Feita de Fumaça e Osso

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única forma de eu conseguir continuar a usá-la, trazendo almas de volta morte após morte, é acreditar que estamos nos mantendo vivos até... até o mundo poder ser refeito. As palavras dela. Ele limpou a garganta. Parecia cascalho sendo arrastado. Seria possível, Brimstone estava lhe dizendo que ele...? — Eu sonho com isso também, criança — disse ele. Madrigal o encarou. — A magia não vai nos salvar. O poder que seria necessário para conjurar algo nessa escala... o dízimo nos destruiria. A única esperança... é esperança. — Ele ainda segurava o osso da sorte. — Você não precisa de amuletos para isso... está no seu coração ou em parte alguma. E em seu coração, criança, ela é mais forte do que eu jamais vi. Ele guardou o osso no bolso da camisa, então se levantou de sua posição de leão e se virou. O coração de Madrigal gritou diante do pensamento de que ele a estava deixando sozinha. Mas ele apenas caminhou até a pequena janela na parede do outro lado e olhou para fora. — Foi Chiro, sabe — disse ele, mudando bruscamente de assunto. Madrigal sabia. Chiro, que tinha asas para segui-la, e que se escondera no bosque, vendo. Chiro, que, como um cachorrinho de Thiago, a traiu por um carinho na cabeça. — Thiago prometeu lhe dar aparência humana — disse Brimstone. — Como se fosse uma promessa que ele pudesse cumprir. Chiro estúpida, pensou Madrigal. Se essa era a esperança dela, tinha escolhido mal sua aliança. — Você não vai honrar a promessa dele? Brimstone respondeu com olhar sombrio: — Ela devia se esforçar mais para nunca precisar de outro corpo. Tenho um cordão de dentes de moreia que nunca achei que ficaria tentado em usar. Moreia? Madrigal não sabia dizer se ele estava falando sério.


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