Feita de Fumaça e Osso

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mãos. — O que você sabe sobre os quimeras?

O que ela sabia? — Não muito — admitiu. — Até aquela noite, quando você me atacou, eu nem sabia que havia outros além deles quatro. Eu não sabia que eram uma raça. Ele balançou a cabeça. — Eles não são uma raça. São muitas, aliadas. — Ah. — Karou achou que aquilo fazia sentido, já que eram tão diferentes. — Isso quer dizer que há outros como Issa, como Brimstone? Akiva assentiu. A ideia deu novas nuances de realidade ao mundo que Karou tinha vislumbrado. Ela imaginou tribos dispersas em vastas paisagens, uma aldeia inteira de Issas, famílias de Brimstones. Ela queria vê-los. Por que a mantiveram afastada deles? — Não entendo como foi sua vida — disse Akiva. — Brimstone a criou, mas apenas na loja? Não na fortaleza? — Eu nem sabia o que havia do outro lado da porta interna até aquela noite. — Ele a levou até lá, então? Karou comprimiu os lábios, lembrando-se da fúria do Mercador de Desejos. — Claro. Digamos que foi isso o que aconteceu. — E o que você viu lá? — Por que eu deveria lhe contar isso? Vocês são inimigos e, nesse caso, você é meu inimigo também. — Não sou seu inimigo, Karou. — Eles são minha família. Os inimigos deles são meus inimigos. — Família — repetiu Akiva, balançando a cabeça. — Mas de onde você veio? Quem é você realmente? — Por que todo mundo me pergunta isso? — indagou Karou, motivada por um lampejo de raiva, embora fosse algo que ela tivesse se perguntado quase todos os dias desde que tinha idade o bastante para entender a extrema peculiaridade de sua situação. — Eu sou eu. Quem é você?


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