Keynes os economistas

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KEYNES

mentado e os preços subido o efeito que daí resultará sobre a preferência pela liquidez será o de aumentar a quantidade de moeda necessária para aumentar dada taxa de juros. IV Embora a preferência pela liquidez devida ao motivo especulação corresponda ao que em minha obra Treatise on Money denominei “o estado da baixa”, estes dois conceitos não são, de modo algum, idênticos. Esse “baixismo” não foi definido naquela obra como a relação funcional entre a taxa de juros (ou preços das dívidas) e a quantidade de moeda, mas entre o preço de ativos e débitos, tomados em conjunto, e quantidade de moeda. Este conceito, entretanto, envolve certa confusão entre os resultados decorrentes da variação na taxa de juros e aqueles oriundos da variação na escala da eficiência marginal do capital — o que espero ter evitado aqui. V O conceito de entesouramento pode ser considerado uma primeira aproximação do conceito de preferência pela liquidez. De fato, se substituíssemos “entesouramento” por “propensão a entesourar”, chegaríamos, substancialmente, ao mesmo resultado. Porém, quando por “entesouramento” queremos significar um aumento efetivo dos encaixes líquidos, isto se configura como uma idéia incompleta — e que pode causar sérios erros se formos levados a pensar em “entesouramento” e “não entesouramento” como simples alternativas. A decisão de entesourar não é tomada de maneira absoluta ou sem levar em conta as vantagens oferecidas pela renúncia à liquidez; essa decisão resulta do equilíbrio de vantagens e temos, portanto, de saber o que há no outro prato da balança. Ademais, é impossível que o montante real do entesouramento varie como resultado das decisões do público, desde que consideremos o “entesouramento” como sendo o encaixe efetivo de moeda. O volume de entesouramento tem de ser igual à quantidade de moeda (ou — segundo certas definições — à quantidade de moeda menos o que se requer para satisfazer o motivo transação), e a quantidade de moeda não é determinada pelo público. A única coisa que a propensão do público a entesourar pode conseguir é fixar a taxa de juros que iguale o desejo global de entesourar ao encaixe disponível. O hábito de não se dar a devida atenção à relação da taxa de juros com o entesouramento pode explicar, em parte, a razão pela qual o juro tem sido usualmente considerado uma recompensa por não gastar, quando, na realidade, ele é a recompensa por não entesourar.

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