Humanitude - um imperativo do nosso tempo

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por isso de trabalho intencional a desenvolver na formação, que exige conhecimento, conscientização e aprendizagem de modos de transformar esse conhecimento em acção, intencionalmente pensada e formalmente legitimada. Que tabus se constroem ao longo do desenvolvimento profissional sobre o corpo no cuidado? Num estudo realizado em França (Mercadier, 2004) em que se entrevistou enfermeiros sobre o trabalho emocional dos prestadores de cuidados, concluiu-se que o corpo doente do outro era vivido pelas enfermeiras do estudo, como um corpo simbolicamente perigoso, em que as representações do sagrado e do profano ajudam a construir tabus que influenciam fortemente o cuidado. A autora diz, por exemplo, que a perda de “humanitude” constitui um arquétipo das situações de fronteira. É um estado que constitui um tabu maior do que o sexo e a morte, por ser mais receado, mais temível 11(p. 163). Como ensinamos a aprender um jovem de 18 anos que se está a construir em simultâneo como pessoa e como enfermeiro, a pensar-se a si mesmo e ao outro nestes diferentes papéis? Que ferramentas pomos à sua disposição e ensinamos a usar para lidar, integrar a complexidade, a incerteza, a unicidade no processo do cuidado? Como o ajudamos a aprender a relacionar-se com o corpo vivido do outro, corpo que conta uma história tantas vezes distante da que gostaria de viver? Tornar-se e ser enfermeira/o não é de modo nenhum fácil! Em resposta a algumas destas questões que enumerámos atrás e, com certeza a muitas mais, é hoje possível identificar um número crescente de estudos realizados em Portugal, em que a problemática central é “o corpo no cuidado de enfermagem”. Alguns que conhecemos12 foram Op. Cit. Referimo-nos, entre outros, aos estudos de Pereira Lopes – Os cuidados ao corpo da pessoa idosa com alterações dos processos cognitivos: um meio de dignificar a pessoa; do corpo sujo/limpo à primazia do cuidado à pessoa idosa no hospital. Um desafio ao conhecimento em enfermagem; proteger a identidade da pessoa idosa com alterações cognitivas: um desafio no cuidado de enfermagem; tapar e destapar a corporalidade da pessoa idosa: na trivialidade do

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