JORNAL MEIO AMBIENTE

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Destaque e d i t o r i a l O desafio em superar barreiras transformando sonhos em realidade, serve de inspiração e incentivo para o aprimoramento constante dos nossos projetos. Inovar é preciso. A inovação é fator determinante para o sucesso de qualquer iniciativa, por isso, a partir dessa edição, o Jornal Meio Ambiente, veículo consolidado como referência na área ambiental, dá um novo passo na sua missão de levar cada vez mais longe e a um público cada vez maior a sua mensagem. Além do novo visual, nossos leitores poderão adquirir o seu exemplar nas principais bancas da cidade, ou ainda, fazer a sua assinatura para receber o Jornal Meio Ambiente através do nosso site. É mais uma etapa do nosso projeto que inclui grandes novidades para 2010. Nosso empenho se justifica pelas grandes parcerias que acreditam em nosso projeto, a quem agradecemos pela confiança. Assim como nosso desejo de que a Conferência de Copenhague resulte em grandes progressos para o futuro do nosso planeta. Relevantes assuntos fazem parte dessa edição, como o curioso aumento de volume de água do rio Paraná, a história e as ações da nossa Polícia Ambiental, a importância da reciclagem dos materiais de construção, telhados brancos, alimentos orgânicos, a participação e a promessa dos países na Conferência de Copenhague e muito mais. Uma agradável e proveitosa leitura.

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CRIAÇÃO E EXECUÇÃO: orgânicacw&d comunicação web & design www.organicawwd.com.br

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Ministro presta homenagem aos servidores do Ibama e do Chico Mendes Na semana de 9 a 13 de novembro de 2009, houve dois fatos muito importantes, muito marcantes, que foram vitórias do Ministério do Meio Ambie nte, do Ibama, do Instituto Chico Mende s (ICMBio), da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambie ntal do MMA. Mas também vitórias de vários parceiros, da sociedade. Uma delas, foi o menor desmatament o da Amazônia da história brasileira, desde que esse bioma é monitorado pelo Inpe, há 21 anos. Uma queda muito expressiva. O outro número menor tinha sido 11 mil Km², há muitos anos, e esse foi 7 mil Km². Mesmo recent emente, em 2004, por exemplo, o desma tamento foi de 27 mil Km². Então, alcançamos uma marca de um quarto disso. É um número muito expres sivo, uma contribuição para o Brasil, para os povos da Amazônia, para o mundo, para o clima do planeta. A outra vitória foi o Brasil ter adotado metas de redução de CO². Durante muitos anos, a posição brasileira não era essa, por questões diplomáticas, econôm icas, por questão de se achar que a respon sabilidade pela redução dos gases-estufa era só dos mais ricos. Em suma, por várias questões, o Brasil não tinha meta. No Ministério do Meio Ambiente, a Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental tomou uma posição forte em relação à questão, e nós bancamos, fomos com a sociedade, com a academia, e felizm ente, também nessa semana, o governo brasileiro adotou essa posição de corte entre 36 e 39 por cento das emissõ es de 2020. Então, em apenas uma semana, houve dois fatos importantes: o menor desma tamento da história e as metas de clima. Então eu queria compartilhar com todos os técnicos, analistas ambien tais, profiss ionais do Ministério, do Ibama, do Chico Mendes, da Secretaria de Mudanças Climáticas, do Serviço Flores tal. Em suma, de todas as áreas que atuaram nisso. Eu queria fazer especia lmente uma homenagem aos nossos companheiros do Ibama e do Chico Mendes. Nossos companheiros que estão na linha de frente. Eu partici pei de mais de vinte operações junto com os companheiros, lá, em lugares muito isolados, no interior do Pará, de Mato Grosso, em Buriticupu, no Maranhão perto do Pará, em Paragominas, onde os carros do Ibama foram queim ados, a sede foi queimada, e eu sei em que condições esses companheiro s trabalham, com outras forças também , como a Força Nacional, a Polícia Federal. Portanto, eu me dirijo em especia l aos companheiros do Ibama e do Chico Mendes, nossos dirigentes, nossa área da fiscalização, do Depar tamento de Proteção, da Coordenador ia de Proteção Ambiental, para os nossos superintendentes em todos os estados, da Amazônia em especial. Participamos também de boas operaç ões no Paraná, no Rio de Janeiro, no Nordeste. Operações, por exemplo, contra a pesca predatória da lagosta. Então, eu queria deixar aqui o nosso reconhecimen to para os nossos companheiros do Ibama e ICMBio. Vocês foram excelentes, deram tudo de si, eu estou orgulhoso de vocês, o Brasil também está reconhecido, o preside nte Lula está reconhecido. O Gover no adotou uma meta forte de clima. Portanto, a gente mostrou que, no caso da meta de queda do desmatamento, o que parecia impossível, foi possível. Eu estou querendo compartilhar isso com todo o ministério, também com os ambientalistas, com o Governo, com os aliados. Um abraço muito forte para a Suzana Kahn e toda a turma do clima, para a Branca Americano, para os nossos companheiros, para o Tasso Azevedo, que se esmeraram, que ficaram lá virando noites para a gente chegar a uma boa fundamentação desses números das reduções. E para nossos companheiros do Ibama, o Luciano Evaristo, nosso diretor da Dipro, e toda a sua equipe, de primeira linha, que estão lá, ralando, suando a camisa pelo Brasil para que não tirem o verde da nossa bandeira, para que a Amazô nia não vire um deserto, para que outros biomas também não sejam destru ídos. Agora, a guerra contra o desmatamen to está sendo direcionada também para o Cerrado, para a Caatinga. Uma das metas é Cerrado, graças inclusive ao monitoramento que o Ibama fez junto com outros setores do desmatamento do Cerrado. Então, um grande abraço para vocês, meu orgulho, meu reconh ecimento. Continuem assim, porque vocês estão dando um exemp lo para esse país, um exemplo de que é possív el resistir com dignidade e mudar nossa história. Saudações ecológicas e libertárias do Carlos Minc

e x p e d i e n t e

J O R N A L

M E I O

A M B I E N T E

E D I Ç Õ E S

Saúde

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Diretor Responsável: José Leonardo de Oliveira | Jornalistas: Gilberto Costa - DRT 3951-PR - E-mail: gilberto@jornalmeioambiente.com.br - Casemiro Eugênio Linarth - DRT 1137-PR - E-mail: hotmailcelinarth@hotmail.com | Instituto Ambiental, Cultural e Turístico CARIJÓ: Nelson Edison de Moura Rosa e Graça Santiago de Moura Rosa | Correspondentes: Jeová Cabral - Juarez Fernandes | Endereço: Praça Ozório, 351 - 2o andar - sala 25 | Telefone: 3024-8369 | Site: jornalmeioambiente.com.br | E mail: jornalmeioambiente@gmail.com | Diagramação, Arte e Produção: Editora Exceuni - Aldemir Batista: (41) 3657-2864 / 9983-3933 - exceuni@uol.com.br| Colaboraram com esta edição: Robinson Rolin Ressett, engenheiro agrônomo, Professor PhD na Área de Inovação Tecnológica e Sustentabilidade da UTFPR Elói F. Casagrande Jr. Os artigos assinados não correspondem necessariamente a opinião deste jornal. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo do Jornal Meio Ambiente, sem a prévia autorização.

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Lei Antifumo: onde pode e onde não pode fumar A Lei Antifumo entrou em vigor dia 19 de novembro. Veja as perguntas e respostas sobre o assunto: 1. Bares, cafés, restaurantes, lanchonetes e casas noturnas: Onde é proibido fumar? R: Dentro desses estabelecimentos fica proibido fumar. Não serão mais permitidas áreas para fumantes ou fumódromos. Onde é permitido fumar? R: Em mesas na calçada, o cigarro será permitido, desde que a área seja aberta e não esteja próxima de portas ou janelas abertas do estabelecimento. Se houver toldo sobre as mesas colocadas na calçada, é permitido fumar? R: É permitido quando há barreiras, paredes ou janelas permanentemente fechadas, impedindo que a fumaça entre no estabelecimento. Além disso, as laterais e a frente do toldo devem estar livres para que haja circulação do ar. As mesas com permissão para fumar poderão, também, ficar intramuros no estabelecimento, mas somente em áreas abertas e distantes, pelo menos 2 metros, de portas e janelas que dêem para ambientes fechados. Podem ocorrer demissões nesses estabelecimentos? R: A experiência internacional mostra que, em cidades onde foram adotadas medidas semelhantes, não houve diminuição de empregos em bares e restaurantes. Em alguns casos, houve até aumento. 2. Ambiente de Trabalho Dentro das empresas ou locais fechados o "fumódromo" é permitido? R: Não. A nova lei que cria ambientes 100% livres de tabaco e não autoriza nenhum tipo de fumódromo. 3. Shoppings e praças de alimentação Existe algum ambiente interno onde é permitido fumar? R: Não. Como no caso de bares e restaurantes, áreas fechadas por uma ou mais parede ou teto e estacionamentos cobertos, não é permitido fumar, bem como a existência de fumódromos. 4. Táxis Com as janelas abertas é permitido fumar dentro do Táxi? R: Não. Fumar fica proibido ato de fumar por motoristas ou usuários no interior de táxis, vans, ônibus ou qualquer tipo de transporte coletivo. 5. Parques Fumar em parques será permitido? R: Fumar será permitido nas áreas ao ar livre dos parques. Recomenda-se não fumar junto a equipamentos (parquinhos, bancos para descanso e espaços de concentração de pessoas a exemplo da área de eventos do bosque do

Papa, do Serpentário do Passeio Público, a Trilha e Casa de João e Maria do Bosque Alemão, pontes e passarelas dos parques municipais, entre outros. 6. Hotéis e Similares É proibido fumar em Hotéis e Similares? R: Sim. Em áreas fechadas de uso coletivo, como saguões de entrada, corredores e restaurantes, fica proibido fumar. Não poderá haver áreas para fumantes ou fumódromos. O fumo apenas estará autorizado no interior dos quartos, desde que ocupados pelo hóspede. 7. Tabacarias É proibido fumar nesses locais? R: Não, desde que o estabelecimento seja específica e exclusivamente destinado ao consumo de cigarros, charutos e narguilé no próprio local. Porém, a tabacaria deverá criar área isolada, exclusiva para o consumo de tabaco e outros fumigenos. Não será permitido o serviço de bar e restaurante ou outra atividade laboral na área de consumo de produtos fumígeros, para a proteção da saúde do trabalhador, devendo, ainda, ter exaustão para retirada da fumaça e ventilação exclusiva. As demais dependências das tabacarias devem ser livres da fumaça do tabaco. 8. Dúvidas Gerais Essa lei acaba com a liberdade individual de cada pessoa para decidir se quer fumar ou não? R: Não. A lei não proíbe o cigarro, que segue liberado em áreas ao ar livre ou dentro de casa, por exemplo. Apenas restringe o ato de fumar em recintos fechados de uso coletivo, para que a saúde de quem não fuma não seja prejudicada, avançando na restrição com a eliminação do fumódromo, para proteger a saúde dos trabalhadores. Os fumantes poderão ser penalizados?

R: Não. A fiscalização não será feita sobre os fumantes. Os objetos de fiscalização serão os estabelecimentos, que deverão cuidar para que os ambientes estejam 100% livres de tabaco. Haverá ação da polícia na fiscalização? R: O responsável pelo estabelecimento deverá orientar os clientes a não fumar. A polícia só será chamada em último caso, ou seja, naqueles incidentes em que o fumante não atenda a reiterados pedidos, quando, então, deverá ser retirado do estabelecimento e, se necessário, com auxílio de força policial. Por que os proprietários dos estabelecimentos, e não seus clientes, é que serão fiscalizados? R: Porque a legislação define que é obrigação dos donos ou responsáveis dos estabelecimentos em garantir ambientes saudáveis para seus clientes. São responsáveis pelas condições de segurança e salubridade destes locais, independente da natureza jurídica ou razão social dos mesmos. Os recintos devem estar sinalizados com avisos ou símbolos de proibido fumar, sem cinzeiros ou caixa de areia no interior dos recintos fechados ou semi-fechados e não possuir área para fumantes ou fumódromos. Quando um estabelecimento faz locação dos seus ambientes para eventos, quem será responsabilizado: o proprietário ou quem aluga? O proprietário será responsabilizado, pois mesmo havendo locado o estabelecimento, deve cumprir ou fazer cumprir a legislação sanitária. É importante que os estabelecimentos que fazem locação de ambientes, incluam esclarecimentos e cláusulas de contrato garantindo o cumprimento da Lei 13254/09. O que acontece com os estabelecimentos que não respeitarem a lei Antifumo? R: Eles receberão multa na primeira vez em que forem flagrados. Na segun-

da, a multa será dobrada. Em caso de novas reincidências, o estabelecimento poderá até ter a Licença Sanitária cassada. Fumar no interior de condomínios residenciais e comerciais, horizontais e verticais é permitido? R: Não. Recomenda-se que as normas da Lei Antifumo sejam incorporadas aos estatutos dos condomínios, podendo, inclusive, serem mais restritivas quanto ao ato de fumar em outras áreas. A Legislação Municipal prevê que é proibido fumar nas áreas fechadas de uso comum de condomínios, como no hall de entrada, salão de festas ou corredores. Nas áreas ao ar livre, como piscinas, jardins ou quadras abertas, poderá ser permitido. Como posso denunciar um estabelecimento que estiver infringindo a lei? R: As denúncias podem ser feitas pelo telefone 156 ou 0800 644 00 41 e pessoalmente, por escrito, nas sedes dos distritos sanitários e da Secretaria Municipal de Saúde, utilizando modelo de relato da infração, conforme preconiza a Lei 13.254/09. Na sacada do apartamento é permitido fumar? R: A Lei Municipal não se aplica à ambientes internos de residências. A Vigilância Sanitária de Curitiba aplicará as multas da Lei Estadual Antifumo? R: Não, a multa será de R$ 1.000,00, conforme a Lei Municipal 12.354/09, sem prejuízo de outras sanções previstas na Lei Municipal 9000/96 Quando a Lei Municipal Antifumo n. 13.254 entra em vigor? Entra em vigor à zero hora do dia 19 de novembro de 2009. A partir deste momento a VISA poderá autuar o estabelecimento que descumprir a Lei. Como fica a Secretaria Municipal da Saúde frente à Lei Antifumo do Estado do Paraná? A Vigilância Sanitária de Curitiba desenvolverá suas ações e autuações com base no disposto na Lei Municipal de Curitiba. Outras questões devem ser esclarecidas na SMS - Vigilância Sanitária, fone 3350-9393.


Mundo

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Dinamarca diz que 85 líderes participarão da cúpula em Copenhague

Volume do rio Paraná aumentou 60% em 50 anos, segundo estudo

Mais de 85 chefes de Estado e de governo informaram a Dinamarca que irão participar da conferência climática em Copenhague, segundo o primeiro-ministro dinamarquês, Lars Lpkke Rasmussen. "Até agora a resposta tem sido extremamente positiva", afirmou Rasmussen. Mais de 190 países se reunirão na capital da Dinamarca entre os dias 7 e 18 de dezembro para negociar um novo acordo, que substituirá o Protocolo de Kioto no combate à mudança climática. Entre as principais divergências estão os objetivos de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa entre os países de-

O fluxo de água no rio Paraná aumentou 60% nos últimos 50 anos. É o maior crescimento de volume de um rio em todo o mundo. A conclusão é de uma pesquisa coordenada pelo cientista chinês Aiguo Daí, em parceria com especialistas do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (sigla NCAR, em inglês), situado no estado do Colorado, nos Estados Unidos, e é considerada a mais completa e extensa sobre a situação de 925 rios do planeta. Foi publicada no Journal of Climate, da Sociedade Meteorológica Americana. O rio Paraná nasce entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, na confluência de dois importantes rios brasileiros, o Grande e o Paranaíba, e deságua no rio da Prata, em território da Argentina. A sua vazão na foz é de 16 mil metros cúbicos por segundo. Em seu percurso banha o estado do Paraná, numa extensão total de 3.998 quilômetros, e seria o nono rio mais extenso do mundo, se fosse contado o trecho do rio Paranaíba. Demarca a fronteira entre o Brasil e o Paraguai numa extensão de 190 quilômetros até a foz do rio Iguaçu. A pesquisa coordenada

Lars Lokke Rasmussen, primeiro ministro dinamarquês

senvolvidos e em desenvolvimento e como levantar bilhões de dólares para ajudar os mais pobres a lidar com o impacto do aquecimento global.

CHINA O governo chinês depois de ter anunciado uma meta de combate ao efeito estufa, disse no último dia 27 que apenas as reduções nas emissões executadas com apoio financeiro internacional devem ficar abertas ao escrutínio externo, provavelmente uma "proporção muito pequena" das reduções totais realizadas pelo país asiático. Yu Qingtai, o embaixador da China para mudança climática,

acrescentou que o mundo não deveria esperar que o governo de Pequim adotasse uma nova meta para reduzir o crescimento nas emissões de gases causadores do efeito estufa - descrita por alguns como modesta - porque ela representava "o máximo de nossos esforços".

Barack Obama diz que EUA prometem metas contra o aquecimento A decisão de anunciar uma proposta de redução das emissões de gases do efeito estufa em 17% em relação aos níveis registrados em 2005 até 2020, foi tomada após encontros recentes de Obama com os líderes da China e Índia. A proposta americana prevê ainda cortes de 83% até 2050 e, para chegar a esse patamar, estão previstas reduções de até 30% até 2025

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e de 42% até 2030. Todas as reduções tomam como referência o valor das emissões registradas em 2005. Mesmo com o anúncio, não faltaram críticas em relação a data escolhida pelo presidente que confirmou que comparecerá ao encontro no dia 9 de dezembro. Representantes da Casa Branca afirmaram ainda que funcionários do governo farão pronunciamen-

Presidente dos Estados Unidos Barack Obama

300 domicílios foram semelhantes aos do resto da comunidade, que consumiu água tratada.

1952. Se as condições climáticas atuais persistirem, o gelo poderá derreter até 2033.

As neves do Kilimanjaro derretem Pesquisadores da Universidade de Ohio, nos EUA, concluíram que a neve sobre o maior monte da África, com 5,8 mil metros, está desaparecendo. O escritor Ernest Hemingway "imortalizou" a montanha da Tanzânia em seu conto As neves do Kilimanjaro, de 1936, que se tornou um dos maiores sucessos de bilheteria nos cinemas em

Al Gore lança novo livro sobre clima Prêmio Nobel em 2007, depois

tos durante a conferência para explicar as ações que os Estados Unidos estão tomando para lidar com o aquecimento, com medidas de estímulo de US$ 80 bilhões para energia limpa e regras para promover fontes de energia, como a eólica. O primeiro-ministro dinamarquês, Lars Rasmussen, se disse satisfeito com a decisão.

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Água da chuva pode ser potável

A água da chuva pode ser potável, segundo estudo realizado na Austrália. A pesquisa foi feia em 300 casas cujos proprietários usam a chuva como principal fonte de abastecimento de água. Durante 12 meses, os casos de gastroenterite registrados nos

de publicar o livro e o documentário An inconvenient truth (Uma verdade inconveniente), o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore acaba de lançar outro livro. (Nossa opção: um plano para resolver a crise do clima), Gore apresenta estratégias para enfrentar as mudanças climáticas. Segundo ele, o livro "oferece soluções que podemos - e devemos - começar a implementar hoje mesmo".

A exuberante beleza do rio Paraná

O rio Paraná em toda sua extensão

por Aiguo Daí, um dos cientistas mais conceituados do mundo, analisou dados coletados entre os anos de 1948 e 2004 e concluiu que rios de algumas das regiões mais populosas do planeta estão perdendo água, o oposto do que está ocorrendo com o rio Paraná. É o caso da bacia do rio São Francisco, que apresentou o maior declínio no fluxo de

águas, de 35%, entre os principais rios que correm em território brasileiro durante o período analisado. No mesmo período, o volume das águas na bacia do rio Amazonas diminuiu 3,1%, enquanto as bacias de outros rios brasileiros apresentaram uma elevação na vazão, como aconteceu com a bacia do Tocantins, que registrou um

acréscimo de 1,2% em sua vazão. Essa variação está relacionada principalmente com mudanças na quantidade de chuvas nas regiões das bacias, segundo Aiguo Daí. Embora vários fatores contribuam para esse fenômeno, Aiguo Daí privilegia o descontrole do clima causado pelo aquecimento global. "A modificação dos regimes de evaporação e de precipitações está na origem dessas perturbações", afirma. Segundo ele, algumas das mudanças na temperatura e nas precipitações estão relacionadas com as alterações nas atividades do El Niño, mas não todas elas. Essa mudança no ciclo da água teria efeitos diferentes conforme as regiões. Assim, uma queda signifi-

cativa do fluxo pode ocasionar a falta de água doce para as populações que vivem em z o n a s á r i d a s , como ocorre no Nordeste brasileiro. Em contrapartida, os rios alimentados por aumento de precipitações e derretimento de geleiras podem causar inundações graves. De acordo com o mesmo estudo, 64 dos 200 maiores rios do planeta viram seu volume cair significativamente entre 1948 e 2004. O Ganges, na Índia, é o rio que teve a maior redução no seu fluxo, de 19%. Outros rios que apresentam grande diminuição em seu volume de águas são o Congo, na África, o Iangzi Jiang, o Xi Jiang e o Mekong, na China, o Amour, na Rússia, o Colúmbia, nos Estados Unidos, o Irravadi, na Birmânia, e o Mackenzie, no Canadá. Globalmente, o fluxo dos rios de baixas latitudes diminui, como o do Amazonas e do Ganges. A tendência se inverte quando os rios se afastam do Equador, como ocorre com o Mississipi, nos Estados Unidos, e o São Lourenço, no Canadá. Essas variações também afetam os oceanos. Assim, a quantidade anual de água doce caiu 3% no oceano Índico e 10% no oceano Ártico.


Proteção Ambiental

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Polícia Ambiental Força Verde: Anjo da guarda da natureza A criação de uma Guarda Florestal, na Secretaria Estadual de Agricultura (SEAG), estava prevista na Lei nº 2509, de 23 de novembro de 1955, quando a Divisão Florestal foi anexada ao Departamento de Produção Vegetal. A efetivação dessa Guarda nunca ocorreu, pois pressupunha a criação de uma estrutura autônoma de fiscalização. A competência pelo policiamento florestal foi então repassada para a Polícia Militar, com vinculação a Secretaria de Agricultura. A Lei nº 3.076 de 4 de abril de 1957, previu seu efetivo, inicialmente como uma Companhia, mas foi somente a partir de 18 de setembro de 1962 que a Polícia Florestal passou verdadeiramente a

Coronel João Alves da Rosa Neto é o atual comandante da Polícia Ambiental do Paraná

existir, após a especialização de um

DENTRE SUAS INÚMERAS ATRIBUIÇÕES, ORIGINÁRIAS OU DECORRENTES DE CONVÊNIOS, DESTACAM-SE: - Executar o policiamento ostensivo de forma preventiva ou repressiva, com a finalidade de coibir e dissuadir ações que representem ameaças ou depredações da natureza; - Zelar pelo cumprimento da legislação ambiental de defesa da flora e fauna silvestre observando os dispositivos das Leis Federais e Estaduais, bem como as Portarias e Resoluções em vigor; - Autuar, administrativamente, os infratores ambientais, instrumentalizando, ainda, o Ministério Público nas ações civis de recuperação dos danos provocados contra a natureza; - Realizar prisões de infratores, que sejam flagrados no cometimento de crimes ambientais e encaminha-los a presença da autoridade policial, para a lavratura do auto de prisão em flagrante delito e ou inquérito

policial, bem como prestar as devidas informações que, posteriormente, se façam necessárias; - Orientar a população acerca da legislação ambiental e da importância do seu cumprimento, relacionando-a com a necessidade de criação, conservação e proteção das Unidades de Conservação. - Na atuação preventiva, o Batalhão vem desenvolvendo programas de educação ambiental junto à comunidade, com a elaboração e veiculação de cartazes, panfletos com textos educativos, realizando, constantemente, palestras em estabelecimentos de ensino, exposições técnicas a entidades públicas e privadas com participação popular e, ainda, orientações ao público em geral, principalmente, nas áreas naturais protegidas.

grupo de oficiais, e a conclusão de um curso especial para praças. Os primeiros destacamentos foram nos Parques Estaduais de Vila Velha, Campinhos e Monge da Lapa. Em 1967 a corporação passou a denominar-se Corpo de Polícia Florestal. Em 24 de agosto de 1970, por um acordo com o Governo Federal, a Polícia Florestal assumiu a responsabilidade pelo Parque Nacional do Iguaçu, na cidade de Foz do Iguaçu, assumindo também, nesse mesmo ano, a Floresta Nacional de Irati, na cidade de Irati. Em 1974 passou a designar-se Batalhão de Polícia Florestal e desde 2003, Batalhão da Polícia Ambiental Força Verde. O atual Quadro Organizacional consta de 575 (quinhentos e setenta e cinco) Policiais Militares, montante defasado para o desenvolvimento das atividades de policiamento ambiental em todo o estado, porém maior do que os 374 (trezentos e setenta e quatro) existente anteriormente.

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Brasil

Tal implantação foi veiculada na mídia positiva ao Público Estadual e Nacional, e ainda estão sendo desenvolvidas exposições em Feiras Agropecuárias e em conjunto com o Programa Paraná em Ação nos diversos municípios do Estado, onde são repassadas orientações sobre a legislação ambiental, entregues folders e são expostos animais taxidermizados que fazem o maior sucesso tanto com a criançada como também com os adultos. Para uma melhor fiscalização o batalhão conta com três aeronaves que fazem constantemente sobrevôo pelo Estado, e com equipamentos GPS, Global Posicion Sistem, e após são formados equipes em terra para realizar o patrulhamento e as notificações ambientais devidas. Foi criado o Curso Força Verde, que se trata de um curso de capacitação dos policiais militares ambientais, melhorando assim o atendimento à população paranaense.

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A Força Verde conta com modernos veículos para as ações de fiscalização preventiva e na repressão dos crimes ambientais

Ciclistas ganham faixa compartilhada em Copacabana Com a presença do prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o subsecretário municipal de Meio Ambiente, Altamirando Moraes, foi inaugurada recentemente, a pista compartilhada no bairro de Copacabana, em um trecho que Ciclistas ganham faixa compartilhada em Copacabana, em um trecho que terá a velocidade máxima dos veículos reduzida para 30km/h. O objetivo é estimular o uso de bicicletas como transporte em pequenas e médias distâncias.

terá a velocidade máxima dos veículos reduzida para 30km/h. O objetivo é

estimular o uso de bicicletas como transporte em pequenas e médias distâncias.

Patrulha Ambiental Criado em Setembro de 2001, o Programa Patrulha Ambiental atua emergencialmente, fiscalizando e atendendo denúncias relacionadas ao meio ambiente em todo o Município: poluição hídrica, do ar e do solo. Disponível 24 h, o serviço tem como objetivo minimizar e/ou impedir possíveis danos ambientais. DISQUE PATRULHA AMBIENTAL: 021 2498-1001 Condições Necessárias: atividade, poluição ou dano ambiental que esteja ocorrendo no instante da denúncia. OBS.: a Patrulha Ambiental não atende denúncias relacionadas à poluição sonora. A Secretaria dispõe do PROGRAMA DE CONTROLE DA POLUIÇÃO SONORA, destinado exclusivamente à este tipo de demanda.(veja em Pro-

jetos e Programas) QUANDO ACIONAR: Nos casos de : Incêndios Florestais; Poluição do ar; Comércio ilegal de fauna e flora; Caça e captura de animais; Poluição hídrica; Poluição do solo; Remoção de vegetação; Extração mineral irregular; Aterro irregular; Invasão em áreas de Unidades de Conservação, Faixas Marginais de Proteção e Áreas de Preservação Permanente; Pesca predatória; Remoção de Parques de Diversão de áreas de praças públicas; Apreensão de animais domésticos que forem encontrados soltos nas áreas de reflorestamento; Apreensão de materiais de atividades irregulares em áreas de praia e de Unidades de Conservação Ambiental, que estejam causando danos ao meio ambiente; Operações de interdição, embargo, apreensão ou de-

molição agendadas pelas Gerências Técnico-regionais. EQUIPES E EQUIPAMENTOS A Patrulha Ambiental possui equipes compostas por técnicos da Secretaria e GDA's (Guardas Ambientais). Distribuídas em duas bases, as equipes da PA contam com duas picapes munidas de moto-serra, guincho, material de combate a incêndio, máquina fotográfica digital, binóculo com zoom, GPS portátil (equipamento de localização), barcos e material de resgate em floresta.

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São Paulo tem plano para mudança climática A redução de 20% da emissão de gases de efeito estufa até 2020, tendo por base o ano de 2005, é a meta da Política Estadual de Mudanças Climáticas (Pemc), sancionada pelo governador de Sâo Paulo, José Serra. A medida permite que o estado participe da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que será realizada em Copenhague, em dezembro. A nova lei paulista prevê incentivos econômicos aos setores mais limpos, bem como desestímulo aos mais poluentes. Políticas públicas deverão priorizar o transporte sustentável, incluindo ciclovias, programas de carona solidária e inspeção veicular. "Vamos atuar em múltiplas áreas, desde a tecnologia, que permite a mudança para uma fonte de energia renovável, até a economia de energia", disse José Serra. São Paulo quer veículos mais limpos O governo de São Paulo apresentou projeto de lei que torna obrigatória a inspeção de todos os veículos do estado, por meio

do Programa de Inspeção e Manutenção Veicular, que deverá verificar a emissão de gases poluentes e a produção de ruídos. No estado, apenas a capital faz essa fiscalização, implantada gradualmente no ano passado. O objetivo é reduzir a emissão de poluentes, mantendo-a dentro dos padrões recomendados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente. Nova usina nuclear

A segunda central nuclear brasileira - depois de Angra dos Reis, onde já existem duas usinas em funcionamento e uma terceira em construção - será construída até 2019 em uma cidade litorânea entre Salvador e Recife, anunciou o diretor-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, em debate nas comissões de Meio Ambiente, defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT).


Destaque

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JOSÉ GOMERCINDO - AENOTICIAS

Petrobrás Biocombustível é sócia de usina de biodiesel no Paraná Uma usina de biodiesel será instalada em Mariava, norte do Paraná. Com investimento inicial de R$ 100 milhões, a unidade deve entrar em operação no segundo trimestre de 2010, com capacidade para produzir 120 milhões de litros de combustíveis. O anúncio foi feito pela Petrobrás Biocombustíveis e pela empresa gaucha BSBios Indústria e Comércio de Biodiesel Sul Brasil, parceiras no projeto. "Essa parceria traz boas vantagens, não só pela quantidade de biodiesel que as empresas vão produzir, como para os fornecedores da matéria-prima e para a diversificação da cultura da cana-de-açucar, que será em parte substituída por oleaginosas, como a soja e a canola", salientou o governador Roberto Requião. ESCOLHA O presidente da Petrobrás Biocombustíveis, Miguel Rosseto, afirmou

Governador Roberto Requião, o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, e o diretor da BS BIOS, Erasmo Carlos Batisttella

que o Paraná oferece condições para a instalação da unidade de biodiesel. "Vamos colaborar com muitos projetos de desenvolvimento econômico, principalmente na agricultura familiar. Este ambiente liderado pelo governador Requião tem criado entusisamo muito grande e estimula investimentos desse Porte".

A Petrobrás possui três usinas de biocombustíveis em funcionamento, que produzem anualmente 324 milhões de litros de biodiesel, em Minas Gerais, Ceará e Bahia. Porém, a instalada no Paraná terá a maior capacidade produtora. "Queremos incentivar ao máximo a presença de pequenos e médios produtores na produção da maté-

ria-prima. Essa unidade será exemplar do ponto de vista ambiental, de segurança operacional e da integração da empresa com a usina e a região", afirmou Rosseto. PESQUISAS O secretário da Agricultura e Abastecimento, Valter Bianchini, destacou que o Paraná, além de oferecer incentivos fiscais, possui pesquisas e tecnologia na área, desenvolvidas pelo Tecpar, Iapar, Emater e pélas universidade. "Este investimento vai praticamente dobrar o PIB (Produto Interno Bruto) do município em R$ 300 milhões, além de beneficiar toda cadeia produtiva". "Com essa parceria vamos consolidar o desenvolvimento do mercado brasileiro de biodiesel, em linha com o Programa Nacional de Produção e com o uso desse combustível", disse Erasmo Carlos Battistela, presidente da BSBios. AENoticias

Isenção de impostos poderia estimular o mercado verde no Brasil Mais uma vez o governo Lula elimina os impostos sobre produtos industrializados (IPI) para uma categoria produtiva. Desta vez foi o setor Prof. Eloy moveleiro que se benefiFassi Casagrande Jr. ciou. Móveis de madeira, metal, plástico, além de alguns acessórios, vão ter IPI com alíquota zero até 31 de março de 2010. Os automóveis, as geladeiras, máquinas de lavar, fogões e tanquinhos, também já receberam este tratamento especial de Brasília. Redução de impostos é sempre benvinda diante da carga tributária que o brasileiro enfrenta, no entanto, o g over no poderia aproveitar desta estratégia para uma maior proteção ambiental, estimulando setores produtivos que realmente contribuissem para reduzir seus impactos sobre o meio ambiente. Vemos pouca iniciativa neste sentido no país. Aliás, produtos que deveriam ser estimulados, como os reciclados, hoje são bi-tributados (IPI, COFINS, ICMS), enquanto que muitos feitos com matéria-prima virgem são subsidiados. O Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, vem tentando convencer o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a importância da retirada de impostos sobre produ-

tos reciclados, mas até agora, pouca coisa mudou! Se no caso do setor moveleiro, a eliminação do IPI fosse associado a móveis produzidos com madeira certificada, plástico e material reciclado, isto estimularia o chamado mercado verde. Hoje grande parte da madeira nativa utilizada no setor, com exceção dos painéis pré-fabricados, como os de aglomerado, MDF e OSB, não há como comprovar sua origem legal. Mesmo as madeiras plantadas exóticas, como o pinus, se não forem controladas através de programas de manejo sustentável, também podem causar impacto ambiental. Outros setores, como da construção de casas pré-fabricadas que utilizam madeiras nativas, não conseguem nem mesmo apresentar o DOF (Documento de Origem Florestal) do IBAMA. Isto ficou recentemente comprovado numa pesquisa de alunos de mestrado da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que visitaram e entrevistaram mais de uma dezena de construtoras em Curitiba. Com justificativas não convincentes, não apresentaram os

documentos e alegavam que tinham "selos verdes", sem saber ao certo o que isto significa. Assim como produtos, as tecnologias verdes, também poderiam receber inventivos. Na Alemanha, que criou em 2000 um programa de incentivo fiscais para gerar energia solar, fez com que o país hoje represente mais de 50% deste tipo energia instalada no mundo. Grande parte desta está nas placas fotovoltaicas instaladas em mais de 300 mil telhados de casas alemãs. Neste ano, nos Estados Unidos, vários programas de créditos e redução de impostos foram implantados para quem adotassem medidas para uma maior eficiência energética em suas residências, como aumentar a qualidade do isolamento térmico nas paredes, uso de energia geotérmica, solar e eólica, aquecedores que utilizam biomassa como combustível, entre outras. No Brasil, nem mesmo conseguimos ter uma fábrica de painéis fotovoltaicos, a única que existia há alguns anos atrás, não conseguiu enfrentar a concorrência das placas produzidas no exterior e que entram no país a um menor custo. No entanto, já existe uma

Proteção Ambiental

variedade enorme de produtos e tecnologias mais ecológicas, que necessitam de maior apoio. Este vai desde a aumento de fundos para pesquisa à melhoria na tecnologia de produção e incentivos fiscais. Temos a produção do algodão orgânico, e óleos ecológicos, como o de mamona, de fibras naturais, como sisal e o curauá, produtos biodegradáveis a base de amido da mandioca, telhas onduladas feitas a partir da reciclagem de aparas de tubo de pasta dental, papel produzido a partir do bagaço de cana, aquecedores solares para água, sistemas de coleta e uso da água da chuva, sistemas de tratamento bilógico de esgotos domésticos utilizando raízes das plantas, blocos para construção produzidos a partir de lodos de tratamentos industriais, entre outros. O brasileiro, seja ele um inventor de garagem ou pesquisador de universidade, é criativo e empreendedor, falta o governo fazer sua parte e estimular os produtos e as tecnologias ecologicamente corretas. Com isso já poderíamos ter o carro elétrico, a geladeira e o sofá mais ecológicos, além de mais empregos, mais renda e maior preservação do Planeta.

Eloy Fassi Casagrande Júnior é professor e coordenador do Escritório Verde da Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR, PhD em Engenharia de Recursos Minerais e Meio Ambiente pela Universidade de Nottingham (Reino Unido), pósdoutor em Inovação Tecnológica e Sustentabilidade pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa

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Crimes ambientais são combatidos diariamente pela Força Verde

26.785 autuações relacionadas a crime ambientais contra flora, fauna e pesca foram executadas pela Força Verde em seis anos: o equivalente a 90% do total de dez anos de trabalho.

R$ 4,7 milhões

Dobrou o volume

32.769 quilos

é o total do último investimento do Governo do Estado na Força Verde, para a compra das viaturas, motos e embarcações, mais a construção de base com trapiche e heliponto em Paranaguá.

de apreensões de palmito in natura e a recuperação de animais que seriam comercializados ilegalmente ou estavam em cativeiro no primeiro quadrimestre de 2009 em comparação com o ano passado.

de redes e 155 armas para pesca e caça predatórias nos qiatro primeiros meses deste ano, quando a Força Verde também recolheu 900 metros de madeira nativa extraída ilegalmente.

O Batalhão conta com um serviço de Disque-Denúncia: 0800-643-0304, que opera 24 horas ininterruptamente

Governo lança Força Verde Mirim em Tibagi Ação propõe trabalho de conscientização da população Crianças ensinando noções e cuidados sobre o meio ambiente. Assim se resume o programa Força Verde Mirim, lançado oficialmente no último dia 27 em Tibagi como parte da programação em comemoração ao Dia do Rio. O município é o oitavo a implantar o trabalho no Estado. O programa Força Verde Mirim é desenvolvido pelo Batalhão de Polícia Ambiental (BPAmb), com apoio da Secretária Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos em parceria com a Prefeitura de Tibagi. Estiveram presentes no lançamento o secretário Estadual do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, o comandante do BPAmb, coronel João Alves da Rosa Neto, o prefeito Sinval Ferreira da Silva e o vereador Luiz Carlos Taques Ribeiro (representando a Câmara de Tibagi). "Tibagi é a cidade natureza. O turismo pode mostrar ainda mais a cidade através desse belíssimo patrimônio natural que possui. Com o Força Verde Mirim vamos mostrar ao Estado que é possível preservar as belezas naturais", disse Rasca Rodrigues. Os estudantes serão agentes am-

bientais e usarão, por exemplo, o Auto de Infração Ambiental, a quem cometer pequenos atos de agressão ao meio ambiente. "Podem aplicar aos pais ou amigos quando cometem algum ato contra o meio ambiente. É uma forma de conscientizá-los", diz Rosa Neto. Os alunos aplicarão os conhecimentos adquiridos em atividades com a comunidade, abordando temas como reciclagem e consumo de água. Sinval Silva destacou que o município já manifestava o interesse de participar do programa desde o ano passado. "Pensávamos inicialmente em apoiar a criação de um grupo de escoteiros para preparar crianças para serem agentes ambientais. Com a implantação deste programa pelo Estado vimos que encaixava exatamente com a proposta do município", salientou o prefeito. "Uma das vocações do município é o turismo que se destaca pelo meio ambiente e

uma natureza exuberante, por isso trabalhar com a conscientização da população a começar pelas crianças é fundamental", enfatiza. O Batalhão Ambiental já formou 600 crianças em todo o Estado do Paraná e pretende expandir ainda mais esta atividade. "É um orgulho para a Polícia Militar a criação mais uma turma desse projeto", afirma o coronel Rosa Neto. Durante o evento, Rasca destacou o município pelo programa Recicla Tibagi que é referência na destinação do lixo. "Em todas as minhas andanças levo o nome da cidade como exemplo ao Paraná. Exemplo de inclusão

social e de responsabilidade ambiental", frisou. FORÇA VERDE MIRIM É uma parceria público-privada que atua em conjunto com os municípios e o empresariado. "Possibilitamos às crianças de dez a 14 anos, das escolas públicas de regiões mais carentes, uma educação ambiental e, acima de tudo, cidadania", explica Rosa Neto. "Esta sementinha que plantamos hoje vai gerar bons frutos para a comunidade", completa. O Força Verde Mirim é um projeto pioneiro de formação de agentes e multiplicação de conceitos sociais e ambientais. Os alunos recebem treinamentos teóricos e práticos sobre preservação da natureza, legislação ambiental, aspectos da fauna e flora locais, primeiros socorros, civismo, moral e ética. Além de incentivar o respeito às pessoas e ao meio ambiente, o projeto valoriza o desenvolvimento social. Para facilitar o aprendizado, as crianças aplicam os conhecimentos adquiridos em atividades interativas na comunidade, abordando temas como aquecimento global, reciclagem e consumo de água.


Legislativo

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Informe da Câmara Municipal

FOTO – IRENE ROIKO

Comissão discute soluções para rios de Curitiba A Comissão da Água recebeu o diretor interino do Departamento de Pontes e Drenagem da Secretaria Municipal de Obras Públicas, Djalma Mendes dos Santos, e sua equipe para falar sobre os planos de drenagem para os rios que cortam a cidade de Curitiba. O engenheiro civil do departamento, Roberto Arruda, explicou que o plano diretor, já previsto nos projetos da Lei Orçamentária Anual (LOA) e do Plano Plurianual (PPA) que estão em processo de aprovação na Câmara, pretende abranger as bacias dos rios Atuba, Belém, Iguaçu, Passaúna, Padilhas e Barigui, que passam pela cidade. De acordo com ele, os problemas causadores das enchentes hoje são a carga poluidora industrial e doméstica despejada nos rios, o lixo jogado diretamente, as calhas e galerias insuficientes, ocupações irregulares, urbanização próxima de rios onde foi retirada a mata ciliar e a falta de bacias de contenção das águas pluviais. Diante deste quadro, ele explica que, entre os objetivos do plano, está monitorar os rios e minimizar o impacto das enchentes. "Vamos fazer um diagnós-

Vereadores ouvem Departamento de Pontes e Drenagem da Secretaria Municipal de Obras Públicas sobre rios da cidade

tico destas bacias, intervenções imediatas e posteriormente ações prioritárias de acordo com a viabilidade técnica, econômica e ambiental da cidade", ressalta. Posteriormente, segundo as explicações do diretor interino, será feito um plano de microdrenagem. "O processo de macrodrenagem, onde trabalharemos especificamente com a drenagem dos rios, deve começar o ano que vem. O processo de microdrenagem vai trabalhar com as pequenas tubulações da cidade e deverá ser realizado posteriormente. Pre-

tendemos fazer tudo com embasamento técnico para que seja utilizado por muitos anos, o que é um grande desafio", garante Djalma dos Santos. Durante a reunião, Omar Sabbag Filho (PSDB) questionou sobre o nível de articulação da prefeitura de Curitiba com a região metropolitana, no que diz respeito à macrodrenagem, "já que recebemos e geramos fluxos de água para outras cidades". Djalma dos Santos explicou que não há como falar sobre dragagem sem a participação da região metropolitana e do Estado. "A arti-

culação tem sido ótima, a parte técnica é feita sem cor, sem partido e somos muito bem atendidos por todos os órgãos envolvidos", ressalta. O vereador Jonny Stica (PT) disse serem necessárias soluções imediatas para a cidade. "É preciso ter todo um aparato suficiente hoje, com o serviço 156 da prefeitura, a Guarda Municipal e a Defesa Civil, preparado para qualquer novidade meteorológica." Ele sugere uma parceria maior com o Simepar para que seja instalado um radar na Serra do Mar que avise da chegada de fortes

chuvas. O vereador Caíque Ferrante (PRP), relator da comissão, ressaltou a necessidade de se investir em campanhas de educação ambiental, para que a população contribua com a limpeza dos rios. Para o presidente da Comissão, Francisco Garcez (PSDB), a reunião trouxe informações importantes para a próxima conversa, que será com o Ministério Público e ongs. "Estamos cumprindo o nosso papel de fiscalizadores e mediadores entre o povo e o poder Executivo. Ouvimos órgãos municipais, agora ouviremos o que o Ministério Público tem a dizer, juntamente com ongs e estudiosos da área e vamos organizar visitas a obras para vermos no local o que está acontecendo e, posteriormente, a Sanepar. Assim, poderemos fazer um diagnóstico mais completo da situação para podermos sugerir soluções na área", diz o vereador. Fazem parte da Comissão, ainda, os vereadores Algaci Tulio (PMDB), Julieta Reis (DEM), Zé Maria (PPS), Juliano Borghetti (PP), Tico Kuzma (PSB) e Felipe Braga Côrtes (PSDB).

cípios da região metropolitana há mais de 20 anos, Roberto Hinça disse que os esclarecimentos adquiridos nas reuniões reforçaram a certeza da necessidade de encerrar o atual aterro e adotar medidas mais avançadas e ambientalmente corretas. "Curitiba, que já deu sua contribuição por muitos anos, deve encerrar esse ciclo de aterros e passar para uma próxima fase, que será uma planta de reciclagem", explicou. O aterro da Caximba será desativado no final do ano que vem e substituído pelo Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos (Sipar), uma indústria na qual a matéria-prima é o lixo. O relator, Juliano Borghetti (PP), traçou um panorama das ações desenvolvidas, considerando o trabalho como de alta

FOTO: ANDRESSA KATRINY

Comissão Especial do Lixo apresenta ações O presidente da Comissão Especial do Lixo, vereador Roberto Hinça (PDT), ocupou a tribuna da Câmara de Curitiba para prestar contas sobre os procedimentos, reuniões e objetivos alcançados até o momento pelo grupo formado em setembro, com objetivo de acompanhar a escolha da melhor alternativa para o destino do lixo de Curitiba e mais 15 municípios. Conforme o parlamentar, que sintetizou o processo desde a instalação da comissão até o último encontro, realizado na semana passada, a criação do grupo foi medida emergencial, apartidária e diretamente focada na comunidade, em especial, nos moradores da Caximba. Ao destacar que a Caximba recebe lixo não só da capital, mas também de outros muni-

Vereador Roberto Hinça prestou contas na Câmara

complexidade. Segundo ele, foram inúmeros os órgãos convidados para debater e buscar soluções para a destinação adequada do lixo, de maneira que não prejudique a população e a cidade como um todo. Entre eles, a comissão recebeu ou visitou instituições e órgãos como o Tribunal de Contas (TC), Ibama, as prefeituras e câmaras das

cidades de Mandirituba e Fazenda Rio Grande, Secretaria Municipal do Meio Ambiente, além de encontros com moradores e lideranças da região. O representante da ONG Defensoria Social, Leonardo Moreli, que apresentou irregularidades sobre licenças ambientais concedidas, também foi lembrado pelos dirigentes. Consideraram o encontro fundamental para análise e andamento do processo. "Todos os envolvidos prestaram esclarecimentos e comprovaram a necessidade de mudança", avaliou Roberto Hinça. Para o vereador Jair Cézar (PSDB), o problema deveria ter sido resolvido há mais de dez anos. "Além de prejudicar a saúde dos moradores, o valor dos imóveis e o meio ambiente, o aterro recebe resíduos de diversas cida-

Cidade Modelo

des, que, nesse momento, viram as costas, deixando a bomba para a gestão de Curitiba." Os vereadores membros da comissão, Denilson Pires (DEM), Noemia Rocha (PMDB) e Tico Kuzma (PSB) também se pronunciaram, destacando a liderança e comprometimento do presidente e do relator. Celso Torquato (PSDB) e Caíque Ferrante (PRP), apesar de não pertencerem ao grupo, afirmaram acompanhar o trabalho e reconhecerem o esforço de todos os membros. Ferrante, que defende medidas de prevenção, ainda sugeriu a realização de campanhas educativas de conscientização. "Só através de campanhas conseguiremos conscientizar a população e evitar transtornos, como os ocorridos com as chuvas torrenciais dos últimos dias."

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Boulder, uma cidade realmente ecológica Boulder, cidade de 100 mil habitantes no Estado do Colorado, no centro-oeste dos Estados Unidos, é considerada pelos ecologistas como modelo mundial de cidade que respeita o meio ambiente. Tornou-se famosa e atrai muitos turistas por praticar os bons princípios ecológicos. É cercada por 21.500 hectares de espaços protegidos onde se pode circular tomando 480 quilômetros de alamedas verdes e de ciclovias. E a prefeitura desenvolve uma política ativa de combate à poluição. No centro de um país pouco sensível à ecologia e alérgico ao imposto, esta cidade, situada ao pé das Montanhas Rochosas, foi a primeira no mundo a instituir, em 2007, uma taxa sobre a eletricidade proveniente das centrais de carvão para estimular as residências e as empresas e recorrer a fontes alternativas de energia. Mais impressionante, esta decisão não foi imposta pela prefeitura, mas adotada pela própria população. "A criação de uma taxa deve ser trazida por cidadãos e submetida a sufrágio universal pelo Conselho municipal", explica Crystal Gray, membro do Conselho, o equivalente às câmaras municipais no Brasil. "Essa taxa foi aprovada por 60% dos eleitores. A iniciativa de todas as grandes decisões em Boulder partiu da comunidade", afirma. UMA COMUNIDADE ESPECIAL Num cenário de casas antigas e pequenos prédios de tijolos, vive uma comunidade especial. Boulder encarna há muito tempo tudo o que os

políticos republicanos e os jornais conservadores detestam. Esta cidade universitária, que conta a maior percentagem de diplomados em curso superior nos Estados Unidos, abriga laboratórios federais de pesquisa atmosférica e a maior concentração no mundo de especialistas em clima. Há na cidade uma tradição de preservação dos recursos naturais e de inovação científica. Os pesquisadores do Centro Nacional para a Pesquisa Atmosférica, uma estrutura impressionante situada no extremo sul da cidade, compartilharam em 2007 com Al Gore o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho no IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Quem visita a cidade cruza com um grande número de ciclistas, trabalhadores que andam a pé e esportistas e amantes da natureza que vêm aproveitar do cenário das Montanhas Rochosas. O North Boulder Recreation Center, um centro de lazer municipal, possui um dos maiores sistemas de aquecimento solar do país. O Boulder Outlook Hotel se vangloria de possuir uma política de "lixo zero". Os entregadores de pizza só utilizam o Prius, um carro híbrido da Toyota. CINTURÃO VERDE A preocupação com o ambiente já vem de longa data. Em 1967, a municipalidade foi a primeira do país a adotar uma taxa especial (1% de todas as compras) para financiar a criação e manutenção de um cinturão verde. No início, mais de

midor pede para receber uma parte de eletricidade vinda de fontes renováveis, um pouco mais cara, não paga taxa", esclarece Jonathan Koehn, responsável pelo ambiente na cidade. O custo médio era até agora de 16 dólares (R$ 27,00) por ano para uma residência e 46 dólares (R$ 78,6) para uma empresa.

18 mil hectares de espaços naturais foram subtraídos da urbanização, preservando os panoramas das Montanhas Rochosas nos arredores mais próximos da cidade. Hoje Boulder tem mais espaços naturais que áreas construídas. Em 1994, uma nova taxa passou a ser cobrada, desta vez sobre o lixo doméstico. É uma das raras cidades nos Estados Unidos que faz isso, e a primeira no Colorado. O objetivo é financiar a sua reciclagem. Um terço do lixo urbano é reciclado. Foi em Boulder que começou, em 1976, o movimento estadunidense "Zero Waste" (Desperdício Zero), em favor da reciclagem de todos os resíduos. "Quando o lixo é enterrado e queimado, destrói-se para sempre o que é preciso considerar urgentemente como recurso", argumenta seu promotor, Eric Lombardi, que se tornou o gestor do complexo de reciclagem ultramoderno da cidade. Em 2008, a cidade foi escolhida pela companhia Xcel Energy e por dez empresas para testar os programas e aparelhos da gestão elétrica do fu-

turo e deve também ser a primeira no mundo a ser equipada com um "smart grid", a rede elétrica de nova geração. Quinze mil contadores "inteligentes" já foram instalados e a rede foi coberta com captadores e retransmissores high-tech. O "smart grid" deve fazer o consumo de eletricidade cair e favorecer a integração na rede de muitas fontes de energia renovável. Isso vai ajudar Boulder a ser bem sucedida em sua aposta de passar dos 15% de eletricidade verde hoje para 80% a partir de 2015. CRÉDITO DE CARBONO Ao contrário do governo federal, Boulder aderiu ao protocolo de Kyoto, que impôs uma queda de 20% das emissões de CO2 até 2012. O consumo de eletricidade, produzida por centrais de carvão e de gás, gera o essencial das emissões na cidade. O crédito de carbono é calculado de forma proporcional e cobrado pela operadora XCel Energy, que o devolve à comunidade. Residências, lojas e indústrias, todo o mundo paga. Só há uma escapatória. "Se o consu-

PRODUTOS ORGÂNICOS O cardápio de um restaurante detalha na primeira página que o estabelecimento só usa produtos orgânicos certificados sem produtos químicos: fertilizantes, herbicidas ou pesticidas. Ele não serve nada que contenha conservantes, aditivos químicos, produtos artificiais, hormônios de crescimento ou antibióticos. Todas as quintas-feiras, quem gosta de passear em grupo tem encontro às 19h no Scott Carpenter Park. Numerosas excursões a pé são possíveis nas colinas das vizinhanças. Para caminhadas mais ambiciosas, pode-se ir até o Estes Park, pequeno povoado a uma hora de estrada onde se encontra uma das duas entradas do Parque Nacional das Montanhas Rochosas. Esse imenso espaço natural (mais de mil quilômetros quadrados de florestas, tundra e geleiras encimadas por picos de mais de 4 mil metros) só é atravessado por duas estradas carroçáveis. Em contrapartida, possui 575 quilometros de trilhas, que permitem observar uma flora muito variada e uma multidão de animais, como castores, alces, cervos, cabritosmonteses, coiotes e outros. Fonte: Courrier International e Le Monde


Evento

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México vai sediar próximo Congresso Iberoamericano e do Caribe sobre Restauração Ecológica Um termo de referência para orientar profissionais habilitados na elaboração de projetos de recuperação de áreas degradadas e a criação no Brasil da sede da RIACRE - Rede Iberoamericana e do Caribe sobre Restauração Ecológica foram alguns dos resultados mais significativos do Congresso Iberoamericano e do Caribe realizado em Curitiba, de 9 a 13 de novembro. Outra decisão anunciada foi o país que irá sediar o próximo evento - México. Além de técnicos o congresso teve a particiação do vice-governador Orlando Pessuti, que também como engenheiro reconheceu a importância da sociedade despertar e adotar novas práticas em relação aos recursos naturais e se voltar de forma mais efetiva para o processo de recuperação de áreas degradadas. Durante o evento, pesquisadores e especialistas mostraram técnicas e procedimentos simples e funcionais desde a reabilitação - focada na recu-

Professor Maurício Balensiefer, coordenador do evento

peração da forma na concepção mais simples da recuperação - até a restauração ecológica, - voltada para a recuperação da forma e principalmente na função da floresta. Técnicas de bioengenharia, por exemplo, foram apresentadas por especialistas italianos, espanhóis e portugueses e foram recebidas pelos profissionais participantes de forma otimista, como medidas preventivas e corretivas para nossa realidade. "São alternativas simples e baratas que usam a vegetação (biomassa em geral) e pedras como matéria prima de ori-

gem natural neste processo para recuperar áreas degradadas de forma segura. E ainda estas novas técncias podem ser agrupadas aos métodos convencionais de recuperação e contenção de encostas", diz Mauricío Balensiefer, coordenador geral do evento e presidente da Sobrade-Sociedade Brasileira de Recuperação de Áreas Degradadas. Durante o congresso os especialistas afirmaram que é possível de forma simples e contando com a ajuda da natureza podemos, através de métodos de nucleação, restaurar ambientes com custo bem

O Congresso teve a participação do vice-governador Orlando Pessutti

abaixo das formas tradicionais. A Sobrade, que está elaborando um termo de referência para orientar os profissionais envolvidos com os processos de restauração ecológica, vai submeter o documento à aprovação dos órgãos ambientais competentes. "Com isto queremos ter mais subsídios para adequar legal e ambientalmente planos, projetos e obras. Assim os profissionais poderão contribuir para o equlíbrio e melhoria de nosso ambiente", explica Balensiefer. Os participantes ressalta-

ram durante o processo de avaliação do congresso o alto nível técnico dos conferencistas tanto nacionais como internacionais. "Sessenta e dois por cento dos participantes fizeram referências positivas aos temas apresentados pelos conferencistas e destacaram o alto nível dos palestrantes. Isto comprova que os rumos adotados pela Sobrade, como instituição idealizadora do evento, estão adequados e a instituição está trabalhando no sentido de superar as espectativas e apontar novas diretrizes para o segmento", finaliza Balensiefer.

A prática sobre restauração ecológica Os participantes do minicurso diretrizes e experiências sobre a teoria e a prática da restauração ecológica tiveram acesso a uma listagem de nove princípios/indicadores, que orientam o trabalho de execução e avaliação de um projeto de restauração ecológica. CONFIRA A LISTA DOS INDICADORES: 1. É necessário que o ecossistema restaurado tenha um conjunto característico de espécies que ocorram no ecossistema de referência e que forneçam estrutura adequada

da comunidade. 2. O ecossistema restaurado precisa ser composto pelo maior número possível de espécies nativas. 3. Todos os grupos funcionais necessários para o desenvolvimento continuado e/ ou estabilidade do ecossistema restaurado devem estar representados ou, se não forem, os grupos ausentes têm o potencial de colonizar por meios naturais. 4. O ambiente físico do ecossistema restaurado é capaz de sustentar populações de reprodução das espécies

necessárias para a sua estabilidade ou desenvolvimento continuado ao longo da trajetória desejada. 5. O ecossistema restaurado aparentemente precisa funcionar normalmente para a sua fase ecológica de desenvolvimento. É importante confirmar que não existam sinais de disfunção. 6. O ecossistema restaurado deve estar devidamente integrado a uma grande matriz ecológica com a qual interage através de fluxos abióticos e bióticos e trocas. 7. Assegurar que as amea-

ças potenciais à saúde e à integridade do ecossistema restaurado a partir da matriz ecológica de entorno foram eliminados ou reduzidos tanto quanto possível. 8. O ecossistema restaurado é suficientemente resistente para suportar o stress normal de eventos periódicos no ambiente local, que servem para manter a integridade do ecossistema. 9. O ecossistema restaurado precisa ser autosustentável com a mesma intensidade de seu ecossistema de referência, e deve ter potencial de persis-

Reaproveitamento

tir indefinidamente sob condições ambientais existentes. No entanto, os aspectos da sua biodiversidade, estrutura e funcionamento podem ser alteradas como parte do desenvolvimento normal dos ecossistemas, e pode variar em resposta ao stress normal periódico e em evento de perturbações ocasionais de maior conseqüência. Como em qualquer ecossistema intacto, a composição de espécies e outros atributos de um ecossistema restaurado pode evoluir como mudança das condições ambientais.

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Construção Civil: a importância da reciclagem dos materiais A reciclagem dos resíduos gerados pela indústria da construção civil, constitui-se uma ótima alternativa para minimizar os impactos ambientais causados pelas sobras dos materiais. A quantidade de entulho que sobra das construções nas cidades, demonstram um enorme desperdício de material. Com isso, os custos desse desperdício são distribuídos por toda a sociedade, não só pelo aumento do valor final das construções, mas também pelos custos e tratamento do entulho. Invariavelmente, o entulho retirado da obra é disposto clandestinamente em locais como terrenos baldios, margens de rios e ruas da periferia. As prefeituras comprometem recursos para a remoção ou tratamento desse entulho e os impactos ambientais da má disposição desse tipo de resíduo são incalculáveis, suas consequências geram degradação da qualidade da vida urbana em aspectos como transportes, enchentes, proliferação de vetores de doenças, entre outros. Como para outras formas de resíduos, também no caso do entulho o ideal é reduzir o volume e reciclar a maior quantidade possível do que for produzido. A reutilização desse material proporciona um grande benefício ambiental, pois mais de 90% dos resíduos provenientes de construção civil podem ser reciclados, reutilizados e transformados em agregados com características semelhantes ao produto original, a partir de matérias-primas com custo muito baixo. Embora ainda tímido, o setor já apresenta um crescimento nos últimos anos até mesmo forçado por leis ambientais nacionais e municipais. Na Europa e nos Estados Unidos, a prática da reciclagem de entulho já está consolidada - a Holanda recicla 95% do entulho. Observa-se que houve um grande avanço na qualidade da construção civil nos últimos anos, obtido principalmente por meio de programas de redução de perdas e implantação de sistemas de gestão da qualidade. Não há dúvidas, porém, que nas próximas décadas, além da qualidade (implanta-

da para a garantia da satisfação do usuário com relação a um produto específico), haverá também uma grande preocupação com a sustentabilidade, antes de tudo, para garantir o próprio futuro da humanidade. Pode-se dizer que já há uma grande movimento neste sentido, e várias pesquisas tem sido realizadas nesta área, subsidiadas por agências governamentais, instituições de pesquisas e agencias privadas no mundo inteiro. No Brasil este movimento teve início após a EC0-92, realizada no Rio de Janeiro, quando foram estabe-

lecidas algumas metas ambientais locais, incluindo a produção e a avaliação de edifícios e a busca do paradigma do desenvolvimento sustentável, obtido pela produção da maior quantidade de bens com a menor quantidade de recursos naturais e menor poluição. Com relação à construção civil, o aproveitamento de resíduos é uma das ações que devem ser incluídas nas práticas comuns de produção de edificações, visando a sua maior sustentabilidade, proporcionando economia de recursos naturais e minimiza-

ção do impacto no meio-ambiente. O potencial do reaproveitamento e reciclagem de resíduos da construção é enorme, e a exigência da incorporação destes resíduos em determinados produtos pode vir a ser extremamente benéfica, já que proporciona economia de matéria-prima e energia. LEGISLAÇÃO Com o crescimento do mercado imobiliário, estima-se que Curitiba produza mensalmente cerca de 80 mil metros cúbicos de sobras de material,

bém a Prefeitura Municipal de Curitiba, através da Lei 11682 de 2006, tornou obrigatória a apresentação de um plano de gerenciamento de resíduos às empresas ou pessoas responsáveis por obras com três mil metros quadrados, ou mais, para licenciamento da obra e liberação do HABITE-SE.

CLASSIFICAÇÃO E ESTIMATIVAS DE GERAÇÃO O resíduo sólido de construção e demolição é responsável por um grande impacto ambiental, e é freqüentemente disposto de maneira clandestina, em terrenos baldios e outras áreas públicas, ou em bota fora e aterros, tendo sua potencialidade desperdiçada. Apesar desta prática ainda ser presente na maioria dos centros urbanos, pode-se dizer que nos últimos anos ela tem diminuído, em decorrência principalmente do avanço nas políticas de gerenciamento de resíduos sólidos, como a criação da Resolução nº. 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 90% dos resíduos 2002), que estabelece diretrizes, crida construção térios e procedimentos para a gestão civil podem ser destes resíduos, classificando-os em quareciclados tro diferentes classes: Reciclar o entulho independenCLASSE A - resíduos reutilizáte do uso que a ele for dado representa vantagens econômicas, veis ou recicláveis como agregados sociais e ambientais, como: - economia na aquisição de (tijolo, concreto, etc); matéria-prima, devido a CLASSE B - resíduos reutilizásubstituição de materiais convencionais, pelo entulho veis/recicláveis para outras indústri- diminuição da poluição gerada pelo entulho e suas conas (plástico, papel, etc); sequências negativas como CLASSE C - resíduos para os enchentes e assoreamento de rios e córregos. quais não foram desenvolvidas tec- preservação das reservas naturais de matéria-prima nologias viáveis que permitam sua reciclagem (gesso e outros); por isso o comprometimento com essa CLASSE D - resíduos perigosos realidade vem ganhando a adesão da (tintas, solventes, etc), ou contaminainiciativa privada que além da susten- dos (de clínicas radiológicas, instalações tabilidade, vem se adequando às leis industriais e outros). que definem o processo de gerenciaPor isso, mais do que o simples mento de resíduos. Um resolução do cumprimento da lei, é preciso que toConselho Nacional do Meio Ambien- dos, governo, empresas e a sociedade te - CONAMA - Nº 307/02, estabe- em geral, possam se adequar aos valolece diretrizes, critérios e procedimen- res e princípios da sustentabilidade para tos para o gerenciamento de resíduos a redução do impacto das atividades da construção civil e prega que toda no meio ambiente. obra deve conter um plano para a desFontes: Desperdício Zero e tinação do material excedente. TamReciclagem da Construção Civil:


Sustentabilidade

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Telhados brancos contra o aquecimento global Pesquisador afirma que pintar os telhados de branco pode ajudar a combater o aquecimento global Segundo estudos desenvolvidos pelo pesquisador Akbari Hasken, do Lawrence Berkley National Laboratory, dos Estados Unidos, pintar de branco os telhados das casas e prédios pode ajudar a reduzir o aquecimento global. Tal medida, faria com que a radiação solar seja refletida de volta para a atmosfera, deixando de aquecer o globo terrestre, diminuindo a temperatura das ilhas de calor dos grandes centros urbanos em até 1º C, uma vez que, enquanto as coberturas escuras absorvem 80% do calor externo, as claras refletem até 90% da luz solar. São consideradas "ilhas de calor" as áreas urbanas que apresentam temperaturas de 1 a 6º C maiores que as áreas rurais próximas. Isto é resultado da retenção e radiação da luz solar pelos edifícios e do calor proveniente do uso de energia elétrica, explica o pesquisador em seu estudo científico. Ele diz que cerca de

25% da superfície de uma cidade são cobertos por telhados. Estudos demonstram que a presença de telhados claros reduz os custos de ar condicionado em 20% ou mais nos dias ensolarados. O consumo de energia mais baixo que isso

propicia significativa redução nas emissões de dióxido de carbono que contribuem para o aquecimento global. Além disso, um telhado branco pode custar apenas 15% a mais de que versões escuras, a depender dos materiais utilizados, e ao mesmo tempo, permitir uma redução nas contas de eletricidade. O secretário da Energia dos Estados Unidos, Steve Chu, ganhador de um prêmio Nobel de Física, vem difundindo o uso de telhados claros, no país e no exterior. "Telhados brancos", foi o conselho que ele deu à audiência televisiva

do programa Daily Show, da Comedy Central durante uma entrevista. O cientista Chu diz que seu heroi é Art Rosenfel, um membro da Comissão Estadual de Energia da Califórnia que está em campanha pelos telhados brancos desde os anos 80, e o argumento de Rosenfeld é o que se todos os telhados do mundo fossem claros, isso poderia representar uma redução do equivalente a 24 bilhões de toneladas em emissões de dióxido de carbono, nos próximos 20 anos. De Dubai a Nova Delhi e Isaka, no Japão, os telhados reflexivos vêm sendo promovidos pelas autoridades locais cuja prioridade é reduzir custos de energia. Nos Estados

Destaque

Unidos, eles se tornaram equipamento padronizado já há uma década, nas lojas novas da cadeia Wal-Mart. As contas de Hasken também são muito otimistas. Ele explica que cada 100 metros de teto pintados de branco compensariam dez toneladas de emissão de CO2. O estudo científico cita que até 2040, 70% da população mundial poderá viver nas cidades, cujas superfícies tem 60% de telhados e pavimentos. "Se somente os telhados fossem pintados, se conseguiria uma compensação de 24 bilhões de toneladas de CO2. Se em 20 anos todos os tetos forem pintados, seria como retirar metade dos carros que rodam em todo o mundo a cada ano deste programa. Isso possibilitaria um atraso nos efeitos di aquecimento global", garante o pesquisador. Haskem Akbari, colega de Rosenfeld no laboratório Lawrence Berkeley, diz que não sabe quanto tempo vai demorar para que os telhados claros conquistem o país. Mas ele aponta que um telhado, quer recoberto por telhas ou por um revestimento asfáltico, costuma durar entre 20 e 25 anos. Caso cerca de 5% dos telhados que são substituídos a cada ano receberem cores mais claras, a transformação no país estaria concluída em duas décadas, afirma. Fonte: www.telhados brancos.com.br

Brindes ecológicos para o final do ano Porta caneta original Em uma reunião entre representantes das empresas Original Escapamentos e Ecossocial surgiu um desafio, transformar os resíduos de escapamentos em brindes. São vários tipos de resíduos em metais que a emprese de escapamentos gera, dentre eles foram selecionados as sobras do corte das chapas metálicas como prováveis matérias primas de produtos. Essa sobra foi selecionada porque as deferentes bitolas e larguras são facilmente manipuladas para tornarem possíveis produtos. O briefing passado pela Original também constava em produzir um objeto que estivesse sempre presente na mesa de seu cliente, seja por seu aspecto estético e ou por seu significado ao meio ambiente e sociedade. Baseada na logo da Original a Ecossocial desenvolveu propostas tridimensionais, e o resultado final foi o porta-caneta. Com o formato decidido, a Ecossocial foi buscar dentro da sua rede de parcerias sociais a possibilidade de confeccionar o produto com qualidade e eficiência. E foi a Vila dos Pilares que fechou um acordo para gerar uma oficina co adolescentes. Esta é uma instituição composta por psicopedagogas que acompanham garotos vítimas de abandono e violência que estão prestes há completarem 18 anos, os abrigados da Vila dos Piás. O fato é que quando os garotos completam 18 anos, o município não tem mais obrigação legal diante deles e cada um é responsável por decidir pelo seu próprio caminho. Essa oficina visa frear o número de garotos que saem desempregados e dar oportunidade a conhecer o ambiente de trabalho na parte prática, com obrigações, responsabilidades e recompensas. Para gerar 500 peças o grupo demorou dois meses, primeiro para ganhar a prática e depois já mais organizados puderam eleger coordenadores de equipe e pontuar suas devidas responsabilidades. Conforme diz Clainton presidente executivo da Original Escapamentos "Nós ganhamos em visibilidade, pois nossos clientes nos parabenizam pelo projeto. Creio que esse foi um

dos fatores que impulsionaram nosso crescimento". A Ecossocial desenvolve projetos a partir de resíduos empresariais. Desde brindes a ambientes ecossociais. Para mais visite o site da empresa www.ecossocial.com.br ou ligue 41 3013-0366. CURIOSIDADES Cada tonelada de aço reutilizado representa uma economia de 1.140 kg de minério de ferro, 154 kg de carvão e 18 kg de cal. Se o pai reciclasse todas as latas de aço que consome, seria possível evitar a retirada de 900 mil toneladas de minério de ferro por ano, prolongando a vida útil das reservas minerais, também deixaria de ocupar 8,6 milhões de m zero em aterros todos os anos e economizaria 240 milhões de kWh de energia elétrica e deixaria de cortar 45 milhões de árvores de reflorestamento comercial, necessárias para a produção de carvão vegetal usado como redutor de minério de ferro.

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Poluição

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Aumento das emissões de CO2 bate recorde em 2008 Casemiro Linarth

Nem a diplomacia climática nem a crise econômica parecem poder reverter a tendência. Segundo o estudo anual do consórcio científico Global Carbon Project, publicado em 17 de novembro na revista Nature Geoscience, as emissões mundiais de CO2 aumentaram em 2008, estabelecendo um novo recorde de cerca de 10 bilhões de toneladas de carbono, com uma margem de erro de 10%. Já os "poços naturais" (oceano, vegetação terrestre), que absorvem parte importante do gás carbônico antrópico (relativo à ação do homem sobre a natureza), perderam um pouco de sua eficácia. Há 50 anos, eles fixavam 45% das emissões. Em 2008, essa taxa caiu para 40%. Sem surpresa, a combustão dos recursos fósseis (petróleo, carvão, gás) é responsável pela maior parte das emissões humanas de CO2: cerca de 8,7 bilhões de toneladas de carbono. Um montante 29% acima do nível do ano 2000 e 41% superior ao de 1990, ano de referência do protocolo de Kyoto. Os números falam por si mesmos. Na década de 1990, as emissões humanas de CO2 devidas aos combustíveis fósseis cresceram em média 1% ao ano. Essa taxa mais que triplicou depois do ano 2000, fixando-se numa média de 3,4% de aumento ao ano. Com o impacto da crise econômica, as emissões de 2008 tiveram

um crescimento de 2%, inferior à média dos anos 2000. O mesmo deve acontecer em 2009. Baseando-se nas evoluções do crescimento mundial projetadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), os pesquisadores do consórcio, que reúne vinte laboratórios internacionais, prevêem uma baixa de 2,8 das emissões globais de CO2 para 2009. Mas o número exato só será conhecido no final de 2010. Apesar da pequena moderação notada em 2008 e do retrocesso previsto para 2009, as emissões da década atual se situam um pouco acima do cenário mais pessimista proposto pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), patrocinado pela Organização das Nações Unidas

(ONU), em seus relatórios anuais. O aumento dos lançamentos de gás carbônico notada nos últimos anos é atribuída, explicam os autores, a uma mudança da fonte principal de emissões, que não é mais o petróleo, mas o carvão. Em 2008, a hulha representou 40% de todas as emissões saídas dos recursos fósseis, em comparação aos 37% entre 1990 e 2000. Já a contribuição do petróleo diminuiu de 41% entre 1990 e 2000 para 36% em 2008. Essa predominância do carvão, inédita desde 1968 segundo os pesquisadores, representa o aumento da atividade econômica da China e da Índia. Os países em desenvolvimento, liberados pelo protocolo de Kyoto, ultrapassaram os países desenvolvidos nas emissões de CO2 nos últimos quatro anos. Mas não deve haver engano. As estatísticas nacionais levantadas pelos pesquisadores lembram um fato conhecido há muito tempo: as

Geral

emissões dos países desenvolvidos se deslocaram em boa parte para os países emergentes. No Reino Unido, por exemplo, as emissões do país diminuíram 5% entre 1992 e 2004, enquanto as emissões relativas aos bens de consumo, produzidos em parte nos países menos desenvolvidos, aumentaram 12%. Embora dominem o cenário, a atividade das indústrias de cimento e a combustão dos fósseis associada ao transporte, à produção de energia e à atividade industrial não são as únicas responsáveis. As transformações do uso dos solos também contam em cerca de 1,2 bilhão de toneladas de carbono. "Trata-se, no essencial, das conseqüências do desmatamento nas regiões tropicais", explica o climatologista Filipe Ciais, do Laboratório das Ciências do Clima e do Ambiente, na França, coautor do estudo. Esse fenômeno não é tão bem percebido pelos pesquisadores, que nem sempre dispõem de estatísticas nacionais confiáveis, ao contrário daquelas que se referem ao consumo e à produção de energia, consideradas corretas com uma margem de erro de aproximadamente 10%. Os autores avaliam que 40% dos cerca de 10 bilhões de toneladas de carbono emitidos em 2008 foram fixados pelos ecossistemas terrestres ou marinhos. "O poço que funciona melhor é ainda a vegetação terrestre", observa Ciais. Segundo ele, o oceano dá sinais relativos de cansaço. O autor esclarece que, há cinqüenta anos, os poços absorviam 45% do CO2, o que ocasiona uma perda de eficácia de 1% por década, um número ainda pequeno. No entanto, é muito difícil prever o comportamento desses poços nos próximos anos e nas próximas décadas.

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Alimentos orgânicos: A base da boa saúde Uma dieta rica em verduras, legumes e frutas é quase sempre a garantia de uma boa qualidade de vida, por isso os alimentos orgânicos, cultivados sem fertilizantes químicos ou agrotóxicos, possuem uma grande vantagem sobre os alimentos convencionais por serem enriquecidos de nutrientes, uma vez que a terra utilizada no seu cultivo é fértil e natural sem interferência química no processo. Além de verduras, legumes e frutas, o modelo orgânico também pode ser encontrado em carnes e laticínios. A diferença está na maneira como se cria o animal (rações adequadas e naturais, tratamentos a base de homeopatia, não confinamentos, etc.), possibilitando um cardápio diário totalmente orgânico. Entre os inúmeros benefícios da alimentação orgânica está o processo de purificação do organismo que ela proporciona, melhorando problemas hepáticos e gastrointestinais contidas nos alimentos normais. Os males para a saúde causados pela artificialização da alimentação já são motivos de protestos e mudanças de atitudes principalmente em países da Europa. No Brasil, a produção de orgânicos, que começou com cooperativas de consumidores em 1978, está crescendo. Atualmente os orgânicos são cultivados em 100 mil hectares no país. MEIO AMBIENTE Os alimentos orgânicos agridem muito menos o meio ambiente. Por não

utilizarem produtos tóxicos, o risco de contaminação do solo e dos lençóis freáticos é reduzido. Além disso, os alimentos orgânicos preservam a fer-

tilidade do solo, a qualidade da água, a vida silvestre, assim como os demais recursos naturais. A saúde das plantas, o bem-estar animal e a biodiversidade

nas propriedades rurais também são valorizados. INCENTIVO SOCIAL A produção orgânica valoriza e incentiva o trabalho da agricultura familiar. Isso contribui para melhorar a qualidade de vida dessas famílias e previne o êxodo rural. Ela também aumenta os postos de trabalho, permitindo uma melhor geração e distribuição de renda, e respeita as normas sociais baseadas nos acordos internacionais de trabalho. Propriedades que exploram os trabalhadores ou usam mão-de-obra infantil não recebem o certificado de Produto Orgânico. Em Curitiba, você encontra produtos orgânicos além das feiras livres, no 1º Mercado de Orgãnicos do Brasil.

Principais características dos alimentos orgânicos: - O solo é considerado um organismo vivo e deve ser modificado o mínimo possível; - Uso de adubos orgânicos de baixa solubilidade; - Controle de pragas e doenças com medidas preventivas e produtos naturais; - Os efeitos das ações no meio ambiente são considerados, por isso são realizadas ações de preservação do solo e das fontes de água; - Os animais se alimentam de produtos orgânicos e naturais; - É realizado um rodízio de animais de exigências e hábitos alimentares diferenciados, como bovi-

nos, eqüinos, ovinos, caprinos e aves; - Uso de instalações adequadas que proporcionem conforto e saúde aos animais, com fácil acesso à água, alimentos e pastagens e que possua espaço suficiente para a movimentação do rebanho; - A reprodução e o desmame são feitos de forma natural; - As culturas seguem os ciclos das estações e às características de cada região; - A colheita é realizada na época da maturação, sem o uso de recursos de indução artificiais.

A reciclagem agrícola de resíduos sólidos orgânicos na gestão ambiental Robinson Rolim Ressetti (*)

Nas atividades humanas, resíduos são gerados continuamente. Estes devem ser reduzidos, reutilizados e/ou reciclados. De outra forma, são fontes de poluição do solo, da água, do ar e locais de proliferação de vetores de várias enfermidades (insetos e roedores). Todo organismo ou material de origem vegetal ou animal é formado de elementos presentes nas camadas superficiais do solo. Dessa maneira, nada mais natural que promover o retorno das frações não utilizadas pelo homem ao seu ponto de partida. Nos grandes centros urbanos, onde é grande o consumo de produtos industrializados, a matéria orgânica compõe em torno de 40 % da massa total

do lixo produzido, sendo que cada habitante contribui com, em média, 1,0 a 1,5 kg de lixo por dia. Já em municípios menores, a fração orgânica do lixo é de, aproximadamente, 60 % da massa total e cada habitante produz de 400 a 600 g de lixo diariamente. A reciclagem agrícola de resíduos sólidos orgânicos (RSO), na conversão de seu potencial poluidor em um insumo fundamental nas atividades agropecuárias dos países tropicais e subtropicais (condicionador de solo e/ou fertilizante orgânico), é uma das alternativas de destino final que mais beneficia a qualidade de vida. Para esse fim,

a compostagem e a vermicompostagem (ou minhocultura) são métodos economicamente viáveis e ambientalmente corretos, desde que técnica e cientificamente conduzidos. Ambos são processos aeróbios controlados de decomposição biológica de RSO. No

caso do lixo urbano, sua utilização prolonga a vida útil de aterros sanitários e gera empregos diretos e indiretos. Essas formas de reciclagem fazem parte de um sistema de gestão ambiental, juntamente com um programa de minimização de resíduos e sua reutilização entre outros. Tem-se verificado que a legislação ambiental tende a ser cada vez mais restritiva, pela ampliação do conhecimento e na consciência da sociedade. Portanto, deve-se seguir um modelo de crescimento e desenvolvimento que considere não apenas a produção de bens, mas também questões ambientais, de responsabilidade social e de qualidade dos alimentos. Nossas ações de hoje refletem no amanhã. (*) Robinson é Eng. Agr., M.Sc.



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