Gena showalter senhores do submundo 1 a noite mais escura

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Senhores do Submundo 01

Isso não a dissuadiu. Justamente o contrário. «Estou quse lá», disse a si mesma, e seguiu subindo pela ladeira. Até que teve que parar, pela enésima vez, dez minutos mais tarde, porque suas coxas tinham se transformado em blocos de gelo. As esfregou vigorosamente para as esquentar e voltou a observar o caminho. Não parecia que o castelo estivesse mais perto. Ao contrário, parecia que havia se afastado. Ashlyn sacudiu a cabeça com desesperança. O que necessitava para chegar naquele lugar? Asas para poder voar? «Embora fracasse», pensou, «não me arrependo de ter vindo». Estava disposta a fazer qualquer coisa para ter uma oportunidade de ser normal. Quando tinha contado ao doutor Mclntosh, o vice-presidente do Instituto, além de seu chefe e mentor, o que tinha ouvido a respeito daqueles homens, ele tinha assentido brevemente e tinha respondido: —Bem feito. Aquela era sua forma de dar a mais elevada de suas felicitações. Depois, ela tinha solicitado que a levassem ao castelo. —Nem pensar —respondeu ele. — Podem ser demônios, tal e como dizem alguns habitantes da cidade. —Também podem ser anjos, como diz a maioria da população. —Não irá correr esse risco, Darrow. —disse ele. Logo lhe ordenou que fizesse as malas e que fosse para o aeroporto, tal e como sempre fazia uma vez que sua parte do trabalho, escutar, tinha terminado. Esse era o protocolo normal, conforme dizia sempre o doutor Mclntosh. Entretanto, nunca enviava para casa ao resto dos trabalhadores. Ashlyn sabia. Depois de tudo, ele tinha se preocupado por ela e por sua segurança. A tinha tomado sob sua tutela quando era uma menina assustada e seus pais se viam incapazes de aliviar a tortura de sua filha. O doutor Mclntosh inclusive lhe tinha lido contos de fadas para a ensinar que o mundo era um lugar cheio de magia e de possibilidades infinitas, um lugar onde ninguém, nem sequer alguém como ela, tinha por que se sentir estranho. Embora ele se preocupasse com ela, Ashlyn também sabia que seu dom era muito importante na carreira do doutor e que o Instituto não seria nem a metade do que era sem ela. Como conseqüência, aos olhos de seu mentor, Ashlyn era um peão. Por isso não se sentia muito culpada por ter escapado para o castelo assim que ele deu a volta. Com os dedos intumescidos pelo frio, Ashlyn afastou o cabelo do rosto outra vez. Possivelmente deveria ter perguntado aos aldeões qual era o melhor caminho para subir, mas as vozes eram muito ruidosas, muito entristecedoras no centro da cidade. Além disso, temia que um empregado do Instituto a visse e a delatasse. Entretanto, talvez tivesse valido a pena se arriscar com isso e evitar aquele frio tão debilitante. «Há uma forma de saber a verdade. A deixa presa a um no coração e veremos se morre», disse uma voz que atraiu sua atenção. Ashlyn se distraiu, escorregou e caiu sobre um ramo. As pedras afiadas lhe arranharam as palmas das mãos e as calças. Durante um momento, não se moveu. Não podia. Fazia muito frio, e as vozes falavam muito alto. «Não deveríamos estar aqui. Vêem tudo». « Está ferido?». « Olhe o que encontrei! Acha bonito?». — Calem-se, calem-se, calem-se! —gritou. É obvio, as vozes não a escutavam. Nunca o faziam. «Se atreve a correr pelo bosque nu». «Éhes vagyok. Kaphatok volamit enit? ». De repente ouviu um raspado e um zumbido, e Ashlyn abriu os olhos de repente. Depois ouviu um grito agonizante. O grito de um homem, seguido pelos gritos de outros três. Presente. Não passado. Depois de vinte e quatro anos, conhecia a diferença. O terror se apoderou dela, se estendeu e lhe cortou a respiração. Tentou ficar em pé e se pôr a correr, mas outro zumbido repentino a manteve imóvel. Se deu conta de que


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