, cheia de graça e consolo, vem caminhar com teu povo, nossa Mãe sempre serás!”

C

hegou o Mês de Maio, o Mês das Noivas, o Mês de Maria! Neste mês o sentimento mariano fica mais aflorado, mais amorável, os corações pensam mais em Maria e os lábios pronunciam com mais freqüência o doce nome da Mãe de Jesus. Maria, é venerada durante todo o ano através das diferentes invocações, com novenários, procissões e outras comemorações católicopopulares, mas o Mês de Maio é especial para o mariano que deixa o coração enternecer-se diante da grandeza de Maria, diante do seu papel de: . 1ª Apóstola de Jesus – ao ouvi-LO falar sobre o Pai; . 1ª Patena - ao erguê-LO apresentando-O ao Senhor, no Templo de Jerusalém; . 1ª Ministra da Eucaristia – quando foi ao encontro de Isabel levando em seu ventre, Jesus recentemente fecundado pelo Espírito Santo de Deus; . 1º Sacrário – ao carregar em seu santo ventre, o Jesus Vivo, alimento do católico que não pode viver sem Jesus Eucarístico; 67


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. 1ª Custódia – sempre protegendo Jesus sem escondê-LO e sim deixando que Ele fosse o Centro de toda reverência e atenção; . Co-Redentora da Humanidade – esteve presente ao lado de Seu Filho em todos os momentos do culto da Boa Nova; . Co-Fundadora do Cristianismo – Mãe dos Apóstolos, encorajando-os na missão de difusão da Boa Nova, na consolidação dos ensinamentos de Seu Filho, no destemor às perseguições aos cristãos; . Medianeira – interferindo e mediando os anseios humanos, junto a Jesus; . Intercessora – a Grande Intermediária entre os homens necessitados de ajuda e Seu Divino Filho; . Educadora – Maria é a Grande Educadora, que incansavelmente vive indicando ao homem o caminho certo que o conduz a Jesus – O Salvador do Mundo; . Rainha – é Mãe do Rei Jesus, o Cristo Rei e coroada pela Santíssima Trindade, cabendo-lhe o título e o poder de Rainha do Céu; . Vencedora – a Esmagadora da Serpente (o mal); aquela que vence todas batalhas contra o inimigo, trazendo para o homem que tem Fé, a certeza da Vitória em Cristo; . Mãe de Deus e Nossa Mãe – Maria tornou –se Mãe dos Homens no momento em que Jesus disse ao Apóstolo João, o Evangelista, ao Pé da Cruz: “Eis aí Tua Mãe!” e dirigindo-se a Maria, exclamou: “Eis aí Teu Filho!” e naquele momento, todos 68


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os homens tornaram-se Seus Filhos. Impossível em um artigo como este, discorrer sobre as belezas e o papel da Mãe de Deus, sempre solícita e amorável para com filhos muitas vezes ingratos ou que nem se apercebem de sua permanente vigilia materna. Algumas músicas que lhe são dedicadas, expressam o sentimento forte que traduz a fé afetiva e efetiva dominante no coração humano. Elas celebram o Amor devotado a Maria, que transbordantes desse coração mariano usam os olhos como canal, para que deslizem incontidas lágrimas pela face, testemunhas mudas de um fervor muito especial dedicado à Mãe de Deus. Entre algumas, pode-se destacar: “Maria de Nazaré, Maria me cativou, fez mais forte a minha Fé e por filho me adotou............ Maria que fez o Cristo falar, Maria que fez Jesus caminhar, Maria que só viveu p'ra Seu Deus, Maria do Povo Seu.......... ........” Que sentimento maravilhoso, imaginar Maria sustentando Jesus pelas mãozinhas, ensinando-O a caminhar, a falar, amamentando-O, acariciando-O, colocando-O para dormir como fazem as mães com seus filhinhos. É realmente enternecedor e cativante! Uma música que destaca a importância de Maria dentre todas 69


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

as jovens de sua época; “ Uma entre todas foi a Escolhida, foste TU Maria Serva preferida, Mãe do Meu Senhor, Mãe do Meu Salvador....... Maria, cheia de Graça e Consolo, vem caminhar com Teu Povo, nossa Mãe sempre serás!”. Outra música enternecedora que exalta a humildade de Maria, sendo Ela a Mãe do Messias tão esperado e tão desejado pelo povo de Deus: “Sobe à Jerusalém, Virgem oferente sem igual, vai e oferece ao Pai, Teu Menino-Luz que cheg ou no Natal..........................” É comovedor pensar Maria no Templo de Jerusalém, silenciosamente apresentando Seu Divino Filho ao Pai, conforme os costumes da época, quando Ela e José sabiam que ali estava o Salvador da Humanidade, o Messias Prometido... Quanta humildade! O segredo estava guardado em Seu Coração Imaculado. Roberto Carlos, cantor popular, compôs uma petição musicada à Maria, que hoje é cantada em todas as celebrações marianas: “Cubrame com Seu Manto de Amor; guarda-me na Paz desse Olhar; cura-me as feridas e a dor me faz suportar.........Se ficaram mágoas em mim, Mãe tira-as do meu coração e aqueles a quem fiz sofrer, peço perdão.....................Nossa Senhora, me dê a mão, cuida do meu coração, da minha vida, do meu destino................” Há um cântico mariano, lema do Movimento de Schoenstatt, que nos leva a um diálogo com Ela; na aludida música, Maria fala conosco nas estrofes, apresentando suas Promessas de Aliança e no refrão, nós reafirmamos o nosso compromisso de sempre escutá-la. O refrão é assim cantado: “Nada sem Ti e sem nós; fala Maria e ouviremos Tua voz”. As estrofes representando a voz de Maria reproduzindo as Promessas da Aliança de Amor para com seu Povo: “Não vos deveis preocupar com vossas 70


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aspirações, amor se paga em amar, trazei contribuições”. E o mariano responde: “Nada sem Ti e nós, fala Maria e ouviremos Tua voz.” Ela continua nos convidando a sermos Seus Instrumentos: “Provai o vosso amor, vereis que Mãe sempre sou, na alegria e na dor, ao vosso lado estou.” A cada estrofe que vai sendo cantada, as Promessas da Aliança feitas ao homem, vão relembrando seu compromisso mariano e afloram seu sentimento de instrumento da Mãe de Deus, estimulando-o a responder contrito: “Nada sem Ti e sem nós, fala Maria e ouviremos Tua voz!”

Neste Mês de Maio, reforcemos nosso Santuário-Coração e deixemos que o Doce Olhar de Maria seja o Farol a iluminar o nosso caminhar. Maio-2011

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SAUDADES DO “MÊS DE MAIO” No mar de Maria eu mergulhei, eu mergulhei e me banhei de luz! No mar de Maria eu mergulhei, eu mergulhei e encontrei Jesus!

C

hegou o mês de maio! Com ele, as recordações que já vão tão distantes no tempo e na memória de quem viveu esse mês de forma diferente da vivida hoje em dia. Ontem, a celebração noturna de cada dia do mês de maio, era um ato religioso, contritamente vivenciado, que recebia a denominação de “Mês de Maio”. Essas “noites” eram celebradas nas igrejas, com homilia proferida pelos padres, altar ornamentado pelos “noiteiros” (pessoa responsável pela noite), ladainhas cantadas em latim, organista consciente de seu papel de tocar e acompanhar essa oração, que nos dias atuais, cantada ou recitada em português, “caiu de moda”. Apesar de serem celebrados nas igrejas, mesmo assim as famílias erguiam um pequenino altar com a imagem de Nossa Senhora, convidavam a vizinhança e contritos celebravam o Mês de Maio. A sala ficava repleta, as crianças e os adolescentes sentavam-se ao chão, porque as cadeiras eram insuficientes e se destinavam aos adultos. Algumas famílias que dispunham de piano e pianista, cantavam a Ladainha, e aquelas que não os tinham recitavam-na com o mesmo fervor. E assim, passavam os trinta e um dias de maio, louvando a Maria, ensinando às crianças e aos jovens a terem logo cedo, 72


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uma devoção mariana que lhes desse um rumo na vida. Lembro-me do Mês de Maio na casa de minha saudosa avó! Não havia piano, mas vozes fervorosas eram escutadas recitando as orações. Lembro-me que, como éramos crianças, eu, minha irmã e meus primos, juntamente com nossos tios mais novos ainda adolescentes, ficávamos sentados no chão, recitando atentos as orações, sob as vistas cuidadosas dos mais velhos, fato que não impedia uma pequena brincadeira ou uma crise de risos sem motivos, apenas as incontroláveis peraltices infantis, que de imediato não iam adiante, pois nossos pais já estavam nos enviando um olhar severo. Às vezes, as orações noturnas daquele dia do “Mês de Maio” se estendiam um pouco mais, porque finalizavam recitando uma Ave Maria e um Pai Nosso por vários entes da família ou amigos e vizinhos necessitados de oração. Nas horas em que era preciso ficar de joelhos, muitas vezes, nós crianças, ficávamos sentadas sobre os calcanhares e lá vinham os cutucados dos adultos para que assumíssemos a mesma postura deles. E a Coroação de Nossa Senhora no dia 31 de maio? Toda criança queria se vestir de anjo para coroar Maria! Quantas lembranças boas desta escola familiar de formação religiosa! Mas, o tempo se encarregou de acabar com ritos religiosos tão salutares. Hoje, nem as igrejas celebram mais o Mês de Maio, raro o local onde o mês mariano é celebrado. A modernidade acabou com o altarzinho armado na casa de minha avó e nas demais casas, que não era desfeito no dia 31, permanecendo mais 13 dias consecutivos para a Trezena de Santo Antônio, culminando no dia 13 de junho com bolo, 73


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canjica e pamonha, após as orações e fogos de artifícios para a meninada. Nossas crianças de hoje, não sabem o que significa sentir o sabor desse aconchego familiar e do despertar cedo para a Fé. No mundo moderno, não está existindo lugar para o exercício religioso doméstico, apenas as Missas dominicais, isso quando são assistidas, porque os shoppings, o computador, a televisão, o cinema, a natação, o karatê, o balé, lhes tomam todos os minutos de sua vida ainda tão nova e tão comprometida. Obrigada, minha avó, meus pais, meus tios, que me proporcionaram essa vivência inesquecível! Depois que fiquei adulta, viajando a trabalho e passando nas rodovias BR e PE, sempre avistava na zona rural uma casinha ostentando uma bandeira branca, presa em uma vara ao seu telhado ou no pátio da casa. Curiosa, busquei o que simbolizava aquela bandeira branca, e entre surpresa e emocionada fiquei sabendo que naquela casa, os vizinhos se reuniam para rezar o Terço e louvar a Maria. Era um sinal para quem quisesse participar das orações e cânticos marianos sem necessitar de um convite explícito, pois a bandeira branca era o símbolo convencional do chamado. Confesso que passei há alguns meses atrás, na mesma BR e infelizmente não mais vi sequer, uma bandeira branca tremulando em nenhuma casinha. Fiquei triste e preocupada, pois vi apenas antenas parabólicas fincadas em seus telhados!... Apesar de todas essas reflexões desalentadoras, não podemos pensar que tudo está perdido. A evangelização está procurando ir ao encontro dos interesses jovens. A televisão, através de seus canais católicos: Canção Nova, Rede Vida, Século XXI, TV Aparecida e outros, 74


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tentam despertar a Fé no coração dos jovens. Aqui em Olinda, graças à vontade de Nossa Mãe Maria, temos o Santuário da Mãe e Rainha, uma Escola Mariana que se preocupa em chamar pessoas de todas as idades a trilharem os caminhos de Jesus, levados por Maria, Sua Mãe e nossa. No Santuário, aprendemos a trabalhar nosso coração para que ele se torne um Santuário-Coração, no qual Maria e o seu Filho habitam, provocando em nós uma transformação profunda através de três graças: abrigo espiritual, transformação no pensar e no agir, e por fim, a fecundidade apostólicas de nossas ações. Apesar de todas as mudanças que estão ocorrendo no mundo, o Mês de Maio continua para quem tem Amor Mariano em seu coração. Maria, é a mesma de ontem e quer nos transformar em seus instrumentos, convidando-nos e ajudando-nos a tocar os corações que andam separados dela e de seu Filho. Neste Mês de Maio, vamos reacender a chama mariana que ilumina nossa vida e nos conduz ao Pai. Vamos erguer no nosso coração um altarzinho, como aquele que quando crianças, nossos avós e pais erguiam em sua sala principal e vamos seguir cantando louvores à Mãe de Deus, como fazíamos antigamente. Se vivermos com carinho especial o Mês de Maio, estaremos prestando uma homenagem aos nossos antepassados e alegrando o Excelso Coração de Maria! SAUDADES DO “MÊS DE MAIO”! maio-2012

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REFLEXÕES MARIANAS “Magnificat! Magnificat! É um canto de amor, A minh'alma engrandece a Deus, meu Salvador”.

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stamos em plena Quaresma! Quaresma que significa quarenta e nesse caso, 40 dias após o Carnaval estaremos vivenciando a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, ou seja, a Celebração da Nova e Eterna Aliança de Deus com os homens, chamada Aliança Definitiva. O Deus Pai enviou seu próprio Filho encarnado para que através Dele os homens vissem e reconhecessem o rosto do Pai. E Jesus disse: “quem me vê; vê o Pai!” O tempo quaresmal tem início na 4ª feira de Cinzas, quando após a folia momesca, a Igreja lembra ao homem, colocando-lhe cinzas na testa, e o fazendo refletir: “tu és pó e ao pó voltarás!” Cremos na Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, seguimos dentro da Fé Católica toda a caminhada do Filho de Deus rumo ao Gólgota e recebemos regozijados os eflúvios de Sua Gloriosa Ressurreição. Recebemos a Luz que Dele emana e o nosso coração se sente pleno de amor e confiança no Jesus Ressuscitado... Ao vermos com os olhos da Fé, a figura do meigo e doce Jesus dizendo: “A Paz esteja convosco!” perpassando as paredes do Cenáculo e se fazendo visível aos olhos espantados de seus 76


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Discípulos, lembramos a permanência firme de Maria junto a esses homens tristes e temerosos com a perseguição desencadeada aos seguidores de Jesus, e nosso pensamento retroage 33 anos e encontra uma adolescente de 14 ou 15 anos, que em idade tão nova já era consagrada a Deus. Nosso coração mariano faz uma viagem à Nazaré e encontra uma cândida menina fazendo suas orações e confirmando o seu voto de dedicação irrestrita a Deus, sem saber que já era a Escolhida para abrigar em seu seio o Messias Prometido, o Salvador do Mundo. Ela que já nascera preparada por Deus, a Imaculada, aquela que ficara isenta da mancha do pecado original e que nada disso sabia, porque tudo era segredo do Pai para que Seu filho fosse concebido por uma virgem pura e abençoada pela Luz do Espírito Santo. Com os olhos do coração, continuamos a ver Maria em sua pureza e humildade, fazendo suas orações, quando um clarão se faz em seu quarto, e aparece um Anjo que lhe diz: “Maria, achaste graça diante do Senhor e darás à Luz a um filho a quem chamarás Emmanuel, o Deus conosco!” E Maria trêmula mas firme em sua Fé, responde: “Como pode acontecer isso se eu não conheço nenhum varão?” O Anjo continua: “A sombra do Altíssimo te cobrirá e serás a Mãe do Messias Prometido!” E Maria cheia de humildade, firmeza e obediência responde: “Sim, aqui estou; que a vontade do Pai seja feita!” E aquela menina não se preocupou no que poderia lhe acontecer. Destemida acolheu a vontade do Senhor, e os desígnios de Deus

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foram cumpridos naquela em que Ele preparou Imaculada desde a concepção, através de Ana e Joaquim. Pensar em Maria acompanhando as fases de sua vida é algo enternecedor, principalmente quando se sente a total integração entre Filho e Mãe, podendo-se dizer que ela foi a 1ª Apóstola de Jesus, como também quem lhe deu o sinal que Ele já estava “pronto” para a vida pública, ao anunciar que faltava vinho nas Bodas de Caná, o primeiro milagre público de Jesus. Neste mês de março comemoramos a Visita do Anjo comunicando que Maria seria a Mãe do Salvador e a Semana Santa, como é popularmente chamada pelos cristãos, que vivenciam toda Paixão, Morte na Cruz e a Gloriosa Ressurreição, dia magno em que a Morte foi vencida pela Vida de forma radiosa, tornando-se essa Festa o ponto mais alto do Cristianismo, o auge da Divindade de Jesus, a confirmação de que Ele é o Deus Filho. Maria não faz parte da Santíssima Trindade, porém está intrinsecamente ligada a ela, pois é Filha do Deus-Pai; Mãe do DeusFilho; e Esposa do Deus-Espírito Santo. Podemos dizer que em seu todo, Maria é um Santuário Divino que abriga o Pai, o Filho e o Espírito Santo, sendo em sua confiança e humildade: Filha, Mãe e Esposa do Deus Uno e Trino, fruto de um abandono total à vontade desse Deus. Lembremo-nos sempre do “SIM” de Maria que modificou a história e a tornou Co-Redentora na obra salvífica da humanidade. Lembremo-nos que Deus lhe concedeu todos os méritos do Céu e 78


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que hoje, nós seus filhos, podemos usufruir desses méritos por meio de sua intercessão. Lembremo-nos que Maria é também nossa Mãe; Rainha da nossa Vida e da nossa família; e Vencedora de todas as dificuldades que ousem atravessar nossa vida. MÃE ADMIRÁVEL, AUMENTA MINHA CONFIANÇA E MEU AMOR POR TI!

Março - 2013

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OUTUBRO, MÊS DE GRANDES COMEMORAÇÕES “Deixa a Luz do Céu entrar. Deixa a Luz do Céu entrar. Abre bem as portas do teu coração e deixa a Luz do Céu entrar!”

O

utubro é rico em comemorações quer de cunho religioso, quer social! Abre seus festejos já no 1º dia do mês com Santa Terezinha do Menino Jesus, a Santa das Rosas, falecida aos 24 anos de idade, em 1897 e canonizada em 1925, pelo Papa Pio XI. Morreu vítima de tuberculose, devido aos imensos sacrifícios que impingia a si mesma. Sua alma conservava uma candura indescritível, a tal ponto que no dia de sua morte caiu sobre todos os presentes uma inexplicável chuva de pétalas de rosas, confirmando o que Terezinha havia prometido: “Depois da minha morte, farei cair uma chuva de rosas.” Dia 02, seguem as festividades dos Anjos de Guarda, um guardião angélico que Deus deu a cada criatura humana para guiar sua vida, sem intromissão no livre arbítrio da consciência do homem. Esta é a 1ª oração que a criança aprende a fazer: “Santo Anjo do Senhor, 80


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meu zeloso guardador, se a ti me confiou a Piedade Divina, sempre me reja, me guarde, me governe, me ilumine, Amém.” Dia 04, a celebração de São Francisco de Assis , fundador da Ordem Franciscana e co-fundador com Santa Clara de Assis, da Ordem das Clarissas, que rapidamente se espalharam pela Itália, ultrapassando logo em seguida os limites desse País, para alcançar toda a Europa. O dia 04 foi dedicado à Ecologia pela integração de São Francisco com a Natureza. Dia 11, comemoração dos 20 anos de fundação do Santuário Tabor da Nova Evangelização, em Olinda, bairro de Ouro Preto, ou seja o querido Santuário da Mãe e Rainha, o 1º Santuário Schoenstatteano do Nordeste. Este Santuário foi inaugurado na vigília do dia 12 de outubro, quando o Continente Americano comemorava 500 anos de Evangelização juntamente com o Descobrimento das Américas. Dia 12, consagrado à Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, cuja imagem foi encontrada em 1717, por dois pescadores no Rio Paraíba, em Guaratinguetá, São Paulo. A imagem “pescada na rede” estava sem cabeça e quando os pescadores novamente jogaram a rede em busca de peixes, mais adiante do local em que estavam, “pescaram” a cabeça da imagem, fato que os deixou profundamente admirados e tocados com seu achado. A devoção propagou-se por todo o Brasil e em 1930 a Virgem da Conceição Aparecida, foi proclamada Padroeira do Brasil. Nessa data também é festejado o 81


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

Dia das Crianças. Dia 15, dedicado a Santa Tereza D'Ávila, uma das doutoras da Igreja e que mantinha diálogo permanente com Deus. Uma das suas frases mais célebres em conversação com Ele, é a seguinte: “É por isso que o Senhor tem tão poucos amigos!” Contam seus biógrafos, que ela conversava com Deus de amigo para amigo. No dia 15, também é comemorado o Dia do Professor, profissional que constrói o alicerce acadêmico e pedagógico de todos os demais profissionais existentes na face da terra. Da alfabetização à profissionalização, o professor está presente na vida de cada indivíduo: do gari ao rei, rainha, imperador, presidente, qualquer mandatário, passa pelas mãos do Professor. Dia 16, festeja-se Santa Edwiges, a Protetora dos endividados. Dia 18, o grande São Lucas, médico e evangelista, que baseou seus escritos escutando as narrativas de Maria, daí ser chamado o “Evangelista Mariano”. Lucas não conheceu Jesus, quando chegou a Jerusalém, o Messias já havia morrido na cruz e ressuscitado no 3º dia, porém ele foi procurar a fonte e ouvir pessoalmente dos lábios de Maria a história do Prometido, daí ser o único Evangelista que narra a infância de Jesus, a partir da Anunciação do Anjo. Os médicos escolheram São Lucas como seu Padroeiro e comemoram o seu dia, na mesma data do grande Evangelista. Dia 18 também são comemorados os 98 anos de fundação do Movimento Apostólico de Schoenstatt, fundado pelo Padre José Kentenich, na Alemanha, em outubro de 1914. O Pe. Kentenich convidou 82


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um grupo de jovens seminaristas, preparou-os para uma Aliança de Amor com a Mãe de Deus e no dia aprazado, reuniram-se e invocaram a Maria que viesse habitar uma minúscula capela que estava abandonada, porém limpa e organizada pelo grupo, para ser o local de encontro deles com a Convidada. Maria aceitou o Convite e a Aliança foi estabelecida. Estava fundado o 1º Santuário de Schoenstatt que se multiplicou internacionalmente, formando uma só missão, uma só corrente de graças iniciada em 1914 e alimentada pelo Capital de Graças, sustentáculo da Aliança de Amor que transforma o coração do homem, em Santuário-Coração. Nos idos de 1934 grupos de educadores, dirigentes e intelectuais entre outros, fascinados com o sucesso e a expansão do Movimento que educava mariana e filialmente jovens e adultos, perguntavam qual o “segredo” de Schoenstatt? Pe. Menningen organizou com a juventude masculina uma peça teatral que dava resposta à pergunta feita constantemente: no final, de modo esclarecedor, os jovens voltaram seus olhares para Nossa Senhora e todos sentiram de forma inequívoca que Schoenstatt não tinha “Segredo”. A partir daí surgiu a expressão “Mistério” de Schoenstatt, definido como “a vinculação local e a fecundidade da Mãe Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt e a partir de Schoenstatt, ambas como fruto da livre ação das forças e da graça divina, e da livre cooperação humana.” Portanto o homem que transforma seu coração em Santuário Vivo, leva dentro de si Maria e a Santíssima Trindade para onde se dirigir mantendo uma vinculação profunda ao Santuário local onde habita Maria, este carrega consigo a certeza de que Schoenstatt é um lugar original de graças 83


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da Mãe e Rainha e antes de tudo, um lugar de transformações espirituais, fato que não impede que ocorram curas corporais. “Desdobrando este “Mistério”, encontramos três elementos constitutivos: a) a vinculação local; b) a fecundidade universal (da Mãe e Rainha) em Schoenstatt; e, ambas como resultado; c) da livre ação divina e da cooperação humana, livre e pessoal”. Eis a “Missão” de Schoenstatt: criar “um novo homem, numa nova ordem social” (sociedade verdadeiramente cristã), donde se compreende o lema schoenstatteano: “nada sem ti”(Mãe); “nada sem nós!”(teus filhos). No dia 11 de outubro de 2012, o Santuário da Mãe e Rainha, em Ouro Preto - Olinda, completa 20 anos de sua fundação, numa demonstração inconteste da presença da Mãe , Rainha e Vencedora, Três Vezes Admirável de Schoenstatt, na vida dos nordestinos marianos que se acham “vinculados” a ele.. Dia 25, dedicado a Frei Galvão, o 1º Santo brasileiro cujas pílulas de papel, vem realizando prodígios de cura em várias regiões do Brasil. Foi beatificado em 1998 pelo Papa João Paulo II, que escolheu esse dia para proclamar sua santidade. Em Guaratinguetá, sua cidade natal, há uma igreja com seu nome e seus devotos continuam produzindo as pílulas de papel e distribuindo-as para todo o Brasil. Há ainda muitas outras comemorações neste mês de outubro, tais como o Dia dos Comerciários, Dia do Funcionário Público, etc, etc....

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As festas religiosas são comemoradas pela Igreja, porém cada Paróquia enfatiza o Santo que é Padroeiro de sua comunidade geral, mais os Santos de suas comunidades locais; podemos tomar como exemplo a Paróquia de Ouro Preto, que tem São Lucas como seu Padroeiro, comemorado por toda a comunidade com bandeira, novenário, procissão e parque de diversão para deleite da criançada. A comunidade de Nossa Senhora Aparecida, pertencente à Paróquia de Ouro Preto, cultua Nossa Senhora Aparecida, realizando uma grande festa em homenagem a sua Padroeira, que também é Padroeira do Brasil. Podemos ainda citar dentro da Paróquia de Ouro Preto, a comunidade de Nossa Senhora da Conceição que comemora sua Padroeira. Outubro de 01 a 31, também é integralmente dedicado ao Rosário, sendo o dia 07 dedicado a Nossa Senhora do Rosário. Outubro – 2012

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APRESENTAÇÃO DO MENINO JESUS NO TEMPLO “Sobe a Jerusalém, Virgem oferente sem igual. Vai e apresenta ao Pai teu Menino Luz que chegou no Natal!”

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ma das passagens mais belas e significativas do Evangelho de Lucas, o Apóstolo de Maria, é a Apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém. Maria e José sabedores ser Jesus o Messias Prometido, mesmo assim, humildemente dirigiram-se ao Templo para cumprir a determinação da Lei Moisáica, que exigia: “todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor.” Quarenta dias após o nascimento da criança, mãe e filho deveriam se apresentar ao Senhor, no Templo, para a purificação de ambos, levando um par de rolinhas ou pombinhos ou outra dádiva, conforme a situação financeira de cada casal. É aí que começa nossa meditação: 1) Maria e José sabiam que seu filho era o Messias Prometido, o Filho de Deus, o Enviado do Pai, o Senhor Deus em forma de criança para que o mundo pudesse conhecê-LO, já que as alianças anteriores feitas com os homens através de Moisés, Abraão, Noé e outros, haviam fracassado. Maria e José dando um exemplo de humildade e obediência às leis vigentes, tomaram sua criança, um par de rolinhas, pois eram pobres e não podiam fazer oferta mais significativa e rumando ao

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Templo fizeram em silêncio “a apresentação do Senhor Jesus ao Senhor Deus!” 2)Maria e Jesus se apresentaram para ser purificados. Maria, a Imaculada, a Escolhida; Jesus, o Filho de Deus feito homem, o Messias Prometido.... mas a humildade do casal, silenciosamente adentrou o Templo de Jerusalém e cumpriu todo o ritual como se fossem pessoas comuns. É inconcebível em nossa cabeça humana pensar: Jesus e Maria se submetendo a uma purificação; Eles, a pureza infinita, divina e personificada. 3)Maria levantou em seus braços o Menino, apresentando-O ao Senhor; Ela com esse gesto tornou-se a 1ª Patena da terra a elevar e apresentar o Senhor Jesus, ato sagrado que acontece durante a celebração da Santa Missa. 4)O ancião Semeão e a viúva Ana que viviam no Templo, profetizaram coisas que José e Maria guardaram em seu coração, sem confirmar para aquelas pessoas consagradas a Deus, que na verdade eles estavam diante do Messias. Silenciosos permaneceram apenas ouvindo-os com atenção e humildade. 5)O dia em que Jesus foi apresentado no Templo e Maria foi purificada, deve ser relembrado como um dia especial da humildade, da obediência, como também servir de exemplo para toda mãe que imitando Maria, deverá apresentar seu filho ao Senhor, porque mesmo sendo Jesus o Messias Prometido, sua Mãe O elevou e O ofertou ao Senhor. 87


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6)Peçamos a Maria que purifique nosso coração , a fim de que possamos amar seu Filho Jesus com maior intensidade e pureza, eliminando mágoas, ressentimentos, rancores que impeçam a morada da Sagrada Família em nosso SantuárioCoração. 7)Peçamos a Maria e José que eles nos revistam da humildade e simplicidade que Deus os dotou para que possamos nos sentir verdadeiros Filhos purificados no Amor de Deus. 8)Peçamos a Nossa Senhora da Purificação a graça de purificar nossa alma, nossa mente, nossas ações, nossa língua para que possamos merecer a saúde do corpo e da alma, a fim de um dia subirmos puros para a morada eterna do Pai.

Nossa Senhora da Purificação ou Nossa Senhora da Saúde é comemorada no dia 02 de fevereiro, tendo em vista a purificação de

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Jesus e Maria. Alguns lugares ficaram consagrados à Nossa Senhora da Purificação, como na Bahia, onde é comemorada com muito fervor, inclusive no sincretismo religioso. Já em outras localidades o dia é consagrado à Nossa Senhora da Saúde, como no Recife no antigo bairro do Poço da Panela, quando em épocas passadas havia uma grande festa religiosa com novenário, procissão e festa popular com parque de diversão para os devotos usufruírem os brinquedos após os atos religiosos. Há alguns anos, o Poço da Panela era um local anualmente atingido pelas enchentes do rio Capibaribe, dado o bairro ser margeado por esse rio. Durante o novenário, havia uma preocupação dos fiéis: observar se o vento virava a Bandeira de Nossa Senhora, deixando-a de costas. Caso isso acontecesse os moradores já ficavam esperando a enchente que certamente chegaria no inverno. Fato contrário, se a Bandeira permanecesse sempre de frente, a alegria dominava os moradores porque naquele ano não iriam sofrer os prejuízos das cheias do Capibaribe e a festa tinha mais vibração. O fato é que o imaginário popular, perdeu sua força com a construção do sistema de represas que livrou uma boa parte do Recife das perigosas enchentes que desabrigavam grande parcela da população. A festa do Poço da Panela passou mas, o costume de reverenciar Nossa Senhora da Saúde no dia 02 de fevereiro permanece, pelo menos na mente dos mais idosos que sempre entregaram sua saúde do corpo e da alma, à Pureza de Maria.

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Nossa Senhora da Purificação, purifica minha alma, minha mente, minha língua, meus pensamentos, minhas ações, todo meu ser! Nossa Senhora da Saúde, concede saúde à minha alma e ao meu corpo, a fim de que Tu e Teu Filho, sempre habitem meu coração!.... Fevereiro-2013

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MARIA E JOÃO, O EVANGELISTA E SUA GLORIOSA ASSUNÇÃO “Seu Filho ao morrer nos deu imenso tesouro, Pois no-la deu por Mãe, que ao Pai nos vai guiando.”

S

abemos que Jesus minutos antes de expirar na Cruz, disse a João, o Discípulo Amado: “Eis aí tua mãe”! E voltando-se para Maria, Sua Mãe, disse-lhe: “Eis aí teu filho”! Com essas palavras, Jesus estabeleceu que a partir daquele instante, Maria seria nossa Mãe, e João, nosso representante. Maria, assumiu a incumbência que Seu Filho lhe dera e cuidou também dos demais Discípulos, encorajando-os, permanecendo com eles no Cenáculo durante a perseguição desencadeada aos cristãos após a Ressurreição do Cristo Jesus. Eis um dos motivos pelos quais Maria é “Mãe da Igreja Nascente”! Ela estava junto aos que receberiam o Paráclito e difundiriam os ensinamentos de Jesus a todos os povos. Maria só se separou dos Discípulos, seus “novos filhos” quando cada um seguiu confiante, após o batismo do Espírito Santo, caído sobre eles em forma de “línguas de fogo”. A partir daí começou sua vida ao lado de João, o Evangelista. Este, como bom filho, acolheu Maria em sua casa e dela cuidou tratando-a como sua verdadeira mãe.

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Podemos imaginar o relacionamento materno-filial de ambos... Maria, cozinhando para ela e João; este trabalhando para sustentar a ambos, sem deixar sua Missão Evangelizadora de ensinar a Boa Nova de Jesus. João sentado aos seus pés, a ouvi-la embevecido após pedir-lhe que falasse sobre as diversas fases da vida de Jesus: seu encontro com Isabel e o nascimento de João, o Batista; sua fuga para o Egito, escondendo-se de Herodes; como se comportava José sabendo que tinha sob sua responsabilidade o Messias Prometido; seus cuidados de pai e protetor de uma família estabelecida por Deus.... Para João devem ter sido horas de deleite e aprendizagem sobre o Mestre a quem tanto amara e que continuava a amar. Mediante mergulhos tão ousados de nossa fé religiosa, tornase inenarrável o imaginar e descrever sobre a felicidade de João sentindo-se responsável pela “Escolhida de Deus”, pela Menina de Nazaré que recebeu a visita do Arcanjo Gabriel para anunciar-lhe que seria a “Mãe do Salvador do Mundo”. O que se passaria na cabeça de João, diante de tanta responsabilidade e tanto amor pela tarefa que lhe fora destinada pelo próprio Jesus? Assumir Maria, a Co-Fundadora da Igreja Nascente! E assim seguiam uma vida contemplativa, mãe e filho, sendo o assunto preferido de ambos, Jesus, o Redentor da Humanidade aquele que selou a “Eterna e definitiva Aliança de Deus com os Homens!”. Pensemos também um pouco na alegria de João ao acolher em sua casa, aquele que veio a ser chamado o “Evangelista Mariano”, 92


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Lucas, o médico vindo da Grécia por ouvir falar sobre os prodígios de Jesus, mas quando chegara a Jerusalém, Jesus já havia sido martirizado. Em sua ânsia de saber sobre as maravilhas que o Mestre realizava entre seus seguidores, Lucas localizou Maria e procurou ouvir diretamente da fonte, o relato sobre a vida do Messias; daí ser exatamente Lucas, aquele que em vida não conheceu Jesus, mas o seu Evangelho, traz a narrativa completa do relacionamento Maria/Jesus, desde a Anunciação do Anjo Gabriel. Lucas soube ouvir, guardar em seu coração e posteriormente registrar o que aprendera com Maria, tornando-se um dos quatros Evangelistas contidos na Bíblia. João continuou sua vida tranqüila amando sua mãe e nossa, por determinação de Jesus. E João soube usufruir da distinção mariana que Jesus lhe concedera: amava Maria profundamente e se sentia amado pela Mãe do Messias. O desvelo era recíproco! O tempo passou e Jesus sentiu que era hora de mandar buscar sua Mãe para permanecer definitivamente ao seu lado no Céu. Maria já havia cumprido seu papel de Mãe e Co-fundadora da Igreja, portanto deveria partir, subir aos Céus para permanecer junto à Santíssima Trindade a quem se unira anos atrás por meio de um corajoso e humilde “SIM” dado ao emissário de Deus, o Arcanjo Gabriel. E assim, João vendo-a adormecer viu também uma legião de anjos adentrar sua casa e elevá-la aos Céus, diante de seus olhos umedecidos pela saudade antecipada do convívio com sua mãe. Ele sabia que um dia Jesus haveria de resgatá-la e levá-la assunta aos Céus, 93


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pois jamais Ele permitiria que o corpo incorruptível de Sua Santa Mãe se tornasse pó, como o de qualquer mortal. O dogma da Assunção de Maria nos faz ver e sentir a sua gloriosa Assunção e a recepção festiva da Santíssima Trindade coroando-a como Rainha do Céu e da Terra. Nossa Fé também vê a alegria de Seu Filho Jesus recebendo-a e colocando-a em um Trono especialmente preparado para que Ela permanecesse ao seu lado por toda a eternidade. MARIA RETORNA PARA JUNTO À SANTÍSSIMA TRINADADE, DA QUAL É FIGURA INTRINSECAMENTE LIGADA AO DEUS TRINO! Queremos aqui ressaltar que Maria não é uma das “Pessoas” da SS. Trindade, mas está ligada à Trindade Santa por determinação divina e sua ligação Trina, ficou estabelecida quando pronunciou o “SIM” aceitando ser a Mãe do Messias Prometido. O dia 15 de agosto, marca um dia de glória celeste, o Dia da Assunção de Maria aos Céus. Apesar de todas as honrarias concedidas à Mãe de Jesus, é bom refletirmos que Maria não é o centro da Igreja, mas está no centro, ao lado do Seu Filho Jesus, que é o Fundador do Cristianismo e como Mãe, amparando-nos como a Grande Intercessora. Após a Assunção, João retomou sua vida cuidando da difusão dos ensinamentos do Mestre e deixou um legado escrito muito importante para Igreja, contido na Sagrada Escritura, quer como Evangelista, quer como escritor de Epístolas e do último texto da 94


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Bíblia, o polêmico Apocalipse. João morreu com idade avançada conclamando: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros!” PS. Em Éfeso, na Turquia, ainda hoje existe a casinha em que Maria e João habitaram e que pode ser visitada por qualquer peregrino que deseje conhecer o local no qual viveram mãe e filho, e ainda usufruir da fonte que jorra ao lado. Agosto - 2013

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COMO COROAR MARIA? “Não há como se comparar. Perfeito é quem Te criou. Se o Criador Te coroou: Te coroamos, ó Mãe, Te coroamos Nossa Rainha!”

A

ntes de respondermos à pergunta “COMO COROAR MARIA ? necessitamos refletir sobre outros questionamentos: “por que coroar Maria?” e “quando coroá-la?”. Tentemos explicar tão complexo e simples assunto! Por que coroar Maria? Comecemos dizendo que Maria é Mãe do Rei Jesus Cristo; no calendário católico temos a Festa de Cristo Rei. Orações antigas conclamam a realeza de Maria, chamando-a Rainha: ex. Salve Rainha, Ofício de Nossa Senhora, Ladainha Lauretana que a invoca como Rainha da Paz, Rainha dos Apóstolos, Rainha dos Mártires, Rainha da Família, Rainha da Igreja, Rainha dos Anjos, entre outras invocações. As imagens que representam a Anunciação do Anjo, a Apresentação de Jesus no Templo, a Virgem Dolorosa, a Assunção aos Céus ladeada por anjos, Nossa Sra. da Conceição lembrando a imaculada concepção de Maria através de Anna, ou seja Sant'Anna, nessas Maria ainda não fora coroada no céu. Se algum artista incauto colocar uma coroa em qualquer uma dessas representações, ele é um profundo desconhecedor da história da Mãe de Deus e dos dogmas maria96


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nos. Às vezes, vê-se uma imagem da Imaculada Conceição coroada; mesmo que a Imagem represente a Imaculada Concepção de Jesus pela Virgem Maria, como algumas pessoas equivocadamente falam, mesmo assim, a Mãe de Jesus ainda não havia sido coroada pela SS. Trindade. Maria só foi coroada pela Santíssima Trindade após sua Assunção, quando o Pai, o Filho e Espírito Santo a coroaram como Rainha do Céu, e nós aqui na terra, devemos coroá-la como Rainha do Céu, da Terra, da nossa Pátria, da nossa vida, do nosso lar, do nosso trabalho, da nossa família, das nossas dificuldades e das vitórias alcançadas. Algumas invocações representam Maria com seu Filho Jesus nos braços, ostentando ambos uma coroa, a exemplo de Nossa Sra. do Carmo, Nossa Sra. Auxiliadora, Nossa Sra. do Perpétuo Socorro, entre outras. Essas representações estão corretas, por terem surgido muitos séculos após a Coroação do céu, pois “não há Jesus sem Maria, nem Maria sem Jesus!” Devemos saber que toda coroação é símbolo e expressão de amor e reconhecimento de poder, e Maria ao ser coroada pela Trindade Divina, foi reconhecida e eleita como Rainha dos Anjos, dos Santos, dos Profetas, dos Mártires, de toda a Corte Celeste. O ato da Santíssima Trindade explica o porquê de coroarmos Maria, como nossa Rainha: Ela é Mãe de Jesus Cristo e nossa Mãe! Ela tem poder concedido pela Trindade Bendita. E quando coroá-la? Coroar Maria é um Ato de Gratidão por 97


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tudo o que dela recebemos; é uma forma de testemunhar sua intercessão por seus filhos, além de ser um Ato de Confiança e um Ato de Súplica. O perigoso momento político social que o Brasil atualmente atravessa demonstrando uma insatisfação manifesta pelos brasileiros de Norte a Sul do País, nós católicos marianos, temos o dever de coroar Maria como Rainha da Paz, Rainha de um Novo Brasil Cristão, Rainha de uma Nação Justa e Honesta, Rainha do Povo Brasileiro, Rainha de uma Nação Mariana, formando uma corrente de súplica e confiança à Mãe de Deus. Tendo Maria como nossa Rainha, podemos confiar no futuro da pátria e da família; afastarmos a insegurança em relação aos nossos jovens quanto às drogas e bebidas, que os vivem ameaçando e aprisionando; em cada momento que as coisas não dão certo; e ainda nos momentos de vitória, agradecendo a intercessão da Rainha. Podemos coroar Maria, diariamente como Rainha da nossa vida ou em qualquer momento de necessidade. Podemos coroá-la com o coração, sem termos nas mãos uma imagem da Santíssima Virgem ou uma coroa concreta. O nosso coração contrito e em silêncio poderá coroá-la em qualquer recinto. É muito importante que esse ato realizado continuamente não seja banalizado, porque estamos coroando uma Excelsa Rainha, 98


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que é Mãe do Deus Filho e nossa Mãe, merecendo assim todo o nosso carinho e respeito de filhos e servos da Rainha. Como coroar? Com respeito, amor, piedade e alegria, mais a consciência de que o Ato de Coroação é um reconhecimento do poder da Rainha e que lhe foi atribuído pela Santíssima Trindade. Preparar um ambiente digno com muito amor e beleza, sem luxo, porque a Mãe de Deus e nossa, quer um coração puro que a ame verdadeiramente, desprezando os excessos, porém que seja próprio para receber a Rainha do Céu e da Terra. Apenas flores, velas e cânticos adequados, que alegrem a Rainha. Oferecimento do Ato de Coroação pela intenção que levou a coroar Maria. A piedade, o amor, devem estar presentes no coração de todos e a oração do Ato de Coroar deve ser recitada pelo dirigente e repetida por todos. Segue-se a Coroação propriamente dita, colocando-se com muito fervor a Coroa na augusta cabeça de Nossa Senhora. O coração de cada participante, principalmente dos responsáveis pela Coroação, deve estar puro, limpo, contrito e convicto que a Rainha está presente e tem poder para conceder-lhe a graça desejada e que estão diante da Rainha do Céu e da Terra. Deve sentir que esse gesto é sua expressão de amor; sentir o coração inundar-se de uma alegria santa, deixando crescer a confiança e a certeza da vitória. Convido você que está lendo este artigo, no dia 16 de julho, dia de Nossa Senhora do Carmo, coroá-la como Rainha e Defensora do Brasil e termos a convicção de que Maria é nossa Mãe, Rainha de nossa vida, Vencedora de todas as nossas dificuldades e

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Admirável por ser Mãe de Deus; Mãe do Salvador; e Mãe dos Remidos, além de ter sido coroada pela Santíssima Trindade, porque ela é Filha do Deus-Pai; Mãe do Deus-Filho; e Esposa do Deus-Espírito Santo. Julho - 2013

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3ยบ CAPร TULO: O Filho de Maria:


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OS DISCÍPULOS DE EMAÚS E A RESSURREIÇÃO DO CRISTO “Comei o pão é meu Corpo Imolado por vós, perdão para todo pecado. Comei! Tomai! É Meu Corpo e Meu Sangue que dou. Vivei no Amor, Eu vou preparar a Ceia na Casa do Pai!”

S

omos na maioria das vezes iguais aos discípulos de Emaús, caminhamos lado a lado com o Senhor e não O reconhecemos. Entretanto, Jesus diariamente fica à nossa frente, mas nosso coração assoberbado pelas coisas do mundo, não consegue percebêLO. Foi preciso que Ele abençoasse o Pão e O repartisse para que os olhos humanos, chorosos e tristes daqueles caminhantes desiludidos, O reconhecessem. O Evangelista Lucas, no Cap.24, dedica os versículos de 13 a 35 à caminhada de Jesus ao lado dos dois discípulos que se dirigiam a Emaús, inconformados com a barbárie cometida com um homem, um profeta que só fazia o bem ao povo. Eles andavam apressados para contar o sucedido ao povo daquela cidade, pois amavam Jesus de Nazaré, e criam ser Ele o Messias Prometido nas Sagradas Escrituras. Lastimosos e indignados, conversavam entre si sobre o ocorrido em Jerusalém, quando um 102


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caminhante vendo-os em tão alta prosa, se achegou a eles perguntando sobre o que tanto comentavam. Jesus, o caminhante anônimo, ouviu uma censura deles: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que ainda não sabe o que aconteceu lá nestes dias!” Jesus lhes perguntou: “O que foi?” Mostrando conhecimento profundo sobre os detalhes da morte do Cristo, eles discorreram sobre o assunto, lamentando a falta de confirmação da Ressurreição do Cristo, muito embora o Mestre houvera prometido aos seus Apóstolos, que no 3º dia ressuscitaria e algumas mulheres atestarem que Ele estava Vivo, pois o túmulo se achava vazio. Mas, apesar de seu amor por Jesus, este não teria se apresentado a eles confirmando sua promessa de ressurgimento. E Jesus continuava caminhando com eles, sem ser reconhecido, mesmo explicando-lhes que as mensagens das escrituras já falavam sobre um Messias que não seria de imediato aceito e sofreria maus tratos determinados pelos poderosos da época! Os discípulos, entre admirados com a sabedoria daquele peregrino e enternecidos pela meiguice emanada dele, O escutavam com muita atenção, até que a noite ameaçou cair e resolverem parar em um abrigo, adiando o objetivo de sua viagem para o dia seguinte. Jesus, continuou andando e eles disseram: “Fica conosco, já é tarde, amanhã chegaremos com segurança a Emaús!” Jesus aceitou e permaneceu com eles. Na hora da ceia, o Peregrino companheiro pegou o Pão, abençoou-O e repartiu com 103


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eles; no mesmo instante, os olhos da alma reconheceram que haviam caminhado todo o percurso com Jesus, sem O reconhecer... Também assim acontece conosco no dia a dia: Jesus se coloca ao nosso lado, mas os acontecimentos marcantes, os rancores advindos das contrariedades, as manchetes em si, desviam nossa atenção daquilo que o coração sente , impedindo que os olhos da fé vejam e sintam Jesus caminhando Vivo e Vencedor da Morte de Cruz. Para vermos Jesus Ressuscitado, precisamos nos despojar dos sentimentos conturbadores que comprometem a nossa Fé. O coração necessita estar leve, saber perdoar e acima de tudo CRER NAS PROMESSAS DO MESSIAS. O coração precisa ser alimentado pelo Pão Eucarístico que nos fortalece, abre nossos olhos e nos deixa enxergar Jesus ao nosso lado, caminhando conosco na dura estrada da vida. Ressurreição, é vida! Ressurreição, é perdão! Ressurreição, é Amor! E Vida, Perdão e Amor, só podem ser vivenciados através da partilha do Pão, recebido sob o Véu da Eucaristia, Véu este que nos renova retirando a cegueira dos olhos da nossa alma. Aproveitemos esta Páscoa para renovação de nossos sentimentos cristãos, para refletirmos sob a mensagem que os Caminheiros de Emaús nos deixaram e procuremos descobrir Jesus: em todo irmão que passar ao nosso lado; nos acontecimentos que nos surpreendem; nas alegrias e tristezas que nos assolam; enfim, alojado em 104


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nosso coração de filhos. Percebamos um Jesus vitorioso, presente, visível e amorável, sempre nos tomando em seus braços paternais. Que a Eucaristia seja para todos nós, como o foi para os Discípulos de Emaús, o antídoto da cegueira espiritual. Alimentemos nossa alma! Jesus Ressuscitado nos espera sob o Véu da Eucaristia! Que o nosso coração alimentado pelo Pão Eucarístico, seja mais um Tabernáculo do Deus Vivo e Eterno, aqui na terra, a fim de que possamos VIVENCIAR A PÁSCOA DO SENHOR, que é a FESTA CENTRAL DO CRISTIANISMO! FELIZ PÁSCOA, MEU IRMÃO! Olinda, abril de 2012

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FELIZ PÁSCOA, JESUS! “Ninguém te ama como Eu. Ninguém te ama como Eu. Olha pra Cruz, esta é a minha grande prova. Ninguém te ama como Eu!”

J

esus, chegou a hora noa e nela Tu clamaste aos céus, dizendo: “Pai, em Tuas Mãos entrego Meu Espírito!” e Tua Cabeça tombou para o lado, em sinal que havias morrido. Neste momento, Maria, Tua Mãe e nossa, entre lágrimas e o coração dilacerado, segura Teu Corpo sem vida em seu colo. Jesus, eu sinto que posso chamá-la de minha Mãe, porque Tu mesmo a deste a mim antes de morrer ao recomendála a João, o Discípulo querido, dizendo: “Eis aí tua Mãe!” e para Ela: “Eis aí o teu filho!” tornando João, meu representante e de toda a humanidade. Obrigada, Jesus, pela Mãe que me deste! Enquanto isso, Madalena, Marta, Maria de Cleofas e demais mulheres diligenciam para limpar Teu Corpo e untá-lo com óleos perfumados. José de Arimatéia, Teu amigo, com sua influência social de homem rico, já disponibilizou o sepulcro que havia preparado para si, e aproveitando o prestígio que goza entre as autoridades da época, solicita a Pilatos o Teu Corpo para ser sepultado, fato que causa estranheza tanto a Pilatos como a Caifás. Tudo está sendo providenciado, mas Tua Mãe continua Contigo em seu colo. O mesmo colo que Te carregou, Te embalou quando eras pequenino e que agora segura

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um corpo adulto e inerte, sem vida, que será em breve sepultado. Ela chora silenciosamente, porém guarda em seu coração materno, a certeza de Tua Ressurreição, da vitória da Vida sobre a morte, porque Tu mesmo assim prometeste a Ela e aos Teus seguidores. Ao mesmo tempo que lágrimas rolam pela face de Maria, ela reflete: “quantos sacrifícios impuseram ao Meu Filho, que apenas quer salvar os homens, mostrando-lhes o Mandamento do Amor; quanta injustiça cometida para com o Filho de Deus que só fez externar para todos a vontade do Pai em celebrar uma Aliança Eterna e Definitiva com os homens, mas, Filho, Teu sacrifício não foi inútil e Tua Verdade será reconhecida e espalhada mundo afora. O Teu Sangue derramado, cujas gotas umedeceram a terra, há de purificar os corações empedernidos e a paz e o amor um dia tocarão o coração do homem!” Naquele enleio em que Tua Mãe se achava, os homens chegam e retiram Teu Corpo do colo materno para providenciar o sepultamento. Maria, abatida pela dor mas invencível pelo cansaço, segue com o pequeno cortejo para o horto onde está encravado o sepulcro. Ali Te depositam e lacram a entrada com uma enorme pedra para ninguém entrar. Apesar do “tudo terminado” ainda reina na cabeça daqueles que conviveram Contigo, a esperança de Tua volta, do Teu ressurgir entre os vivos... apenas Maria guarda em seu coração, não a esperança, mas a certeza de Te rever vitorioso, mostrando que a Aliança foi firmada com o Pai, a imolação do Cordeiro de Deus foi aceita e que Teu Sangue frutificará na terra.

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CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

Jesus, assim como Maria, Tua Mãe e minha Mãe, eu também creio em Teu ressurgir glorioso e por esse motivo, vou ficar em vigília a partir de agora até a pedra ser afastada e eu Te ver ressuscitado, fortalecido e glorioso aparecer na abertura da rocha. Jesus, eu quero me ajoelhar e beijar Tuas Mãos e Teus Pés, que guardam a marca da crucificação. Quero agradecer o sacrifício que fizeste por mim e pedir que me abençoes. Sei que só aparecerás nas primeiras horas do terceiro dia chamado por nós, Domingo da Ressurreição, mas eu quero permanecer em vigília Te esperando para poder comemorar a Páscoa dos homens que creem em Ti. Quero receber toda emanação vinda de Ti fortalecer-me na Fé e depois sair abraçando cada pessoa e dizendolhe: Feliz Páscoa para ti, meu irmão que crês na Ressurreição de Jesus! E juntos, comemorarmos o Dia dos Irmãos. Meu amigo, você que está refletindo estas linhas, e crer na Ressurreição do Cristo Jesus, eu estou lhe convidando para ficarmos unidos em vigília, esperando a hora gloriosa do Cristo Vivo espargir sobre nós e todos os nossos familiares, amigos e desafetos, aquela Luz que renova nosso coração refazendo-o, ressuscitando-o para festejarmos a Páscoa do Senhor, Glória do Cristianismo, porque a Páscoa é a festa central do Cristianismo!

Páscoa-2010

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Auxiliadora Leal

RESSURREXIT, IRMÃO! Glória, Glória, Aleluia! Glória, Glória, Aleluia! Glória, Glória, Aleluia! Louvemos ao Senhor!

O

Cristo ressuscitou! Vamos fazer fluir nossa Fé e reproduzir na tela da nossa mente o que aconteceu com o Deus Filho. Nossos olhos físicos não são capazes de enxergar a magnitude dessa cena, mas os olhos da alma podem contemplar a Glória do despertar de Jesus. Convido Você, meu irmão, a fazer comigo essa viagem inusitada e eminentemente cristã, deixando que nossas almas voem e se aproximem do local onde fora sepultado aquele Jesus exânime, de corpo esquálido e dilacerado pela dolorosa flagelação que Lhe fora imposta. Confiantes, adentremos o Sepulcro ainda fechado. Entremos sem medo e deixemos nosso coração agir e observar a Luz intensa que está irradiando aquele local. Acompanhemos o que se segue. Participemos irmão! Em meio à claridade que já se faz no interior do Sepulcro, uma Luz forte e rápida, semelhante a um relâmpago recai sobre o Corpo exangue de Jesus, que estremece e se move. Jesus está Vivo! Ele está acordando do Seu sono! Está abrindo os olhos e começa a se desvencilhar dos panos que O cobrem!... Incrível, por efeito da Luz do relâmpago, a energia desprendida do Corpo de Jesus é tão for-

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CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

te, que o pano de linho que O envolve, registra Sua foto; não, observando melhor, não se trata de um retrato, mas sim, a negativa de uma foto que está impressa naquele pano, apresentando Seu Perfil físico, Suas Chagas. Calmamente, Ele está se levantando... Torna-se inenarrável o sentimento que nos arrebata! O Corpo de Jesus está reconstituído, perfeito, sem as marcas deixadas pela flagelação, apenas as Chagas das Mãos e dos Pés estamos a ver. A emoção que nos domina não pode ser descrita, porque faltam palavras para expressá-la. Docemente, Ele nos sorri e o nosso coração é quem timidamente verbaliza porque as palavras não ousam sair de nossos lábios: “Senhor, estamos assistindo o momento glorioso de Tua Ressurreição! Estamos diante da maior Verdade que comprova seres Tu o Messias enviado, o Deus-Filho que se fez Homem para salvação de toda a humanidade. Permite Senhor, que beijemos Teus Pés!” Ele continua a nos sorrir e se desloca para um recanto do Sepulcro onde apanha uma túnica e um manto, cuidadosamente dobrados, perfeitos, intactos que só podem ter sido transmutados para aquele local, pela Luz do relâmpago, geradora da energia da Ressurreição. Toma Sua nova vestimenta e sem abandonar o sorriso acolhedor, reveste Seu Corpo, retornando ao Seu aspecto natural de quando pregava a Boa Nova para as multidões. Eu e você, meu irmão, estamos sem saber o que fazer, o que dizer diante do Cristo Ressuscitado e de tudo o que estamos vendo, além do efeito da Luz que nos envolve deixando-nos leves, flutuantes, diáfanos. Nossa cabeça se sente incapaz de formular um pensamento, apenas nosso coração sente o momento. Dominados por esse eflúvio divino, silenciosamente, decidimos 110


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tomar nas mãos nossos trêmulos corações e os entregar a Ele para que sejam abençoados. Coragem, precisamos ser fortes e dominar a emoção! Ele aceita a oferta e neste instante pega nossos corações, abençoa-os, recolocando-os Ele mesmo em nosso peito. Agora, Ele nos envolve em um doce abraço, do qual nem você, nem eu quer se apartar. Irmão, Jesus está a nos abraçar, a nos estreitar em Seus Braços, os mesmos Braços que foram abertos e crucificados! As palavras de São Paulo chegam a nossa mente: “Não sou eu mais quem vive mas, o Cristo que vive em mim!” Sim, estamos sentindo uma intensa fusão Crística! Com este abraço, este toque, não seremos mais as mesmas pessoas! Suavemente , Ele está se afastando de nós e como se as toneladas de rocha fossem pluma, empurra a pedra do Sepulcro, dirigindo-se ao exterior do túmulo, onde desaparece em meio aos soldados guardiões do local. Agora, estamos a sós, amigo, você e eu dentro deste grandioso cenário. Nosso coração parece que vai explodir de tanta emoção, de tanta felicidade, porque continuamos enleados pela doçura do Seu Abraço. Para nós, o tempo parou e só existe o agora, mas é imperativo viajarmos de volta ao nosso corpo, à vida quotidiana, à realidade terrena... Exultantes, contemos aos nossos irmãos quão maravilhoso foi este Encontro com o Deus Vivo, porque Páscoa é isto que nos foi concedido vivenciar: encontro, transformação, ressurreição do nosso ser, da nossa vida, deixar nosso coração ser tocado por Jesus, sentir Seu abraço amorável, participar da Vida do Cristo e deixar que Ele participe da nossa.

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CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

Vivencie você também, irmão que está lendo esta narrativa, porque a Glória da Ressurreição, você poderá vê-la tantas vezes quantas assim o desejar! Que diariamente, a Páscoa seja comemorada em nosso coração! Com carinho fraternal, envio meu abraço de FELIZ PÁSCOA, Auxiliadora. . Olinda, 24. 04. 2011

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UM SEGREDO DE NATAL “Ó vinde adoremos! Ó vinde adoremos! Ó vinde adoremos o Salvador!”

J

esus, quero Te contar um segredo: eu acompanhei José e Maria na peregrinação que eles fizeram em busca de um lugar para se hospedarem. Todas as portas estavam fechadas porque as hospedarias já estavam cheias e não havia mais lugar para eles nem para Ti que iria nascer naquela noite. Vi que Tua Mãe já apresentava os sinais de parto e José, angustiado implorava mostrando o estado de sua esposa. Alguém penalizado com a situação, indicou no final da rua, uma gruta natural que servia de estábulo para os animais se protegerem das noites frias. Ansiosos, corremos até o local e ajudei José a limpar o espaço. Deitamos Maria em cima de um monte de feno e transformamos o cocho no qual os animais comiam em um bercinho que pudesse receber-Te; tiramos o feno velho e colocamos um novo para melhor Te aconchegar. Olhamos para Maria e vimos que a hora era chegada: corri e coloquei água no fogo, enquanto José a acomodava melhor no monte de feno. Abri a mochila que guardava a Tua roupinha e mais umas vestimentas deles, e tirei-as para que José pudesse utilizá-las durante o parto. Ele estava extremamente nervoso 113


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

com o peso da responsabilidade, pois não havia quem o pudesse ajudar a cumprir o seu mister a não ser eu que também não tinha experiência nessa área. Começaram as contrações anunciando que o parto iria acontecer! Ajoelhei-me junto a Maria, coloquei sua cabeça em meu colo e José começou os preparativos para o Teu nascimento... Maria suava muito e eu enxugava seu suor com o seu manto que estava ao meu lado. Sua tez alva estava mais alva ainda pelas contrações que se repetiam agora mais rapidamente. José conheceu que a hora havia chegado e se posicionou para receber em suas mãos o Salvador do Mundo. Tu nasceste e aquela Gruta que até então estava com a iluminação bruxuleante de uma tocha, de repente clareou como se uma dezena de refletores tivesse sido acesa. Maria sorria Te vendo chorar como choram todos os recém nascidos e José Te envolvia em panos para cuidar de Tua higiene, retirando os vestígios de parto que ficam em toda criança. Ajudei José a limpar-Te e enquanto ele completava os procedimentos pós parto, peguei-Te com carinho e Te coloquei nos braços de Tua Mãe, que já esquecida do sofrimento Te acariciava e em silêncio Te adorava. Fui até José e disse-lhe: vai para junto de Maria e do Menino que do resto eu cuido. E pela primeira vez a Sagrada Família estava reunida: Maria, ainda trêmula, mas sorridente; José, extenuado pela responsabilidade, amparava Maria, e Tu meu Jesus, olhavas para eles com incontido Amor filial. É difícil descrever tal momento de intimidade entre os três. Desincumbir-me da tarefa assumida e voltei ao local e aí notei que uma estrela enorme e brilhante 114


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houvera se posicionado sobre a Gruta. A luminosidade era tamanha, parecia dia, fato que confundiu o galo levando-o a cantar e possivelmente pensar: ora como a noite passou rápida, parece até que não dormi o suficiente, mas vou continuar minha tarefa. Em minha perplexidade, admirei tudo aquilo que acontecia ao meu redor. Vi e ouvi um coro de anjos cantando: “Glória a Deus nas alturas e Paz na terra aos homens por Ele amados!” José e Maria, atentos escutavam o cântico angelical e rendiam graças pelo nascimento do Menino. A Gruta estava fria, mas os animais que costumavam pernoitar ali, foram chegando devagar e se acomodando em um recanto, contribuindo destarte com o calor que emanava de seus corpos a nos proporcionar uma temperatura suportável. Antes de José colocar-Te na Manjedoura, pedi que me permitisse tomar-Te em meus braços e acolher-Te em meu coração que já Te adorava silenciosamente. O que aconteceu à minh'alma, sentindo Teu coraçãozinho bater junto ao meu, impossível traduzir em palavras; apenas silenciar e sentir o calor de Teu Corpinho colado ao meu coração e deixar que lágrimas de agradecimento rolassem pelo meu rosto... Jesus, se a este momento insólito, eu posso chamar de Felicidade, então eu fui e sou profundamente feliz, porque me deixaste participar do Teu Natal, e é com este sentimento de Amor que perpassa todos os meus sentidos, que eu quero neste Natal de 2011, abraçar os meus amigos e familiares, pedindo que cada um transforme seu coração em Manjedoura e nela Te abrigue, para que permaneças em todos e que todos sintam o Teu 115


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

Amor Incondicional, na Noite Feliz de 24 de Dezembro. Obrigada, Jesus! Sempre Tua, Auxiliadora. Olinda, 22 de dezembro de 2011

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4º CAPÍTULO: Olinda, suas histórias, peculiaridades e ma zes:



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O SENHOR SALVADOR DO MUNDO O Padroeiro de Olinda “ Olinda, cidade heróica, monumento secular da velha geração. Olinda, serás eterna e eternamente viverás em meu coração....”

A

Festa do Padroeiro de Olinda, o Senhor Salvador do Mundo, ocorre no dia 06 de agosto e o novenário com as festividades religiosas acontecem na Catedral da Sé. A procissão em honra ao Padroeiro, percorre algumas ruas da cidade de Olinda, saindo da Matriz de São Pedro Mártir e se recolhendo na Sé. Por um longo período, as homenagens ao Padroeiro ficaram no esquecimento e o dia 6 de agosto era um dia comum sem qualquer referência ao Senhor Salvador do Mundo. Era como se Olinda não tivesse Padroeiro, ao contrário das demais cidades que se engalanam para festejar o vulto que protege e abençoa aquele local e sua gente. No final do século passado, um governo municipal resgatou a data, determinou o feriado municipal e buscou junto às autoridades eclesiásticas o apoio para a realização das celebrações religiosas, incluindo a grande procissão em justa homenagem ao Padroeiro da Cidade, dando ênfase à invocação que erroneamente era chamada São Salvador do Mundo, corrigindo-se para Senhor Salvador do Mundo, vez que o título se refere ao próprio Jesus Cristo, imolado na Cruz para “Salvar a Humanidade”, ou seja: Jesus Cristo, Salvador do

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Mundo. A imagem representativa do Padroeiro está na velha Sé de Olinda em dois locais: internamente em um dos altares e uma outra de grande porte no terraço lateral panorâmico, ponto visitado por todo turista que vai ao Alto da Sé. A imagem do Senhor Salvador do Mundo, é a figura de Jesus com o globo terrestre na mão, encimado por uma pequenina cruz. A correção feita pelo poder público tem seu mérito, porque ninguém se refere a Jesus chamando-O de São Jesus e sim, o Senhor Jesus, daí ser o Padroeiro de Olinda, o Senhor Jesus, Salvador do Mundo, cujo título sofreu uma elipse, tornando-se o Senhor Salvador do Mundo. A Catedral da Sé em épocas distintas sofreu três reformas que mudaram completamente sua arquitetura original, sendo essa última aquela que mais se aproxima de seu estilo primitivo, segundo os historiadores, pesquisadores e arqueólogos do Pernambuco. Essa igreja tem em sua construção um enviesamento que causa estranheza aos turistas, fato não percebido pelo próprio olindense, vez que se acostumou em vê-la assim desde criança. A história não explicita qual a razão do seu posicionamento, mas as pinceladas históricas que os historiadores nos oferecem nos permitem reunir os fatos e conhecer e comprovar um acontecimento do início da colonização de Olinda, que algumas pessoas chamam de lenda. Duarte Coelho, donatário da Capitania de Pernambuco, trouxe em sua comitiva, seu cunhado, o fidalgo Jerônimo de Albuquerque, irmão de Dona Brites de Albuquerque, a 1ª Capitoa do Brasil. Conta-se que Jerônimo sendo um jovem destemido e grande

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colaborador de seu cunhado, queria conhecer melhor o local onde estava morando e combater os índios que vez por outra atacavam os portugueses. Dentre tantas investidas feitas com seus comandados, decidiu sair com um pequeno grupo de soldados para observar melhor o terreno no qual Duarte Coelho começou a erguer seu palácio e as casas dos nobres, que com ele vieram para a nova Capitania. Estava sendo criada a 1ª rua de Olinda que tomou o nome de Rua dos Nobres, hoje, Rua Bispo Coutinho, situada no Alto da Sé e que faz a ligação entre a Academia Santa Gertrudes e a própria Catedral da Sé. Na sua incursão audaciosa, em determinado momento, percebeu que seria atacado por um grupo de índios em quantidade muito superior ao seu pequenino contingente, e rápido raciocinou que enfrentá-los seria um verdadeiro suicídio. Jerônimo de Albuquerque na sua fé católica, apelou para o Senhor Salvador do Mundo prometendo-Lhe que saindo são e salvo, mandaria erguer uma ermida em honra ao seu Salvador. Conhecedor de que os índios eram supersticiosos, traçou no chão um risco separando os dois lados, conseguindo transmitir-lhes uma mensagem: “aquele índio que ultrapassasse o risco cairia morto!” Acredita-se que um índio mais ousado, sem deixar de ser supersticioso, atravessou a demarcação e caiu desacordado, fato que provocou a debandada dos demais índios, que fugiram atordoados diante do que estava acontecendo. A história não faz menção ao destino do índio, se sofrera apenas um desmaio provocado pela emoção de ter ultrapassado o limite proibido ou se sofrera algum ataque cardíaco fulminante que o levou à morte, impressionado com a sentença do “homem branco”. Sabe-se que o 121


CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

fidalgo português criou respeito entre os índios que o consideravam um guerreiro valoroso e viviam ansiosos por sua captura, pois queriam “comer um pedaço de sua carne” para adquirir a coragem e valentia do “guerreiro branco”. Jerônimo reconhecido ao Senhor Salvador, mandou com a ajuda de seu cunhado Duarte Coelho, erigir o templo prometido, seguindo o traçado do risco que fizera no chão. Na coleção Anais Pernambucanos, do historiador Pereira da Costa, em várias descrições alusivas ao Séc. XVI, encontram-se indícios da veracidade da origem da Sé, mas torna-se necessário o leitor ser atento e juntar as peças do quebra cabeça distribuído em vários capítulos, para chegar ao termo desta história. Este fato histórico contém uma divergência entre os protagonistas da mesma: alguns historiadores a narram elegendo Jerônimo de Albuquerque, o autor da façanha segundo relato acima, enquanto outros, entre eles o renomado escritor Frei Antônio Santa Maria Jaboatão e o também respeitável escritor e historiador pernambucano Mário Sette, citam o fidalgo Vasco Fernandes de Lucena, componente da comitiva de Duarte Coelho, o herói do feito que pôs em debandada os índios caetés aquartelados em frente ao Palácio de Duarte Coelho, facilitando a atuação do Donatário em terras olindenses. Os autores, apesar de sua divergência quanto ao nome do herói, são unânimes em afirmar que a construção da Sé segue o risco traçado para assustar os gentios. A Sé de Olinda, primeiramente funcionou como igreja paroquial, sendo depois reconhecida pelo poder eclesiástico como

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Catedral de Olinda, igreja mãe destinada a abrigar o Episcopado Pernambucano. Com a evolução dos tempos, o episcopado passou a ser Arcepiscopado. O crescimento populacional do Recife exigia que o Arcebispado de Olinda, tornasse-se Arcebispado de Olinda e Recife, fato que transformou a Igreja da Madre de Deus, construída no Recife pelos Padres Oratorianos sediados em Olinda, em Concatedral, para também sediar e abrigar os atos religiosos arcepiscopais realizados no Recife, sem contudo a Catedral da Sé perder seu status de 1ª Catedral de Pernambuco e continuar sendo Sede do Arcepiscopado do Estado. O Palácio Episcopal de Olinda, sediado na Rua Bispo Coutinho, quase em frente à Sé, e desativado como sede do Arcebispado, abriga hoje o Museu de Artes Sacras, com peças que testemunham o apogeu da Cidade, além das relíquias sacras que carinhosamente são resguardadas, para que se visite e conheça o rico acervo religioso da fé cristã desenvolvida em Olinda. Agosto - 2012

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CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

AS PROCISSÕES DE OLINDA “Olinda cofre sublime, de vibrante tradição, Teu nome beleza exprime e produz inspiração.......”

N

o dia 22 de março fui para a casa do meu tio, à Rua do Amparo, a fim de ver a Procissão do Senhor Bom Jesus dos Passos que pára em frente à residência dele e vivencia a 6ª estação da Via Sacra. Meu tio carinhosamente prepara um altar em uma janela forrada com toalha branca, ornamentada com flores e velas que resguardam um crucifixo. Quando a Procissão se aproxima, o andor fica parado em frente à referida janela, enquanto os Sacerdotes fazem as orações. Momento tocante, emocionante, relembrando o martírio de Jesus.... A Procissão passou e eu fiquei a relembrar minha infância e adolescência, participando das procissões que subiam e desciam as ruas e ladeiras da minha Olinda e a me perguntar: Onde estão as Irmandades e Confrarias que acompanhavam as procissões? Que é dos anjinhos que davam um toque de celestial ao conjunto religioso? Onde está o povo, a multidão que respeitosamente seguia o cortejo? E outras indagações me apertavam o coração, quando retroagi no tempo e lembrei-me. As Procissões de Olinda e Recife sofreram uma desaceleração, após uma proibição pelo então Arcebispo

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Metropolitano de Olinda e Recife, D. Helder Câmara, que teve seus motivos, mas que ainda hoje não ficaram bem esclarecidos para a população religiosa. Dói no âmago da minh'alma, a falta da Procissão do Senhor Bom Jesus dos Martírios que abrigara meu avô, meu pai, meus tios, meus irmãos e depois com a criação da ala feminina, minha avó, minha mãe, minha irmã e a mim ainda tão jovem. Repito: não consigo entender a suspensão, porque as Procissões Quaresmais representam a vivência da Paixão, Morte e da gloriosa Ressurreição do Cristo, através de uma liturgia simples, compartilhada respeitosamente pela multidão que as acompanhava com fervor religioso. Todos compreendiam que a Procissão do Bom Jesus dos Martírios, representava a flagelação, a coroação de espinhos e o martírio que foram impostos ao Messias; a Procissão do Bom Jesus dos Passos, traduz a caminhada (os passos, as pegadas) até o Gólgata, carregando uma pesada cruz, caindo e sendo açoitado pelos soldados que comandavam o violento séquito; a Procissão do Senhor Morto, a sua dolorosa morte na cruz e a condução do esquife até o túmulo de José de Arimatéia, onde foi sepultado; a Procissão da Ressurreição, representa a glória, a alegria de Sua volta, a vitória da Vida sobre a morte, o cumprimento das palavras de Jesus que no terceiro dia retornaria aos vivos. Como se vê, as Procissões ofereciam aos fiéis uma forma simples de subindo e descendo ladeiras, participarem da liturgia quaresmal, meditando o sofrimento de Jesus e fazendo sua penitência.

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As divagações continuavam quando relembrei o ano fatídico de 1967 que defenestrou as Procissões de Olinda e Recife. Naquele ano foram proibidas as seguintes Procissões: Senhor Bom Jesus dos Martírios que saía da Igreja de São João dos Militares; Corpo de Deus que saía da Catedral da Sé, levando o Santíssimo sob um Pálio através das ruas olindenses, acompanhado pelo alunado dos colégios e escolas da Cidade, além do comparecimento de todas as Irmandades, Confrarias e Associações (Apostolado da Oração, Pia União das Filhas de Maria), realizando em locais pré-determinados, ato de Adoração a Jesus Eucarístico; São Sebastião, na Igreja de São Sebastião, no Varadouro; São Benedito e Nossa Sra. da Boa Hora, na Igreja da Boa Hora; Nossa Sra. do Carmo de Olinda, comemorada no último domingo do mês de julho; Ressurreição de Jesus, que saía às 6 horas da manhã do Domingo de Páscoa, da Igreja de São Francisco, dia consagrado à festa central do Cristianismo. Esta passou cinco anos sem sair porém, posteriormente houve a anuência de seu retorno; além das pequeninas procissões que diariamente percorriam as ruas de Olinda, levando a imagem de Nossa Sra. de Fátima ou outra invocação de uma residência a outra, fazendo Maria peregrinar entre as famílias. Ficaram livres da proibição: a Procissão do Senhor Morto; a do Senhor Bom Jesus dos Passos; a do Encêrro; a de Santo Antônio com seus lírios, que já não tem o mesmo esplendor. Abra-se aqui um parêntese e se destaque a Procissão do Senhor Salvador do Mundo, Padroeiro de Olinda, dia 06 de agosto,

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resgatada na administração do então Prefeito Germano Coelho, com Dom Helder Câmara acompanhando o cortejo. Essa, graças a Deus, até hoje continua! Com a proibição da saída dessas procissões, algumas Irmandades também feneceram, pois lhes faltava o incentivo de colocar na rua, o Santo ou Santa de sua devoção a quem tanto amavam. Sendo assim, desapareceram a Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Martírios, Confraria de Nossa Sra. do Amparo, Confraria de São Benedito, Confraria de Nossa Sra. da Boa Hora, Confraria de Nossa Sra. do Bom Parto entre outras. Então assomam à minha memória, aqueles baluartes que carregavam os andores com devoção, subindo e descendo as ladeiras: lembro Rui Moreira, Cabela Sales, Edilásio e Humberto Mendes, Roberval, Isnar Colombo, Solon Lavor, e outros mais da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, que zelavam cautelosamente diante de cada Nicho, a hora da encenação da Queda do Senhor. Com que amor eles sustentavam o andor, principalmente no Nicho da Rua 27 de Janeiro, na qual encenavam sob a emoção da multidão, as três Quedas de Jesus, posteriormente proibidas pelo Arcebispo Dom José Cardoso, mas que depois retornariam à tradição. Pensei em meu saudoso pai Bartholomeu Farias, Nenéu Farias, meu tio , Bartolomeu Cruz, o Bartinho, Luiz Monteiro, meu cunhado, Tonho China, Joel Cordeiro, Osvaldo Vilela entre tantos outros da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Martírios, que trabalhavam a semana inteira e nos domingos do tempo quaresmal, saíam

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de porta em porta pedindo um auxílio para que pudessem cobrir as despesas com ornamentação, banda de música, lanche para os anjinhos que se distraiam no longo percurso, comendo um tareco ou se deliciando com confeitos ofertados pela Irmandade. Pensei na Ordem Terceira de São Francisco e “vi” as figuras do Sr. João de Matos Guimarães, Sr. Olavo da loja dos Quatro Cantos, Sr. Agostinho da funerária, Francisco Advíncula do Cartório, Clídio Nigro e a sua mais famosa composição: “Olinda, quero cantar....” e quantos outros que a memória me trái agora. E o que falar dos demais abnegados das Irmandades que desapareceram? Apenas residem na nossa memória, na história religiosa de Olinda e nas bênçãos divinas que todos receberam por seu desprendimento. Ah, como era bom acompanhar as Procissões olindenses!

Abril - 2013

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OLINDA SAGRADA E PROFANA “Viva a Hóstia na praia tão linda, Onde em lírio se abre a cantar, Cantem o mar e os coqueiros de Olinda, Batam palmas aos hinos do mar!” “Olinda, quero cantar a ti esta canção, Teus coqueirais, o teu sol, o teu mar Fazem vibrar meu coração, de amor a sonhar Minha Olinda sem igual, salve o teu Carnaval...”

N

o mês anterior minhas reminiscências recaíram sobre as procissões de Olinda, a piedade do povo que as acompanha e a abnegação das Irmandades e Confrarias responsáveis pelas Procissões. Em meio aos meus devaneios, lembrei algumas pessoas que se destacaram no cenário religioso e assim, fui buscar Rui Moreira, Cabela Sales, Isnar Colombo, Roberval, Edilásio Mendes, Bartholomeu Farias, Manoel (Nenéu) Farias, Bartolomeu (Bartinho) Cruz, Luiz (Lula) Monteiro, Clídio Nigro, e muitos outros que garantiam as Procissões de Olinda. Esses e muitos mais nomes que aqui não há espaço para registrá-los, não só se empenhavam e empenham porque alguns estão vivos e conservam sua devoção quando as Procissões passam, como no caso de Cabela, Lula Monteiro e Nenéu, em cuja residência deste último, o andor pára e os padres dirigentes da Procissão dos Passos, celebram a 6ª Estação da Via Sacra do Senhor Jesus. 129


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É a Olinda religiosa que durante a Semana Santa, faz suas penitências subindo e descendo as ladeiras da nossa bela Cidade. Lembrei-me também do grande artista plástico olindense, Carlos Ivan de Melo, um dos responsáveis pelo resgate da Procissão do Senhor Salvador do Mundo, Padroeiro de Olinda, durante a administração do Prefeito Germano Coelho, e que com sua arte ornamenta os lindos andores das Procissões de Nossa Sra. do Carmo, no Recife; da Procissão do Senhor Bom Jesus dos Passos, de Olinda; do Senhor Salvador do Mundo, em Olinda; de São José, na Matriz de Casa Caiada e outras festas religiosas, sem esquecer os belos estandartes de instituições religiosas bordados e confeccionados por ele. Entretanto quando chega o Carnaval, nós vamos encontrar essas mesmas pessoas religiosas cuidando dos festejos de Momo, engajados com intenso entusiasmo nos preparativos de seus clubes, troças e blocos carnavalescos, sem que se descuidem de suas obrigações cristãs. O mesmo artista plástico Carlos Ivan, no período que antecede a folia momesca, já se acha super ocupado com a agremiação de seu coração, o famoso Bloco da Saudade, de quem é responsável pela idealização do tema a ser exibido pelo Bloco e confeccionador dos arranjos de cabeça e adereços de mão. Várias troças carnavalescas tiveram seus

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estandartes confeccionados por ele, como no caso da Troça Carnavalesca “Tá Maluco”, cujos estandartes (já se vão dois) além da confecção, ele os doou à Troça, motivado pela amizade e entrosamento que mantém com a família responsável pela “Tá Maluco”, a qual ele, Carlos Ivan, vai anualmente assistir a sua saída. Essa troca tem uma peculiaridade já tornada tradição: antes de ir para a rua, seus componentes se dão as mãos e em círculo (imenso) recitam o Pai Nosso, lêem um trecho do Evangelho e pedem a Deus que seu percurso seja protegido pelos Anjos, dando a todos a oportunidade de um desfile tranqüilo, animado, com um retorno alegre e descontraído. Os religiosos citados no primeiro parágrafo, também não fugiram nem fogem ao exemplo acima citado: Rui Moreira, um folião ativo que trabalhava e saía na sua (nossa) querida Troça Pitombeira dos Quatro Cantos, cantando o “...bate-bate com doce, eu também quero....”; Cabela Sales, Roberval e sua animada Troça Ceroula, que tem mais de 40 anos de existência; Bartlolomeu Farias, meu pai, no Carnaval tornava-se porta estandarte da extinta Troça Pijama; Nenéu, meu tio, representando o Zé Pereira, responsável pela abertura do Carnaval, o famoso “Sábado de Zé Pereira”, lembrando-se aqui que Nenéu fez o Zé Pereira mais animado que Olinda já tivera; Bartinho Cruz, filho de Candinho Cruz, o grande Presidente (por várias décadas) do Clube Vassourinhas de Olinda, participava da agremiação tão querida na Cidade; Edilásio Mendes, pertencente do famoso Clube Homem da Meia-Noite, presidia a agremiação animando e cantando “...lá vem o

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CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

Homem da Meia Noite, vem pela rua a passear, a fantasia é verde e branca, para animar o carnaval...”; Clídio Nigro com sua mais conhecida composição “...Olinda, quero cantar a ti , esta canção...”, alegria dos carnavais não só de Olinda, mas de Pernambuco inteiro; Lula Monteiro, meu cunhado, comprovava seu amor pela Troça Elefante de Olinda, posteriormente Clube (naquela época ferrenha adversária da Pitombeira dos Quatro Cantos), cantando o hino da Troça e frevando nas ladeiras de Olinda, demonstrando seu entusiasmo com o tema da fantasia apresentada. Hoje, Lula tem a idade do Homem da Meia-Noite (80 anos) e continua amando o Elefante. A memória me trái e não deixa que eu recorde os nomes de olindenses que pertenciam às Irmandades religiosas de Olinda e que eram também carnavalescos, cidadãos pertencentes a agremiações carnavalescas como: Cariri, Lenhadores de Olinda, Dona Sinhá, Marim dos Caetés, Camelo, Batutas de Olinda, Guaiamum na Vara, A Burra, A Zebra, Bloco Lírico Flor da Lira, no qual um dos Presidentes (quiçá o primeiro após o resgate), foi um cidadão cristão praticante, pertencente à Ordem Terceira de São Francisco, Professor Theodomiro Pereira, que também era um grande carnavalesco. 132


Auxiliadora Leal

Relembrei agora a grande bordadeira que residia à rua Prudente de Morais, veneranda Senhora Maria do Monte, a Dona Montinha, que confeccionava com perfeição, a fio de ouro, estandartes para as agremiações carnavalescas, como também bandeiras, estandartes e túnicas para os santos, principalmente os santos de roca que usam vestes de tecido, assim como Senhor Bom Jesus dos Martírios, Senhor Bom Jesus dos Passos, Nossa Sra. das Dores, Santa Madalena, o Senhor Morto e as imagens pertencentes aos cinco Nichos do Bom Jesus dos Passos, na Cidade Alta. É a Olinda Profana feita pelos mesmos homens que fazem a Olinda Sagrada! É o solo olindense sendo pisado pelos passos piedosos dos homens religiosos acompanhando suas procissões; é o solo olindense pisado pela alegria dos foliões que frevando ao som das orquestras de suas agremiações, saúdam o tempo momesco. Olinda é uma cidade festiva, que se destaca por sua participação em todos os ciclos comemorativos que envolvem o calendário social. Olinda se ufana de ter o melhor carnaval do mundo, como se ufana de guardar em seu solo o relicário das Igrejas e santos barrocos, um dos acervos mais bonitos e ricos do Brasil. O turista fica encantado com o carnaval e com as belezas naturais da cidade, além do conjunto religioso que o impressiona e cativa, voltando sempre para o visitar e admirar.

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CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

Salve Olinda, que faz o orgulho de seus filhos e a admiração de quem a conhece e dela se apaixona! Salve Olinda, que banhada pelo mar e caracterizada por seus coqueirais, deslumbra o visitante com as ondas brancas banhando os seus pés e com o abraço dos verdes coqueiros farfalhando para eles, convidando-os a sentirem o aconchego da Cidade e sua gente. É um convite para que subam e desçam suas ladeiras e façam o percurso que o Profano e o Religioso lhes oferecem. Abril - 2013

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Auxiliadora Leal

POSFÁCIO POR QUATRO MÃOS AMIGAS “ Os teus propósitos e os teus desígnios são os coloridos de tua vida”

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trevemo-nos a registrar neste livro em simples palavras, mas com imensa satisfação, os dons de uma grande amiga que sempre soube gerenciar suas atitudes e seu pensamento, procurando superar as dificuldades da vida , descobrindo na dor, a coragem e a força para conquistar o prazer de ser feliz através do amor a “Maria Santíssima” que zela, cuida e intercede por nós junto ao Pai. É um privilégio Divino saber falar tão bem sobre Maria, com tanto amor e tanta convicção. Quando você Dôra, fala em Maria, seu coração transborda de felicidade e de alegria, emocionando a todos que a ouvem, porque você fala com a alma, e sabe tocar o coração dos ouvintes com bastante sutileza. Este livro é o espelho onde a imagem de Maria é refletida na personalidade da autora, proporcionando sorrisos e palavras confortáveis para um público carente de informações verdadeiras e positivas sobre Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe. Maria Auxiliadora nasceu em Olinda, na Cidade Alta, onde plantou na alma de criança, o amor e o orgulho por esta cidade histórica, turística e Patrimônio da Humanidade.

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CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

Filha do Sr. Bartholomeu Farias da Silva e da Sra. Elizete Leal da Silva, que constituíram uma numerosa família de oito filhos, sendo Maria Auxiliadora a primogênita. Muito cedo conduziu sua vida com audácia de uma alma forte e lúcida, quando assumiu a responsabilidade de sua família, no momento em que sua mãe voltara prematuramente para a Casa do Pai. No silêncio da dor e emanada pelo espírito de Fé, tornou-se vencedora caminhando pelas portas do coração e pelas fronteiras do Amor. “ As sementes plantadas por Deus só Ele as colhe” As recomendações feitas por Dona Elizete nunca foram esquecidas por nenhum membro da família, sempre foram praticadas e vivenciadas, com a ajuda da querida tia Ivete Leal Lopes que passou a desempenhar o papel de uma segunda mãe, cujo espírito de doação sempre foi considerada por todos com muito amor e carinho. Auxiliadora fez seu Curso Primário no Colégio Santa Catarina, em Casa Amarela e os Cursos Ginasial e Pedagógico, na Academia Santa Gertrudes, em Olinda. O Curso Superior de Pedagogia, o fez na Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP. No desempenho de sua vida profissional, ensinou na Escola Particular Nossa Sra. dos Milagres (1º trabalho, cuja diretora Dona Edelazir Vital, a inesquecível Dona Edé, muito marcou sua vida profissional ); Escola Estadual Nossa Sra. do Monte; Grupo Escolar Sigismundo Gonçalves; Colégio Estadual de Olinda; Foi Co-Fundadora da Fundação Ensi136


Auxiliadora Leal

no Superior de Olinda – FUNESO; Chefe do Departamento de Estudos Pedagógicos durante várias gestões, Vice- Diretora e Diretora da Faculdade Olindense de Formação de Professores, entidade mantida pela FUNESO; Diretora do Centro de Humanidades da União de Escolas Superiores da FUNESO - UNESF; Coordenadora dos Cursos de Pós Graduação da UNESF. No Recife lecionou na Universidade Católica de Pernambuco, mais precisamente no Centro de Educação e no Colégio de Aplicação Pe. Abranches; trabalhou na Secretaria de Educação de Pernambuco, na Equipe de Currículo e Supervisão e na Assistência Técnica da Diretoria Executiva – DEXE. Foi professora na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, lotada no Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino, do Centro de Educação, até sua aposentadoria como Professor Adjunto IV. Por sua vida dedicada à Educação de Pernambuco, foi agraciada com a Medalha da Ordem do Mérito Bispo Azerêdo Coutinho pela Academia de Artes e Letras de Pernambuco; recebeu ainda o Diploma “Mérito Cultural Juscelino Kubitschek” concedido pela Ordem Internacional das Ciências, das Letras e da Cultura; Comenda concedida pela Fundação do Ensino Superior de Olinda, durante a comemoração dos 30 anos de existência dessa Instituição. Dôra enfrentou com muita garra e bastante responsabilidade os problemas que foram surgindo na FUNESO, tanto de ordem administrativa, como os financeiros, pedagógicos e acadêmicos, porém com sua coragem todas as dificuldades iam sendo sanadas e os problemas minimizados. Com seu carisma , sua simpatia e simplicidade procurava quebrar

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CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

os momentos de tensão, oferecendo às equipes debatedoras, aquele “pãozinho assado com café”, a fim de descontrair os colegas e manter um clima agradável e bastante tranqüilo na grande “Família Funesiana”, garantindo a unidade de pensamento e o crescimento da Instituição. Sempre foi estimada, admirada e querida pelos colegas, amigos e especialmente por seus familiares, tendo pelo seu pai uma referência especial e por sua genitora um cultivo de amor que nunca diminuiu com o passar dos anos. Deus lhe concedeu todas as graças necessárias, tornando-a filha fiel aos princípios de lealdade conforme o significado de seu próprio nome “LEAL”. Bom caráter, boa índole em relação aos seus gestos e as suas atitudes, proporcionando-lhe um espírito de religiosidade cristã em benefício de si própria e de todos que a cercam. Hoje aposentada, pertence à Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda – AALCO, da qual é um dos membros fundadores, ocupando a Cadeira nº 02, que tem como Patrono o Patriarca de Olinda: jornalista e historiador Gaston Manguinho. Desde 1987, engajou-se no Movimento Apostólico de Schoenstatt, participando da luta para a construção do 1º Santuário da Mãe e Rainha no Nordeste Brasileiro, situado no bairro de Ouro Preto, em Olinda. “Qualquer quantidade de informação que possamos ter, é uma gota de injúria diante do infindável oceano do saber.” Você, Dôra, tem o dom de poder penetrar na maravilhosa, simples e complexa característica da personalidade de Maria. 138


Auxiliadora Leal

É uma dádiva de Deus saber falar e escrever sobre a humanidade e santidade de “Maria”, como você o faz. Continue assim!

Somos: Berenice Bastos e Margarida Leopoldino, e com muito gosto fomos suas Colegas de trabalho na Secretaria de Educação, Universidade Federal de Pernambuco, FUNESO, e atualmente, somos ao seu lado, membros da Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda e antes de tudo suas Amigas, fatos que nos proporcionaram descrever sobre sua vida, sem necessitar “bisbilhotá-la” muito, pois vivenciamos “pari passu” nossos ideais educacionais, durante esses longos anos de boa convivência.

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OFERECIMENTO DO DIA “Hoje ofereço-vos Maria, As obras todas deste dia. Em vossas mãos ponho meu gozo, Meu trabalho e repouso, Meus desejos e pensamentos, Minhas preces e sentimentos, Minhas angústias e alegrias, Os sacrifícios silenciosos, Tudo o que me traz o dia Entrego a Vós, Maria.

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CAMINHANDO COM MARIA: Re exões e Reminiscências

CONSAGRAÇÃO A NOSSA SENHORA Ó minha Senhora e minha Mãe, eu me ofereço todo a Vós e em prova da minha devoção para convosco, eu Vos consagro neste dia: os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração, inteiramente todo o meu ser, e porque assim sou vosso(a), ó incomparável Mãe: guardai-me, defendei-me como coisa e propriedade Vossa. Amém.

ORAÇÃO DA CONFIANÇA Confio em teu poder e em tua bondade Em ti confio com Filialidade. Confio cegamente em toda situação, Mãe no teu Filho e na tua proteção.

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Auxiliadora Leal

FONTES CONSULTADAS LARRAÑAGA, Inácio - O Silêncio de Maria ARQUEJADA,Sandro - Maria tão Humana como nós MOVIMENTO SCHOENSTATT - Na Escola de Maria CURY, Augusto - Maria: a maior Educadora do Mundo MARTIN, SANTIAGO – O Evangelho Secreto da Virgem Maria GALVÃO, ANTÔNIO MESQUITA – O Rosto de Maria EDIÇÕES PAULINAS - Liturgia Diária LUCADO, Max - Seu Nome é Jesus MEGALE, Nilza Botelho – O Livro de Ouro dos Santos APOSTILAS DO MOVIMENTO DE SCHOENSTATT FERNANDEZ, Rafael – Vivendo em Aliança MORANDÉ, Hernán Alessandri – O que Significa o Santuário de Schoenstatt BÍBLIA SAGRADA – Editora Ave Maria Ltda GOOGLE – Consultas, Entrevistas com antigos olindenses moradores da Cidade Alta

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