1963. Durante muito tempo meus personagens foram a cara do suplemento infantil. Agora, no entanto, 23 anos depois, tinham perdido espaço no jornal. Durante anos a diretoria do jornal O Estado de S. Paulo, principal concorrente da Folha, tentou me levar para lá. De tempos em tempos, faziam sondagens, acenavam propostas, elencavam vantagens. Nunca dei corda. Além de toda a visibilidade que a Folhinha me dava, eu tinha uma dívida de gratidão com seu Frias, pela aposta profissional, pelo relacionamento pessoal, pela generosidade de me deixar ocupar salas e mais salas sem pagar nada. Mas agora as coisas não eram mais como antes. E, como a fórmula da renovação estava funcionando, tudo indicava que eu não retornaria ao time principal. A concorrência sabia muito bem o que estava acontecendo. Aliás, bastava abrir a Folha de domingo para qualquer pessoa perceber a ascensão da nova geração de desenhistas na Folhinha. Em meados de 1987 tive uma reunião com a diretoria do Estadão. Dessa vez, aceitei a proposta deles. Assim, a partir de agosto, eu passaria a publicar tirinhas diárias no “Caderno 2”, onde estão até hoje. E, três meses depois, em novembro de 1987, o jornal lançaria o Estadinho, suplemento infantil criado especialmente para abrigar a Turma da Mônica e cujas páginas meus personagens frequentariam por pouco mais de 25 anos. Para celebrar a ocasião, mais uma vez em anúncios nos gibis convidei as famílias para uma festa de lançamento no Parque do Ibirapuera. Teve banda de música e show da Turma da Mônica, entre outras atrações. De acordo com estimativas da polícia, cerca de 30 mil pessoas estavam lá para ver meus personagens, a mesma quantidade que vai para assistir a grandes shows musicais gratuitos no parque. Mas agora um novo problema se apresentava. Eu sabia que precisaria desocupar as salas cedidas por seu Frias, que à época se espalhavam por dois andares e mais um pouco do prédio da Barão de Limeira, hoje incorporado à sede do jornal. Em julho de 1987, antes de assinar com o Estadão, comecei a procurar um imóvel para transferir o estúdio e seus 200 funcionários. Em seis meses, visitei umas duas dúzias de lugares para alugar. Foram casas, galpões, edifícios comerciais, prédios baixos. Quando o lugar era bom, o aluguel encostava na estratosfera. Quando cabia no bolso, a documentação estava