O Fim de Carnaval

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O Fim do Carnaval


Produção editorial: Marcelo Tomazi Silveira Marcelo Mello Capa: Montagem- Ceroni Cunha Supervisão Editorial: Anderson Marques Ferreira Composição: Cláudia Elisa Alves Vieira © desta edição de Diggiti Studio Coronel Massot, 350 Fone: 3237-3000 CEP 91910-530 Porto Alegre- RS


Jerônimo Souza

Fim de Carnaval

Ilustrações de ANTÔNIO LIMA

DIGGITI STUDIO


Para Cláudia, que tem me aturado durante esses dez anos. E com especial agradecimento ao prof. Joerberth Nunes que tanto conhecimento me passou.


APRESENTAÇÃO Este texto representa uma catarse de todo o sofrimento por que passei naquele carnaval. Representa um desabafo contra aquele amigo em que eu tanto confiava. Este texto é a minha homenagem a todos os garotos que se apaixonam nos bailes de carnaval. É o meu tributo para aqueles que choram mas voltam para a saideira e mijam nas ruas do interior. Não é a lembrança de um trouxa, mas a memória de um jovem ingênuo que não sabia beijar muito bem. Um jovem que cheirou o lança-perfume, bebeu várias e achou que poderia ficar com a garota linda. Vestindo aquela fantasia ridícula, com conga e bermuda branca, regata florida e um colar havaiano? Nem sequer sobrou uma foto, se houveram fotos, para me recordar desse momento interessante. A nossa longa viagem para Santana do Livramento, deitados em bancos de madeira do trem de passageiros. A chegada no interior, ao lado da família Antonello, comendo nas parrilladas dos seus parentes... O acampamento no pátio, com a minha pequena barraca amarela de duas pessoas (onde estaria a outra? ). A apresentação para a menina que seria o meu par na Corte dos Bailes de Santana do Livramento. E, finalmente, a paixão por aquela garota tão bonita com um belo rosto e seios bem durinhos. A emoção de entrar em todos os salões e ser aplaudido e preparar-se para dar aquele beijo sonhado. A frustração de se sentir incapaz de beijar uma mina por timidez ou medo ou absoluta incompetência. O choque de ver a mesma garota beijando-se com aquele seu amigo mais velho e mais conhecedor. O ódio e a volta para o acampamento, onde encontrei aquele canalha e decidi que não iria agredi- lo. A volta para a capital e a convivência com o mesmo cretino, o qual fazia parte da minha turma de amigos. Anos depois, na rua dos Andradas, eu passo pela figura engravatada vendendo sei lá o que e tive pena. Lá estava eu, já casado e tomando conta de cinco crianças, do alto de meu cargo como analista. Pergunto-me o que teria havido com aquela garota que tanto gostava de beijar os infelizes. Provavelmente também estaria casada e com uma penca de filhos, mas que não eram os meus. Talvez continuasse ainda linda ou se tornou uma baranga comum? Trinta anos depois, inventa-se o Whataspp e a turma de amigos, obviamente, aderiu e me incluiu na lista. O canalha não estava lá, mas havia um dentista que dizia que todas as minhas fotos eram de “pedofilia”.


Feira colonial.


Aniversário da putinha. 209,80. oitenta paus. Aniversário do Pablo. Cortar o cabelo. Inspeção. Simulado. Aniversário do Vlad. Aniversário do Sivaldo. Feriado.


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