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HANNIBAL Não é preciso ser um sucesso para deixar a sua marca!


Seus filmes e sĂŠries favoritos, com vocĂŞ em qualquer momento!



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A indústria cinematográfica hollywoodiana é uma das maiores a mais bem sucedidas do mundo, conseguiu se consolidar de forma hegemônica e exerce enorme influência no modo como nós vemos o cinema. Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que os americanos têm uma visão diferente de cinema do que o resto do mundo. O cinema americano acima de arte, é negócio. Qual seu estilo de filme preferido? Se respondeu romance, o que veio à sua cabeça foi um filme onde há um casal jovem, provavelmente brancos, americanos, e que possuem uma história de amor muito forte, até que algo os separa, diversos problemas se desenvolvem, mas o amor prevalece e há um final feliz que termina com eles se beijando. Se respondeu terror, pensou em um assassino um tanto quanto sobrenatural que sempre persegue suas vítimas e nunca morre, ou pode ter pensado em algo como uma possessão demoníaca, com cenas que te fazem pular da cadeira, esse terror que pode até ser uma lenda mexicana, mas que curiosamente se passa nos Estados Unidos, com atores brancos, onde é difícil provar o que está acontecendo, e sempre há um final trágico. Se for ação, o que tem vem a cabeça é um ator todo musculoso, que provavelmente serviu o exército americano e que sozinho consegue salvar alguém, seja da família ou até o presidente, onde há várias cenas de explosões e acontecimentos impossíveis em que nosso herói sempre mostra uma habilidade extrema e nunca se fere, e no final tudo acaba bem. Esses são apenas alguns dos estereótipos que estão implantados em nossas mentes, que mostra que ao longo dos anos a indústria de cinema americana foi capaz de formar seu público a tal ponto que qualquer outro título apresentado que não possua essa fórmula de massa de bolo pronto, é totalmente negada. O romance francês, o terror espanhol, a ação brasileira, são simplesmente descartados e ofuscados pelos holofotes dos altos custos de produção, em que vamos assistir não porque escolhemos e sim porque é a “onda” do momento. A edição especial da revista Indene veio exatamente para acabar com esses estereótipos e quebrar com os clichês que estamos acostumados, existe muito conteúdo de qualidade além do habitual cinema americano, obras de arte que se perderam pelo mar da propaganda, mas que buscamos resgatar para te oferecer uma nova visão da sétima arte, você vai se surpreender e se deliciar aqui. Boa leitura!



Cinema internacional

história do cinema internacional

Denominado como a Sétima arte, o Cinema encanta multidões há tempos. Em dezembro de 1895, pela primeira vez um filme foi projetado publicamente em uma tela. Esta projeção foi realizada pelos irmãos Lumière e aconteceu num café parisiense. Foram cenas simplórias, sendo uma delas a de um trem chegando a uma estação. Em poucos meses, todas as grandes cidades da Europa tinham filmes em exibição. Entender as origens do cinema requer muito mais que estes conhecimentos triviais. A Sétima arte é um tema que abrange muitas ramificações, entre elas, a possibilidade de tornar-se um portal para exibição dos mais diversos discursos ideológicos.

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IMPRESSIONISMO FRANCES E O SURREALISMO Blaise Cendrars, colaborador que trouxe as influências européias em sua viagem ao Brasil na época de eclosão do movimento modernista, juntamente com o poeta Guillaume Apollinaire, começou a ver o cinema não mais como entretenimento, como ato de mostrar, mas como uma rica fonte de inspiração para o mundo. O cinema naquele período estava relegado ao status de arte popular, inferior à literatura, pintura e ao teatro; era conhecido como o irmão pobre do teatro e reduzido a guetos. Com a hegemonia dos Estados Unidos na tecnologia cinematográfica, a França saiu na corrida por atualização. Os filmes impressionistas se caracterizam por proezas técnico-estilísticas, sobre-impressões e planos subjetivos. Ritmo de montagem e aperfeiçoamento de técnicas de enquadramento fazem parte do panorama do movimento. Conhece-se muito pouco da escola impressionista, um movimento quase marginal e minoritário. Vale lembrar que para entender o Impressionismo no cinema Francês, é preciso relembrar da efervescência cultural da década de 20. Foi uma época de intenso experimentalismo: foram periódicos sobre cinema, cineclubes e salas especializadas. Ricciotto Canudo teve papel fundamental na teoria do cinema. Ensaísta e crítico, Canudo criou a alcunha das 7 artes, que denominou o cinema sendo a 7ª; termo que conhecemos e hoje soa como trivial. Temos outro teórico, chamado Louis Delluc, romancista e também teatrólogo; não era tão crítico e analista como Canudo, mas que desmembrava o filme para analisar, algo que conhecemos hoje como decupagem. O movimento Impressionista dialoga com a pintura de mesma vanguarda. Nas principais características do Impressionismo no cinema estão a postura do diretor como roteirista da sua produção e a valorização da imagem em sua forte carga de afeto, mistério e poesia, construindo a narrativa. Germaine Dulac Um exemplar da literatura no impressionismo francês é “ A queda da casa de Usher”, com roteiro baseado em contos de Edgar Allan Poe. Os contrastes entre claro e escuro nesses filmes constituem uma relação antecipada com o cinema noir. Como representantes do movimento temos: Abel Gance, Louis Delluc, Marcel L´Herbier, Germaine Dulac e Jean Epstein. No caso do cinema surrealista, o seu desenvolvimento se deu nos primórdios da década de 30. Influenciado pe-

los pintores da mesma escola, acreditava-se que limitar a representação das coisas aos moldes formulados pela consciência era restringir de maneira intolerante a liberdade. Sintetizando: esses movimentos visavam a quebra da aliança com os moldes tradicionais vigentes na sociedade. O cinema surrealista representava uma tentativa artística de moldar para a arte o mundo dos sonhos. Há muitas influências da pintura surrealista: Dali, Miró, Magritte, Picasso e tantos outros. Luis Buñuel O espanhol Luis Buñuel é um dos maiores representantes do movimento. “O Cão andaluz” (1929) e “A idade de ouro” (1930). Com “O cão andaluz”, roteiro co-escrito por Salvador Dali, Luis Buñuel estreou como diretor e ator neste curta-metragem, o marco inicial do surrealismo no cinema. À luz da psicanálise, Buñuel e Dali exploram o inconsciente humano, numa sequência de cenas oníricas, incluindo o célebre momento em que um homem corta, com uma navalha, o olho de uma mulher. Em “A Idade de Ouro”, o diretor traz imagens fortes e cruas de morte, espancamento, fetichismo e, no final, um epílogo com um conto do Marquês de Sade. É primeiro longa-metragem do espanhol Luis Buñuel. Na história da literatura brasileira, Graciliano Ramos nos mostra um pouco de influência surrealista em seu livro Angústia, de 1938. No enredo, Luis Dias é um funcionário público de 35 anos, solitário, desgostoso da vida e que acaba se envolvendo com sua vizinha, Marina. Com traços existencialistas, Luís mistura fatos do passado e do presente, narra num ritmo frenético como um grande monólogo interior.

A MONTAGEM SOVIÉTICA

Outro ponto de relevância são as montagens soviéticas. Devido a revolução Russa e as influencias construtivistas, surgiu pelas mãos de Kulechov uma nova maneira de narrativa: as montagens intelectuais soviéticas. Elas eram feitas em apoio a revolução, por isso não haviam protagonistas, seus personagens não possuíam nomes e eram representações de uma camada da sociedade e/ou classe. Outro representante é Sergei Eisenstein, onde em filmes como “A Greve” temos as caricaturas, como os patrões e seus lacaios surgindo de forma estereotipada e estimulando a repulsa do espectador, nesse caso, as massas. Há a relação dos objetos com os personagens e com o que é dito, surgindo uma nova forma de cinema, um novo modo de narrar.

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O EXPRESSIONISMO ALEMÃO Atrelado ao expressionismo, temos o Cinema Noir, estilo de filme cultuado, considerado “diferencial”. Para alguns historiadores, o cinema alemão da década de 20, onde o expressionismo encontra-se vinculado, era descrito como extremo, decadente e com doses cavalares de violência, uma apologia ao nazismo que viria logo depois. O êxito de algumas produções expressionistas alemãs ganharam fama em pontos distintos do planeta, com notoriedade para os Estados Unidos, que sofreram a influência direta destas produções, principalmente no que tange ao filme Noir. O filme O gabinete do Dr. Caligari (de Robert Wiene, 1920) seria um dos principais exemplares do gênero. No filme, os cenários são bizarros e seu enredo tem tom de pesadelo, características típicas de filmes deste estilo, que também estava vinculado a outros campos da cultura, como a pintura, a literatura e o teatro. O fim do século trouxe um período de conturbações: as culturas advindas da Europa, apesar de se orgulharem de seu imperialismo, sofriam pelas múltiplas manifestações de cunho anticapitalista. A título de exemplificação, basta lembrar das obras de Baudelaire e as idéias bem difusas de Friedrich Nietzsche. Na pintura expressionista, O grito (de Edvard Munch), exposta pela primeira vez em 1893, ali estava exposta uma doutrina que envolvia o uso estático da cor e a distorção emotiva da forma, tratando também do aspecto profundo, divino e imperceptível das coisas. Na literatura, entre tantos, temos Franz Kafka como representante, apontados por alguns como expressionista. Tais características destas formas de artes estavam refletidas também no cinema. Em primeiro lugar, havia uma iluminação bem especial, bastante insólita, que estava atrelada à maquiagem, que transformava o rosto dos atores em máscaras, cujo tratamento repleto de exageros podia levar à caricatura e ao grotesco. O que tornava prejudicial a pesquisa em torno do cinema alemão era a escassez de materiais sobre o tema, perdidos durante a fase bélica da Alemanha, grandemente envolvida nas duas grandes guerras mundiais. Segundo historiadores, o cinema alemão sofreu grande influência do cinema escandinavo, título futuro desta coletânea de artigos sobre a história do cinema mundial. O primeiro representante do gênero foi “O outro” (1913), de Max Mack, considerado também o primeiro filme de cunho psicanalítico do cinema. O enredo gira em torno

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de um homem que desenvolve dupla personalidade após sofrer um acidente. Outro ótimo representante é O estudante de Praga (1913), que misturando Goethe e Edgar Allan Poe, narra a história trágica do estudante Baldwin, que vende seu reflexo no espelho ao demônio Scapinelli e passa a ser perseguido por seu duplo diabólico. O cinema expressionista alemão é diretamente ligado à temática fantástica. Mais elementos caracterizaram o cinema expressionista: ligações com o gótico, efeitos de sombra e luz nas imagens e vilões sobrenaturais. Apesar do avanço tecnológico destas produções, que influenciaram na qualidade narrativa das mesmas, o cinema alemão enfrentou duro boicote internacional, por questões referentes a seu envolvimento nas guerras mundiais. “O gabinete do Dr. Caligari” ganhou notoriedade dentro deste estudos devido a criação de uma atmosfera de pesadelo que ganhou possibilidade pela produção em painéis pintados ao estilo expressionista, traçando um panorama com aspectos tortuosos e imprevisíveis. Somado a isso, estavam as interpretações dos atores, exageradas e de forte impacto visual, com maquiagem deformadora e enredo envolvendo personagens com sentimentos de destruição e revolta contra as autoridades. No que tange o quesito composição, o cinema expressionista prendeu-se em muitos aspectos ao gótico medieval, como maquiagem (já citado) reforçada e o figurino estilizado. Uma outra característica foram as cenas repletas de alucinações. Um título que ajudará no entendimento da estética expressionista é a película intitulada “Fantasma” (1922). Numa determinada cena, o protagonista é dominado por uma vertigem e as escadas do caminho que segue começam a subir e descer sem que ele precise se mexer. No quesito temática, o cinema expressionista alemão estava ligado ao universo da literatura romântico-fantástica. Na estrutura narrativa, uma das experiências mais marcantes era a de evitar o uso de letreiros narrativos e/ou explicativos: era um cinema interessado em mostrar, e cada um que entendesse da sua forma a mensagem transmitida. A descontinuidade era parte do processo narrativo, sendo o espectador o responsável pela construção da narrativa. FW Murnau, Fritz Lang e Paul Leni foram os três maiores representantes do movimento, que de tão marcante, influenciou em quesitos estéticos o estilo hollywoodiano Noir.


Cinema internacional

CINEMA NOIR Quando um cinéfilo é perguntado sobre as características do cinema Noir, gênero considerado como diferencial/ intelectual, ele trata logo de responder: são filmes com luz expressionista, narrados em off, trazendo um detetive durão e uma loira linda e fatal, apimentado com altas doses de erotismo. Resposta incorreta? Certamente não. A grande confusão na definição do gênero está ligada às suas origens, equivocadas para muitos estudiosos, que não sabiam que na verdade, o gênero não é essencialmente norte-americano. Ele se difundiu e ampliou-se por lá, mas é oriundo da França, país que se encontrava privado de cinema hollywoodiano, vendo-se diante de uma leva de filmes franceses, entre eles os clássicos Alma torturada (1942) e Assassinos (1946). Esses diretores empregavam nas suas obras os tons escurecidos, na temática e na fotografia, além da representação crítica da sociedade americana e subversão a unidade hollywoodiana. Com o passar dos tempos, o cinema Noir tornou-se objeto de culto. Filmes atuais como Los Angeles – Cidade Proibida (1997), Estrada perdida (1997) e O homem que não estava lá (2001) seriam versões modernas do gênero. O elemento central do gênero é o crime e simbolizava o mal-estar pós-guerra dos americanos. Nos filmes do gênero, há predominância do tom pessimista e fatalista, atmosfera repleta de crueldade, clima claustrofóbico e herança estilística da literatura policial. A complexidade das tramas e o uso intenso de flashbacks são marcantes, somados a ruas desertas, paisagens noturnas. Nota-se inclusive os títulos de filmes noirs, sua maioria trazendo palavras de cunho iconográfico como city, dark, street, windown, lonely, mirror, e as de cunho temático, como fear, cry, panic, death. O homem do Noir traz na sua personalidade o derrotismo, ambiguidade, narcisismo, isolamento e egocentrismo. A mulher do Noir, mítica, metaforiza a independência que as mesmas alcançaram no pós-guerra.

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Bollywood


CINEMA INTERNACIONAL Há quem pense que o monopólio cinematográfico é de Hollywood, mas quem acredita nisso está completamente errado. A Índia possui uma indústria do cinema tão grande quanto à dos estadunidenses, mas com uma diferença importante: o objetivo das produções é atender ao consumo interno da população de, aproximadamente, 1,2 bilhões de pessoas. Mesmo com esta gigantesca demanda nacional, o cinema indiano também é reconhecido e apreciado mundialmente. Os cativantes roteiros destacam um lado do Oriente desconhecido, cujas músicas, cores vibrantes e danças trazem a alegria de uma cultura tão rica em 100 anos de cinema indiano.

O nascimento

O termo Bollywood faz alusão à mistura do antigo nome da cidade sede desta indústria, Bombaim (atual Mumbai), com a irmã ocidental, Hollywood. Os fãs dos clássicos acreditam que o termo não designa corretamente o cinema indiano, uma vez que os filmes bollywoodianos têm um viés mais comercial, enquanto os independentes são considerados essencialmente autênticos e originais. No entanto, desavenças a parte, é inegável o alcance das produções artísticas do país, que começaram em 1913, com um filme mudo chamado O Rei Harishchandra(Raja Harishchandra). O enredo melodramático e uma reviravolta na vida da personagem principal já anunciam as que seriam principais características desse cinema. Logo após os anos 30, iniciou-se a elaboração de obras sonoras, que resultaram em um estrondoso sucesso de público. Mas, mesmo com o fascínio perante a arte que já estava colhendo frutos na Índia, a crise de 29 e outras movimentações políticas intensas no país durante o período vieram como um fôlego a mais para a permanência e o incentivo à industria cinematográfica. Lutas sociais e temas que fogem de trajetórias românticas não são muito abordados, principalmente nesse período tenso, em que os filmes eram tratados como uma distração para a realidade complicada e violenta.

O que não pode faltar em um filme bollywoodiano

Dramas, romances, aventuras e musicais. Quatro categorias que juntas constituem um pacote Bollywood completo. Uma explosão de cores também pode ser adicionada ao contexto em geral, já que faz parte da própria cultura indiana. Os ambiente bucólicos, reais ou cenários, apresentam uma originalidade ao ressaltar a tradição rural do povo, que veio mudando com a urbanização recente e caótica, que também reflete nos padrões bollywoodianos atuais de cinema. As características como a excessiva passionalidade, com amores impossíveis, tragédias catastróficas e muitos musicais são presentes durante o século de história do cinema indiano. A música é tratada de diversas formas no cinema indiano, sendo como canções cantadas pelas personagens, coreografadas ou apenas como trilha sonora. Por falar em trilha sonora, quem assistir a esses filmes pela

primeira vez com certeza estranhará o som. Isso porque nos filmes de Bollywood mais antigos, a imagem era gravada antes dele. Assim, com os próprios atores se dublando, o filme ganha uma dinâmica diferentes e até engraçada pela falta de coincidência entre o movimento da boca e a fala. Outra peculiaridade tradicional indiana é o uso do chamado item number, que é a execução de uma dança por um personagem não-principal na narrativa. Pode ser feita por um ou mais atores, mas diferentemente de musicais, as estrelas do espetáculo não são os protagonistas, e sim figurantes. No filme Om Shanti Om, uma história com muita cara de Grease, os atores também participam de um número musical extremamente animado, na canção Deewangi Deewangi. Mais um exemplo é dança final do filme Quem quer ser um milionário (Slumdog Milionaire, 2008), ao som da música Jai Ho. Outra questão interessante é a inserção da imagem da mulher nos filmes. Com a influência da colonização inglesa e até mesmo dos sucessos nas telas ocidentais, a figura feminina não é repudiada, muito menos colocada em segundo plano. Apesar de o país manter claras distinções sexistas, alguns filmes como e Mãe Índia (Mother India, 1957), mostram a mulher como forte e sobrevivente, protagonista valente da história.

Alguns clássicos

Considerado um dos maiores clássicos do cinema mundial, A Canção da Estrada (Panther Pachali, 1955) ganhou dois prêmios no Festival de Cannes de 1956. Desviando do senso comercial e pisando em um solo alternativo, itens menos maquiados, com pitadas de realismo, imprimem um outro olhar para o cinema indiano. O preto e branco, a escassa trilha sonora – explorando sons da natureza – e as tomadas diferentes – até com focos em sombras – são indispensáveis para expressão desse novo caráter. No caso de Mãe Índia, uma metáfora do próprio país pode ser interpretada: o altruísmo da protagonista, ao sacrificar seu próprio bem estar para cuidar de seus filhos. Lançado em 1957, o longa vai além dos musicais colocando, após o fim da colonização britânica, a luta de uma mulher para sobreviver e criar independentemente os filhos. Sendo a “mãe” de sua pequena cidade, as mudanças de ângulo da câmera – principalmente em horas de desespero da protagonista -, a excessiva maquiagem e o fundo musical alegre até em momentos mais tristes, além de uma narrativa bem estruturada nos 172 minutos, fizeram com que concorresse ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1958.

A Mãe Índia

Amor, Sexo e Traição (Love, Sex aur Dhokha, 2010) é um exemplo de Bollywood bastante contemporâneo. Com os temas polêmicos e chamativos, o longa é influenciado pela vida ocidental, com três histórias marcantes e críticas sobre a televisão. O caráter mais incisivo e questionador da vida cotidiana integram ao novo estilo bollywoodiano de fazer cinema. 11


CINEMA INTERNACIONAL

ANNIE HALL

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Genialidade, ironia e bom humor são marcas incomparáveis neste filme de Woody Allen, principalmente quando se trata de expurgar as dores e memórias de um romance fracassado, de modo estruturalmente inventivo e criativo ao estilo de uma apresentação dialética de piadas e relatos pessoais com uma franqueza morbidamente ácida e divertida. Apesar de ser um filme incomum para o publico pipoca, isso não impediu que Allen conquistasse-o juntamente com a crítica ao fazer um filme com uma estrutura narrativa incomum para os padrões americanos cuja empreitada lhe garantiu o Oscar de melhor filme e diretor, além de mais dois principais. O diretor compõe aqui uma elegia bem humorada a Annie Hall, interpretada pela também vencedora do Oscar, Diane Keaton. Ele costura inventivamente lembranças, diálogos e momentos sem seguir uma linearidade, contando apenas com uma linha de condução: a narração dialógica, ou seja, as cenas que se sucedem durante o filme transpõem a estrutura espaço-temporal sem se ater em uma direção intrincada, mas representam o momento do diálogo, ora se desloca ao passado, ora torna ao presente. Vale a pena destacar o prólogo que é uma espécie de confissão psicanalítica – que já indica a flexibilidade da narrativa – feita diretamente à câmera pelo cineasta, tornando no um filme auto-reflexivo. Não somente no prólogo, mas também em seu epílogo e durante momentos pertinentemente geniais como a memorável cena em que Marshall McLuhan (célebre teórico da comunicação de massa) é puxado de trás de um cartaz num cinema para endossar o ponto de vista crítico de Alvy Singer (o próprio Allen) a um personagem pedante, somos confrontados como espectadores de um vivaz discurso fílmico autoconsciente, sem quebrar, portanto, com a fluidez e envolvência inerentes a um bom filme. O que o filme propõe esteticamente é nos identificar com as experiências dos personagens e sentirmos uma espécie de nostalgia com os relacionamentos mais marcantes que cada um de nós já tivemos que é pontificado por vezes pelo humorista ao falar de relacionamentos. É filme que também não poderia deixar de ser uma fatia de sua autobiografia que a cada longa metragem fica mais transparente, de modo que Allen passa a ser visto por seu público com uma intimidade à distância. Parece-nos que o conhecemos como se fizesse parte de nossa convivência, algo que não sentimos com nenhum outro nem mesmo Truffaut que assumidamente filmava fragmentos de sua experiência pessoal. Assim como o relacionamento que não queremos que termine, a fita é maravilhosamente envolvente, nos acostumamos com a presença de Alvy e Annie e queremos que nunca se finde. E em suma é um retrato das situações de todos nós que gostaríamos de na vida real controlar as circunstâncias que nos escapam, em concordância nos diz o protagonista: “... Vocês sabem que nós estamos sempre tentando fazer com que as coisas fiquem perfeitas no domínio da arte, já que isto é quase impossível na vida”.


“Eu sinto que a vida é dividida entre o horrível e o miserável.” 13


CINEMA brasileiro

A História do CINEMA BRASILEIRO

Caso alguém pergunte, num futuro distante, qual terá sido o meio de expressão de maior impacto da era moderna, a resposta será quase unânime: o cinematógrafo. Inventado em 1895 pelos irmãos Lumière para fins científicos, o cinema revelou-se peça fundamental do imaginário coletivo do século XX, seja como fonte de entretenimento ou de divulgação cultural de todos os povos do globo.

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Desde cedo, o cinematógrafo aporta no Brasil com Affonso Segretto. Segretto, imigrante italiano que filmou cenas do porto do Rio de Janeiro, torna-se nosso primeiro cineasta em 1898. Um imenso mercado de entretenimento é montado em torno da capital federal no início do século XX, quando centenas de pequenos filmes são produzidos e exibidos para platéias urbanas que, em franco crescimento, demandam lazer e diversão. Nos anos 30, inicia-se a era do cinema falado. Já então, o pioneiro cinema nacional concorre com o forte esquema de distribuição norte-americano, numa disputa que se estende até os nossos dias. Dessa época, destacam-se o mineiro Humberto Mauro, autor de “Ganga Bruta” (1933) - filme que mostra uma crescente sofisticação da linguagem cinematográfica – e as “chanchadas” (comédias musicais com populares cantores do rádio e atrizes do teatro de revista) do estúdio Cinédia. Filmes como “Alô, Alô Brasil” (1935) e “Alô, Alô Carnaval” (1936) caem no gosto popular e revelam mitos do cinema brasileiro, como a cantora Carmen Miranda (símbolo da brejeirice brasileira que, curiosamente, nasceu em Portugal). A criação do estúdio Vera Cruz, no final da década de 40, representa o desejo de diretores que, influenciados pelo requinte das produções estrangeiras, procuravam realizar um tipo de cinema mais sofisticado. Mesmo que o estúdio tenha falido já em 1954, conhece momentos de glória, quando o filme “O Cangaceiro” (1953), de Lima Barreto, ganha o prêmio de “melhor filme de aventura” no Festival de Cannes. A reação ao cinema da Vera Cruz representa o movimento que divulga o cinema nacional conhecido para o mundo inteiro: o Cinema Novo. No início da década de 60, um grupo de jovens cineastas começa a realizar uma série de filmes imbuídos de forte temática social. Entre eles está Gláuber Rocha, cineasta baiano e símbolo do Cinema Novo. Diretor de filmes como “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964) e “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1968), Rocha torna-se uma figura conhecida no meio cultural brasileiro, redigindo manifestos e artigos na imprensa, rejeitando o cinema popular das chanchadas e defendendo uma arte revolucionária que promovesse verdadeira transformação social e política. Inspirados por Nelson Pereira dos Santos (que, já em 1955, dirigira “Rio, 40 Graus” sob influência do movimento neo-realista, e que realizaria o clássico “Vidas Secas” em 1964) e pela Nouvelle Vague francesa, diretores como Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Ruy Guerra participam dos mais prestigiados festivais de cinema do mundo, ganhando notoriedade e admiração. As décadas seguintes revelam-se a época de ouro do cinema brasileiro. Mesmo após o golpe militar de 1964, que instala o regime autoritário no Brasil, os realizadores do Cinema Novo e uma nova geração de cineastas – conhecida como

o “údigrudi”, termo irônico derivado do “underground” norte-americano – continuam a fazer obras críticas da realidade, ainda que usando metáforas para burlar a censura dos governos militares. Dessa época, destacam-se o próprio Gláuber Rocha, com “Terra em Transe” (1968), Rogério Sganzerla, diretor de “O Bandido da Luz Vermelha” (1968) e Júlio Bressane, este dono de um estilo personalíssimo. Ao mesmo tempo, o público reencontra-se com o cinema, com o sucesso das comédias leves conhecidas como “pornochanchadas”. A fim de organizar o mercado cinematográfico e angariar simpatia para o regime, o governo Geisel cria, em 1974, a estatal Embrafilme, que teria papel preponderante no cinema brasileiro até sua extinção em 1990. Dessa época datam alguns dos maiores sucessos de público e crítica da produção nacional, como “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976), de Bruno Barreto e “Pixote, a Lei do Mais Fraco” (1980), de Hector Babenco, levando milhões de brasileiros ao cinema com comédias leves ou filmes de temática política. O fim do regime militar e da censura, em 1985, aumenta a liberdade de expressão e indica novos caminhos para o cinema brasileiro. Essa perspectiva, no entanto, é interrompida com o fim da Embrafilme, em 1990. O governo Collor segue políticas neoliberais de extinção de empresas estatais e abre o mercado de forma descontrolada aos filmes estrangeiros, norte-americanos em quase sua totalidade. A produção nacional, dependente da Embrafilme, entra em colapso, e pouquíssimos longas-metragens nacionais são realizados e exibidos nos anos seguintes. Após o cataclisma do início dos anos 90, o sistema se reergue gradualmente. A criação de novos mecanismos financiamento da produção por meio de renúncia fiscal (Leis de Incentivo), juntamente com o surgimento de novas instâncias governamentais de apoio ao cinema, auxilia a reorganizar a produção e proporciona instrumentos para que realizadores possam competir, mesmo de modo desigual, com as produções milionárias das majors norte-americanas. Esse período é conhecida como a “Retomada” do cinema brasileiro. Em pouco tempo, três filmes são indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro: “O Quatrilho” (1995), “O Que é Isso, Companheiro” (1997) e “Central do Brasil” (1998), também vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim. Nomes como Walter Salles, diretor de “Terra Estrangeira” (1993) e “Central do Brasil” e Carla Camuratti, diretora de “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” (1995) tornam-se nomes conhecidos do grande público, atraindo milhões de espectadores para as salas de exibição. Cem anos após os irmãos Lumière, o cinema brasileiro reivindica seu papel na história da maior arte do século XX para apresentar, neste catálogo, sua contribuição para o futuro do medium. 15


O MENINO eo mundo

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CINEMA brasileiro

Várias questões sociais já foram retratadas em filmes

brasileiros, e alguns assuntos foram tão explorados que o público acabou desenvolvendo uma certa aversão ao tema. Em “O Menino e o Mundo”, essas questões são observadas pelos olhos de uma criança muito criativa. E o diretor Alê Abreu fez um trabalho magistral a respeito da estética da animação, pois é impossível não se deixar levar pelas visões do “Menino”, que segundo Alê se chama Cuca. O filme não possui diálogos, ou melhor, todos as falas foram gravadas em português invertido, gerando assim uma nova língua. Sofrendo com a falta do pai, um menino deixa sua aldeia e descobre um mundo fantástico dominado por máquinas-bichos e estranhos seres. Em diversas situações inusitadas e paisagens dos sonhos, várias questões sociais são retratadas. Como o filme não possui diálogos, a animação pode ser apreciada por qualquer um, mas é inegável que o foco da trama retrata o Brasil, mesmo que de forma surreal e levemente disfarçada, vários elementos culturais e até mesmo geográficos são facilmente identificáveis.

E de forma alguma é um filme só para crianças. Como o próprio diretor afirma “Dizem que é um filme infantil, mas as pessoas de todas as idades se identificam de alguma maneira. Gosto de pensar que é um filme para as crianças que habitam os adultos“. A animação parece simples em um primeiro momento, mas se revela fascinante durante o filme. Além de animação digital, foram utilizadas texturas, colagens e pinturas em aquarela e tinta acrílica, tudo muito bem aplicado. Até mesmo os vazios e brancos são muito bem pensados, e que fazem todo sentido dentro da narrativa. Pra finalizar, a trilha sonora é sensacional, contando com a participação de GEM-Grupo Experimental de Música, Naná Vasconcelos, Barbatuques, e o rapper Emicida, que interpreta a música tema do longa, “Aos Olhos de Uma Criança”. “O Menino e o Mundo” venceu o prêmio de “Melhor Filme de Animação” no Festival Internacional de Havana, além de integrar o Anima Mundi 2014. Vale muito a pena conferir!

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entrevista

SOZINHOS

Diogo Gonçalves conta em entrevista como foi realizar o curta

De onde surgiu o seu interesse por filmes? E a ideia para fazer o curta Sozinhos? Bom, meu interesse por filmes surgiu desde sempre; Na verdade eu e meus pais sempre assistíamos muitos filmes, todo final de semana meu pai alugava filmes em locadoras, geralmente quatro filmes, e a diversão era assistir o final de semana inteiro todos os filmes e mais de uma vez alguns. Além de sempre gravarmos os filmes que passavam na tv em vhs, tínhamos uma coleção enorme de filmes gravados na sessão da tarde, tela de sucessos e todos os outros programas de tv que exibiam filmes. E conforme fui crescendo o gosto por filmes foi aumentando, durante o ensino médio eu ia ao cinema umas 2 ou 3 vezes por semana, via os horários dos filmes, pegava minha bicicleta e saia de bicicleta para o shopping, geralmente as quartas, e geralmente pegava duas sessão no mesmo dia, as quartas... por ser mais barato, na época a meia de quarta era 2,50. Fora animação, e quadrinhos que são outras histórias. A ideia de fazer o Sozinhos veio de um projeto que fizemos na faculdade, que deu muito errado. Eu gosto muito de terror e suspense, e entrei na faculdade com a ideia de fazer algo nessa linha. E meu primeiro projeto “grande” deu muito errado, tudo que poderia dar errado aconteceu, e no último de gravações estávamos eu e meus amigos deitados no chão da calçada e eu chamei eles para fazer um trabalho de verdade, fazendo tudo certo dessa vez, e assim surgiu a ideia de continuar tentando. O argumento do Sozinhos veio a partir de um briffing de toda a equipe onde estabelecemos as regras do nosso suspense e o ponto de partida, que seria o medo de ficar sozinho. Após isso comecei a pesquisar contos e histórias que serviriam de base para a história, e numa determinada 18

noite de sexta feira treze, brincadeira, numa determinada noite li um conto, em que uma versão de Deus ficava triste pelo homem ter se afastado dele e o deixado sozinho, e achei legal partir dessa ideia, de uma entidade que seria um deus, que por achar que o homem o abandonou resolve sair matando as pessoas... essa é a história da entidade do curta por sinal. Quais foram as principais dificuldades durante a gravação? Grana, elenco, locação e moveis... basicamente tudo, é bastante difícil fazer algo exatamente do jeito que você quer, ainda mais com pouco dinheiro. Para nossas realizações sempre usamos o antigo ritual da caixinha que consistia em cada membro do grupo sangrar X reais todo mês para conseguirmos ter dinheiro para comprar lâmpadas, maquiagem, figurino, transporte e alimentação da equipe nos dias das gravações. Conseguir ator é outra dificuldade enorme, por que os únicos trabalhos que o pessoal costuma ter dinheiro para pagar atores é no tcc, nos demais trabalhos geralmente são atores não profissionais, com pouca ou nenhuma experiência em atuação, fora o fato de muitas vezes nos depararmos com atuações baseadas em teatro, que é outra coisa. E por último a questão de ser difícil administrar uma equipe, ainda mais uma equipe de amigos, por que existe uma certa hierarquia dentro do set de gravação, e deve existir isso, mas todo mundo ali está aprendendo no susto, então ter confiança para tomar decisões e barrar outras decisões é um processo confuso em determinados momentos, mas sempre tentei evitar essa confusão, e sempre tentar demonstrar certezas, por mais que elas estivessem erradas.


Essa foi a sua primeira experiência como cineasta ou você já tinha feito algo antes? Cineasta é uma palavra forte, prefiro realizador (risos). Bom como eu disse anteriormente, antes do sozinhos tínhamos feito um vídeo, que era uma coisa na casa dos 30 minutos, cujo resultado final foi um tremendo fracasso, e antes disso tínhamos feito alguns curtas bem menores, curtas de um minuto, cinco minutos, por aí. Como é filmar terror sem muitos recursos e com uma criança? Então, é desafiador pensar em efeitos práticos para conseguir resultados satisfatórios, como na sequencia do fogão acendendo a luz e apagando sem ninguém mexer. Mas acho que muita coisa legal pode sair a partir de restrições de orçamento, porque você tem que pensar em uma saída que seja criativa e barata, e disso saem muitas ideias muito boas. Quanto a filmar com o Gabriel, foi muito tranquilo, havia uma moça, que estava toda preocupada em deixar o Gabriel, ator que faz o Juninho, no meio de um set de terror/suspense, mas o resultado final é pesado... o processo é leve e engraçado, a maioria dos meus amigos tem um senso de humor parecido com o meu, então o set era muita palhaçada, tinha até umas meninas que estavam lá só pra dar bronca na gente pro processo não parar. Inclusive deixei o Gabriel dirigir uns planos, acho que no fim foi uma experiência muito interessante e legal pra ele, ver toda a arrumação do set, ver a organização da equipe, todo o trabalho que dá para gravar uma sequencia de 5 segundos.... Tem algum nome no cinema mundial que te sirva de inspiração ou admiração? Vish.... São tantos, tem o tio Hitchcock, o Tarantino, Sér-

gio Leoni, Era uma vez na América é um máximo, tem o Hayao Miyazaki, que é animador do estúdio Ghibili, Dário Argento do terror italiano, Wes Creaven, diretor do A Hora do Pesadelo, e claro o grande Orson Wells, além do Ernst Lubitsch, acho que todos esses carinhas estão empatados em primeiro lugar. Você pretende fazer outros projetos como esse futuramente? Eu gostaria muito de continuar a história, tem tanta coisa que eu queria contar dentro do universo do Sozinhos, tem muita coisa, não sei se seria um Sozinhos 2, mas seria algo no mesmo gênero e explorando um pouco mais o lado “humano” da entidade, e o lado “desumano”. Além de inserir outros personagens, bom tem muita coisa que eu quero contar e com toda certeza pretendo dar prosseguimento ao projeto no futuro. Quais dicas que você dá a quem está começando? Dicas... Bom a primeira é ler e consumir muita ficção, em qualquer mídia, mas a ideia não é consumir por consumir, a ideia é entender os “porquês”, “como” para saber como determinadas estéticas e linguagens podem ajudar a construir a sua própria, é assim inclusive que o Tarantino cresceu (risos). Bom, em segundo lugar é não colocar a carroça na frente dos bois. Começar com um curta de um minuto, depois um maior, entender a linguagem, testar luz, enquadramentos, efeitos, montagem, som, sempre com esses trabalhos curtos para depois meter a cara em algo mais sério. E por último meter a cara mesmo, se for para começar algo, a ideia é terminar também, ficando bom ou ruim, por que errar também ajuda a entender o processo.

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POR QUE A TV NÃO ESTÁ PRONTA PARA HORROR EXPLÍCITO DE HANNIBAL A última ceia foi servida. E, enquanto brindamos o fim da refeição com licor, paramos e pensamos na delícia que foi Hannibal, série de TV americana que acaba de ter seu episódio final exibido nos Estados Unidos. Mas apesar de ter sido adaptada de uma franquia bemsucedida na literatura e no cinema, e de ter durado três temporadas, o seriado nunca foi um sucesso de público. Aqueles que assistiram, no entanto, frequentemente elogiavam Hannibal como um dos dramas mais inventivos e diferentes já realizados na TV. Seu impacto entre críticos e aficionados da telinha fala muito sobre os tempos que o meio vive atualmente: você não precisa ser um sucesso para deixar a sua marca.


Séries

Quando a série estreou, há dois anos, havia motivos de sobra para se duvidar da longevidade de Hannibal. Tanto os filmes quanto os livros protagonizados pelo Dr. Hannibal Lecter, o psiquiatra canibal, acabaram se desviando do original de Thomas Harris, Dragão Vermelho, de 1981. Nesse livro e na sua sequência, O Silêncio dos Inocentes, Lecter era um personagem interessante, um preso assustador que dava informações úteis aos criminalistas Will Graham e Clarice Starling mas também conseguia perturbá-los de maneira fascinante. Lecter fez o mesmo com os leitores, e o personagem se firmou além da literatura, tornando-se uma figura da cultura pop com os fantásticos filmes Caçador de Assassinos (1986) e O Silêncio dos Inocentes (1991). Por este último, o ator Anthony Hopkins levou um Oscar para casa, ao retratar um bicho-papão por excelência. Depois disso, bem, ainda há um debate sobre a qualidade do livro Hannibal (1999) e sua versão para o cinema, dirigida por Ridley Scott e estrelada novamente por Hopkins. E quanto menos falarmos dos filmes Dragão Vermelho (2002) e Hannibal – A Origem do Mal (2007), melhor.


SéRIES

Paixão de Fã Mas a entrada no projeto da série de TV de Bryan Fuller, autor da curiosa série Wonderfalls and Pushing Dasies, fez as mentes mudarem. O primeiro e mais importante feito de Fuller foi abordar o universo de Lecter com a paixão idiossincrática de um fã. Apesar de os livros e os filmes com Hannibal Lecter serem reverenciados por Fuller, nada neles é inviolável. Os telespectadores foram, então, presenteados com um Will Graham bem mais emotivo e transparente, e personagens com gênero ou cor trocados - o agente do FBI Jack Crawford (Laurence Fishburne) virou afro-americano; o colega de Graham Alan Bloom virou Alana (Caroline Dhavernas) -, o que compensou o fato de Fuller não ter conseguido comprar os direitos de usar a personagem Clarice Sterling, que foi de Jodie Foster no cinema. Isso sem falar no próprio Hannibal, vivido pelo ator dinamarquês Mads Mikkelsen com um desmazelo diabólico que o diferenciou da famosa versão de Hopkins. O psiquiatra da TV parecia vindo diretamente do inferno, com seu carisma e seu magnetismo arrasadores. Ao longo da série, Graham se tornou a refeição simbólica mais importante para Lecter. A escolha de começar o seriado no início da estranha amizade entre os dois permitiu que uma intimidade crescesse entre eles. Fuller, que é assumidamente gay, pegou a representação periférica de personagens LGBT como ‘estranhos’ no original de Harris e colocou-a no coração da trama. Mesmo que os dois homens tenham tido relacionamentos com mulheres ao longo da série, fica claro o que realmente desejam - pelo menos no episódio da primeira série em que Hannibal cheira Will por trás. 22


“TELEVISÃO DE AUTOR” Diante de tantas nuances e de tanto talento, é de se perguntar por que tão poucos espectadores se interessaram por Hannibal. Os índices de audiência eram consistentemente baixos, mas o canal NBC manteve a série no ar por causa dos elogios recebidos e por causa do baixo custo de fazê-lo. Mas podemos apenas especular sobre os motivos de a série ter sido cancelada. Teria sido o perverso estilo do diretor de fotografia James Hawkinson, que exaltava com beleza as cenas mais terríveis? Ou será que foi a maneira envolvente de contar a história, fazendo-a evoluir de um foco mais objetivo para se tornar um estudo psicológico? Os fãs dos primeiros episódios se dividiram quanto à ideia implantada na mais recente temporada de deslocar os personagens para a Europa. Muitos acreditaram que o tom que Fuller e sua equipe adotaram para a série era demasiadamente “filme de arte” e pretensioso. Ou será ainda que o público ainda não está pronto para a chamada “televisão de autor”? Uma das constantes em muitos dos comentários publicados em sites de entretenimento é uma incredulidade com o fato de as visões bizarras e sangrentas apresentadas na

série estarem sendo exibidas por um grande canal aberto e não por uma TV por assinatura. Tampouco se tratava de horror por horror, mas sim uma expressão carnal das tormentas internas dos personagens. Havia uma densidade emocional por trás das cenas de horror que nem os fãs de Walking Dead, acostumados a imagens chocantes, conseguiram aguentar. Qualquer que tenha sido o problema, os últimos episódios foram excepcionais, adaptando Dragão Vermelho com o sofisticado faro visual de Fuller e fazendo com que elementos familiares do universo de Lecter parecessem mais inspiradores. Ainda não se sabe o que vai acontecer com a série, mas parece improvável que ela seja ressuscitada. Serviços de streaming como a Amazon e o Neflix recusaram a possibilidade de estender o seriado, e Fuller agora está se dedicando a adaptar Deuses Americanos, de Neil Gaiman, para a TV a cabo. Há boatos de que Hannibal ganharia uma nova adaptação para o cinema, com os mesmos atores, mas isso dependeria da disponibilidade de todos.

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3%

Série Independente e Brasileira da Netflix

Dentro do circuito mainstream, as séries brasileiras raramente atraem a atenção dos mais exigentes. Poucas vezes elas exploram temas interessantes, ficando sempre nas comédias familiares e contos de época. Mas no circuito independente, a coisa tem outra ótica. A série de ficção “3 porcento/3%” tem uma trama que gira em torno de um novo mundo no qual todas as pessoas, ao completarem 20 anos, podem se inscrever em um processo seletivo. Apenas 3% dos inscritos são aprovados e serão aceitos em um mundo melhor, cheio de oportunidades e com a promessa de uma vida digna. O processo de seleção é cruel, composto por provas cheias de tensão e situações limites de estresse, medo e dilemas morais. Esse mundo melhor é conhecido como o “Lado de Lá“, enquanto no mundo chamado de “Lado de Cá” as pessoas sofrem por problemas como fome, miséria entre outros bem conhecidos da maioria dos Brasileiros. A série acompanha a luta dos personagens para fazer parte dos 3% dos aprovados que irão para o Lado de Lá. No elenco encontramos nomes como Bianca Comparato, João Miguel, Mel Fronckowiak, Zezé Motta, Rodolfo Valente, Viviane Porto, Rafael Lozano, Vaneza Oliveira e Michel Gomes. 3% é a primeira série original totalmente brasileira do Netflix. A série ainda não tem data de estreia, mas contará com 8 episódios na primeira temporada que serão disponibilizados na tecnologia Ultra HD 4K.

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sĂŠries

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Secret

Kill Me Heal Me


DORAMAs

Conhecendo Doramas

O que são Doramas, você pode estar se perguntando... Dorama é uma palavra japonesa que significa “drama”. Porém engana-se quem acha que faz referência ao gênero- Existem doramas de comédia, romance, ação, entre outros. Essa palavra faz referências a series e novela asiáticas, exitem algumas variações, como: K-dramas (novelas coreana); J-drama (produçoes japonesas); TW-drama (novelas Taiwanesas); e C-drama (novelas da china); e até mesmo os live actions (adaptação de mangas ou animes) Os dramas asiáticos tinham seu mundinho particular no oriente, mas nos últimos anos vêm ganhando uma imensa popularidade nas outras partes do mundo. Alcançando até países sul-americanos como o Peru, que de vez em quando encaixa um dorama na programação diária. No Brasil o canal “Rede Brasil” recentemente estava exibindo o Dorama “Happy ending”, mais o único canal e único dorama em TV aberta. Há na GVT, uma canal por assinatura, que possui o canal SBS famoso por exibir doramas, a desvantagem disso é o pacote pois é o mais completo e consequentemente o mais caro. Mas graças ao céus temos nossa melhor amiga a internet onde há canais online que disponibilizam os episódios como o Viki, o DramaFever e recentemente até o Netflix. Assim, você poderá acompanhar séries super divertidas como “Club ex-Girlfrinds”, ‘Kill me Heal me”, entre muitas outras. Texto por Camila Pires.

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5 doramas

Doramas coreanos que você deve ver!

EX-GIRLFRIEND CLUB

A historia gira em torno de um famoso Escritor de weebtoon, Myung Soo, que escreve sua histora baseada em relacionamentos passado com todas sua ex- namoradas. Enquanto isso , kim Soo JIn é uma produtora que vê a empresa onde trabalha esta falindo. Então ela decide comprar os direitos de Myung Soo para transformar sua historias em um grande filme, só que para isso eles precisam ter autorização das exs namoradas dele. E assim o enredo vai se desenvolvendo sempre muito cômico mas sem deixar os pequenos dramas da vida de lado.

BOYS BEFORE FLOWERS

Geum Jan Di é uma garota comum de origem humilde cuja família é proprietária de uma lavanderia. Um dia enquanto entrega as roupas para um estudante da Escola de prestígio Shin Hwa High School, ela salva a vida do rapaz que estava tentando se suicidar, pulando do telhado, e com isto acaba ganhando uma bolsa de estudo integral para esta renomada escola. Ela começa a frequentar o colégio Shin Hwa High e logo começa a ser intimidada pelo líder do grupo F4 (o grupo dos quatro garotos mais ricos e populares da escola) Gu Jun Pyo. Embora Jun Pyo insista em intimidá-la, ele começa a perceber que está começando a gostar de Jan Di. Entretanto, Jan Di tem uma queda por Yoon Ji Hoo, o melhor amigo de Jun Pyo. Quando ela percebe que Ji Hoo é apenas um amigo próximo e que ela realmente ama Jun Pyo, o casal enfrenta um dilema, pois a mãe de Jun Pyo os obrigam a terminar o relacionamento.

KILL ME HEAL ME

A história gira em torno de bilionário, Cha Do Hyun, com Desordem de Identidade Dissociativa, adquirido após uma experiência traumática em sua infância, e sofre 28

de lapsos de memória e sua personalidade então é dividida em sete diferentes identidades. Ele tenta retomar o controle de sua vida com a ajuda de Oh Ri Jin, uma residente do primeiro ano de psiquiatria que o ajuda secretamente. Mas o irmão gêmeo de Ri Jin, Oh Ri Ohn , é um escritor de um romance misterioso que está determinado em desvendar a vida inescrupulosa dos ricos e começa a seguir Do Hyun.

IT’S OKAY, THAT’S LOVE

Jang Jae Yul ( Jo In Sung) é um escritor de mistérios e um DJ de rádio. Ele sofre de obsessão. Ele então conhece uma psiquiatra cujo nome é Ji Hae Soo. Ji Hae Soo (Gong Hyo Jin) está passando por seu primeiro ano de residência na psiquiatria do Hospital Universitário. Ela escolheu psiquiatria pois não quer realizar cirurgias. Depois dela conhecer Jang Jae Yul, sua vida passa por grandes mudanças. Eles acabam se tornando colegas de casa e as coisas acabam se tornando em um romance.

SECRET

A história gira em torno da heroína Kang Yoo Jung (Hwang Jung Eum), uma mulher otimista que está prestes a se casar com o amor de sua vida, um jovem iniciante promotor (Ahn Do Hoon) que em um dia fatídico, ele (Ahn Do Hoon) envolve em um acidente que leva à morte de uma mulher, e Kang Yoo Jung, acreditando ingenuamente que o amor vence tudo, diz que ela foi quem cometeu o crime. Em outro lado, Jo Min Hyuk ( Ji Sung) um jovem rico que não acreditar em coisas como o amor, até que ele conhece a única mulher que muda e abre seu coração. Ele nem sequer perceber o quanto ele a ama, até que ela morre tragicamente.As histórias se encontram e Jo Min Hyuk acredita que Kang Yoo Jung matou a mulher que amava. A verdadeira complicação, surge quando o herói começa a cair pela mulher que ele jurou derrubar em vingança. Por que? há uma linha fina entre o amor e o ódio?


It’s Okay, That’s Love

Ex-Girlfriend Club


doramas

O Poder da Imprensa

PINOCCHIO

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Pinocchio é um dorama sul-coreano, estrelado por Lee Jong-suk e Park Shin-hye. Composta por 20 episódios, estreou na SBS em 12 novembro de 2014 e foi transmitida todas as quartas e quintas-feiras às 21:55. O Dorama começa nos levando ao ano 2000, Ki Ha-myung vive feliz com seus pais e seu irmão mais velho; até que Ki Ho-sang, seu pai e capitão de uma equipe de bombeiros, morre em uma explosão de fábrica enquanto tentava fazer o resgate junto aos seus companheiros. No entanto, o corpo de Ho-san não é encontrado e diversas especulações começam a surgir. Em uma batalha pela maior audiência, a fria e calculista repórter da MSC Song, Cha-ok , alega que Ho-sang sobreviveu a explosão e que está se escondendo, por ser responsável pela morte de sua equipe. Isso faz com que a família Ki se torne exposta pela mídia e, conseqüentemente, menosprezada e excluída da sociedade. Não suportando as acusações, a esposa de Ho-sang comete suicídio pulando de um penhasco com Ha-miung. Porém, Ha-myung sobrevive, sendo resgatado nas águas do mar por Choi Gong-pil, um idoso gentil que vive na Ilha Hyangri. Gong-pil, que sofre por perdas de memórias, acredita que Ha-myung é seu filho mais velho, Choi Dal-po, que morreu há 30 anos. Ha-myung, que não tem mais ninguém no mundo, começa a tratar Gong-pil como seu pai e assume a identidade do filho já falecido. Assim, Gong-pil oficialmente adota Ha-myung, agora chamado-o Dal-po. Meses depois, quando Choi Dal-pyung e sua filha mais nova, Choi In-ha, se mudam para a ilha de Gong-pil, eles são surpreendidos ao terem que tratar um garotinho como "irmão mais velho" e "tio", respectivamente. In-ha sofre da síndrome de Pinóquio e isso faz com que ela soluce toda vez que conta uma mentira. Ela idolatra

sua mãe e odeia viver na ilha após o divórcio de seus pais. Dal-po e In-ha acabam se tornando amigos, até que ele descobre que a mãe de In-ha é Song Cha-ok, a repórter da MSC Song que destruiu sua família. Cinco anos depois, em 2005, Dal-po e In-ha são estudantes e colegas do ensino médio. Dal-po, que é

realmente um gênio, finge ser burro como era o real Dal-po para que seu pai adotivo não sofra nenhum colapso. Dal-po secretamente gosta de In-ha e é forçado a se juntar a uma programa de perguntas da televisão para evitar que um admirador confesse seu amor por ela em rede nacional e, depois, para protegê-la de perder uma aposta. No estúdio de televisão, ele rebate as críticas do produtor Hwang Gyo-dong, que era um repórter da YGN e um dos rivais de Cha-ok, mas mudou de carreira após o que aconteceu com a família Ki. Em busca da verdade, In-ha e Dal-po, mais tarde, se tornam repórteres novatos em uma rede de televisão. Entre os seus colegas estão Seo Bum-jo, que vem de uma família chaebol rica e Yoon Yoo-rae, que além de ser uma fã que persegue seus ídolos, é obcecada e determinada em seu trabalho. A partir dai temos o gancho para seguir com a grande questão debatida em Pinocchio: O poder da imprensa. O quanto a população acredita naquilo que é dito por aqueles que, não atoa, são conhecidos como formadores de opiniões. O Dorama debate o tempo todo sobre como um profissional de jornalismo deve realmente se comportar e como a verdade deve ser priorizada em suas informações. Dal-po quer mostrar essa realidade a Cha-ok, por isso torna-se repórter, para mostrá-la o lado que ela deveria ter tomado quando noticiou o acidente da fábrica em que seu pai estava; quer mostrá-la o quanto a palavra de um repórter pode destruir pessoas por todas as outras considerá-las como verdades absolutas. Pinocchio, além de expor este lado da mídia, faz um gancho com a corrupção de governo, e como seus líderes manipulam as mídias para que escândalos não vazem e nem se perpetuem na cabeça de seu povo.

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adaptações

Percy Jackson

Livro x Filme

Estão surgindo cada vez mais adaptações no mundo cinematográfico, a febre atualmente tem sido os filmes baseados em livros, Percy Jackson é um exemplo dessas adaptações, porém que deu completamente errado. O filme em si é muito bem feito, mas a história foi totalmente modificada, muitas mudanças no roteiro foram desnecessárias e transformaram o universo que é apresentado no livro, isso gerou uma revolta enorme dos fãs e a série teve que ser cancelada por causa da baixa audiência depois do segundo filme. Vamos falar um pouquinho das diferenças entre o filme e livro Percy Jackson e o Ladrão de Raios.

ALERTA DE SPOILER

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Personagens

Vamos começar com como os personagens principais nos são apresentados no livro: Perseu Jackson (Percy) é um garoto tímido e desajeitado de 12 anos, magro, olhos verdes, com problemas como dislexia e TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade). Annabeth Chase também com 12 anos, uma garota normal, inteligente, cabelos loiros e enrolados e olhos cinzas, é sempre citada usando um boné dos Yancs. Grover Underwood possui 28 anos (o equivalente a 12 anos humanos) é ainda retratado como se fosse um pouco mais velho por conta dos pelos faciais, possui cabelos enrolados e castanhos, magro e medroso. No começo nos é mostrado como aleijado, com algum problema muscular nas pernas, depois descobrimos que isso é apenas um disfarce de sua verdadeira forma de sátiro (metade homem, metade bode). Como eles nos são apresentados no filme: Percy é um garoto de 16 anos (o que altera completamente a profecia citada no livro) no ensino médio, olhos azuis, ainda com os mesmo problemas e um corpo ok. Annabeth também com 16 anos, cabelos castanhos e lisos, inteligente e com uma personalidade um tanto rude (acredito que tentaram compensar o fato de Clarice ter sido excluida da história dando a Annabeth um pouco de suas características), e não usa boné. Grover também com 16 anos, é um garoto normal para sua idade, aleijado, usa muletas, também é mostrado como medroso mas com uma personalidade mais engraçada.


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Personagens

Outros personagens que também foram modificados: Medusa no livro é retratada como uma senhora negra, simpática, toda coberta, exceto mãos e rosto. No filme ela é uma mulher jovem, loira, muito atraente e esconde seu cabelo de serpentes com um turbante. Luke não possui a cicatriz no rosto citada no livro. Quíron tem pelo marrom ao invés de branco. A Hidra que surge no primeiro filme, só aparece no segundo livro da série e não tem nada a ver com a cena que vemos no filme. Personagens que foram excluidos: Dionisio, Clarice, Nancy Bobofit, Ares e Cronos.

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acampamento

Essa parte foi inteiramente modificada, nada do que nos é mostrado no livro consta no filme. A entrada do acampamento é muito diferente e não conseguimos saber nada sobre quem seria Thalia ali. Os personagens não usam as camisetas laranjas do acampamento, não vemos a casa principal, os chalés não estão em formato de U, e no geral nem parecem chalés, nada é igual. Outro ponto é que no livro quando Percy chega ao acampamento, ainda não sabem sobre sua ascendência, então ele fica no chalé 11 junto com outros semideuses. Enquanto que no filme ele já vai direto para o chalé de seu pai Poseidon.


adaptações

relacionamentos

No filme não nos é mostrado nenhum relacionamento prévio entre Annabeth e Luke, do fato de ela ter fugido, encontrado ele e Thalia e os três terem chegado juntos ao acampamento. Isso simplesmente é ignorado e eles se tratam como estranhos.

cassino lótus

No livro é um lugar maravilhoso e super encantador para Percy e os amigos, no filme já é algo mais adulto, e que sempre ter um ar de conspiração. No livro eles saem do cassino andando pois são crianças, enquanto que no filme eles roubam o carro e saem dirigindo.

outros pontos

Tentaram trazer tanto a história para os dias atuais que inseriram diversos aparelhos eletrônicos no filme. Vemos os personagens comunicando-se com celulares e Percy utiliza um iPod para refletir a imagem da medusa e conseguir arrancar sua cabeça. Entretanto no livro nós vemos que semideuses definitivamente não se dão bem com tecnologia. Percy também não foge no acampamento como vemos no filme, ele recebe uma missão e Annabeth e Grover são seus acompanhantes. A cena da profecia em que ele ganha a missão simplesmente não existe. Texto por Jéssica Huhn


Você tem uma escolha: 36

CORRER OU MORRER


adaptações

MAZE RUNNER Promovida pela Fox film, “Maze Runner- Correr ou morrer”,adaptação cinematográfica da primeira parte da trilogia que conta a historia de um rapaz, Thomas, que acorda sem memória dentro de um elevador de carga, que o leva à Clareira, um espaço repleto de outros jovens amnésicos.O lugar é limitado por um gigantesco labirinto, habitado por criaturas aterrorizantes chamadas verdugos . Thomas logo descobre que os rapazes que ali vivem chegaram a cada 30 dias da mesma forma que ele, e agora fazem parte de uma sociedade em que cada um tem um dever específico. Não se sabe porque estão presos , mas em meio a essa situação extrema, é preciso ter ordem, auto-regougada.Mas com a chegada de Teresa, única menina, as coisas começam a mudar.Apesar da edição ágil e bons efeitos digitais, a produção pode agradar até mesmo ao público desavisado, que jamais folheou a obra de Dashner. Mas para o público que leu a obra, o filme mudou quase todas as características do livro.Então você me diz:_”ah , mas nem todos tem que ser 100% fiel, já que eles criaram o labirinto”.Mas ai eu te respondo caro leitor O espaço é fundamental para o enredo ,pois o mudando muitas vezes pode não fazer sentido.Umas das mudanças que vista que não gostei do filme foram alguns contextos que ficaram distorcidos no final do filme o que não ocorre no livro. A casa no livro seria um bom exemplo o qual não gostei no filme, pois não era uma casa e sim um quiosques, já algumas partes do labirinto tem campo aberto o que não ocorre no livro. Contudo, Maze Runner está bem longe de ser um filme inesquecível, mas cumpre bem sua função de entreter. O espectador vai ficar querendo ver mais de Thomas e seus amigos. E só isso já mostra que não estamos diante de algo banal. Texto por Camila Pires.

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