Edição nº454

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350 MIL TRABALHADORES PERDERAM O EMPREGO

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construção A construção civil é um setor que tem enfrentado graves problemas financeiros e económicos. Na década de 90 foi o caminho do “el dorado” para muitas empresas e muitos trabalhadores JOÃO FILIPE ■ jf.d@folhadeportugal.pt

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urante a década de 90 e na primeira metade do século XXI foi um período onde proliferavam as empresas de construção civil, inclusive muitos trabalhadores do setor acabaram por criar a sua própria empresa, que passaram a ser subcontratadas das grandes empresas. Com a facilidade concedida pelos bancos no acesso ao crédito, muitas destas pequenas empresas começaram a lançar-se na construção de prédios e/ ou moradias. Mas com a “bolha imobiliária” e com a crise que veio atrás disso, a construção civil foi um dos setores que mais sofreu. A retração dos bancos na concessão de crédito, tanto às empresas como aos particulares, foi um dos principais fatores causadores da grande quebra do setor. Para além das dificuldades no acesso

Para muitas empresas a solução passa pela internacionalização ao crédito, podemos observar ainda outro fator que agudizou o problema, o facto deste Governo ter de aplicar o memorando de entendimento com a troika assinado pelo Governo PS, de José Sócrates. Este prevê uma quebra na despesa, o que obrigou tanto o Estado central, como as autarquias a reduzir a

ANTÓNIO COTRIN/LUSA

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economia ///

11 DOMINGO ■ 02 de setembro de 2012

O setor que foi forte está em queda ANTÓNIO COTRIN/LUSA

despesa pública na construção. As grandes obras do Estado foram também deixadas em stand-by. A construção das ligações de TGV, tanto para o norte do país, como na ligação a Badajoz e consequentemente a Madrid, foi por agora abandonada, assim como a terceira travessia sobre o rio Tejo.

Problema versus Solução Segundo dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2010 eram 600 mil trabalhadores no ramo da construção civil. No ano seguinte passaram a ser 450 mil e, a previsão

para o ano que ainda decorre é de serem apenas 250 mil. Num espaço de dois anos 350 mil trabalhadores perderam o seu posto de trabalho. As obras públicas são as grandes impulsionadoras para a diminuição de postos de trabalho no setor. Nos primeiros meses deste ano foram lançados apenas 457 concursos públicos, menos 19 por cento em comparação com períodos homólogos. Entre os que foram lançados e adjudicados contam-se 859 concursos públicos, menos 20 por cento.

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A crise na construção continua a agravar-se, a avaliar pelo índice de novas encomendas do INE, que caiu 51,1% em períodos homólogos no segundo trimestre

Mas o Estado que era visto como um “cliente” de bem no passado, hoje em dia é visto como um “cliente” de risco, uma vez que, só a dívida das autarquias em atraso é de 930 milhões de euros. Os prazos de pagamento deveriam ser de três meses, mas a realidade é outra, são de sete a nove meses. Para muitas empresas a solução passa pela internacionalização, isto é, procurar novos mercados, tais como: Brasil, Alemanha, Angola, Moçambique e Qatar. Das que só apostam em território nacional, são poucas as têm conseguido resistir à crise.

ANTÓNIO COTRIN/LUSA

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A previsão do INE para 2012 é de serem apenas 250 mil trabalhadores no ramo da construção civil


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