Angola minas outubro 2011 c

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ANO XVIII Nº 29 2º Trimestre/2011

Minas

SODIAM ARREBATA PRÉMIO DA FIMA 2011

BENJAMIM DOMBOLO “ JÁ HÁ ÁGUA E ENERGIA PARA OS PÓLOS INDUSTRIAIS” Director Geral do IDIA fala à este magazine sobre os pólos industriais 1


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Sumário

Índice Especial FIMA______________________________________ 6 Notícias_____________________________________8-14 Reportagem__________________________________14-15 Foto - Reportagem_____________________________16-17 Entrevista______________________________________18 Divulgação___________________________________ 21-31 Ciência & Técnica_______________________________32-44 Nossa Gente_______________________________________45

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Sede da Revista: Rua Ho Chi Min, C.P.1260 Luanda-Angola, Telemóveis: 923501535/ 923339788/912746601 Director: Dias Francisco Redacção: Dias Francisco, Garcia de Oliveira e Francisco Paulo Secretariado: Maria Pascoal Design e Paginação: Five Star Service , LDA Periodicidade: Trimestral Tiragem: 3000 exemplares Execução Gráfica: Damer Gráfica Colaboraram nesta edição: Geológa: Esperança dos Santos Engenheiros: Kayaya Kahala, Domingos M. dos S. Neves Margarida, e Engenheira Teodora Silva. Nota de Redacção: Todos os artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores


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Especial FlMA

DISCURSO DO MINISTRO DA GEOLOGIA E MINAS E DA INDÚSTRIA NA CERIMÓNIA DE ABERTURA DA 3ª EDIÇÃO DA FEIRA INTERNACIONAL DE MINAS DE ANGOLA Minhas Senhoras, Meus Senhores Pela 3ª Vez, responsáveis da FIL – Feira Internacional de Luanda e do Ministério da Geologia e Minas e da Indústria tomaram a iniciativa e conjugaram esforços para que a Feira Internacional de Minas de Angola fosse uma realidade. Para isso contribuíram dezenas de Companhias de Prospecção ou Exploração, prestadoras de serviços no domínio mineiro, Institutos, Instituições de Ensino, Representações Provinciais e Meios de Difusão Massiva. Para todos, vão os meus agradecimentos e o meu louvor por entender que a vossa iniciativa encerra a visão da grandiosidade que, com o esforço e dedicação de todos vós, o sector Mineiro terá num futuro não distante. Excelências, Senhores e Senhoras Começam a ser perceptíveis sinais de retoma no sector Diamantífero Angolano. • Os preços aproximam-se dos máximos históricos; • Alguns projectos estruturam-se em bases téc-

nico – económicas mais sustentáveis;

• Nalgumas áreas os trabalhos de prospecção e

avaliação de Reservas Diamantíferas dão sinais positivos;

• E é de se prever que nos próximos anos vere-

mos um incremento significativo e sustentado da produção diamantífera, com recuperação dos postos de trabalhos perdidos devido às consequências da crise económica e financeira, criação de outros, maior contribuição deste

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sector para o Produto Interno Bruto de Angola e para o bem-estar das comunidades Locais. Noutros sectores, nomeadamente no domínio dos materiais de construções e rochas ornamentais, são igualmente visíveis sinas de dinamismo. E queremos aqui salientar e mais uma vez agradecer a presença neste certame de empresas oriundas de várias Províncias como Huila, Namibe Bengo, Zaire Huambo, Bié e Uíge. Seguindo orientações de Sua Excelência Eng.º José Eduardo dos Santos, Presidente da Republica e Chefe do Executivo Angolano, sopram ventos no sentido da diversificação da actividade mineira e assim encontram-se em fase adiantada de


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Especial FlMA prospecção projectos no domínio dos fosfatos, cobre, ouro, terras raras, etc. esperando-se que nos próximos anos estes projectos resultam na produção destes minerais, à medida da sua viabilidade económica, na sua beneficiação no Pais, utilização para consumo doméstico ou exportação com valor acrescentado. Outros projectos, como o Complexo de Ferro de Cassinga já terão tempos de maturação mais longos, mas os trabalhos em curso resultarão com certeza na exploração lucrativa desses minerais, sua beneficiação, incremento das receitas fiscais, melhorias das condições de emprego e bem-estar para as populações e transferência e assimilação de tecnologia. Igualmente estendemos uma palavra de agradecimento àquelas companhias aqui presentes e não só, que não se dedicam à prospecção ou exploração de minerais, mas que prestam serviços especializados a estas e que assim contribuem decisivamente para o sucesso desta Indústria. Foi recentemente aprovado pela Assembleia Nacional, promulgado por sua Excelência Presidente da República, e encontram-se em fase de publicação o Novo Código Mineiro. Promoveremos com certeza sessões de esclarecimentos acerca do conteúdo desse novo Código. Permitam-me no entanto, Excelências, Senhoras e Senhores, que aproveite esta ocasião para dizer que esta iniciativa, encerra condições para o estabelecimento da Nova Parceria Público-Privada com vantagens para todas as partes. Com efeito este Código permitirá entre outros benefícios: • Aumentar as garantias contratuais dos in

vestidores;

Conferir ao Estado melhores garantias da capacidade das companhias operadoras para cumpri-

rem os programas de trabalho e acordos contratualmente; • Obter-se uma distribuição mais equitativa e consensual das receitas entre os investi dores e o Estado; • Abrir caminho mais amplo para a adição de valor no País, contra a prática de exportações de matérias-primas em bruto; • Proporcionar a mais rápida transferência de tecnologia e participação de companhias de serviço especializados de Direito Angolano na Indústria Mineira; • Maior atenção aos interesses e ao bem-estar das Comunidades Locais, assim como as questões ambientais; • Incrementar receitas fiscais, emprego, conhecimento humano de uma forma geral, incrementar o índice de desenvolvimento dos angolanos. Senhoras e Senhores A actividade Mineira não é de realização fácil.Situa-se normalmente em zonas remotas, bastante distantes, portanto dos grandes centros habitacionais. Apesar disso, exige tecnologia sofisticada, mãode-obra numerosa e especializada e avultados investimentos. Para a sua realização com êxitos normalmente conjugam-se conhecimentos, investimento, tenacidade e determinação. O facto de, apesar de nos encontrarmos numa fase ainda preliminar de desenvolvimento da nossa indústria mineira, as Senhoras e os Senhores promotores e expositores nos terem brindado com esta feira, é indício de um futuro promissor, que também auguro. 7


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Notícias

Jornadas da FESA

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ABORDADOS PLANO NACIONAL DE GEOLOGIA E CÓDIGO MINEIRO

XV jornada Técnico-Científica da Fesa serviu de pretexto para publicitar o Plano Nacional de Geologia e Código mineiro, dois instrumentos fundamentais para o relançamento do sector. Sob o lema “A industrialização no actual contexto de desenvolvimento de Angola”, o vento juntou especialistas nacionais e estrangeiros dos ramos da indústria, energia, águas, bancos, agricultura, florestas e pescas, de 20 a 23 de Setembro, no Palácio

dos Congressos, em Luanda. Na sessão de abertura, o ministro da Geologia e Minas e da Indústria, Joaquim David, exor-

tou as universidades angolanas a prestarem maior atenção e a incrementar a formação nos domínios da engenharia, ciências e administração pública.

CATOCA E ENDIAMA ASSINAM CONTRATOS DE CONCESSÃO MINEIRA prospecção de Projectos diamantíferos nas províncias da Lunda Norte e Lunda Sul.

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ndiam-EP, e Sociedade Mineira do Catoca, Lda. Assinaram em Agosto do corrente ano contrato de concessão para 8

De origens Aluvionares e kimberlíticos as referidas minas segundo fonte da Catoca estão assim distribuidas: Gambo, Gango, Quitubia,

Tchiassua, Vulege, Aluvionares. Gango, Luange Luaxi e Quitubia Kimberlitos. Faltam as duas empresas definir um plano de actividade de prospecção mineira nas referidas concepções que se juntam as outras já em fase de prospecção caso das minas do Luembe e Lapi segundo ainda a mesma fonte.


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Notícias

CONTRATO DE PARTICIPAÇÃO ENTRE ENDIAMA E ESCOM MINING Um contrato de associação e participação na concessão do Tchegi, nas províncias da Lunda-Norte e Lunda-Sul, uma mina de exploração aluvionar, foi assinado pela Endiama e a Escom Mining.

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Endiama terá uma participação de 60 por cento, enquanto que a Escom Mining terá 40 por cento. Na ocasião, Carlos Sumbula, presidente do Conselho de Administração da Endiama, referiu que o documento circunscreve a perspectiva de arrancar com as minas que devem ser prospectadas de forma a poderem identificarem-se novas reservas e criar empregos. Adiantou que a crise financeira deixou uma herança negativa no sector, com o desemprego e os baixos preços de diamantes.

Sumbula considerou que a estratégia seguida pela Endiama para mitigar os efeitos da crise deu bons resultados, uma vez que hoje o preço do diamante está acima do preço anterior à crise financeira internacional e já é possível arrancar com as minas que devem ser prospectadas. Referiu que o projecto prevê empregar 135 pessoas e, durante o período de seis a oito meses que vai durar a reavaliação de reservas, serão empregadas mais pessoas. No tocante aos investidores que abandonaram a actividade

mineira em Angola, António Sumbula considerou que tal se deveu mais a que os empreendimentos que lhes estavam cedidos deixaram de ter reservas economicamente viáveis. “Actualmente, são problemas que estamos a resolver”, afirmou adiantando que, com a melhoria do preço do diamante no mercado internacional, a Endiama fez uma campanha internacional em vários países e, como resultado disso, muitos investidores estão a chegar ou a regressar a Angola. “Muitos deles visitaram algumas concessões propostas e pode dizer-se que a actividade de prospecção e de exploração de diamantes começa agora, “frisou. A perspectiva para o presente ano, disse, é procurar manter o valor do diamante. “Quanto mais “stock” de diamantes fizermos, mais criamos défice no utilizador final e produzimos uma maior procura de diamantes. Consequentemente, produzimos um aumento de preço”, disse. Em 2010, afirmou, a Endiama empenhou-se em fazer “stock” de diamante, o que fez com que a procura de pedras angolanas aumentasse, com igual efeito sobre o preço. 9


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Notícias

VALIOSA JÓIA FOI EXPOSTA NA FIMA

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Angola Polishing Diamonds (APD)aproveitou a realização da FIMA para expor um anel com uma pedra de diamante incrustado, avaliado em 60 mil dólares norte-americanos, a mais cara daquela stand. No evento que decorreu no passado mês de Setembro, a APD vendeu mais de dez peças com preços variados tendo a mais barata custado 710 dólares norteamericanos. A Feira Internacional de Minas de Angola (FIMA), após um interregno de três anos, volta a ser realizada, entre os dias 23 e 25 do mês em curso numa parceria da FIL com o Ministério da Geologia e Minas e da Indústria. A feira – sob o lema:”pela diversificação da economia o foco é: relançamento do sector mineiro de Angola” – pretende dar um novo dinamismo ao sector que sofreu um forte revés devido à crise internacional. A FIMA tem também o objectivo de incentivar e promover o investimento, com a reactivação e relançamento da produção diamantífera e 10

do sector mineiro de Angola, e apresentar novos produtos e soluções tecnológicas aplicáveis ao sector, em particular as que visam aumentar a sua competitividade internacional. A partilha de conhecimento, envolvendo as associações do sector e os seus agentes económicos, e a apresentação à sociedade do plano estratégico para o sector são outros dos objectivos da feira. O presidente do Conselho de Administração da FIL elogiou, numa conferência de imprensa, as acções do Executivo que culminaram com a elaboração do Código Mineiro, que vai facilitar a captação de novos investimen-

tos para o sector. Matos Cardoso disse ser necessário que se promova uma nova estratégia para o sector que propicie um ambiente de investimento e exploração de outros recursos minerais e lembrou que Angola tem recursos que podem ser explorados. A FIMA, considerada a maior feira de Minas da África Austral, que tem como missão promover as potencialidades dos diamantes, ouro, granitos, rochas ornamentais, areia e burgau, ocupa um espaço de seis mil metros quadrados e dispõe de dois pavilhões. Está previsto que mais de 80 empresas exponham os seus produtos.


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Notícias

SODIAM VENCE PRÉMIO DIAMANTE 2011

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organização da FIMA 2011 distinguiu pela sua excelência na exposição de âmbito internacional as empresas Sodiam, com o Prémio Diamante 2011, o mais importante do evento, Auto Sueco, Endiama, ERNE, Barlworld, Projecto social Catoca, Coreangol e a província do Bengo.

realizada para o efeito. Projectada para reflectir o relançamento da produção diamantífera e dos sub-sectores de ouro, cobre, ferro, granitos, rochas ornamentais, areia e burgau, a Feira Internacional de Minas de Angola, edição 2011, cumpriu plenamente com o propósito da sua realização.

Nesta edição os Prémios Diamantes, réplicas feitas em tamanho superior aos das pedras preciosas reais, para distinguir os expositores que mais se destacaram no decorrer da feira, foram entregues no dia do encerramento, numa gala especialmente

Para que esta imagem passasse com sucesso foi fundamental o empenho dos responsáveis pelo Ministério da Geologia, Minas e da Indústria que diariamente marcaram presença nas instalações da Filda para conversar com expositores e/ou investidores, o

que permitiu esclarecer algumas dúvidas relativamente ao Plano Geológico Nacional e novo código mineiro, já aprovado pela Assembleia Nacional. Essa edição da Fima contou com a participação de cerca de 80 expositores, entre nacionais e estrangeiros. Co-organizada pela gestora da Feira Internacional de Luanda (FIL) e pelo Ministério da Geologia Minas e da Indústria, a FIMA voltou a ser organizada três anos após o seu interregno, devido à crise financeira e económica mundial, que também afectou o sector mineiro do país.

Santo António, PCA da SODIAM, exibe o troféu e o diploma de vencedor do Prémio Diamante 2011 11


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Notícias

FÁBRICA REDUZ PRODUÇÃO

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falta de energia e água que se regista na região está a impossibilitar a Empresa de Tijolos Helmarc, Comércio e Indústria Limitada, localizada a cinco quilómetros da sede municipal de Icolo e Bengo (Catete), província do Bengo, aumentar os níveis de produção deste material de construção. O director desta unidade fabril, António Fançony, disse quinta-feira à Angop que a grande aposta da fábrica é contribuir positivamente no amplo pro-

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grama de reconstrução nacional com a produção de tijolos, uma matéria-prima inerente ao referido processo. As dificuldades de energia eléctrica e de água têm sido o “calcanhar de Aquiles” para o cumprimento dos objectivos preconizados, lamentou. “Temos grandes problemas e custos com a falta de energia eléctrica, porque estamos numa área não electrificada e pedimos ajuda para no mínimo termos energia”, afirmou.

O responsável disse ainda que sua a empresa iniciou a produção em Janeiro de 2011 e está a cooperar com os esforços de Executivo para a diversificação de produtos a nível do país e da província, em particular. Actualmente, a fábrica produz dez a 12 mil tijolos por dia, tendo como principal mercado Luanda, Huambo, Moxico e Uíge. A Fábrica, que ocupa uma área de seis mil metros quadrados, emprega 35 angolanos da localidade e dois cidadãos portugueses.


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Notícias

MAIS ÁGUA MINERAL NO MERCADO

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ma nova marca de água mineral, a “Bom Gosto”, produzida e engarrafada começou recentemente a ser pela distribuída em todo país. Tratandose de uma iniciativa da Pomobel, a nova água é extraída de uma nascente e engarrafada na província do Bengo. O director executivo da Pomobel, Sousa Domingos, disse à imprensa que a sua empresa escolheu os serviços da água Cristalina, pelo facto de esta, apresentar um dos mais elevados padrões de qualidade no mercado nacional. “Pretendemos vender água produzida em Angola, para contribuir para o desenvolvimento económico e incentivar a produção nacional. Ao produzir aqui, garantimos mais empregos e expandimos os nossos produtos”, disse Sousa Domingos. Entretanto, o director nacional do Gabinete de Estudos, Planeamentos e Estatística do Ministério da Geologia, Minas e Industria, José Gonçalves, afirmou recentemente, em Luanda, que o pais produziu, no ano transacto, 1,23 milhões de hectolitros de água mineral, contra 481 mil em 2009.

Água engarrafada na Província do Bengo.

Segundo o responsável, esta produção significa que o país tem uma produção considerável e que podemos prescindir das importações de água mineral.

Por essa razão, estamos a propor que na nova pauta aduaneira, que entra em vigor em 2012, se aumente a taxa de importação de água minera, concluiu.

DPGMI organiza feira em Mbanza Congo A Direcção Provincial da Indústria, Geologia e Minas do Zaire promoveu recentemente, em Mbanza Congo, uma feira agro-industrial, no âmbito das celebrações dos 505 anos daquela cidade. O director provincial da Geologia e Minas e da Indústria,

Adão Alberto Sofia, disse à imprensa que a feira visava mostrar as potencialidades agroindustriais da província. Na área de geologia, foram expostos diversos produtos e serviços, com destaque para materiais de construção e rochas ornamentais.

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Reportagem

INVENTARIAÇÃO DAS TECNOLOGIAS EM ANGOLA Por: Garcia de Oliveira

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Ministério do Ensino Superior e da Ciência e Tecnologia (ESCT) tem em carteira uma inventariação das tecnologias existentes em Angola, bem como dos quadros que as dominam. Neste contexto, o Secretário de Estado da Ciência e Tecnologia, João Teta, visitou recentemente a Angola Polishing Diamonds (APD), fábrica de lapidação de diamantes. João Teta acompanhado por Mankenda Ambroise, secretário de estado da Geologia e Minas, Bondo Júnior, director geral da fábrica e quadros das três instituições, percorreu as várias divisões da fábrica, em visita guiada pelos respectivos técnicos. O momento mais alto da visi-

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ta foi a entrega de uma ficha de inventário pelo secretário de estado da ciência e Tecnologia, documento indispensável para o registo da qualidade de tecnologia existente no país e a quantidade de técnicos que as utilizam. A ficha que será submetida à apreciação das autoridades tem sido alvo de várias contribuições. Na ocasião, João Teta convidou Mankenda Ambroise e Bondo Júnior a darem a sua contribuição ao enriquecimento do documento.

A VISITA Depois de assistirem ao vídeo de apresentação da APD começou a visita caracterizada por um ambiente prazenteiro com conversa informal e amistosa.

A divisão de incrustação de diamantes em jóias, a loja, assim como a actividade de formação de lapidadores chamaram a atenção dos Secretários de estado João Teta e Mankenda Ambroise. Diante de formadores e formandos, Teta manifestou a inquietação pelo facto de o curso em Angola ser administrado em apenas três meses enquanto que no exterior o mesmo tem a duração de ano e meio. A diferença está em que em Angola o curso possui apenas cadeiras ligadas à lapidação, contrariamente ao que se faz noutros países onde são ministradas também disciplinas humanitárias. Por isso João Teta chamou aten-


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Reportagem ção para a necessidade de se formar quadros integrais. “Um bom técnico tem de ser também um bom cidadão. Para isso é necessário que ele conheça a geografia, a história e a cultura do seu país”, disse. Na loja, os visitantes ficaram agradavelmente surpreendidos com os preços de belíssimas jóias com diamantes encrustados. Há artigos de quinhentos dólares, um preço à altura de muitos bolsos dos angolanos. Quando se procedia aos cumprimentos de despedida, João Teta sublinhou a importância do inventário em perspectiva dando o exemplo de que acontece muitas vezes mandar vir um técnico estrangeiro por uma avaria que pode ser superada por um angolano cuja existência é ignorada, pois não se saber como procuralo.

A FÁBRICA

Mankenda Ambroise, secretário de estado da Geologia e Minas, Observa a qualidade de diamante nas instalações da SODIAM.

angolanos. Actualmente a APD exporta diamantes para o exterior, principalmente para os Estados Unidos da América, Hong kong, Bélgica e Israel. Com um sistema de segurança garantido por alta tecnologia, a fábrica com mais de 300 trabalhadores lapida mensalmente

diamantes avaliados em 20 milhões de dólares. A fábrica tem como parceiros a Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola (SODIAM), a LLD Diamonds, do Grupo Lev Leviev, e o consórcio PROJEM, formado por várias empresas angolanas.

A APD, resultante de um investimento de 10 milhões de dólares, foi inaugurada em 2005, pelo presidente da República, José Eduardo dos Santos, e é conhecida como um empreendimento pioneiro do género em Angola. Muito em breve, vai pôr à disposição do público uma loja de jóias, dentro da fábrica, o que vai garantir emprego a mais 4 jovens 15


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Foto-Reportagem

Alguns instant창neos da Feira

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Foto-Reportagem

Internacional de Minas de Angola

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Entrevista

“JÁ HÁ ÁGUA E ENERGIA PARA PÓLOS INDUSTRIAIS” Nesta entrevista, Benjamim Dombolo, Director Geral do Instituto de Desenvolvimento Industrial de Angola (IDIA), revela os avanços na implementação dos polos industriais.

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Revista Angola Minas - Qual a vocação da IDIA?

Qual a situação actual dos polos de desenvolvimento?

Benjamin Dombolo - A vocação concreta do IDIA é o planeamento e gestão estratégica do processo de institucionalização de Pólos de Desenvolvimento Industrial em Angola. Tem como objectivos principais a promoção de infra-estruturas de base para o funcionamento das indústrias, fomentar o desenvolvimento industrial que possibilite uma ampla integração económica a nível nacional, para que haja um equilíbrio económico e social entre as diversas regiões do País.

B.D - Actualmente registamos um desenvolvimento acentuado a nível dos Pólos de Desenvolvimento Industrial de Viana e da Catumbela, face à elasticidade na procura por parte dos investidores de solo industrial, por apresentarem razoavelmente os pressupostos para o enquadramento de projectos. Viana conta já com uma substação de água e uma substação eléctrica em criação, que servirão os interessses do Pólo, pese embora estejam já em pleno funcionamento 60 unidades industriais, nos diversos

sectores (metalomecânica, materiais de construção, gás hospitalar, etc.,). De igual modo, o PDI da Catumbela concentrou as atenções dos investidores, mormente os da região sul, que muito solicitam as infra-estruturas que se preconizam. Dos 185 Contratos Promessa de Constituição de Direito de Superfície firmados, estão já em pleno funcionamento 20 unidades industriais, e alguns serviços de apoio. Relativamente às infra-estruturas para os dois Pólos, já previstas no Programa Executivo


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Entrevista

do Sector, estão a ser envidados esforços no sentido da captação de finaciamento com vista a serem conformadas as estartégias traçadas. O Pólo de Fútila seguiu uma planificação diferente, porquanto predendeu-se inicialmente criar as infra-estruturas, e só a posterior começar-se a cedência dos lotes infra-estruturados. Essa estrutura, como é óbvio, não permitiu que se fizesse um acompanhamento à celeridade do mercado investidor, que procura formas céleres de materializar os seus investimentos no âmbi-

to das políticas de diversificação económica e fomento do investimento privado, traçadas pelo Executivo, razão pelo qual até ao momento não temos registos de contratos firmados. Está em curso a materialização da Primeira Fase do Projecto que corresponderá à infra-estruturação sobre um perímetro de 112 hectares. A.M - O que se faz em outras províncias de Angola? B.D - Existem perspectivas de criação de mais Pólos Industriais, estando em fase de elaboração os estudos de engenharia dos Pólos

de desenvolvimento industrial do Negage/Uíge, Dondo e Lucala/Kwanza Norte, Saurimo/ Lunda Sul, Soyo/Zaire, Kunje/ Bié e Caála/Huambo. Após a sua conclusão, serão agenciados os recursos para a construção das infra-estruturas necessárias. A.M - A dinâmica na implantação desta política tem sido notável? B.D - Com certeza, estamos a implementar um dinamismo tal para que não a longo prazo, mas a médio prazo, consigamos alcançar os objectivos preconi-

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Entrevista

zados. Só nos Pólos de Viana e Catumbela estamos com mais de 500 contratos firmados entre indústrias e serviços de grande porte. Nesta senda, relativamente ao Pólo de Viana e por ter constituído o ponto de partida para a industrialização do País, acréscido do facto de ser a capital, foram já rubricados 85% dos Contratos Promessa de Constituição de Direito de Superfície sobre o seu perímetro (8.000 hectares). Esta conjuntura levou à colocação em funcionamento de 60 unidades industriais e alguns serviços de apoio, e paralelamente, à criação de parques autónomos, devidamente estruturados, obedecendo

as regras impostas pelo Instituto, contribuindo sobremaneira para a criação de empregos directos e indirectos. A.M - A vossa aposta já se faz sentir em todas as províncias? Ainda não, mas a médio prazo com certeza estaremos representados em todas as Províncias. Pretende-se criar Pólos em todas as Províncias do País, fundados na necessidade do aproveitamento, utilização e a consequente transformação dos recursos existentes em cada Província, por formas a permitir uma harmonização na integração industrial que se objectiva.

A.M - Para todo este trabalho há quadros à altura? B.D - A carência de quadros é um problema nacional, especializados, é maior ainda. Não obstante essa carência o IDIA tem envidado esforços no sentido de colmatar as lacunas existentes. Está em curso o projecto de criação de um Centro Industrial de Tecnologia Avançada na Província de Luanda, conforme o Programa Executivo em referência, para reduzir significativamente o índice de desemprego existente e a falta de qualificação técnica de pessoal, registados a nível do Sector Industrial angolano. Entrevista de: Dias Francisco

PERFIL Nome: Benjamin Dombolo Filiação: Lucas Dombolo e Isabel Jorge Naturalidade: Saurimo/ Lunda Sul Formação académica: Mestre em Economia Estado Civil: Casado Prato Preferido: Funge de Peito Alto Bebida: Vinho Passatempo: Leitura Música: Semba País: Angola Cidade: Kuito Religião: Católico Sonhos: Paz e Harmonia Desporto: Futebol 20


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Divulgação

OS TRÊS PILARES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL*

Metrologia, Normalização e Avaliação Conformidade

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odo país precisa de uma boa infra-estrutura para atingir os seus objectivos sociais. Ao nível mais básico, isto significa proporcionar uma fonte abundante de água potável e habitação o que corresponde a uma rede de transporte interno adequada, prestação de cuidados de saúde e um sistema educativo acessível. A par do básico, todas as sociedades almejam usufruir dos benefícios do comércio internacional do resto do mundo. Simultaneamente, querem fazer parte de iniciativas, tais como, os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas. Isto resulta, num aumento da consciencialização da necessidade de discutir, comparar e aumentar as infra-estruturas no contexto da eficiência da economia global e acesso ao mercado para produtos e serviços dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos. É aí que entram a metrologia, normalização e avaliação da conformidade. Eles são os pilares do conhecimento para o desenvolvimento de uma infra-estrutura técnica,

permitindo assim o desenvolvimento sustentável e a plena participação no comércio internacional. Eles estão firmemente ligados.

Teodora Lourenço Silva**

O pilar metrologia A Metrologia inclui actividades desenvolvidas pelas instituições nacionais de medição com base em tratados internacionais, tais como A Convenção do Metro - o que dá autoridade à Comissão Internacional de Pesos e Medidas (CIPM) e o Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) - a agir sobre padrões de medição de cada vez maior precisão, amplitude e diversidade. Há uma necessidade de demonstrar a equivalência entre os padrões de medição nacionais. O Acordo de Reconhecimento Mútuo do CIPM fornece aos governos e outras partes uma base técnica segura para acordos mais amplos relacionados ao comércio internacional, comércio local e questões reguladoras. Ele ajuda a eliminar as barreiras técnicas ao comércio e a suscitar uma maior confiança na capacidade

de medição de cada país. O resultado é de um aumento considerável nas receitas do comércio. A Metrologia legal é coordenada pela Organização Internacional de Metrologia Legal (OIML). As especificações de metrologia legal são produzidas dentro da OIML e são adoptados por todos os países. A OIML providencia também outros serviços valiosos como um modelo de lei sobre metrologia que podem ser usados na criação de infra-estruturas técnicas nacionais.

O pilar da normalização As Normas Internacionais e sua utilização em regulamentos técnicos sobre produtos, métodos de produção e serviços desempenham um papel vital no desenvolvimento sustentável e facilitação do comércio - através 21


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As normas internacionais, ou as adopções nacionais ou regionais de normas internacionais, ajudam os mercados domésticos a operar com eficiência, aumentam a competitividade e proporcionam uma excelente fonte de transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento. Eles desempenham um papel integral na protecção dos consumidores e do meio ambiente.

da promoção da qualidade, segurança e compatibilidade. Os benefícios daí derivados são significativos. A Normalização contribui não só para o comércio internacional mas também para a infra-estrutura básica que sustenta a sociedade, incluindo saúde e meio ambiente, ao mesmo tempo que promove a sustentabilidade e boa prática reguladora. As principais organizações que produzem as Normas Interna22

cionais são ISO – Organização Internacional de Normalização, IEC - Comissão Electrotécnica Internacional e ITU – União Internacional de Telecomunicações. O âmbito da ISO cobre, a normalização em todos os campos, excepto engenharia eléctrica e electrónica, que são da responsabilidade do IEC e de telecomunicações abrangidos pela ITU. As três organizações têm uma forte colaboração em matéria de normalização no campo da tecnologia da informação.

Os países em desenvolvimento enfrentam muitos desafios no comércio, relacionados com a normalização, pois lhes é exigido o acesso à infra-estrutura de normalização para participarem no sistema de comércio global. Com a crescente globalização dos mercados, as normas internacionais (em oposição a normas regionais ou nacionais), tornaram-se fundamentais para o processo de negociação, assegurando a igualdade de condições para as exportações e importações, garantindo que se atende aos níveis internacionalmente reconhecidos de desempenho e segurança. As normas podem ser amplamente subdivididas em três categorias: de produto, de processo e de sistema de gestão. A norma de produto refere-se à qualidade


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e segurança de bens ou serviços. A de processo refere-se às condições em que os produtos e serviços devem ser produzidos, embalados ou refinados. As normas de sistema de gestão ajudam as organizações a gerir as suas operações. Elas são frequentemente usadas para criar um quadro no qual uma organização consistente alcança os requisitos estabelecidos em normas de produto e processo. O Acordo da Organização Mundial do Comércio sobre os Obstáculos Técnicos ao Comércio (OMC/TBT) reconhece a contribuição que a normalização internacional pode trazer com a transferência de tecnologia de países desenvolvidos para países em desenvolvimento, e o papel das normas internacionais e do sistema de avaliação da conformidade para a melhoria da eficiência da produção e na facilitação do comércio internacional.

O pilar de avaliação de conformidade A Avaliação da conformidade joga um papel fundamental na criação da confiança para o desenvolvimento sustentável e do comércio.

A Norma Internacional ISO/IEC 17000 define avaliação da conformidade como uma “demonstração que especifica de que requisitos relativos a um produto, processo, sistema, pessoa ou organismo são cumpridos”. Os procedimentos de avaliação da conformidade, tais como inspecção, teste e certificação, oferecem garantias de que os produtos satisfazem os requisitos especificados em regulamentos e normas. A avaliação da conformidade é específica para o objecto que está sendo avaliado - pode ser um produto, um processo ou um sistema de gestão - e para a entidade que realiza a avaliação. Por exemplo, pode ser a primeira parte, tais como o fabricante do produto, que está fazendo uma declaração de conformidade do fornecedor usando o seu sistema

interno de testes ou uma certificação ou inspecção por uma terceira parte, realizada por um provedor de serviços independentes. O prestador de serviços poderá ser uma instituição governamental ou uma entidade privada. Cada organização deve decidir que tipo de avaliação da conformidade é necessário e para que efeito. Uma das decisões cruciais é se deve fazer a avaliação da conformidade obrigatória por meio de regulamentos governamentais em sectores específicos, ou se deve confiar no mercado para determinar de forma voluntária os requisitos de avaliação da conformidade em transacções normais entre compradores e vendedores. Esta decisão deve ser baseada 23


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Divulgação numa avaliação dos riscos envolvidos com um determinado produto ou processo, e no conhecimento do impacto dos custos e benefícios associados que terão para alcançar o desenvolvimento sustentável. As sucessivas revisões do Acordo TBT da OMC demarcaram a utilidade das normas ISO/IEC sobre avaliação da conformidade e as orientações práticas, para a harmonização da avaliação da conformidade e como referência para a competência técnica dos organismos de avaliação, aumentando assim a credibilidade e confiança nos seus resultados. Deste modo, o trabalho de avaliação de conformidade da ISO/ IEC, ajuda a superar barreiras técnicas ao comércio. A Acreditação é a “declaração de terceiros relacionada a um organismo de avaliação de conformidade que comprova formalmente a sua competência para realizar tarefas específicas de avaliação de conformidade” (Norma ISO/IEC 17000). Estabelecer sistemas de acreditação com base em normas internacionais e aderir ao ILAC e/ou aos acordos de reconhecimento mútuo da IAF pode ajudar a garantir aos parceiros comerciais que os fornecedores de testes e certificados são competentes. Ao mesmo tempo ajuda na superação de barreiras técnicas ao comércio e em conformidade com as exigências do Acordo TBT da OMC. 24

Capacitação Os três pilares descritos acima são interdependentes. Metrologia e padrões físicos fornecem a base para medições precisas, cujo desempenho aceite, se pode escrever nas normas internacionais, que por sua vez, podem ser usadas como base para a avaliação da conformidade. No entanto reconhece-se que, para muitos países, o custo da prestação de todas essas actividades no seu nível mais avançado, é proibitivo. Mesmo no caso dos países desenvolvidos existem variações na sofisticação de cada parte da infra-estrutura. Em muitos casos algumas partes da infra-estrutura são de propriedade conjunta ou compartilhada por um ou mais países. Às vezes, são solicitados na totalidade os serviços de outro país. É importante para o desenvolvimento sustentável e para o comércio garantir que as sociedades e as indústrias dos países em desenvolvimento têm acesso a uma infra-estrutura técnica que reflecte necessidades específicas. Assim qualquer esforço para a criação de capacidades técnicas deve ser baseada em: • uma avaliação exaustiva das necessidades para todos os sectores da economia;

• o entendimento de que não há nenhum modelo acabado de infra-estruturas técnicas. Os países em desenvolvimento devem tomar as suas decisões políticas e assumir um compromisso político face a essas decisões; • uma cuidadosa consideração das necessidades avaliadas, com base no tipo e adequada sequencia de apoio, para garantir que a infra-estrutura técnica está a ser construída de forma sustentável e planeada, • uma clara articulação dos recursos e das finanças que serão necessárias para sustentar a infra-estrutura técnica necessária, e • o facto de que o desenvolvimento de uma infra-estrutura técnica nacional não deve excluir a consideração de opções de serviços bilaterais ou regionais que podem alcançar melhores economias de escala. Os três pilares são vitais para todos. A previsão de assistência que visa reforçar as infra-estruturas técnicas dos países em desenvolvimento é necessária para o desenvolvimento sustentável, e para permitir que países em desenvolvimento possam participar efectivamente no comércio global. *Texto traduzido e adaptado de um documento da Organização Internacional de Normalização (ISO) ** Directora do Gabinete IANORQ


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INDICADORES DE DIAMANTES E SUA IMPORTÂNCIA NA DESCOBERTA DE JAZIGOS DIAMANTÍFEROS INTRODUÇÃO Os minerais indicadores de diamantes formam-se sob condições similares do diamante, mas são significativamente mais abundantes, e, deste modo mais facilmente encontrados numa campanha de amostragem. Os poucos grãos indicadores necessários para se continuar ou parar com os trabalhos geológicos conducentes a descoberta de jazigos de diamantes, são amostrados no campo, concentrados em laboratórios e identificados sob o auxilio de microscópios. A geoquímica dos minerais indicadores não é totalmente infalível e numerosos kimberlitos existem onde não existem dia-

mantes e muitas vezes em presença de bons indicadores químicos, ou estão presentes onde a química dos minerais é pobre. A dispersão dos minerais indicadores até à vinda secundária é uma complexa interacção da desagregação e erosão, para o qual o aumento da abundância dos minerais indicadores não pode simplesmente ser só associado à aproximação da fonte. De todos os minerais indicadores, o diamante, ele próprio tem sido historicamente o mais usado na localização de montes de erupção primária de diamantes. Desde o fim do século XIX, o diamante e outros minerais como: o

Esperança dos Santos*

piropo, a ilmenite e o diópsido cromífero tornaram-se os indicadores mais importantes para a descoberta de depósitos de diamantes. Sendo estes, os minerais que foram sistematicamente arrastados para um dos menores afluentes do rio Pienaars conduzindo assim a descoberta do conhecido kimberlito Premier, na África do Sul.

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FORMAÇÃO Muitos minerais indicadores incluindo o próprio diamante, formam-se em profundidades, no manto superior da terra, a pressões e temperaturas elevadas que então podem ser alcançadas na crusta. O manto superior consiste principalmente de rochas ricas em olivina conhecidas como peridotito. E é nesta família de rochas que muitos diamantes se formam. Contudo, as zonas que contêm diamantes são raramente encontradas no magma kimberlítico. Entre as centenas de kimberlitos descobertos, muito poucos contêm diamantes suficientes para permitir a existência de uma mina de diamantes. Quando o magma kimberlítico se forma, ele é significantemente menos denso que a envoltura das rochas sólidas e deste modo, explode, abrindo assim o caminho e ascende até à superfície. Se as zonas das rochas que trazem os diamantes neste percurso, resultarem fragmentadas e incorporadas até ao magma kimberlítico, os fragmentos (xenólitos) como são estranhos ao magma e não estão em equilíbrio químico com ele, imediatamen26

A secção ao longo do manto superior mostra a origem do kimberlito à profundidade, passando por zonas do manto que contêm diamantes (amarelo). O magma kimberlítico dissolve a rocha mãe e reage com o derretimento, formando assim o aro preto nos minerais ( kelyphite) como apresentado na figura. Fisicamente é transportado à superfície e posteriormente desagrega e espalha a rocha mãe, deixando assim os minerias indicadores que são dispersos em ambientes secundários.

te, este começa a dissolver os xenólitos, destruindo assim os minerais que o constituem, incluindo o diamante. Isto porque os kimberlitos ascendem para atingir um raio rápido estimado de 10 à 100 metros por segundo, aonde o diamante se conserva. Um dos minerais indicadores que pode formar-se no kimberlito e que não é derivado das rochas de origem do manto é a picroilmenite cromífera.

lia do diamante, são exclusivamente raras à superfície da terra. O mineral indicador piropo cromífero é particularmente raro, a ilmenite rica em irão é comummente encontrada na superfície da terra, mas a picroilmenite é relativamente rara.

CONJUNTO DE INDICADORES DE DIAMANTES

Contudo, o diópsido cromífero, a espinela cromífera e a olivina fosferítica podem ocorrer numa extensa variedade de rochas do manto expostas à superfície da terra seguindo a elevação das placas tectónicas.

As rochas derivadas do manto, especialmente as rochas da famí-

Estes minerais são também encontrados em outras rochas íg-


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superiores à 3 g/cm3 afundem. Existem minerais da crusta com densidades superiores à 3 g/cm3 e muitas vezes com composições ricas de irão. A presença do irão, destes minerais da crusta podem ser removidos usando um forte campo magnético deixando assim os minerais indicadores que geralmente não são magnéticos.

CARACTERÍSTICAS

neas derivadas do manto que alcançam a superfície da terra, que também são quentes ou ascendem muito lentamente ao transporte do diamante. Felizmente, em muitos casos estes são encontrados nas mais recentes margens dos rios. Considerando que quase todas as minas de diamantes kimberliticos estão situadas no Centro do Velho Cratão, consequentemente, os minerais indicadores encontrados em amostras colectadas das porções cratónicas do Continente são mais provavelmente derivados do kimberlito. Os indicadores eclogito, piropoalmandina e onfacite podem ocorrer em algumas rochas da

crusta expostas à superfície da terra.

RECUPERAÇÃO A quantidade de material necessária para se examinar com vista a se explorar as densidades e as propriedades magnéticas dos diferentes minerais é bastante reduzida. Os grãos minerais de uma amostra de prospecção são submersos em líquidos pesados especializados (de densidades altas) e em separadores magnéticos, permitindo assim que os minerais da crusta com baixas densidades flutuem enquanto que os minerais indicadores com densidades

Existem várias características físicas que efectivamente marcam os minerais indicadores numa prospecção de diamantes. Elas são distintas em aparências, raras em rochas da crusta, fisicamente separáveis dos outros minerais por técnicas metalúrgicas e resistentes à erosão e ao transporte. Quando conservados os seus traços superficiais, estes podem revelar se os depósitos que estão sendo procurados são resultado de um ou vários ciclos de erosão e transporte. Os minerais indicadores desenvolvem distintas características físicas no manto e durante a ascensão deles no kimberlito. As características primárias observadas nos minerais indicadores são importantes porque estas, são sistematicamente modificadas pelas acções de erosão e transporte, na entrada dos 27


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minerais na erosão secundária e quando estendidos ou dispersos à superfície da terra. A erosão consiste em: Erosão física, onde a análise estatística ou o desdobramento mineral ocorre grandemente como resultado do congelamento e da entrada em transformação da água. Em condições de ambiente árctico ou árido, a erosão física é o domínio considerado. E, a erosão química, causada pelas reacções químicas dos minerais com a água. As reacções químicas processam-se mais facilmente à alta temperatura, explicando-se assim, o domínio da erosão química em temperaturas de clima tropical.

dos ao longo da separação deles, deixando somente traços superficiais de picroilmenite, cromite, e diamante. INDICADOR QUÍMICO Cientistas Sul-africanos e Soviéticos inventaram o Electron Microprobe feito de minerais indicadores significativamente mais importantes, sustentado por análises químicas não destrutivas de grãos de pequenos minerais, incluindo inclusões minerais extraídas do diamante. Muito cedo, estes cientistas reconheceram que as inclusões de piropo em diamantes têm exclusivamente composições restritas em relação ao cálcio (CaO) e ao crómio (Cr2O3). A mais simples

e vastamente usada relação é o G10 ou Gurney Plot desenvolvido pelo Dr. John Gurney. John Gurney, reconheceu que os grãos de piropo se correlacionam positivamente com o CaO versus Cr2O3, excepto para alguns que se agrupam ao lado desta tendência dominante. Estes grãos de piropo eram similares em composição às inclusões de piropo no diamante, e eram mais comuns em minas de kimberlitos económicos. Dr. fez passar a linha que representa a fronteira que separa o diamante favorável (piropo G10), do lugar mais comum dos grãos do piropo G9. Foi este simples traçado que John Gurney, constatou que 15% da informação estavam

Quase em todos os ambientes, ocorrem algumas combinações dos dois modos de ocorrência. Cada mineral indicador reage de maneira diferente à erosão e transporte. Por ex.: o diopsido cromifero pode rapidamente submeter-se ou sofrer erosão ao longo de clivagens em climas tropicais e rapidamente é removido do conjunto da prospecção, o indicador sob circunstâncias semelhantes. Com a erosão química extrema, os silicatos dos minerais indicadores são vigorosamente ataca28

Grãos de piropo da prospecção de amostras que conduziram a descoberta da mina de diamante Ekati, constituídos em termos de cálcio e crómio. A linha diagonal separa os diamantes favoráveis dos menos favoráveis..


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Divulgação dentro da região preferida e que 85% estava fora da área de interesse. Nestes 85% dos pontos fez passar a linha que representa a fronteira que separa o diamante favorável (piropo G10), do lugar mais comum dos grãos do piropo G9. Foi este simples traçado que liderou a força conducente à descoberta da conhecida mina de diamantes “Ekati”, no Árctico do Canadá.

ALVOS DE PRIORIDADE Embora as composições restritas serem unicamente concentradas em grãos de piropos descobertos à partir de minas de kimberlitos económicos, elas são raras

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em kimberlitos desprovidos de diamantes. A identificação de uma química única para piropos congénitos dos diamantes foi um significante progresso na exploração de diamantes, pois as áreas para a prospecção dos kimberlitos poderiam ser priorisadas com base em composições de piropos a partir de amostras de prospecção. O piropo com composições muito similares a aquelas incluídas em diamantes ocorre como uma variedade de púrpura azulada. Para um bom prospector de diamantes, o potencial em diamantes poderia ser definido a partir de uma inspecção visual das cores do piropo em amostras sem a necessidade de análises no Mi-

croprobre. Contudo, como o Microprobe vem a ser mais barato e rápido, a identificação visual dos minerais indicadores clássicos tornou-se menos precisa como confirmação final, baseando-se apenas em análises químicas. As inclusões de cromite em diamantes têm restrições em conteúdo de MgO e Cr2O3 e grãos similares podem ser encontrados em abundância em kimberlitos económicos. Apesar de não derivada da rocha mãe do diamante, a picroilmenite de kimberlitos económicos têm um aumento relativo em conteúdo de MgO e CrO2, diminuindo assim o conteúdo de FeO e Fe2O3. A picroilmenite apare-


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Divulgação ce para diminuir a habilidade de destruição do diamante em um kimberlito muito notável em conteúdo de Fe2O3 indicado na oxidação e na composição reactiva que não é condutiva, preservando-se assim o diamante.

gitos são composicionalmente únicos, mas não visíveis a olho nu. Muitos outros minerais do manto e da crusta são similares em aparecimento e só requerem identificação em análises no Microprobe.

Os minerais indicadores são ordenados desde a magnitude, em mais abundantes em kimberlitos do que os diamantes. Analisando os indicadores a partir de apenas 50 à 100 kg de kimberlito, poderiam qualitativamente estimar o seu potencial em diamantes sem se processar imediatamente as toneladas de kimberlitos. Para os kimberlitos descobertos recentemente, a estimação deles foi feita com base na comparação da química dos minerais indicadores com relação a aquela de kimberlitos com teores de diamantes conhecidos. Tornou-se importante amostrar cada kimberlito diamantífero e estéril, de forma a estimar o indicador químico para novas descobertas.

CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA

Os indicadores clássicos: o piropo, a picroilmenite e a cromite foram expandidos para incluir o piropo-almandina do tipo E e a onfacite. Os minerais indicadores a partir de diamantes e eclo-

Os esquemas de classificação química foram desenvolvidos para identificar a co-genesis e a preservação dos diamantes em todos os indicadores. A temperatura de formação do manto pode ser estimada a partir do piropo por determinação da quantidade da menor componente de MnO. Um método para a obtenção das pressões e das temperaturas estimadas a partir do crómio diópsido está a ser desenvolvido no qual o conteúdo de Cr2o3 é a medida relativa para os outros componentes nesta estrutura. O piropo com elevado conteúdo de TiO2, numa amostra de prospecção indica que a rocha mãe

PROSPECÇÃO DE MINERAIS INDICADORES A eficácia dos minerais indicadores pode ser intensificada ou reduzida pela acção do homem e pelo impacto animal nas áreas de interesse. Na América do Norte, Austrália e África do Sul, os kimberlitos têm sido descobertos através da identificação de minerais indicadores que foram deslocados até à superfície por escavação de insectos e mamíferos. Aproximadamente, cada mina de diamantes reconhecida mundialmente num complexo de rochas ígneas foi descoberta através do uso sistemático de minerais indicadores e futuras descobertas serão sem dúvidas baseadas em adaptações e refinações obtidas a partir de análises dos minerais indicadores.

BIBLIOGRAFIA 1.Revista Rough Diamond Dr. TomMcCandless, 2005.

do diamante tivera sofrido um

2. O diamante nas rochas kimberlíticas e nos

evento de destruição do diaman-

jazigos secundários em Angola - A. Monforte

te.

3. The Properties of Diamonds – JE Field,1979. 31


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Ciência e Técnica

IMPACTO SOCIO-ECONÓMICO E AMBIENTAL DOS DESLIZAMENTOS NOS CORTES E TALUDES DO KIMBERLITO “CATOCA”, ANGOLA.

Continuação 2.- O RISGO E A VULNERABILIDADE SOB UMA PERSPECTIVA CIÊNCIA-TECNOLOGIA-SOCIEDADE Nos últimos anos especialistas têm-se interessado no tema, podendo-se notar que ainda existem vazios que impedem a compreensão dos problemas de riscos e suas verdadeiras possibilidades de mitigação. Por esta razão, hoje se aceita que é necessário aprofundar o conhecimento da percepção individual e colectiva do risco e investigar as características culturais de desenvolvimento e de organização dos especialistas, dirigentes e da sociedade em geral, de forma que favoreçam a prevenção, mitigação; aspectos estes de fundamental importância para se encontrarem os meios eficientes e efectivos para reduzir o impacto destes fenómenos tão devastadores para as minas e nossas comunidades. A visão tradicional de previlegiar os desastres no momento em que ocorrem, representa uma das limitações mais sérias em matéria de gestão para a prevenção de riscos, denotando insuficiências na maneira lenta e tardia em que se concebem decisões de prevenção, já que se tomamos em conta que esta não pode ser ocasional, parcial, senão permanente e integral, para garantir a segurança da própria mina, dos mineiros, das grandes obras e instalações 32

civis, dos populares, assim como para um desenvolvimento sustentável destas zonas. É preciso que haja uma nova conduta, atitude consciente e proactiva dos dirigentes e diferentes actores locais, demandando um enfoque interdisciplinar e participativo, como fundamento para a prevenção e redução da vulnerabilidade. Entender o risco como a resultante de relacionar a ameaça ou probabilidade de ocorrência de um evento e a vulnerabilidade dos elementos expostos, permite enfocar acções para sua redução. Adoptando-se medidas com carácter estrutural (obras de protecção, intervenção da vulnerabilidade dos elementos sob o risco) e não estruturais (regulação do uso dos solos, incorporação de aspectos preventivos nos pressupostos das empresas e do estado, assim como a realização de preparativos para a emergência), podendo reduzir desta forma as consequências de um evento sobre uma determinada zona mineira, região ou população. Para melhor percepção e gestão de riscos, é importante que se compreendam as conceptualizações das suas componentes. Daí que a UNESCO promoveu uma reunião de especialistas na matéria (UNDRO 1979), com o objectivo de unificar definições, com ampla aceitação da maioria aí presente. Assim sendo, definiram-se conceitos tais como:

Domingos M. dos S. Neves Margarida *

• AMEAÇA OU PERIGO (HAZARD-H). - Probabilidade de ocorrência de um evento potencialmente desastroso, durante certo período de tempo numa dada região; • VULNERABILIDADE (V). Grau de perca de um elemento ou grupo de elementos sob risco, resultado da provável ocorrência de um evento desastroso, expressa numa escala ( 0 – sem danos; 1 – perca total ); • RISCO ESPECÍFICO (SPECIFIC RISK-SR). - Grau de perdas esperadas devido à ocorrência de um evento particular e como uma função de ameaça e sua vulnerabilidade; • ELEMENTOS SOB RISCO (E). - Podem ser as populações, edificações, zonas mineiras, obras civis, actividades económicas, serviços públicos, as utilidades e /ou infra-estruturas expostas numa área determinada;


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Ciência e Técnica • RISCO TOTAL (TOTAL RISK - TR). - É o número de perdas humanas, feridos, danos económicos, materiais, às propriedades e seus efeitos sobre a actividade económica devido a ocorrência de eventos desastrosos; quer dizer, é o produto do Risco Específico (RS) e os elementos sob risco ( E ). À estes estudos, embora com carácter multidisciplinar, uniramse outros profissionais como, arquitectos, economistas, comités de defesa civil e planificadores, os quais têm encontrado especial importância em considerar as ameaças e a vulnerabilidade como variáveis fundamentais para a planificação física das normas de construção de vivendas e infra-estruturas, etc. Tratou-se de enfocar aqui o tema, pelo seu carácter multidisciplinar e complexo na análise destes fenómenos, notamos ainda que ele é tratado de forma tecnocrática, pois está direccionado de forma saliente ao desastre e não às condições que favoreçam a solução da crise; que não só é consequência das condições de vulnerabilidade física, senão também da vulnerabilidade social, que em países em vias de desenvolvimento como é o nosso, esta última tem sido a causadoras das condições de vulnerabilidade técnica. A diferença da ameaça que actua como detonante, vulnerabilidade e susceptibilidade social, é uma condição que permanece em forma contínua no tempo e está intimamente ligada aos aspectos culturais e ao nível

de desenvolvimento das comunidades (Maskrey 1989 e Medina 1992). Por outras palavras, se pusermos de parte que os perigos tecnológicos poderiam acontecer em ocasiões, em que os desastres supostamente naturais sejam de origem antrópica, já que ao degradar o meio, introduzem ameaças naturais ou aumentam a vulnerabilidade dos assentamentos populacionais, o que também incide de maneira notória na ocorrência de desastres, já que de maneira desacertada não podem quantificar-se como naturais. Deste ponto de vista, a vulnerabilidade pode classificarse como de carácter técnico e social, onde na primeira é mais fácil quantificar em termos físicos e funcionais (perdas potenciais referidas aos danos ou interrupção de serviços, a diferença com a segunda que só se pode valorizar qualitativamente e de forma relativa), por estar relacionada com aspectos económicos, educativos, culturais e ideológicos, etc. 3.- BREVE RESENHA HISTÓRICA DO DESENVOLVIMENTO GEOLÓGICO NA EXPLORAÇÃO DE JAZIGOS DIAMANTÍFEROS NA LUNDA-SUL 3.1.- IMPACTO GERADO PELA ACTIVIDADE MINEIRA NA MINA DE CATOCA. Ao relacionar o risco como ameaça ou probabilidade de ocorrência de um fenómeno de uma

intensidade específica, com a vulnerabilidade dos elementos expostos, podem-se considerar geológicos, hidrogeológicos, atmosféricos ou tecnológicos (aspecto da investigação). Angola vem convertendo-se num dos centros importantes na produção de diamantes do planeta, devendo-se a elevadíssimos níveis de produção mineira metalúrgica do kimberlito Catoca, cuja estrutura morfológica é propensa a processos de instabilidade do terreno e movimentos de massa, já que a sua orografia, conta com numerosos riachos com comportamento de regime torrencial; podendo apresentar nestas circunstâncias, cheias repentinas e avalanches geradas como resultado do desequilíbrio ambiental que vem degradando a natureza. Afectando os assentamentos mineiros e populacionais circundantes, pode provocar desequilíbrio das bacias hidrográficas e com ele, se interrompe o ciclo hídrico, esgotando-se a água, secando a terra, as culturas necessitam de rega, etc. Nos cortes mineiros em superfície, a dinâmica ambiental é muito intensa, dada a criação de um novo relevo, podendo alterar-se a ocorrência e as redes de drenagem, o que provoca intenso transporte de partículas por erosão destas superfícies. Ocorrem também processos deflacionários que provocam a contaminação do ar, o qual tem um carácter temporal devido à compactação que sofre a contaminação do ar, com carácter temporal. Nos di33


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Ciência e Técnica ques de resíduos sólidos ou nas pilhas de estéril, ou mesmo nas superfícies de frentes exploradas, evidenciam-se processos erosivos intensos com formação de surcos, cárcavas e deslizamentos, que por sua vez contaminam as águas. Os processos que ocorrem durante a exploração mineira e em particular como resultado dos deslizamentos e movimentos de massa, por não terem em conta sistemas adequados de gestão de risco, têm um efeito negativo no aspecto económico, ao elevar os custos de exploração e do ponto de vista ambiental, afecta o ar, as águas, os solos, podendo resumir-se como se segue: Ar: Contaminação causada fundamentalmente por poeiras e gases, derivados da abertura dos acessos, bermas, bancos e preparação de rochas, na construção de pilhas de estéril, do tráfego de camiões, e de equipamentos pesados, assim como da fragmentação e detonação de rochas duras e das plantas de trituração de gneise; Águas: Contaminação das águas superficiais, derivada das operações mineiras dentro e fora da mina, o que implica a criação de novas canaletas/valas de drenagem da mina. A indústria diamantífera, no seu processo de obtenção de diamantes, gera polpas que se depositam em relaveras construidas para tais efeitos; Solo: Impacto sobre relevo pro34

duzido principalmente pelos deslizamentos. Estes fenómenos cortam caminhos de acesso às frentes, afectam a preparação da área e localização das máquinas, expondo o solo a maior actividade erosiva e à consequente destruição ecológica da flora e da fauna. 3.2.- Proposta de uma Metodologia para gestão de riscos por deslizamento da Mina Catoca Para a elaboração de uma metodologia que permita melhorar a gestão do risco por deslizamento, na mina Catoca, e assim contribuir na redução da vulnerabilidade que a região enfrenta pela actividade mineira, é necessário definir um conjunto de tarefas que nos permita cumprir com o objectivo traçado: 1. Caracterizar as condições geológico-mineiras que permitam determinar as causas e condicionantes que provocam os deslizamentos nos cortes e taludes da mina, definindo os factores ace-

leradores que provocam estes movimentos. 2. Caracterizar os mecanismos e dinâmica dos diversos movimentos de massa desenvolvidos na mina “Catoca”. 3. Estabelecer uma metodologia de estudo e de avaliação geodinâmica aplicado na exploração do jazigo do kimberlito “Catoca”. 4. Avaliar a perigosidade e susceptibilidade do meio aos diferentes movimentos de massa aplicando um sistema de informação geográfica e estabelecer um sistema de medidas de mitigação, manuseio e gestão de riscos por deslizamento para este tipo de exploração. Ao propor-se este conjunto de tarefas pretende-se demonstrar que: Se se conhecem as causas e condicionantes aceleradoras que provocam os deslizamentos, os mecanismos, assim como a influência que têm os factores


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Consequências de deslizamentos na mina Catoca, podendo-se apreciar: a) cortes de caminhos mineiros; b) queda de um equipamento produto de deslizamento do maciço.

originais, as condições geoestruturais e geomecânicas do maciço rochoso, geotécnica das rochas e solos, as hidrogeológicas e a exploração mineira, é possível obtêm-se elementos confiáveis de estabilidade e susceptibilidade por deslizamentos para uma exploração responsável, confiável e estável na mina de “Catoca”. OS APORTES CIENTÍFICOS DA INVESTIGAÇÃO: 1. Caracterização dos mecanismos e tipologias de deslizamentos desenvolvidos na mina de Catoca; 2. Determinação da influência dos grupos lito-estruturais, condições estruturais, hidrogeológicas e geotécnicas do maciço rochoso, geomorfologia do terreno e o uso actual do solo sobre o desenvolvimento de deslizamentos; 3. Método de avaliação engenheiro geológica e obtenção dos planos de susceptibilidade do terreno à rotura por desenvolvi-

mento de deslizamentos. Aplicação de métodos de cálculo de estabilidade em taludes específicos e chegar a uma cartografia de susceptibilidade por movimentos de taludes; 4. Análise de factores condicionantes destas instabilidades e a gestão de riscos. Proposta do plano de medidas de estabilização em função das características, já que hoje em dia, devido a confiança pelo desenvolvimento da ciência e da tecnologia, a sociedade cada vez mais expressa sua preferência pela planificação, pelo prognóstico, alertas prevenção, etc. Devido igualmente a situações geotécnicas relacionadas com a estabilização de cortes e taludes em minas do tipo kimberlitico como o “pipe” de Catoca, ser pouco estudada, difundida e conhecida na literatura mundial. Actualmente existe muita bibliografia que mostram variadas metodologias de avaliação da perigosidade e riscos por deslizamentos segundo diferentes

grupos de trabalhos e obras de engenharia. Algumas técnicas baseiam-se no estudo da perigosidade usando mapas geomorfológicos, enquanto que outros baseiam-se na determinação indirecta da perigosidade usando modelos estatísticos e determinísticos que inter-relacionam as condições do relevo e a distribuição dos deslizamentos. Existem trabalhos hoje em que combinam ambos os métodos. Trata-se de um tema amplo inserido na Geotecnia, com múltiplos aspectos a considerar, pelo que resultaria difícil tratar de abordar todos. Por isso, na actual investigação tratam-se apenas aqueles que para as condições de exploração mineira são necessários e importantes e que estão relacionados com: i) Análise das condições geológico-mineiras e geotécnicas, estabilidade dos cortes e taludes, e modelos de cálculo desenvolvidos com o fim de se conhecer o coeficiente de segurança do talude; 35


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ii) Sistemas de protecção e sistemas de gestão de riscos por deslizamentos perante as instabilidades superficiais. Os problemas da estabilidade de taludes, têm sido objecto de estudo, especialmente no âmbito da engenharia civil mas não assim com essa intensidade na engenharia de minas. A maioria dos esforços têm-se centrado na análise de estabilidade, tanto a curto como a longo prazo, entendendo-se a dita estabilidade sob vários pontos de vista como: roturas globais as que envolvem todo o talude, roturas profundas através do talude, deslizamentos superficiais, etc. No caso concreto dos taludes e cortes realizados em rochas/

solos no kimberlito “Catoca”, mesmo quando o seu dimensionamento frente às falhas se tenha realizado para um coeficiente de segurança adequado, podem apresentar problemas relacionados com a instabilidade em zonas dos taludes, mas que não o afectam na sua totalidade. Tais instabilidades superficiais podem ser derivadas por diferentes motivos como; degradação das rochas pelos agentes atmosféricos, erosão superficiais pela água, acção das águas subterrâneas, perda da resistência das rochas no talude ou ao praticar-se um corte inadequado, as deformações sofridas durante as explosões da mina, a actividade construtiva e mineira, entre outras.

Principais tipos de roturas e deslizamentos observados na mina de Catoca. 36 36

O tema de instabilidades dos taludes em sentido geral, é muito amplo com múltiplos aspectos a considerar. Nesta investigação prestar-se-á especial atenção a três aspectos gerais relacionados com: 1. Análise engenheiro geotécnico de rochas/solos que favoreçam mudanças no estado e comportamento do terreno 2. Análise de estabilidade nos bancos dos diferentes sectores instáves da mina 3. Sistemas de prevenção, mitigação e gestão frente à instabilidades de taludes. (Continua no próximo número) * MSc. Eng. da Sociedade Mineira de Catoca, ESPL-S


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ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (II)

Instrumento de desenvolvimento sustentável para as minas de Kassinga Estes ganhos incidirão particularmente sobre o progresso socioeconómico local, criando um pólo de desenvolvimento regional. Nota-se, deste modo, que o impacto do projecto sobre a vida económica do país é claramente favorável ao crescimento da balança de pagamento. O sector social será o mais servido porquanto a população local, que anda a volta das 100 mil almas, terá o privilégio de ser maciçamente empregada e capacitada para preencher os cerca de 90.000 postos de trabalho a providenciar. O pólo de desenvolvimento a ser implantado na região de Kassinga irá certamente travar ou desacelerar o êxodo rural e, por vezes, inverter este fluxo, descongestionando as cidades vizinhas, hoje superpovoadas por uma grande parte de desempregados por causa da última guerra civil.

das minas de ferro em 1967. O caminho-de-ferro de Moçâmedes de cerca de 600 km foi, até Agosto de 1975, a via de transporte do concentrado de ferro para a sua exportação através do porto mineraleiro do Saco Mar, no Namibe (Fig. 2.1). O acesso por estrada é feita através de uma estrada asfaltada de cerca de 360 km que liga Jamba ao Lubango, capital da província. Essas duas infra-estruturas encontram-se em fase avançada de reparação.

Engº Kayaya Kahala*

3.2.3 Impacto do ruído O ruído é um dos mais nefastos riscos físicos, pela sua natureza e implicações na vida do homem. Segundo a experiência, o ser humano tem um nível tolerável ao ruído que pode ser exposto durante um tempo determinado.

Quadro 3.2.3.1: Normas francesas relativas ao nível sonoro (audível a uma determinada distância) de engenhos em função das respectivas potências

3.2.2 Vias de comunicação A região de Kassinga tem uma rede de vias de comunicação muito intensa construída em grande medida para fazer a ligação entre as diferentes localidades do projecto desde a abertura

Fonte: Conferência de Dra. Isabelle Thénevin sobre o Estudo de Impacto. CESAM 2008 37 37


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Por isso o ruído é susceptível de provocar perturbações a todos aqueles que, de uma ou de ou forma, poderão percebê-lo com uma certa regularidade. Por outro lado o ruído é tão prejudicial que as suas consequências apenas são perceptíveis a longo prazo.

Quadro 3.2.3.1 bis Classificação dos níveis de ruído e das sensações auditivas

Haverá dois grupos de populações vítimas do ruído proveniente das actividades do projecto: • Os funcionários directamen-

te ligados à maquinaria do projecto irão trabalhar sistematicamente em ambientes de ruído produzido pelos meios materiais utilizados; • Os habitantes das zonas circunvizinhas das instalações de trabalho do projecto serão indirectamente expostos ao ruído produzido. É particularmente difícil encarar uma solução sustentável ao impacto do ruído sobre o homem por que as suas consequências são irreversíveis, provocando a perca progressiva da audição. A experiência mostra que, dentro do espectro auditivo das frequências dos sons, os mais agudos e os mais graves são os primeiros a desaparecer do quadro auditivo, depois o processo não mais pára. É, pois, evidente que a exposição não controlada ao ruído pode provocar a surdez parcial ou mesmo total. Trata-se de um domínio onde a prevenção é a única forma de se evitar as graves implicações do ruído sobre a saúde do homem. Contudo é necessário proceder à 38 38

Fonte: Conferência de Dra. Isabelle Thénevin sobre o Estudo de Impacto CESAM 2008.

avaliação das consequências em relação à natureza dos ruídos em presença para daí elaborar ou produzir uma regulamentação a observar ou aplicar neste domínio. 3.2.3.1 Normas e Limites toleráveis Para uma tomada de consciência sobre as decisões que devem conduzir a uma gestão responsável do impacto do ruído sobre o homem, é imperativo estabelecer normas que caracterizam os ní-

veis dos sons, fixando os limites que não podem ser ultrapassados com vista a manutenção de um ambiente sã de trabalho. Como exemplo prático, apresentamos as principais normas francesas de níveis de sons de origem industrial com as respectivas sensações auditivas, constituindo a regulamentação uma aplicação da lei na matéria que estão patentes nos quadros das páginas anteriores e quadro acima.


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Quadro 3.2.3.1 c: Níveis sonoros de engenhos de pedreira (segundo LCPC, 1980 da legislação francesa)

90 dB, é evidente que alguns trabalhadores serão seriamente afectados pelo ruído produzido na actividade do projecto; trata-se (trabalhadores num ambiente de mais de 90 dB): 1.

Dos operadores das grandes máquinas fixas tais como a britadeira primária, os moinhos autógenos e secundário, os crivos, o martelo hidráulico e as correias transportadoras; 2. Dos operadores de máquinas pesadas tais como, camiões, carregadoras e bulldozers. • Outros funcionários apenas

Fonte: Conferência de Dra. Isabelle Thénevin sobre o Estudo de Impacto. CESAM 2008

3.2.3.2 Origem e efeitos do ruído Todo e qualquer engenho em funcionamento produz ruído mas, os mais importantes e que, consequentemente, merecem uma especial atenção são: • A britadeira primária que

será instalada na mina; • O martelo hidraúlico que será instalado na torva de alimentação da britadeira; • Os moinhos autógenos que serão montados na lavaria, situada a 1 km da mina; • Os moinhos secundários que serão montados na lavaria;

• Os crivos de separação meta-

lúrgica; • Os camiões para a transportação do minério; • As carregadoras do minério na frente de desmonte da mina; • Os bulldozers. Os efeitos do ruído terão reais implicações em três níveis diferentes: • Tendo em conta que o ho-

mem, no contexto de trabalho normal, ou seja 8 horas de trabalho por dia, só pode suportar um nível de intensidade que varia entre 85 e

serão indirectamente afectados, podendo eventualmente serem obrigados a utilizar o material de protecção individual;

• As pessoas que vivem na vi-

zinhança das instalações do projecto poderão perceber o ruído com uma intensidade que depende da distância em relação a sua fonte.

Segundo as normas francesas, as populações residentes só podem permanecer numa zona onde a intensidade do ruído não ultrapassa 35 a 45 dB. Deste modo, cada fonte de ruído criará uma zona de influência onde não é aconselhável estabelecer moradias. A diminuição da intensidade do ruído é função da distância segundo a relação: SPL = PWL – 20 log (d) – 8, 39 39


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Ciência e Técnica Quadro 3.2.3.2

onde SPL é a intensidade do som (ruído) percebido pela orelha do observador; PWL representa a sua intensidade na fonte e “d” representa a distância entre a fonte e o observador. É evidente que: (1) Adoptamos valores do martelo hidráulico considerando a distância de 1m. (2) Para o moinho secundário, adoptamos os valores máximos do moinho de barras. (3) Para o moinho autógeno, adoptamos os valores mínimos do moinho de barras. (4) Para o bulldozer, adoptamos os valores atribuídos aos empurradores. • Quando a distância (d) é

multiplicada por dois, a intensidade do som diminui de 6 dB;

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deias №s 1 e 2), será necessário deslocar as além de um raio mínimo de 4.000 m à volta da mina e 4.000 m à volta da lavaria (Carta 3.2.3.2).

• Quando a distância (d) é

multiplicada de por dez, a intensidade do som diminui de 20 dB.

O quadro mostra a variação da intensidade do som em função da distância de medição (observador).

Por outro lado, poder-se-ia encarar a solução baseada na diminuição do nível de ruído, colocando obstáculos que sirvam de barreiras de som, evitando desta feita, em certos casos, a deslocação dos aglomerados populacionais. Entretanto, é sempre necessário avaliar as consequências multiformes trazidas pelas medidas de diminuição dos níveis de ruído em função de factores socioeconómicos que regem a vida das populações. 3.2.4 Impacto das vibrações

Consequentemente, é preciso encarar o nível de intensidade dos ruídos produzidos pelas diferentes actividades do projecto em função da distância de medição para ver se os moradores da vizinhança estarão ou não no perímetro da zona afectada. A carta 3.2.3.2 determina a zona de influência nociva do ruído produzido pelo projecto que não garante condições de vida aceitáveis. 3.2.3.3 Conclusões Para a salvaguarda do bem-estar das pessoas que vivem nas imediações da mina de Cateruca (al-

Em geral as vibrações resultam de solicitações mecânicas exteriores a um determinado corpo; neste caso são as vibrações mecânicas. Noutra vertente, o ruído manifesta-se como uma sobrepressão variável de uma frequência variável que induz uma vibração no meio onde se propaga. Neste caso, a vibração propagase a uma velocidade resultante constituída por três componentes: • Uma vertical; • Uma transversal; • Uma radial.


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Os moradores de outros aglomerados populacionais (aldeias № 3 e № 4) não serão alvo de importantes impactos pelo ruído de origem industrial.

3.2.4.1 Origem e efeitos das vibrações O projecto Kassinga prevê a utilização de engenhos susceptíveis de produzir vibrações prejudiciais aos trabalhadores directamente ligados ao seu funcionamento. Este é o caso dos motoristas dos camiões fora de estrada, dos operadores das carregadoras ou

dos bulldozers, dos operadores do martelo hidráulico, dos operadores das salas de britadeiras e moinhos. As vibrações que aí são produzidas decorrem de mecanismos de funcionamento, às vezes, atenuados pelas inovações tecnológicas. As vibrações à escala de todo o projecto e mesmo das áreas vizinhas resultam de repetidos tiros de mina com explosivos, poden-

do afectar as estruturas físicas das zonas circunvizinhas, principalmente, as construções existentes na região. O explosivo produz um ruído de grande intensidade (cerca de 112 dB) com uma frequência muito baixa (exemplo: <20 Hz), geralmente, pouco ou não audível, tendo em conta que o ouvido humana percebe apenas sons cujas frequências estão compreendidas entre 20 e 20.000 Hz. No entanto, tais ruídos têm consequências irreversíveis, provocando a diminuição progressiva da audição. A frequência muito baixa dos tiros com explosivos produz também efeitos nocivos às estruturas de construção civil que têm, por vezes, frequências mais altas, atingindo 6 a 30 Hz. Contrariamente, o ser humano é mais sensível às frequências altas. A relação existente entre a velocidade, a deslocação e a aceleração em função da frequência, apresentada em nomograma de vibração, permite determinar as consequências da vibração (Fig.3.2.4.1), onde deduzimos que, quanto mais baixo for a frequência, maior será a deslocação produzida. Ao passo que uma alta frequência induz uma forte aceleração. Para o projecto Kassinga certas fórmulas empíricas podem nos dar uma ordem de grandeza da 41 41


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velocidade de propagação da onda de choque de um tiro de mina. A relação de Chapot para uma distância de 1.000 m corresponde à velocidade: • V = 2500 (D/Q1/2 )-1,8 ; • V =2500 (1000/344

)-1,8 ; considerando a carga de explosivo de 140 g/t, uma malha de perfuração de 8 x 8 m e uma altura de bancada de 12 m; 1/2

• V = 1,9 mm/s

Trata-se de uma ordem de grandeza que possibilita uma análise

dos diferentes cenários possíveis proporcionados a partir do nomograma de vibração. Por outro lado, a medição in sito no decorrer dos trabalhos é o meio mais fiável para avaliar os riscos dos ruídos produzidos e, consequentemente, permitir a introdução de correcções necessárias. 3.2.4.2 Conclusões Os impactos das vibrações de origem puramente mecânica estão rigorosamente ligados à manipulação e/ou funcionamento dos engenhos de trabalho, podendo constituir a causa de certas doenças profissionais que, às

vezes, resultam na paralisação temporária ou definitiva da actividade laboral. Nesta vertente, as principais doenças são: • Osteonecrose que afecta os

ossos, tornando-os mais friáveis; • Nistagmo que provoca o batimento do olho no sentido horizontal. Por outro lado, as vibrações produzidas pelos tiros de mina têm uma maior implicação nas estruturas de construção civil. A zona de implantação do projecto Kassinga não comporta imóveis susceptíveis de sofrer danos estruturais importantes induzidos pelos tiros de mina. Todavia as moradias mais próximas da mina de Cateruca (A menos de 1 km) deverão ser transferidas para uma distância razoável para escapar a outros efeitos dos tiros de mina, tais como o arremesso de pedras, as poeiras que serão analisadas adiante nesta temática. Os imóveis da vila mineira de Jamba, situada a 12 km da mina de Cateruca, irão certamente ressentir-se das vibrações dos tiros 43 43


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de mina que devem ser objecto de um estudo apropriado para determinar as reais consequências esperadas. Caso os resultados de um tal estudo revelem a possibilidade de provocar a deterioração das estruturas físicas, poder-se-ia encarar soluções técnicas ou empíricas para reduzir as vibrações, fazendo, por exemplo variar a carga unitária do explosivo ou mesmo construir barreiras de som. 3.2.5 Impactos visuais – Origem e consequências O impacto visual traduz-se pelas modificações da paisagem 44 44

decorrentes do desmonte e deslocamento de grandes volumes de rochas para alimentar a lavaria. Consequentemente, haverá necessariamente formação de escavações de cerca de 300 m de profundidade numa extensão de 880 m. Contudo muitos aspectos contribuem positivamente, atenuando os impactos visuais susceptíveis de influir sobre o ambiente: • A zona de implantação do

projecto é pouco habitada; • As pequenas aldeias vizinhas deverão ser transferidas a uma distância razoá-

vel, em conformidade com as propostas aqui apresentadas; • A topografia do terreno apresenta uma ligeira elevação de cerca de 50 m rodeada de uma vasta planície. Este cenário não deixa entrever profundos e reais impactos visuais do projecto. Todavia, no quadro do encerramento da mina, a presença da escavação deverá ser objecto de um estudo específico e detalhado com vista ao reordenamento progressivo da paisagem. Continua * Engenheiro de Minas


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“GOSTARIA DE VER PROMOVIDAS AS POTENCIALIDADES MINEIRAS E INDUSTRIAIS” THIAGO FERNANDO NDALA (Luthango, como é chamado pelos familiares e amigos), funcionário do MGMI, a exercer funções na Secretaria-Geral. Este 1º Oficial Administrativo, revela ao “Nossa Gente” o seu grande sonho: Ver no seu belo país (Angola), a valorização e elevação a um patamar superior as potencialidades mineiras e industriais e o real incentivo aos investimentos no sector. Fala-nos ainda de como passa os tempos livres e o nome do seu escritor preferido. Nome: Tiago Fernando Ndala ( Luthango ) Estado civil : Solteiro Nº de filhos : 6 filhos Habilitações literarias: 12ª Classe Desporto : Futebol Escritor proferido : Mendes de Carvalho “Uahenga Xito”. Há quanto tempo trabalha no ministério: Há 21 anos. Qual é a sua função : 1º Oficial Administrativo. Sente-se realizado profissional-

mente ? Não ! Tenho ainda uma grande batalha a enfrentar no futuro, para me sentir realizado. Fala-nos um pouco sobre o que gostaria que o sector mineiro e industrial fosse . Sendo cidadão deste belo País, gostaria ver em primeiro lugar a promoção das potencialidades mineiras e industriais do país, incentivar os investimentos, reactivar o lançamento da produção de diamantes, lançar novos produtos ligados ao Sector . Apresentar soluções tecnológicos aplicáveis ao ramo, para o

engrandecimento do nosso País mais rápido possível. Como passa os tempos livres Passo os tempos livres com famílias próximo, colegas de escola as vezes . Lugar onde passa as ferias ? Geralmente em Angola, em particular na Província de Malange para descobrir outra realidades . Virtude: Conservador Defeito: Teimosia e exigente Prato: Funge de Bombo com Kizaca.

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