Comunicação Interna e Cultura Organizacional

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Assim, veremos que em empresas do porte da Organização B, o discurso institucional ajudava a construir nos funcionários uma imagem de organização como "grande símbolo do poder, que não se personaliza em donos ou chefes" (MOTTA, 1991, p. 6). A comunicação interna aparecia aqui como uma das instâncias responsáveis pela difusão dessa visão. Ao não identificar os atores sociais; ao se referir em suas matérias apenas a órgãos ou departamentos; ao evitar, de todas as formas, o "culto à personalidade", o discurso comunicativo reforçava a ideia da Organização B acima de tudo e de todos, como única fonte de poder. Isso ajuda a explicar o fato de, para os funcionários de agências e Centros de Processamento, a Direção Geral não ter rosto, não ter gente. Em muitas das respostas surgia a expressão: "aquele pessoal da Direção Geral - note-se a referência a pessoal como ‘massa’ - não sabe como se trabalha aqui"; ou "antes de ir à sede da Empresa, sempre achei que a Direção Geral se limitava a prédios, organogramas e cérebros. A gente não consegue imaginar que tem gente igual a nós trabalhando lá". Essa separação, como nos diz Motta, é bem-vinda já que ocorre aí uma diferenciação sutil, porém fundamental, no que se refere ao objeto da ação do Ego individual. "Quando existe a

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