1789-A inconfidência mineira e a vida cotidiana nas minas do século XVIII

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Barbacena recebeu os documentos das mãos do desembargador Pedro José Araújo de Saldanha e a despachou para Portugal o mais rápido que pôde, através do coronel Francisco Antônio Rabelo. Contudo, seu tio havia sido mais rápido, enviando os documentos da devassa carioca para o ministro Martinho de Melo e Castro cerca de um mês antes. Os réus inconfidentes e os depoimentos do alferes Em uma das reuniões secretas, ficou acertado que, se o movimento inconfidente fosse descoberto e os conjurados presos, nenhum deles deveria dar qualquer informação sobre o levante, negando sempre a sua participação, pois imaginavam que não apareceriam provas concretas contra eles. Aliás, equivocaram-se quanto a isso, pois foram apreendidos alguns documentos, embora não muito relevantes. Levados para as prisões na cidade do Rio de Janeiro, todos começaram respondendo os seus interrogatórios norteados por aquela instrução de negar tudo, mas logo alguns deles passaram a confessar a verdade. Não se sabe se, para conseguir as confissões, os réus conjurados sofreram tortura. Após inúmeros inquéritos e acareações, onde os réus se acusavam mutuamente, muitos deles caindo em franca contradição, todos os trabalhos relativos aos interrogatórios e às investigações foram encerrados no dia 25 de outubro de 1791, um ano bastante difícil para os prisioneiros que, a todo instante, eram trazidos diante do juiz para prestar seus depoimentos. Depois, voltavam a ser atirados em suas celas úmidas e escuras, quando não eram transferidos para outras prisões, arrastados pelas ruas cheias de lama, os corpos imundos atados a grossas correntes, debaixo do olhar atento dos soldados e da população curiosa, que não entendia bem por que motivo homens respeitáveis como o poeta Tomás Antônio Gonzaga estavam sendo tratados como criminosos. O tribunal da Alçada nomeou o advogado José de Oliveira Fagundes para defender os réus inconfidentes. Indicado para o cargo a 31 de outubro de 1791, o nobre advogado teve um prazo curtíssimo para ler os autos, que recebeu no dia dois de novembro, fazendo a defesa de todos os conjurados num prazo recorde. Em pouco mais de vinte dias, não só leu o processo inteiro, como escreveu uma defesa com cerca de setenta páginas. Ao todo, 34 pessoas foram indiciadas, sendo que 8 acabaram sendo consideradas inocentes. A lista com os 26 condenados é a seguinte: 1) Alferes Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes) 2) José Álvares Maciel 3) Tenente-Coronel Francisco de Paula Freire de Andrade 4) Padre Carlos Correia de Toledo 5) Padre José da Silva e Oliveira Rolim 6) Coronel Inácio José de Alvarenga 7) Coronel Francisco Antônio de Oliveira Lopes 8) Sargento-Mor Luís Vaz de Toledo Piza 9) Tenente-Coronel Domingos de Abreu Vieira 10) Cláudio Manuel da Costa 11) Tomás Antônio Gonzaga 12) Cônego Luiz Vieira da Silva 13) Domingos Vidal de Barbosa 14) Padre Manoel Rodrigues da Costa 15) Capitão José de Resende Costa


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