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A NOSSA ENTREVISTA COM RITA DE OLIVEIRA

Rita Moura de Oliveira nasceu em Lisboa em 1973 e é mãe de duas gémeas de 6 anos. Estudou jornalismo, passou pelo jornal Público, mas é no mundo da edição escolar que tem construído a sua carreira. Depois de ter sido coordenadora de manuais de 1.º Ciclo, é hoje diretora editorial da Raiz Editora, do Grupo Porto Editora. Vive em Lisboa com as suas duas filhas e uma gata.

Quais as temáticas que são abordadas na obra?

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A ideia de escrever este livro surgiu da minha própria vida, quando fiquei grávida de gémeas e me apercebi de que não havia nada em português disponível para consultar. Tive de encomendar vários livros em inglês para me preparar para uma maternidade sobre a qual não havia quaisquer dicas na nossa língua.

Em vez de escrever um livro mais técnico, e porque trabalho com livros escolares, achei que seria mais curioso que o livro fosse uma história, narrada por duas gémeas com 3 anos e meio (as minhas filhas), que fossem contando as dificuldades e aventuras do dia a dia, intercaladas com algumas informações mais técnicas e com muitas curiosidades engraçadas próprias dos gémeos.

Ondepodemosadquiriroseulivro?

Olivrofoilançadoem2019eem2022entrounalistadoslivrosrecomendadospelo Plano Nacional de Leitura. Pode ser encontrado nas grandes cadeias livreiras e encomendadoemqualquerlivraria

Conte-nos, os principais desafios para a escrita desta obra.

O principal desafio foi utilizar uma linguagem que fosse simultaneamente simples (para que os jovens leitores a entendessem) mas rigorosa (para que todos os conceitos mais científicos fossem bem compreendidos). A escolha das situações a ilustrar e o pedido de emendas às mesmas, para que fossem divertidas mas também corretas, foi outro dos desafios. Também investi bastante na pesquisa de curiosidades, pois sei que é algo de que os miúdos gostam e que lhes fica facilmente na memória.

Apresente-nos “São Gémeos” Quando os bebés vêm em duplicado (ou triplicado!).

O livro começa com a apresentação da Ana e da Teresa (que são na verdade a Maria e a Luísa), como gémeas idênticas. Segue-se uma breve explicação de como os gémeos são gerados, uma vez que muitas pessoas ainda não percebem muito bem a diferença entre o que são gémeos idênticos e gémeos fraternos (ou falsos, como eu não gosto de lhes chamar). Cientificamente, é muito diferente! Passa-se depois ao dia a dia delas, abordando coisas práticas como o que fazer quando têm fome ao mesmo tempo, como transportar as duas em simultâneo, como se entretêm, os disparates que duas crianças com a mesma idade se lembram de fazer... Pelo meio surgem as tais curiosidades, como por exemplo: quantas unhas tinha de cortar por semana, quantas fraldas são precisas enquanto as usam, qual é a única raça de cães que as consegue distinguir... São muitas. O livro termina com um breve questionário para o pequeno leitor autoavaliar a sua compreensão acerca do que leu.

Qual a principal mensagem que deseja transmitir através da leitura desta obra literária?

São várias as mensagens que quero transmitir. Antes de mais, e o mais importante, é que ter gémeos não é nenhum «bicho de sete cabeças», e que com muita organização e paciência tudo se faz. Quando soube que estava grávida de gémeas, ao contrário da maioria dos casais, não fiquei assustada ou com medo, mas senti uma imensa alegria. Sendo mãe sozinha, poderia ter entrado em pânico, mas em vez disso recordo esse momento como um dos mais felizes da minha vida. Por poder ter duas filhas quando julgava que já não teria nenhuma (elas nasceram quando eu já tinha feito 42 anos) e por saber que teriam o apoio uma da outra, para sempre. Ter irmãos é muito bom, apesar dos momentos em que dizem odiar-se. No final, tudo acaba bem.

Qual o seu próximo projeto literário? Pensa em ter mais algum?

Há algo sobre o qual gostaria de escrever, que é sobre as mães que decidem ter um filho sozinhas. Há 7 anos, tal não era permitido em Portugal, mas em 2016 a lei mudou e a procriação medicamente assistida (PMA) para mulheres solteiras passou a ser uma possibilidade. O meu processo começou «ilegalmente» mas quando elas nasceram a lei já tinha sido aprovada. Só a partir dos 30 e tal anos é que comecei a pensar em ser mãe, mas na altura não tinha ninguém que gostaria que fosse o pai dos meus filhos. Decidi assim optar pela PMA, e passados estes anos não me arrependo, pois tenho duas filhas felizes com boas referências masculinas, entre os quais o meu namorado, o meu irmão e o meu pai. Era sobre isto que gostaria de escrever. Sobre como devemos pensar muito bem antes de tomar uma decisão assim, como temos de ter uma boa rede de apoio e como podemos lidar com os desafios do dia a dia com muito amor, dedicação e paciência.

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