Mattei - La Barbarie Interieure

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LA BARBARIE INTÉRIEURE, Jean François Mattéi1 O QUE É BARBÁRIE? •Não é um modo de regressão histórica que precisaria ser anulado por uma reação ética, política ou estética. •Barbárie é um conceito meta-histórico que caracteriza uma atitude consubstancial a todo estado de civilização, ou, mais exatamente ainda como •Um conceito metafísico que define um dos dois pólos em relação aos quais o homem encontra sua orientação. •A barbárie pode remeter à constituição do entendimento humano que dissocia todas as coisas e, arruinando os sentimentos pelos princípios, destrói a unidade natural do ser humano. •Quando Sócrates tenta descrever o que significa para cada um cuidar da própria alma, ele ensina que só a dialética consegue tirar a alma do seu “lamaçal bárbaro” para fazer ela aceder, fora de si mesma, a o que está “acima” dela: a luz do bem. •A alma bárbara, que dorme dentro de cada um, manifesta-se pela carga ontológica que a puxa para baixo e a faz comprazer-se no lamaçal dos instintos. •É o poder de involução que proíbe que o ser humano de arrancar-se dos porões da interioridade para voltar seu olhar para uma luz exterior. BARBÁRIE MODERNA Quatro características do ressentimento: •O desconhecimento da beleza de uma obra: a ignorância. •A negação do que é elevado, ou a negação da excelência: a pretensão. •A incapacidade de realizar um gesto criador: a impotência. •A vontade confusa de destruição: a regressão. Os fundamentos da civilização são: reconhecer o que existe fora de nos, o que é diferente de nos, o que se chama religião, natureza, sociedade, cultura. O sinal da decadência, é a interiorização, o fato de referir tudo a nos: filosofia e ciência moderna. O SUJEITO MODERNO •A característica marcante do homem moderno, que se qualifica como “sujeito” sem sempre medir a própria sujeição, é a interiorização e a necessidade de referir tudo a si próprio. •A autonomia do sujeito aparece como uma ilusão e um fechamento do indivíduo em si próprio. •A noção de sujeito de direito passou por várias etapas e distinções: –A identidade do homem: seu corpo –A identidade de sua substância: a alma –A identidade da pessoa: sua consciência. •Aparece cada vez mais a figura do homem não como de um sujeito fechado em si mas aberto para o universal o que permite superar os perigos do subjetivismo e do relativismo moral.

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MATTÉI, Jean-François, La barbarie intérieure, essai sur l’immonde moderne, Paris, Presses Universitaires de France, 2001


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