CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

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oportunidades de aprendizagem. A ideia de conversação sugere reciprocidade e diálogo entre os participantes, sublinhando o carácter não-prescritivo e nãohierárquico do seu relacionamento. A noção de luta sublinha que a colaboração é um empreendimento recheado de dificuldades e imprevistos, envolvendo muitos obstáculos e frustrações, onde o sucesso nunca está assegurado mas depende, acima 123 de tudo, dos respectivos intervenientes.

A dinamização de projectos desta natureza, segundo Boavida e Ponte,124 tem importantes vantagens:

Fortalece a determinação em agir;

Fruto das diferentes experiências, competências e perspectivas dos intervenientes, são mais os recursos para a concretização com êxito de um dado trabalho;

Possibilita uma capacidade de reflexão acrescida, pela interacção e diálogo entre os intervenientes e uma aprendizagem mútua, permitindo vencer os obstáculos que surgem.

Pensamos, por isso, que os modelos de formação contínua de professores devem ser repensados, no sentido de se incentivarem novos métodos de trabalho e, ao mesmo tempo, se lançarem novos desafios. O desempenho profissional dos professores é fruto de um trabalho demasiadamente solitário, que apenas assenta na colaboração quando esta é exigida por decreto. O trabalho colaborativo espontâneo, na busca de soluções para os problemas e inovação pedagógica não é uma prática que esteja enraizada na comunidade docente. Na perspectiva de Boavida e Ponte,125 as colaborações forçadas correm o risco de não serem bem aceites por aqueles a quem são impostas. Assim, o ideal é que os projectos colaborativos nasçam de uma necessidade conjunta e que obedeçam a objectivos que a todos beneficiem. Não pomos de parte a valorização de projectos desta natureza para fins da avaliação do desempenho docente. Tal parece-nos pertinente e uma forma de incentivar uma prática profícua, mas ainda pouco cimentada.

Esta colaboração de que falamos, assumindo uma dimensão criativa, pode ser profícua na criação de estratégias ou materiais, que possam ser úteis para a renovação 123

Referido por ANA MARIA BOAVIDA & JOÃO PEDRO PONTE. Investigação colaborativa: Potencialidades e problemas. In GTI (Org) (2002). Reflectir e investigar sobre a prática profissional (pp. 43-55). Lisboa: APM. 124 ANA MARIA BOAVIDA & JOÃO PEDRO PONTE, op. cit. 125 Idem.

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