Conversas dificeis douglas stone

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É natural que quem você está ouvindo sinta que não tem toda a sua atenção. Administrando sua voz interna Portanto, como dar à outra pessoa toda atenção e escutar com curiosidade quando sua voz interna está tagarelando? Você pode tentar duas coisas. Primeiro, veja se consegue negociar o seu caminho para a curiosidade. Veja se consegue direcionar a sua voz interna para um aprendizado. Se não funcionar, e às vezes não funcionará, talvez tenha de expressar sua voz interna antes de tentar ouvir a outra pessoa. Negocie o caminho para a curiosidade. É um erro pensar que sua voz interna não pode mudar. Se você descobrir que sua curiosidade está falhando, pode trabalhar para reavivá-la. Lembre-se de que a tarefa para compreender o mundo do outro é sempre mais difícil do que parece. Lembre-se de que é uma ilusão pensar que você já compreende como alguém se sente ou o que está tentando dizer. Lembre-se de que quando você tinha certeza de que estava certo descobriu algo que mudou tudo. Há sempre mais para aprender. Lembre-se da profundidade, das complexidades, das contradições e nuanças que fazem as histórias de cada vida. Jocie, a filha de 6 anos de Audrey, acordou no meio da noite. Ela estava apavorada por causa de um filme que tinham assistido sobre a mãe de uma boneca que foi embora e nunca mais voltou. Audrey deduziu que a filha estava preocupada com ser abandonada, então explicou para Jocie: "Eu nunca iria embora e deixaria você sozinha." No entanto, não era essa a preocupação de Jocie. Ela estava ansiosa por sua nova tartaruga. O filme a fez pensar se a tartaruga não tinha tido um filhote, e se haveria um bebê tartaruga em algum lugar precisando da mãe. Na verdade, a tartaruga de Jocie era um bebê, mas ela não sabia disso e estava sendo consumida pelo medo e pela culpa. Audrey caiu na armadilha de ouvir a sua voz interna em vez de ouvir a filha. Sua voz interna dizia: "Sei o que está acontecendo", e isso era o fim de sua curiosidade. Outro modo de reacender sua curiosidade é manter o foco no objetivo do diálogo. Se o seu propósito é persuadir, ou vencer, ou conseguir que a outra pessoa faça algo, sua voz interna dirá coisas alinhadas a esses objetivos, como: "Por que você não faz isso - é claro que é a melhor resposta." Se, ao contrário, você tiver como um dos propósitos básicos compreender o outro, voz interna será motivada a fazer perguntas como: "De que mais eu preciso saber para que isso faça sentido?" ou "Eu gostaria de saber como posso compreender o mundo de modo que isso faça sentido?" Não escute: Fale. Às vezes, você descobrirá que sua voz interna é muito forte para ser ignorada. Você tenta negociar o caminho para a curiosidade, mas não consegue. Se você experimenta sentimentos de dor, ultraje ou traição ou se, pelo contrário, está tomado de alegria ou amor, a tarefa de escutar pode ser impossível.


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