4 os mistérios de sir richard

Page 56

CAPÍTULO 8

Na semana seguinte

Iris despertou com trovões na manhã de seu casamento e, quando a criada chegou trazendo o café, Londres estava completamente alagada pela chuva. Ela se aproximou da janela e olhou para fora, descansando a testa no vidro gelado. A cerimônia aconteceria dentro de três horas. Talvez o tempo abrisse até lá. Havia um pequeno pedaço azul no céu, bem distante. Parecia solitário. Deslocado. Mas dava esperanças. Imaginava que não faria diferença. Ela não iria se molhar. O matrimônio seria celebrado, graças a uma licença especial, no salão da casa de sua família. A viagem até lá envolvia apenas dois corredores e um lance de escadas. Iris torcia para que as estradas não estivessem alagadas. Deveria partir para Yorkshire com sir Richard na mesma tarde. Embora estivesse compreensivelmente nervosa por sair de casa e se afastar de tudo o que lhe era familiar, já ouvira o suficiente sobre a noite de núpcias para saber que não desejaria passá-la sob o teto dos pais. Sir Richard não possuía uma casa em Londres e os aposentos que havia alugado não eram apropriados para receber a esposa. Ele queria levá-la para sua residência em Maycliffe Park, onde se encontraria com as irmãs. Uma risada nervosa atravessou sua garganta. Irmãs. Ele tinha irmãs. Se havia uma coisa em sua vida que nunca lhe faltara eram irmãs. Uma batida na porta a arrancou de seus pensamentos e, depois que Iris deu permissão, a mãe entrou no quarto. – Dormiu bem? – perguntou a Sra. Smythe-Smith. – Não muito. – Eu me espantaria se tivesse dormido. Não importa quanto conheça o noivo, uma mulher sempre fica apreensiva. Iris achava muito importante uma mulher conhecer o noivo. Certamente estaria menos nervosa – ou, pelo menos, nervosa de uma maneira diferente – se conhecesse o futuro marido havia mais de duas semanas. Porém, não disse nada à mãe, pois elas não conversavam sobre tais assuntos. Só falavam sobre futilidades, os acontecimentos do dia, música e, às vezes, livros, e sobretudo sobre as irmãs, as primas e os bebês da família. Mas nada de sentimentos. Não tinham esse tipo de relacionamento. Ainda assim, Iris sabia que era amada. A mãe não era do tipo que expressava emoções ou aparecia em seu quarto com uma xícara de chá e um sorriso, mas amava os filhos com toda a força do coração. Iris jamais duvidara disso, nem por um segundo. A Sra. Smythe-Smith sentou-se na ponta da cama e fez sinal para que Iris se aproximasse. – Eu queria muito que você tivesse uma criada para a viagem. Não deveria ser assim.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.