
1 minute read
Ela deu o nome
A história e o legado de Brenda Lee, responsável pela primeira política pública destinada a travestis e transexuais no Brasil, país recordista de mortes de pessoas LGBTQIAP+
por Cristiane Batista
Ícone do movimento LGBTQIAP+ brasileiro, Brenda Lee entrou para a história como o “anjo da guarda” e a “mãe” dessa classe na década de 1980, quando criou seu Palácio das Princesas e passou a abrigar travestis e transexuais que, como ela, não tinham um teto para chamar de seu.
“Travesti não é insulto”, dizia ela. Brenda militava por dignidade e direitos de seus pares, enfrentou com unhas e dentes a discriminação, conseguiu comprar uma casa e transformou-a em mais do que um reduto de acolhimento: o Palácio das Princesas era um centro de tratamento para pessoas com HIV/aids, por meio de parcerias com órgãos públicos, que contribuía para a estruturação de uma rede pioneira em atendimento e conscientização no Brasil e na América Latina. Seu trabalho foi, inclusive, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como modelo e referência de equipamento e serviço nos anos 1980, quando essa epidemia se espalhou pelo mundo.
Assassinada por um ex-amante que tentou lhe dar um golpe em 1996, Brenda Lee mantém-se unanimidade na luta contra a violência a LGBTQIAP+, em um país que ganhou fama como o que mais mata transexuais e travestis no mundo – pelo 14o ano consecutivo em 2023. Enquanto a média de expectativa de vida da população brasileira é de 74,9 anos, a de uma pessoa trans é de 36 anos, segundo relatório de janeiro de 2023 da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
Brenda Lee ostenta um prêmio com seu nome, instituído em 2008 e concedido a cada cinco anos – durante as comemorações do Dia Mundial de Combate à Aids e do aniversário do Programa Estadual DST/Aids do Estado de São Paulo – a municípios com boas políticas de enfrentamento a IST/HIV/aids. A ativista ganhou um doodle, homenagem do Google à sua figura, para lembrar o Dia da Visibilidade Trans, em 29 de janeiro. Sua imagem e seu legado seguem vivos na memória de quem a conheceu e na luta por um mundo mais empático.