4 os mistérios de sir richard

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Sarah corou. Iris ofegou. – Está grávida? A prima assentiu. – Como soube? – Quando você diz que uma mulher casada está diferente e ela enrubesce... – Iris sorriu. – Só pode ser isso. – Você presta atenção em tudo mesmo, não é? – Em quase tudo. Mas você ainda não me permitiu parabenizá-la. Que notícia maravilhosa. Por favor, diga a lorde Hugh que lhe desejo muitas felicidades. Como você está se sentindo? Tem ficado enjoada? – De jeito nenhum. – Bom, isso é uma grande sorte. Rose vomitava toda manhã, por três meses seguidos. Sarah se retraiu, solidária. – Sinto-me esplêndida. Talvez um pouco cansada, mas não em excesso. Iris sorriu para a prima. Era muito estranho que Sarah já fosse se tornar mãe. Na infância, elas costumavam brincar juntas, e queixavam-se juntas dos recitais. E agora Sarah havia passado para a fase seguinte da vida. E Iris estava... No mesmo lugar. – Você o ama muito, não ama? – indagou ela em voz baixa. Sarah não respondeu imediatamente, olhando para a prima com uma expressão de curiosidade. – Amo – respondeu num tom solene. – Com todas as forças. Iris assentiu. – Dá mesmo para ver. – Achou que Sarah fosse querer saber o motivo de uma pergunta tão tola, mas a prima se manteve em silêncio, até que Iris não pôde se controlar: – Como você soube? – Soube o quê? – Que o amava. – Eu... – Sarah fez uma pausa para pensar. – Não tenho certeza. Não me lembro do momento exato. É engraçado, porque sempre pensei que, se me apaixonasse, perceberia de repente, com a maior clareza. Sabe como é, com relâmpagos, anjos cantando nas alturas... essas coisas. Iris sorriu. Essa descrição era bem típica de Sarah. Ela sempre tivera uma propensão ao teatral. – Mas não foi assim mesmo – prosseguiu ela, nostálgica. – Lembro-me de me sentir muito estranha e de questionar a mim mesma, tentando determinar se o que sentia era amor. – Então a pessoa pode não saber que está acontecendo? – Acho que sim. Iris mordeu o lábio inferior e sussurrou: – Foi na primeira vez em que ele a beijou? – Iris! – Sarah sorriu de choque e deleite. – Mas que pergunta! – Não é tão imprópria – replicou Iris, olhando para um ponto na parede que estava à esquerda do rosto de Sarah. – É, sim. – Sarah ficou de queixo caído. – Mas adorei que tenha perguntado. Essa não era a resposta que Iris esperava. – Por quê? – Porque você sempre me parece tão... – Sarah agitou a mão, girando-a como se pudesse pegar a palavra certa no ar –... insensível a essas coisas. – Que coisas? – questionou Iris, desconfiada. – Ah, você sabe... Emoções. Paixões. Você é sempre tão tranquila... Até quando está furiosa. Iris ficou na defensiva.


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