SAMBA! Disse Cortázar, por meio de um trompetista de Jazz: ´´Eu sou o tempo!´´, ou algo parecido. O fato é que Jonnhy, o trompetista, quando tocava se sentia o próprio tempo. Era simplesmente, estava ali em qualquer lugar. A música lhe permitia ‘ser’ o tempo. Aqui não há trompetistas, não há Jazz e não há filosofias. Neste ensaio temos somente - e isso é o bastante - o olhar do espectador do Samba. Um pandeiro que saculeja, um tambor que retumba, um cavaquinho que afina, todos em seus ritmos, sem parar no tempo. A fotografia aqui, é um olhar que congela o instante, mas deixa fluir o movimento que abarca o todo no detalhe atento de quem olha com os olhos e ouvidos. O detalhe é o que sobressai, o detalhe do movimento, o momento exato em que o som e a imagem se confundem e é possível prever e sentir realmente o som. Quem vê, a exemplo de Jonnhy, ouve o Samba e sabe o que é o tempo. Este é um ensaio sobre uma banda de Samba - a Briga de Galo de Belo Horizonte - visto nas suas pequenas sutilezas, nos menores detalhes dos instrumentos e das mãos dos músicos em ação. Visto enfim por olhos menores, mais íntimos. É um ensaio sobre o movimento da música, sobre o tempo daquele que olha.
João Clemente
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