Feita de Fumaça e Osso

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unca tinha sido feito, não que ela tivesse ouvido falar. Ninguém nem tinha especulado a respeito, e certamente não teria sido possível com um corpo natural. Um corpo adere à alma como nácar a um grão de areia, formando uma entidade unificada e perfeita que somente a morte pode desfazer. Não existe uma lacuna em um corpo natural para convidados ou raptores. Mas o corpo de Chiro era um receptáculo, como Madrigal bem sabia, já que ela mesma o tinha feito. Ela podia não precisar de fumaça para guiá-la, mas precisava de proximidade. Não poderia se mover pelo espaço; não tinha nem controle nem propulsão. Chiro teria de ir até ela e, como Brimstone a escolhera para realizar a bênção, ela iria. Com passos pesados para cima do cadafalso para se ajoelhar ao lado dos pedaços que tinham sido sua irmã. Tremendo, ela ergueu os olhos para o ar acima do corpo. — Sinto muito, Mad — sussurrou ela. — Eu não sabia que haveria evanescência. Eu sinto muito. Madrigal, que não podia bloquear a visão de sua própria cabeça cortada ou a lembrança dos gritos de Akiva, permaneceu impassível. O que Chiro tinha esperado? Uma sentença mais branda? Quem sabe


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