A garota dos pes de vidro - ali shaw

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s campos e morros resplandeciam em branco. A luz brilhava nas janelas da casa de Emiliana, tingindo as bochechas de Midas e acordando-o como uma namorada. O pesado edredom deslizou por seu peito enquanto ele se sentava e esfregava as têmporas. Ainda vestido com as roupas da noite anterior, sentiu-se indolente e desconfortável. Sua lembrança final da noite era de vagar pelo terreno, apertando fortemente o corrimão, intoxicado pela vergonha como se fosse vinho. Ele gemeu constrangido, esfregou o queixo em que a barba crescia e se levantou. Seu quarto dava para os regatos negros evacuados pela maré. Uma concertina de estalactites de gelo se formara sobre a janela. Ele se arrastou para fora do quarto até o corredor com uma janela que dava para a frente e mostrava a terra. Dirigindo para lá na noite anterior, ele se fixara demais na estrada para absorver as mudanças da paisagem. A leste e a oeste havia campos cobertos de neve e, bem à frente, uma faixa de bosque que pertencia à casa. Isso era estranho, porque ele não conseguia se lembrar de árvore nenhuma na parte final da viagem. Era como se os bosques houvessem se aproximado de Enghem Stead sob a cobertura da noite. Um copo d'água e um alongamento depois, ele estava se dirigindo para a neve, ajustando a câmera. Leves nuvens se juntavam furtivamente, forçando-o a aproveitar o máximo da luz antes que elas a roubassem. Seguiu seu caminho até o bosque, onde espinhos cutucavam troncos e galhos emaranhados. Um corvo


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