Edição 78 - Revista Construir Nordeste

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ano XVI | nº 78 | outubro 2015 | www.construirnordeste.com.br

arquitetura | infraestrutura | tecnologia | negócios | urbanismo

ENERGIA ELÉTRICA

Como reduzir os gastos nas empresas alternativas e soluções

PwC avalia a retração do mercado imobiliário

ARQUITETURA

João Pessoa, na Paraíba, ganha o maior teatro do país

ESTILO

Premiado arquiteto baiano Antônio Caramelo, mostra seu escritório e projetos

R$ 15,00 | € 5,00

ENTREVISTA


CIMENTO APODI


CIMENTO APODI


SUMÁRIO

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SHARE

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PALAVRA | Tibério Andrade

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ENTREVISTA PcW analisa retração mobiliária | Eduardo Luque

20 PAINEL ACONTECE 28 VITRINE 30 ESPAÇO ABERTO - Análise de blocos produzidos com agregados recicláveis - Aproveitamento de águas pluviais 35 CAPA

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Como gastar menos energia elétrica nas empresas

40 ARQUITETURA João Pessoa ganha maior teatro do Brasil

46 ESTILO | Antônio Caramelo 48 TECNOLOGIA - Soluções modulares metálicas pré-fabricadas - Tecla investe em estruturas de aço leve - Tecnologia americana para tratamento de efluentes 52 NEGÓCIOS - Expansão de Leroy Merlin - Nova fábrica de cimentos no Nordeste - Perfil empresarial: Conprel 55 NEGÓCIOS: OPINIÃO | Mônica Mercês 56 ISSO É DIREITO | Rafael Accioly

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CARO LEITOR Repare que a palavra “sustentável” transita sempre nas páginas da Revista Construir Nordeste. Ela tem origem no latim “sustentare” , o que quer dizer sustentar, conservar e apoiar. Significa um meio de configurar a civilização e atividade humanas, de tal forma que os recursos econômicos possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente. Achei importante abrir o editorial com esse trecho da entrevista do Ricardo Barreto, para a Revista Construir Vida Sustentável. O cenário que a palavra “sustentável” imprime nas nossas vidas é amplo, apontando caminhos que contribuem com nosso bem estar, na nossa casa e nas cidades onde habitamos. Reciclar faz parte desse contexto valioso, quase um “mantra”. Reutilizar resíduos de construção e demolição e aproveitar águas pluviais também soam muito bem. Nesta edição, professores e doutores em engenharia nos presentearam com seus trabalhos cuidadosos. A redução de gastos com energia e o uso de fontes alternativas são o destaque na capa e um verdadeiro cântico dos deuses. No dia a dia, nas pequenas e grandes iniciativas, está o “sustentare” rumo à vida mais equilibrada. Uma das maiores delas já implementadas no Brasil é o Camará Shopping. No empreendimento, são adotadas práticas que se configuram em uma cadeia produtiva “saudável” da construção civil, por meio do uso de tecnologias e estratégias que promovam impactos positivos nos quatro pilares da sustentabilidade: ambiental, social, cultural e econômico. Dá gosto de ver! Falamos em bem estar nas nossas vidas, e o saneamento das cidades, sem dúvida, é carro chefe. E temos boas notícias! Na entrevista com Ricardo Barreto (Companhia Pernambucana de Saneamento de PE), soubemos que, em 12 anos, o índice de cobertura de esgotamento sanitário na Região Metropolitana do Recife será elevado em 30%. É o programa Cidade Saneada. Não é maravilhoso? E por falar em boa notícia: a Paraíba tem muito o que comemorar. Ganhou a Pedra do Reino, em João Pessoa. O maior teatro do Brasil, com uma estrutura completa para receber grandes shows e apresentações, nacionais e internacionais. Parabéns aos paraibanos! Tem muito mais! Confira tudo aqui, vai valer a pena!

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DIRETORIA EDITORA | Elaine Lyra elainelyra@construirnordeste.com.br DIRETORA EXECUTIVA | Tatiana Feijó tatiana@construirnordeste.com.br

REDAÇÃO DIRETORA DE REDAÇÃO | Elaine Lyra elainelyra@construirnordeste.com.br EDITORA - CHEFE | Juliana Chaves julianachaves@construirnordeste.com.br EDITORA ASSISTENTE | Patrícia Monteiro patricia@construirnordeste.com.br EDITORA DE ARTE | Luciana Alves luciana@construirnordeste.com.br REPORTAGEM| Juliana Chaves | Patrícia Monteiro COLUNISTAS Rafael Acciolly | Mônica Mercês

CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICO Ângelo Just, Adriana Cavendish, Alexana Vilar, Bruno Ferraz, Carlos Valle, Alberto Casado, Alexandre Gusmão, Arnaldo Cardim de Carvalho Filho, Betinha Nascimento, Béda Barkokébas, Cezar Augusto Cerqueira, Celeste Leão, Clélio Morais, Daniela Albuquerque, Eduardo Moraes, Elka Porciúncula, Eder Carlos Guedes dos Santos, Eliana Cristina Monteiro, Emília Kohlman, Fátima Maria Miranda Brayner, Francisco Carlos da Silveira, Gustavo Farache, Inez Luz Gomes, Joaquim Correia, José Antônio de Lucas Simon, José G. Larocerie, Kalinny Patrícia Vaz Lafayette, Luiz Otavio Cavalcanti, Luiz Priori Junior, Mário Disnard, Mônica Mercês, Néio Arcanjo, Otto Benar Farias, Renato Leal, Risale Neves, Rúbia Valéria Sousa, Sandra Miranda, Serapião Bispo, Simone Rosa da Silva, Stela Fucale Sukar, Yêda Povoas, Sérgio Pascual PUBLICIDADE Sulamita Magno | 81 9806.7024 | 8828.5426 NÚCLEO ON LINE | Amanda Uchôa amanda@construirnordeste.com.br Portal Construir NE | www.construirnordeste.com.br Facebook: Construir Nordeste faleconosco@construirnordeste.com.br MARKETING E PLANEJAMENTO | Márcio Ancelmo marcio@construirnordeste.com.br ADMINISTRATIVO, FINANCEIRO E LOGÍSTICA | Adriana Clécia adriana@construirnordeste.com.br | +55 81 3038.1045 DISTRIBUIÇÃO Você encontra a Revista Construir Nordeste nas principais bancas e livrarias do Nordeste. Se preferir, solicite a sua assinatura e tenha todas as edições no conforto de seu lar. (+55 81 3038.1045 | faleconosco@construirnordeste.com.br) Revista Construir Nordeste é uma publicação bimestral da Editora Construir Nordeste. ISSN 1677-8642. A Revista Construir Nordeste não se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados ou por qualquer conteúdo publicitário e comercial, sendo esse último de inteira responsabilidade dos anunciantes.


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ENERGIA, ILUMINAÇÃO E ACÚSTICA



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BIM DEVE REVOLUCIONAR PROCESSOS CONSTRUTIVOS Uma ferramenta já muito utilizada na Europa está chegando ao Brasil para tornar os processos construtivos mais maduros, organizados e econômicos. O BIM (Building Information Modeling) vem conquistando espaço por facilitar a compatibilização de projetos e a gestão de obras nos canteiros, na versão 3D. Todas as disciplinas do empreendimento, inclusive a orçamentária, são integradas de modo digital para modelar e compatibilizar as informações dos empreendimentos, desde a fase de projeto e durante toda a sua construção. O conceito deve, em breve, ser implantado no dia a dia de algumas empresas que já estão utilizando a ferramenta como modelo-piloto. Alguns dos softwares que suportam o BIM na parte de projeto são o Revit, da Autodesk; o ArchiCAD, da Graphisoft; e o Bentley Architecture, da Bentley. Para a área orçamentária, há o Affinity, da Trelligence; e o DProfiler, da Beck, dente outros.

COMPRAR FICOU MAIS FÁCIL As empresas de construção civil já podem tirar proveito da web para facilitar suas compras e/ou locações, com sites especializados em oferecer as melhores cotações do mercado. Anote alguns endereços de portais, que podem inclusive ser interligados aos sistemas integrados de gestão empresarial – ERPs: www.coteaqui.com.br, www.portaldolocador.com e www. portalsintese.com.br.

MERCADO PROMISSOR: NO BRASIL, HÁ CERCA DE 300 LICENÇAS ATIVAS SOMENTE DA ARCHICAD, ENQUANTO APENAS NO REINO UNIDO O NÚMERO GIRA EM TORNO DE 10 MIL.

ACADEONE INVESTE EM SOFTWARES PARA O SETOR A empresa paraibana de softwares AcadeOne desenvolveu dois sistemas web para a gestão de fábricas de artefatos de cimento e para a administração de carteira de loteamentos, o Acade Fácil e o Acade Lotear, respectivamente. Os sistemas podem ser utilizados em nuvem e acessados de qualquer lugar via internet. Possibilitam o controle dos principais processos, visando a eficiência e a lucratividade dos clientes, ao controlarem as tarefas mais críticas e rotineiras para que não haja desperdício de recursos pela falta de controle ou informações. Ambos foram desenvolvidos dentro de um campo prático, em modelo de laboratório nas corporações.

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PALAVRA

É MUITO IMPORTANTE ACOMPANHAR A EXECUÇÃO DA FUNDAÇÃO, NOTADAMENTE O MONITORAMENTO DAS TEMPERATURAS. E, CASO NECESSÁRIO, DEVEM-SE VERIFICAR SOLUÇÕES QUE VENHAM A DISSIPAR O CALOR, A FIM DE MINIMIZAR AS PATOLOGIAS RELACIONADAS, NÃO COM AS ARMADURAS, MAS COM O CONCRETO.

MONITORAMENTO EVITA PATOLOGIAS NO CONCRETO DAS FUNDAÇÕES * Tibério Andrade

A construção civil local tem desenvolvido alguns procedimentos técnicos quanto à execução das estruturas de concreto que devem ser repensadas no que tange às fundações. Desde 2004, ano em que se começou a ter conhecimento dos inúmeros casos de Reação Álcalis Agregado (RAA) em edifícios e outras edificações do Recife, a resistência do concreto foi gradativamente elevada nos projetos, sendo comum em nossa cidade o emprego de fck´s de 40MPa, 45MPa e até mesmo 50 MPa em blocos de fundação. Esse aumento se deve, em parte, a conceitos de durabilidade, que definem que quanto menor a relação água/cimento e maior a resistência do concreto, menos permeável e mais durável é o concreto, como também se deve à necessidade de resistências mais elevadas, em função das maiores cargas atuantes nos pilares, em prédios cada vez mais altos, na cidade do Recife. Essa redução da relação água/cimento e aumento da resistência dos concretos levam invariavelmente ao aumento do consumo de cimento. De outro lado, os blocos de coroamento, que podem ser classificados como elementos massivos, possuem naturalmente maior dificuldade de dissiparem o calor gerado pela hidratação do cimento, sendo que, quanto maior o consumo, maior será esse calor. A massividade das peças de concreto está relacionada ao seu volume, como também à geometria da peça. Começou-se a aumentar o fck por uma questão de durabilidade, muito relacionado à corrosão de armaduras. Mas na hora em que se aumenta o fck em um elemento massivo, como os blocos, eles chegam facilmente a 80 °C ou até mesmo 90°C, o que não é bom do ponto de vista técnico para o concreto, porque favorece o

desenvolvimento de RAA e de outro mecanismo de expansão interna, chamado Formação de Etringita Tardia. Por conta da massividade, é importante monitorar as fundações. Ainda na fase de projeto, deve-se estabelecer um fck de projeto em consenso com o engenheiro projetista que atenda às necessidades do cálculo estrutural – mas que se tente fixar em 30MPa ou 35 MPa. Em seguida, é necessário o acompanhamento técnico da produção do concreto na concreteira, para que se consiga obter o fck desejado com o menor consumo de cimento possível. Para isso, temos que trabalhar com tecnologia do concreto, com o uso de adições minerais, de aditivos super plastificantes, de um mix de aditivos que tente reduzir o consumo de cimento. A fim de evitar a ocorrência de problemas nesses elementos de fundação, é muito importante acompanhar a execução da fundação, notadamente o monitoramento das temperaturas (não apenas o valor máximo alcançado como tempo em que ela se mantém nesses patamares). E, caso necessário, devem-se verificar soluções que venham a dissipar o calor, a fim de minimizar as patologias relacionadas, não com as armaduras, mas com o concreto. Característica marcante das fissuras encontradas nos elementos de fundação é que, por estarem abaixo do nível do terreno, acabam ficando escondidas, o que impede uma rápida intervenção para solução. Assim, a prevenção, nesse caso, é imprescindível para evitar a ocorrência do dano e maiores transtornos para a construtora e seus clientes após a entrega do imóvel. * Professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco e consultor da Tecomat.

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ENTREVISTA

ENTREVISTA

A VISÃO DA PWC BRASIL SOBRE A RETRAÇÃO IMOBILIÁRIA O setor imobiliário brasileiro viveu altos e baixos nos últimos 10 anos. Passou de uma gestão mais familiar e menos profissionalizada a um segmento mais maduro e capacitado. Com a grande quantidade de IPOs de 2007, teve seu momento de prestígio entre os investidores. Chegou ao auge das expectativas otimistas em 2010, e, finalmente, enfrentou o descontrole operacional e os resultados financeiros abaixo do esperado entre 2012 e 2014. Entre os players deste mercado, o momento é quase unânime: o tamanho do setor está, no viés mais otimista, cerca de 60% do que se praticava

Foto: PwC Brasil

em 2010/2011. Esta percepção é embasada pelos dados de lançamentos de imóveis, os VGVs (Valores Gerais de Vendas – em reais) atuais versus o que se lançava em 2010. Contador Público brasileiro registrado com a Securities and Exchange Commission e Certified Public Accountant (EUA), e sócio da PwC Brasil, Eduardo Luque acredita que as perspectivas para a área são favoráveis. Em entrevista à revista Construir Nordeste, o consultor faz uma retomada da trajetória percorrida pelo segmento e opina quanto ao seu comportamento atual.

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ENTREVISTA

Por muito tempo, o empresariado do ramo imobiliário e de toda a construção civil brasileira relutou em falar a palavra “crise”. No momento, no entanto, além de assumi-la, ele demonstra desânimo. Você acha que o mercado pode vir a ter uma postura mais otimista, enxergando possibilidades de melhoria? Há um consenso de que o mercado está menor e isto pode indicar uma curva de crescimento mais estável nos próximos anos. Ainda que este mercado esteja menor, o número de players não diminuiu– as maiores empresas da época pós-IPOs, com exceção de poucos casos dos fechamentos de capital, continuam presentes. O número de empresas e fundos de investimento dedicados à incorporação também aumentou. Diante de um ambiente de concorrência acirrada, os desafios atrelados ao setor ficam ainda maiores. Apresentamos ao lado (vide imagem) uma visão geral histórica do nosso entendimento do setor e possível visão futura. O que pode elevar a credibilidade dos investidores no ramo imobiliário? Ciclo 1: tamanho maior, porém, com alguns erros estratégicos como a expansão geográfica e para outros segmentos de mercado (ex: Minha Casa Minha Vida) de forma não tão planejada, que custaram perda de rentabilidade. Ciclo 2: tamanho menor porém com maior controle relativo da execução das praças e projetos trabalhados. Ciclo 3: deve ter início no segundo semestre de 2016 ou 2017 e poderá ter um tamanho ao menos intermediário entre ciclos 1 e 2 pelos fatores demográficos e experiência adquirida pelas empresas. Maior estabilidade e previsão nas margens dada a velocidade menor de vendas com maior controle dos projetos.

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Entendemos que também existe o outro lado, que é opostamente otimista em relação a tudo o que foi dito até aqui. Existe ainda um considerável déficit habitacional no país, estimado em cerca de 8 milhões de unidades (por falta ou por inadequação). Um ponto importante a se ressaltar é que, diferentemente de alguns outros países latino-americanos que valorizam ativos imobiliários lastreados pelo dólar, como a vizinha Argentina, o lastro brasileiro ainda é o real - a despeito de desvalorização. Portanto, a “liquidez”


de ativos se dá com base em reais e é menos afetada pelas oscilações de câmbio. Outro fator positivo é o crescimento dos grandes centros urbanos e do número de domicílios, que deve impactar o número de mudanças de domicílio no longo prazo. Comparativamente a outros países, esse número é pequeno (1,8 vezes no Brasil, enquanto que a média de países desenvolvidos é de 9 a 10 vezes), mas vem aumentando. Também integra esta equação a representatividade da faixa etária de 2545 na pirâmide brasileira, que terá seu auge nos próximos anos – o chamado bônus demográfico, e este estrato etário é o maior consumidor de produtos imobiliários. Estes fatores demográficos proporcionarão às incorporadoras, quando trabalharem em produtos certos e para as necessidades dos seus clientes, boa possibilidade de retomada a anos melhores. O que as incorporadoras têm feito para solucionar as dificuldades decorrentes do crescimento desenfreado dos “anos de ouro”, neste momento de baixa de VGVs, para estarem prontas quando um possível novo ciclo de crescimento voltar? O foco das incorporadoras tem sido direcionado para aprimorar a gestão interna, revendo portfólio de ativos, dando giro para estoques de unidades já concluídas, incrementando planejamento e investimento na fase de pré-venda dos lançamentos dos empreendimentos, oferecendo alternativas de financiamento para os clientes (ex: financiamento direto pelas incorporadoras que estão mais saudáveis financeiramente) e gerindo caixa da forma bem próxima em função das dívidas

assumidas, agilizando a etapa do repasse imobiliário no momento das chaves (entregas) e monitorando de forma antecipada e ativa os distratos contratuais. Você acredita que as empresas podem crescer de modo estratégico na crise?

AS EMPRESAS TÊM “VOLTADO ÀS SUAS ORIGENS”, ATUANDO COM FOCO NAS PRAÇAS ONDE TÊM EXPERIÊNCIA HISTÓRICA E ONDE SUA MARCA POSSUI BOA VISIBILIDADE/REPUTAÇÃO.

Empresas de capital aberto que têm focado no segmento mais econômico (Minha Casa Minha Vida) têm demonstrado giro relativamente mais rápido. As empresas têm “voltado às suas origens”, atuando com foco nas praças onde têm experiência histórica e onde sua marca possui boa visibilidade/ reputação. Em sua visão, quando o setor deve começar a se recuperar?

Tudo dependerá de como as condições de nossa economia acomodarão os desafios. 2015: ano de transição do Ciclo 2, 2016 (vide gráfico): alguma melhoria prevista com a queda dos níveis altos de estoques de unidades prontas e diminuição dos distratos e eventual início de um novo ciclo (Ciclo 3 – vide gráfico), com mais intensidade a partir de 2017. A crise no setor imobiliário é decorrente apenas da insegurança política no Brasil ou ele próprio contribuiu para a sua retração? O setor baseou seus planos (lançamentos) conforme expectativas gerais e multissetoriais de confiança na economia brasileira (projeção de crescimento PIB de 3-4% ao ano). O grande número de IPOs pode ter demonstrado um excesso de players para o tamanho real do mercado (e já houve ajustes como dois fechamentos de capital - CCDI e Brookfield - e empresas hoje com baixíssima liquidez), mas não entendemos que ele próprio contribuiu para sua retração. Com as altas taxas de juros reais e o contexto econômico brasileiro, é hora de investir em imóveis? Existem boas oportunidades para quem tem caixa disponível para compra à vista, com o alto estoque de unidades prontas e descontos praticados. O financiamento requer muita análise, pois está mais caro e mais restrito.

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PAINEL acontece

Foto: Divulgação

Foto: Ironildo Machado

A Insole começou a exportar seus produtos e serviços para a América Latina e África. A empresa pernambucana foi recentemente incorporada ao Grupo ATP, passando a atuar como braço operacional da holding na área de energia solar, para atender todos os países onde o Grupo opera. Pernambuco é, atualmente, o estado brasileiro que concentra o maior volume de negócios da empresa, seguido por São Paulo e Rio de Janeiro.

A Imobi Desenvolvimento Urbano realizou, entre os dias 14 e 30 de setembro último, seu primeiro Feirão. O evento foi pioneiro em Pernambuco, destinado à venda de lotes, e aconteceu no Shopping RioMar, no Recife, com a oferta de aproximadamente 2 mil unidades de oito empreendimentos, em diversas regiões do Estado. Durante o Feirão, a empresa deu também o pontapé inicial à sua nova estratégia comercial: seus produtos passam a ser vendidos, a princípio, por cinco imobiliárias pernambucanas. Neste novo formato, o seu número de corretores passou de 80 (equipe própria) para 500. A mudança acompanha os planos da empresa de crescer de 30 a 40% em 2015, em relação ao ano passado.

Em seminário na Associação Comercial de São Paulo, no final de agosto, representantes do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) mencionaram apreensão com o aumento da arrecadação do PIS/Cofins e a consequente elevação da alíquota de alguns setores, a exemplo de construção civil e serviços. Eles temem que as alterações, ainda em estudo pela Receita Federal, aumentem a carga de impostos. De acordo com cálculos realizados pelo IBPT, a alíquota chegaria a 9,25%, o que representaria o aumento da arrecadação do governo em até R$ 50 bi. O governo justifica as mudanças como forma de simplificar os cálculos e reduzir a burocracia nas empresas e afirma que há a possibilidade de o aumento da alíquota ser compensado. Os empresários alegam, entretanto, que nesses setores a principal despesa é com a mão de obra e não com a matéria-prima. Assim, não haveria compensação. Em nota oficial, a Receita Federal argumenta que a proposta de reformulação do PIS/Cofins sequer foi concluída e que ainda não foram definidas a alíquota e a base do novo tributo.

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Foto: Divulgação

Privê Mirante do Mar, da Imobi, é o primeiro loteamento fechado de alto padrão no município de Goiana (PE)

DânicaZipco: soluções construtivas industrializadas. Fábricas em PE, SC, no MG, MS, além do Chile e México

A Dânica e a Zipco assinaram acordo para fusão de suas operações. Chamada DânicaZipco, a nova empresa nasce como a segunda maior do segmento de sistemas construtivos metálicos. A principal vantagem competitiva da fusão é a oferta conjunta de estruturas metálicas e painéis termoisolantes industrializados.


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PAINEL acontece

Foto: Divulgação

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) lançaram, em agosto último, os Indicadores ABRAINC-Fipe para medir e analisar a evolução do mercado imobiliário, com visão nacional. Disponibilizado mensalmente, o estudo acompanha o mercado nacional de imóveis novos, com base em informações das empresas associadas à ABRAINC. Os indicadores apontaram que a Venda sobre Oferta (VSO) referente ao trimestre maio/junho/ julho de 2015 apresentau crescimento, chegando a 23,4% das 96.715 unidades disponíveis no mercado para compra – número 0,7 ponto percentual maior que no trimestre encerrado em junho.

Foto: Divulgação

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Foto: Divulgação

A Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE), por intermédio da Regional Recife, promoveu em setembro, na sede do Sinduscon/PE, no Recife, o evento Nordeste nas Alturas. O objetivo foi discutir as necessidades e os cuidados para a elaboração de projetos seguros e em consonância com as normas brasileiras. Para isso, o encontro contou com palestras de grandes especialistas da área de estruturas, como Alexandre Gusmão (PE), Ricardo Leopoldo e Silva França (SP), Sérgio Stolovas (SC), Luiz Aurélio Fortes da Silva (SP), João Nassar (PE), Sérgio Osório (PE), Gamal Asfura (PE), Dácio Carvalho (CE) e Oscar da Fonte (PE), além do advogado Carlos Pinto Del Mar (SP).

O Grupo Boticário investiu em um projeto de expansão, que contou, dentre outras iniciativas, com a construção de uma fábrica em Camaçari, na Bahia, com 60.950,24 m² de área construída. A obra contou com tecnologia de produtos da Isoeste. Para o fechamento das laterais, foram usados, por exemplo, painéis Isofachada Siliconizado (imagem), que oferecem isolamento térmico, versatilidade arquitetônica, velocidade de montagem, durabilidade, baixa necessidade de manutenção, além de não propagarem o fogo.


Salvador sediou, de 23 a 25 de setembro último, o 87º Encontro Nacional da Indústria da Construção - ENIC, que reuniu mais de 1.500 pessoas da cadeia produtiva do setor. O tema do evento foi “Brasil mais eficiente, País mais justo”. Foram abordados assuntos de relevância para o contexto atual da construção civil, desde a produtividade na construção, meio ambiente e sustentabilidade, a normas técnicas, mercado imobiliário e desenvolvimento urbano, formação de preços em obras públicas, concessões e PPP’s, dentre outros.

Foto: Henrique Coelho

Em sua 9ª edição, o Concrete Show reuniu mais de 30 mil visitantes e 600 expositores nacionais e internacionais, de 26 a 28 de agosto, em São Paulo. Algumas das novidades apresentadas no evento foram a nova linha de polímeros para argamassa da Vinnapas; o sistema construtivo Lumiform, da SH; e o misturador mecânico compacto MH 160, da CSM. O evento contou com mais de 20 seminários e minicursos, além da amostra inédita do sistema “Tilt-Up”.

Estudo mensal realizado pela Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) mostrou que o comércio de material de construção cresceu 7% na região Nordeste, em julho último. Segundo a pesquisa, a região Nordeste possui cerca de 25.073 lojas varejistas de material de construção; 62% delas se concentram em três estados: Pernambuco, Bahia e Ceará.

Os Navigators, da Vermeer, estão na escalação de equipamentos para viabilizar a perfuração horizontal, pelo Método Não Destrutivo (MND), do Programa Cidade Saneada, na Região Metropolitana do Recife e no município de Goiana (PE). Eles estão auxiliando na instalação de tubulações de PEAD (Polietileno de Alta Densidade), com diâmetros que variam de 160 a 190 mm.

Foto: Divulgação

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CONSTRUSUL REUNIU 564 EMPRESAS EM NOVO HAMBURGO De 5 a 8 de agosto, a cidade de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, recebeu a 18ª Construsul - Feira Internacional da Construção. Sediado no Centro de Eventos da Fenac, o evento foi realizado simultaneamente à 10ª ExpoMáquinas - Feira de Máquinas e Equipamentos para Construção, cujo mix de produtos esteve incorporado à Construsul. A Feira contou com 564 expositores e um total de visitantes contabilizado em 68.500 pessoas, sendo 27% de lojistas, 22% de construtoras/empreiteiras e 26% de arquitetos/engenheiros. Uma porcentagem de 89% dos profissionais participantes declarou que o objetivo da visita foi conhecer fornecedores, novidades do mercado, fazer network e verificar novas possibilidades de parcerias. Promovida pela Sul Eventos Feiras Profissionais, a Construsul

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registrou a presença de visitantes dos três Estados da região (39% do Rio Grande do Sul, 12% de Santa Catarina e 3% do Paraná), sendo que o número de pessoas de Porto Alegre cresceu na ordem de 4%. O cálculo das empresas participantes do encontro é que o volume de negócios tenha ficado na ordem de R$ 530 milhões. A Rodada de Negócios da Construção, promovida pelo Sebrae/ RS, realizou 58 reuniões de negócios, numa expectativa de movimentar cerca de R$ 2 milhões. A satisfação dos micro e pequenos empresários que participaram do evento apontou 94,1% para bom ou ótimo. Construsul 2016 – No próximo ano, o evento seguirá acontecendo em Novo Hamburgo, RS. A 19° edição acontecerá na Fenac, entre os dias 3 e 6 de agosto.


CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NA 4ª EXPOCONSTRUIR Um total de R$ 68 milhões em negócios. Este foi o balanço da 4ª edição da ExpoConstruir – Feira de Materiais e Sistemas Construtivos – realizada no mês de setembro, em Fortaleza, Ceará. Para o diretor do evento, Paulo Pepino, o encontro deste ano representou um contraponto à crise econômica nacional. “Com comprometimento e trabalho em equipe provamos que podemos recomeçar, usar novas estratégias e assim definir novos caminhos para os negócios”, destacou. André Montenegro de Holanda, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Ceará (Sinduscon/CE), destaca que o setor vem apresentando sua força, mesmo diante das dificuldades. “A criatividade do nosso povo é capaz de vencer os desafios desse momento difícil”, enfatizou. A Feira contou com a participação de mais de 18 mil pessoas, dentre construtores, engenheiros, arquitetos, decoradores, lojistas, estudantes e demais profissionais da área. Autoridades de diversos segmentos, como a Federação das Indústrias, o Conselho Federal e Regional de Engenharia e Agronomia, além da Associação dos Comerciantes de Material de Construção do Ceará e do Governo do Estado, também estiveram no encontro,

cuja programação abordou palestras técnicas e comerciais de grandes players do setor. Nesta quarta edição, pela primeira vez foi promovida a Liquida Construção, com ofertas em pisos, revestimentos, tintas, vernizes, equipamentos de iluminação e climatização, porcelanatos e metais. Além dos descontos, os compradores encontraram formas diferenciadas de pagamento. No evento, a Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção do Ceará homenageou o governador Camilo Santana, que recebeu o prêmio Acomac “Personalidade Cearense de 2015” e, acompanhado pelo presidente do Sinduscon, André Montenegro de Holanda, e pelos diretores da feira, Paulo Pepino, Micheline Camarço e Thatia Pepino, visitou os estandes da feira, reforçando a importância do setor para o desenvolvimento do país. Os organizadores já agendaram uma nova edição da ExpoConstruir para o ano de 2017, prevista para o mês de Setembro, que reunirá novamente, em um mesmo espaço, todos os elos da cadeia produtiva da construção civil do Ceará, para apresentar as novas tecnologias e discutir as perspectivas com o mercado de varejo.

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chapéu INFORME TÉCNICO

ISOESTE implanta diversas soluções construtivas em nova planta o Grupo Petrópolis Depois de participar, em 2013, de parte do projeto de construção da fábrica do Grupo Petrópolis em Alagoinhas, na Bahia, a Isoeste foi, em 2014, mais vez selecionada como uma das fornecedoras do projeto de construção da unidade de Itapissuma, em Pernambuco, que consumiu investimentos de R$ 600 milhões e gerou cerca de 1.000 empregos diretos. A nova cervejaria do Grupo Petrópolis, inaugurada oficialmente em abril de 2015, foi basicamente constituída de uma estrutura de concreto, em sua maior parte pré-moldada, e cobertura metálica espacial. Pensada para ser uma das mais modernas unidades de produção de cerveja do mundo, a planta de Itapissuma tem na gestão ambiental um dos destaques de seu projeto e a Isoeste foi um ativo colaborador neste quesito, apresentando soluções condizentes com a demanda do cliente. Neste contexto, destaca o engenheiro Luiz Carlos Morais Filho, supervisor de obras da Isoeste, “fomos buscar em nosso portfólio produtos capazes de satisfazer as necessidades do cliente e fornecemos um conjunto de soluções de telhas, painéis, iluminação Zenital que atendeu as preocupações com a gestão ambiental”. 2

ABRAVA Climatização + Refrigeração Setembro 2015

PRODUTOS E SOLUÇÕES Os produtos e soluções Isoeste utilizadas na unidade garantiram a agilidade na execução da obra e contribuíram para um canteiro limpo. Depois de aplicadas, permitiram um ótimo isolamento térmico, no caso dos painéis. Já as telhas garantiram uma cobertura sem furações, com perfeita estanqueidade e baixa inclinação, que permite a dilatação longitudinal sem comprometer a fixação.

Ao todo foram utilizados aproximadamente 35 mil m² de telhas zipada Sanduíche, 7.000 m² de telha zipada Standard, 26 mil m² de telha TP40, que foram utilizadas em toda a cobertura e maior parte do fechamento lateral da obra.


SOBRE A ISOESTE

Com relação aos painéis, foram consumidos aproximadamente 3.500,00 m² de Painel Isofachada PUR para fechamento lateral dos prédios tratamento de grãos, brassagem e filtração; 1.100,00 m² SL em PUR para sala de quadros (comando do prédio envase) e 1.100 ml (metros line-ares) de iluminação Zenital (natural) para a cobertura da filtração, envase e caldeira.

Também foram fornecidas portas GSL PUR, que foram implantadas nas salas de comandos do prédio de envase.

www.isoeste.com.br

Há mais de 30 anos no mercado de Construção Civil, a empresa sempre esteve à frente de seu tempo e trouxe ao mercado brasileiro vários avanços tecnológicos. Produzindo mais de oito milhões de m² de painéis e telhas, além de mais de 10 mil portas por ano, seus produtos estão presentes nas obras mais modernas do país que exigem maior complexidade tecnológica. Hoje com cinco unidades fabris espalhadas pelo país de forma estratégica a empresa atende todo o Brasil e América Latina de forma eficaz. Suas unidades estão situadas em Anápolis - GO, São José dos Pinhais – PR, Várzea Grande –MT, Castanhal – PA e em Vitória de Santo Antão – PE. Mais informações no site www.isoeste.com.br Sobre o Grupo Petrópolis O Grupo Petrópolis é atualmente a segunda maior cervejaria do Brasil e a única grande empresa com capital 100% nacional do setor. É dono das marcas de cerveja Crystal, Lokal, Itaipava, Black Princess, Petra e Weltenburger, do energético TNT Energy Drink, do isotônico Ironage, das vodkas Blue Spirit e Nordka e da água Petra. O Grupo Petrópolis tem sete fábricas em operação e gera quase 26 mil empregos diretos. Além disso, patrocina atletas brasileiros profissionais e amadores e promove ações ambientais por meio do Projeto AMA.

Rapidez e perfeição juntas.


VITRINE 01

01 | KIT PORTA PRONTA MODULAR Sofisticação aliada à praticidade. A Pormade apresenta o Kit Porta Pronta Modular. Ele contém batentes, guarnição reguláveis para os dois lados, fechadura, dobradiça, borracha amortecedora e acabamento em verniz ou primer. Além disso, a utilização da base em poliuretano (resistente à umidade) ou composto de madeira e PVC (à prova d’água) aumenta a sua durabilidade. A instalação das ferragens é feita pela fábrica. E atenção: são destinadas a ambientes onde não haja incidência de sol ou chuva.

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02 | COZINHA PRÁTICA E SEGURA Gastronomia também pode ter muito a ver com praticidade. Os cooktops elétricos da Orbis, por exemplo, são referência neste quesito. Com um controle touch (para regulagem precisa da potência), bloqueio contra acendimento involuntário e desligamento automático, o modelo é mais seguro do que o gás, segundo a Orbis. Além disso, o seu acabamento em vitro cerâmico faz com que, quando aceso, o produto esquente só a zona designada, diminuindo o risco de queimaduras.

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03 | CABOS SUPERATOX A Cobrecom Fios e Cabos Elétricos apresenta novidades na Feicon Batimat Nordeste – 3º Salão Internacional da Construção, que acontece de 21 a 23 de outubro, no Centro de Convenções de Pernambuco. Trata-se dos cabos superatox (materiais não halogenados). Eles oferecem maior segurança por apresentarem características especiais de não propagação das chamas, além de baixa emissão de fumaça e gases tóxicos/ corrosivos em casos de incêndio, pois são fabricados com matérias-primas que não possuem o cloro em sua composição. A linha é formada pelos Cabos Superatox Flex 70º C e o Superatox HEPR 90º C para 1, 2, 3 e 4 condutores.

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04 | MINIDISJUNTORES LEGRAND Segurança é fundamental quando se fala em eletricidade. O Grupo Legrand oferece os minidisjuntores da linha RX³ para proteção destes circuitos em instalações residenciais ou comerciais, de pequeno e médio porte. Dentre suas principais características estão conexão fácil e segura, marcações simples e visíveis, identificação rápida das funções e engates biestáveis. A vida útil do produto é de 10 mil manobras e ele pode ser utilizado em condições extremas, de -25ºC a +70ºC, além de possuir proteção em casos de curto e garantia de qualidade dos certificados internacionais.


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05 | PRETINHO NA COZINHA Limpa, organizada, clean e... em tons de preto? Para quem não tem medo de ousar na decoração, a resposta é: sim. A Pavão Revestimentos produziu peças protagonizadas pela tonalidade que é sucesso internacional no mundo da moda. Aliados a móveis de madeira e parede de tijolos ou superfícies metalizadas, os tons escuros podem passear confortavelmente entre o rústico e o moderno. Dentre as opções oferecidas pela empresa estão a Azulejo Fuefo, Azulejo Bai, Kit Alvorada, Azulejos Ondas Wish e Azulejo Pop.

06 | PISO LAMINADO COM SISTEMA “CLICK” Troca de pisos não precisa, necessariamente, ser sinônimo de transtornos e sujeira. Os produtos da linha EcoClick da EPiso possuem o efeito natural da madeira, são resistentes e fáceis de serem instalados pois dispensam o uso de cola (utilizam o sistema click – encaixe macho/ fêmea). Podem ser usados tanto em espaços residenciais como comerciais de tráfego moderado. Oferecem, ainda, absorção sonora de até 10 decibéis e não necessitam da instalação de mantas acústicas.

07 | INSPIRADO EM MADEIRA NATURAL

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A Lanzi lançou uma linha de porcelanato que consiste na mistura de quatro tipos de madeiras. Durável, prática e de fácil limpeza, a coleção é composta por quatro produtos - Legno Reale, Reale, Liston Reale e Liston Reale EXT. Possui um design inovador e traz o movimento da madeira em cada peça. A Lanzi utilizou impressão HD e esmaltes especiais com a aplicação por pulverização, que define cada detalhe do relevo sem arredondar os ângulos, evitando o efeito artificial.

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ESPAÇO ABERTO

#vidaacadêmica

ANÁLISE DE BLOCOS PRODUZIDOS COM AGREGADOS RECICLADOS A escolha dos materiais utilizados numa determinada edificação pode ocasionar impactos ambientais durante a sua construção, sua vida útil e, principalmente, durante a demolição. A geração de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) é um problema que tem sido enfrentado na atualidade, sendo imprescindível a destinação adequada deles. A reciclagem de RCD para uso como agregados em concretos é uma interessante alternativa, uma vez que evita o uso de matéria-prima natural. Desta forma, esta pesquisa, apresentada no Mestrado em Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco, teve como objetivo a produção de blocos, utilizando-se agregados reciclados em diversas proporções de substituição dos agregados naturais e a sua comparação com blocos convencionais, por meio de ensaios físicos e mecânicos. Observou-se que, a despeito da resistência à compressão simples dos blocos, foram obtidos bons resultados com o uso de agregados reciclados. Com base na NBR 6136 (ABNT, 2014), os blocos poderiam até ser destinados a uso estrutural, embora a NBR 15116 (ABNT, 2004) limite o uso de agregados reciclados a uso não estrutural. De qualquer maneira, há necessidade da avaliação de outras características para assegurar este uso, tais como, absorção, durabilidade, ensaios de prisma e de paredes.

Stela Fucale – Engenheira Civil (UFPE, 1996), Mestre em Engenharia Civil (UFPE, 2000), Doutora em Engenharia Civil com ênfase em Geotecnia Ambiental (UFPE, 2005), tendo sido desenvolvido parcialmente na “Technische Universitaet Braunschweig” (TUBS), Alemanha (Doutorado Sandwich). Atualmente, é professora associada da Universidade de Pernambuco (UPE), onde atua como docente permanente do Mestrado Acadêmico em Engenharia Civil. Membro dos grupos de pesquisa AMBITEC/UPE, POLITECH/UPE e GRS/UFPE. Membro da Câmara de Pós-Graduação e Pesquisa da UPE e do Conselho de Gestão Acadêmica da POLI.

Angelo Just - Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Pernambuco (1996), Mestre (2001) e Doutor (2008) em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é Professor Assistente da Universidade de Pernambuco, Universidade Católica de Pernambuco, e Professor convidado da Faculdade do Vale do Ipojuca. Diretor Técnico da Tecomat Engenharia Ltda e coordenador das ações de revestimento e gerenciamento de projetos e obras da Comunidade da Construção, em Recife. Integrante do Comitê Revisor do GT Argamassas do ANTAC (Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído). Camila Borba Rodrigues - Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco (2011), mestrado em Engenharia Civil pela Universidade de Pernambuco (2015) e graduação em andamento em Engenharia Civil pela Universidade de Pernambuco. Atua nas áreas de gestão, gerenciamento, reciclagem e reaproveitamento de resíduos de construção e demolição.

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INTRODUÇÃO Atualmente, o Resíduo de Construção e Demolição (RCD) representa de 41% a 70% em volume do resíduo sólido urbano (MESQUITA, 2012). Segundo Gusmão (2008), aproximadamente 90% destes resíduos são potencialmente recicláveis, sendo, desta forma, o seu estudo fundamental para o desenvolvimento de uma construção sustentável. Uma das formas de destinação adequada do RCD é por meio de sua reciclagem. A NBR 15116 (ABNT, 2004) apresenta dois possíveis usos para agregados reciclados de concreto: para uso em sub-base de pavimentação e como agregados em concretos não estruturais. Além disso, divide estes agregados em dois tipos, sendo os agregados reciclados de concreto (ARC), aqueles com mais de 90% de materiais de origem cimentícia e os agregados reciclados mistos (ARM), aqueles com menos de 90%. Desta forma, alguns autores estudaram o uso destes agregados na produção de blocos de concreto, que por sua própria natureza reduzem as perdas e os desperdícios no canteiro de obras, uma vez que contam a elaboração de projetos de alvenaria e blocos compensadores, evitando quebras e oportunizando o planejamento da construção. Contudo, na maioria dos casos, o uso de agregados reciclados proporcionou a redução da resistência à compressão simples média dos blocos de concreto, o que pode estar associado ao alto índice de materiais pulverulentos presentes nos agregados de RCD que causaram a perda da água de hidratação do cimento, enfraquecendo a pasta (Tabela 1). A norma que estabelece classificação para blocos de concreto é a NBR 6136 (ABNT, 2014). Dentre os parâmetros de classificação está a sua resistência à compressão característica, que foi o critério avaliado neste estudo (Tabela 2). Tabela 1- Resistência à compressão simples de blocos produzidos com agregados reciclados.

METODOLOGIA Inicialmente, foram coletados os agregados naturais e reciclados e realizados os ensaios de caracterização, tais como granulometria, teor de materiais pulverulentos, absorção de água e massa específica. Os agregados reciclados mistos foram obtidos na Ciclo Ambiental, empresa pernambucana que beneficia RCD.Foram definidos os percentuais de substituição dos agregados naturais por reciclados na produção dos blocos (Tabela 3) e produzidos os blocos de 15x40 cm na Concrepoxi Artefatos, empresa de artefatos de concreto na Região Metropolitana do Recife. Foram usados cimentos do tipo CPV ARI –RS, geralmente utilizados na produção de pré-moldados e aditivo superplastificante retardador de pega para concreto sem slump. Os blocos foram produzidos com a mesma quantidade de cimento, água, aditivo e areia fina, de modo a identificar as propriedades associadas aos agregados reciclados. O pó de pedra foi progressivamente substituído pela areia reciclada, e a brita 0, pela brita reciclada. A Tabela 3 apresenta os traços usados para as famílias de blocos produzidos. O teor de umidade das quatro misturas foi de 8,28%. Após a moldagem e cura dos blocos, estes foram submetidos ao ensaio de compressão axial, como determinado na NBR 12118 (ABNT, 2013), a fim de correlacionar as suas resistências à compressão característica (fbk) aos percentuais de substituição dos agregados naturais por reciclados. Além disso, foi possível também classificá-los segundo as classes da ABNT, quando avaliados apenas os critérios de resistência. RESULTADOS Os ensaios de agregados, apresentados na Tabela 4, revelaram que, em geral, o teor de materiais pulverulentos e a absorção de água dos agregados reciclados são maiores que os dos agregados naturais. Com relação à massa específica, não houve variação significativa entre agregados naturais e reciclados. Tabela 3 - Nomenclatura e traços dos blocos produzidos.

Rcomp: resistência à compressão média; Rec.: concreto produzido com agregados reciclados; Ref.: concreto de referência. Tabela 2- Requisitos para resistência característica à compressão.

AF: areia fina; PP: pó de pedra; BN: brita natural; AR: areia reciclada; BR: brita reciclada.

Tabela 4 - Caracterização dos agregados.

Fonte: NBR 6136 (ABNT, 2014).

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Os blocos produzidos (Figura 1), quando submetidos ao ensaio de resistência à compressão, e calculada a sua resistência característica, revelaram o decréscimo de resistência em relação ao bloco convencional. Contudo, essa variação não se deu de forma linear, tendo o bloco BR50 maior resistência que o bloco BR 30 (Figura 2). Esses valores podem estar atribuídos ao teor de materiais pulverulentos dos agregados, chegando o bloco BR50, provavelmente, à proporção ideal para promover a melhor compacidade do elemento. Figura 1 - Blocos produzidos na pesquisa

agregados a uso não estrutural. CONCLUSÕES O presente estudo demonstrou que o uso de agregados reciclados para a produção de artefatos de concreto é possível e apresenta bons resultados de resistência à compressão em relação ao bloco convencional, contudo são necessários outros estudos para afirmar o seu uso estrutural. A produção destes blocos numa indústria de artefatos de concreto foi fundamental para o desenvolvimento da pesquisa, apresentando uma possibilidade real da produção destes blocos para comercialização e popularização do produto. AGRADECIMENTOS À Universidade de Pernambuco, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), à Ciclo Ambiental por ceder os agregados reciclados, à Concrepoxi Artefatos pela produção dos blocos e à Tecomat Engenharia, pela realização dos ensaios de resistência à compressão dos blocos de concreto.

Figura 2 – Resistências características (fbk) das famílias de blocos produzidas

REFERÊNCIAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil: utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural: requisitos. Rio de Janeiro, 2004. _____. NBR 12118: blocos vazados de concreto simples para alvenaria: métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2013. _____. NBR 6136: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria: requisitos. Rio de Janeiro, 2014. GUSMÃO, A. D. Manual de Gestão dos Resíduos da Construção Civil. Camaragibe, PE: CCS Gráfica, 2008. 140 p.

Observou-se também que os decréscimos de resistência nos blocos da presente pesquisa foram menores os dos autores relacionados na Tabela 1, o que pode ser devido ao processo industrial no qual os blocos desta pesquisa foram produzidos (Tabela 5) Em relação à classificação de resistência à compressão da NBR

LINTZ, R. C. C.; JACINTHO, A. E. P. G. A.; PIMENTEL, L. L.; GACHETBARBOSA, L. A. Estudo do reaproveitamento de resíduos de construção em concretos empregados na fabricação de blocos. Revista IBRACON de Estruturas e Materiais, v. 5, n. 2, p. 166-181, 2012.

Tabela 5 - Análise comparativa entre as resistências características dos blocos de concreto.

MESQUITA, A. S. G. Análise da geração de resíduos sólidos da construção civil em Teresina, Piauí. Revista Holos, v.2, p.58-65, 2012.

6136 (ABNT, 2014), os blocos produzidos seriam passíveis de uso estrutural, sendo os blocos BR100, BR50 e BC, de classe A e o BR30 de classe B. Contudo, ainda são necessários outros estudos, tais como absorção, durabilidade e ensaio de prisma, para assegurar esta afirmação. Além disso, a norma relativa a resíduos limita estes

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PAULA, P. R. F. Utilização dos resíduos da construção civil na produção de blocos de argamassa sem função estrutural. 2010. 131 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2010. SOUSA, J. G. G. Contribuição ao estudo da relação entre propriedades e proporcionamento de blocos de concreto: aplicação ao uso de entulho como agregado reciclado. 2001. 120 f. Dissertação (Mestrado em Estruturas e Construção Civil)- Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2001.


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APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL Colaboração de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PEC) da Universidade de Pernambuco – UPE * Simone Rosa da Silva & Regina e Lúcia Melo de Oliveira

Há anos, o aproveitamento de águas pluviais para consumo potável e não potável vem sendo utilizado em vários países, como Austrália, Alemanha, Estados Unidos e Japão. Nestes locais, o potencial de economia de água chegou a atingir mais de 30%, dependendo da precipitação e do sistema de captação. No Brasil, o aproveitamento de águas pluviais é utilizado, na maioria dos casos, para usos não potáveis. Ghisi et al. (2007) avaliaram o potencial de economia de água potável no nosso país, utilizando água da chuva em um edifício residencial multifamiliar, em Florianópolis. O resultado mostrou que o potencial médio de economia de água potável varia de 14,7% a 17,7%, considerando a substituição da água potável por água pluvial nas atividades de: lavagem de roupas e descarga de vasos sanitários. Atualmente, com a crescente conscientização da sustentabilidade urbana, há um aumento no número de projetos e equipamentos voltados para a eficiência hídrica nas edificações, porém a maioria destes possui um alto custo de implantação, não sendo usual empregar estas medidas em habitações de interesse social. Neste sentido, o Programa de PósGraduação em Engenharia Civil (PEC) da Universidade de Pernambuco tem estudado medidas de conservação de água em habitações de interesse social. A proposta de implantação de um sistema de aproveitamento de água da chuva em um conjunto habitacional do Recife

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estudou o dimensionamento de um sistema de captação de água pluvial, no conjunto habitacional Clube do Automóvel, utilizando o software Netuno. O consumo médio mensal de água potável nele, através do histórico de consumo de água, período de janeiro/2012 a outubro/2014, foi de cerca de 526.400 L/mês. Para a simulação e o dimensionamento do reservatório foi considerado 34% da demanda hídrica a ser atendida por água pluvial, considerando as atividades de lavagem de carros, irrigação de jardins e descarga de vasos sanitários. O resultado obtido indicou a necessidade de um reservatório de 22.500 L como volume ideal para o reservatório, suprindo totalmente os 34% de demanda hídrica a ser substituída por água pluvial em 16,35% do ano. Com esta substituição seriam economizados, em média, 89 m³/mês no residencial, cerca de 16,9% da demanda

hídrica total do conjunto habitacional. É válido ressaltar que o reservatório é normalmente um dos componentes mais caros dos sistemas de captação de águas pluviais, sendo importante o seu correto dimensionamento. O reservatório não deve permanecer por um longo período ocioso, bem como não deve provocar o desperdício de água pluvial em relação à demanda hídrica. Desta maneira, torna-se necessário a análise do uso racional de água sob a ótica sustentável e ambiental, já que as vantagens obtidas deixam de ser de âmbito econômico, para poucos, e tomam uma dimensão social, mais abrangente, uma vez que todo o planeta é afetado diretamente pela escassez de água.

Figura: Vista do Conjunto Habitacional Clube do Automóvel a partir da Rua Nossa Senhora da Saúde, Cordeiro - Recife/PE. Fonte: Google Street View, jun/2014.

* Simone Rosa da Silva - Engenheira Civil (UFRGS, 1989), Mestre em Engenharia Civil (IPH/UFRGS, 1993), Doutora em Engenharia Civil com ênfase em Recursos Hídricos e Tecnologia Ambiental (UFPE, 2006). Regina Lúcia Melo de Oliveira - aluna do Mestrado Acadêmico em Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (POLI-UPE)


CAPA

COMO REDUZIR OS GASTOS COM ENERGIA NAS EMPRESAS? Quais as soluções para se gastar menos, investir mais em seu próprio desenvolvimento e ainda contribuir com o meio ambiente? Em um momento da vida financeira do país em que retração econômica tem sido a pauta de quase todos os dias no meio empresarial, a combinação das palavras “redução de custos” anda soando, cada vez mais, como um verdadeiro cântico dos deuses. Se, aliado a esta melhor gestão de recursos soma-se um apelo em prol do meio ambiente, não há o que discutir: pode-se, deve-se e precisa ser feito. Este é o caso do consumo de energia elétrica. A esfera pública e o empresariado do ramo de energias alternativas têm apontado e trazido soluções para este “país tropical, abençoado por Deus, bonito e SOLAR (com a licença de Jorge Ben Jor pelo acréscimo da palavra) por natureza”. Afinal, este cenário ensolarado brasileiro, principalmente nordestino, predispõe-se à geração de outras formas de energia, como a eólica e a solar. Uma realidade que, mesmo aos poucos, começa a se fazer presente na rotina dos nordestinos e das empresas da região.

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CAPA

O modelo da Microgeração e Minigeração Distribuídas, por exemplo, segundo a Resolução Normativa Nº 482/2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), consiste em uma dinâmica baseada no Sistema de Compensação de Energia Elétrica, internacionalmente conhecido como Net Metering. Trata-se da medição do fluxo de energia em uma unidade consumidora dotada de pequena geração por meio de um medidor bidirecional. Dessa forma, se em um período de faturamento a energia gerada for maior que a consumida, o consumidor receberá um crédito em energia (kWh) na próxima fatura, que pode ser guardado para até 36 meses à frente. Em agosto de 2013, no bairro de Aldeia, cidade de Camaragibe, Região Metropolitana do Recife, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) promoveu a ligação do primeiro cliente residencial a aderir ao modelo da micro e minigeração distribuídas. Em dezembro do mesmo ano, o Grupo Neoenergia inaugurou, em parceria com a Odebrecht, a Usina Solar São Lourenço da Mata, que supre 30% do consumo mensal da Itaipava Arena Pernambuco, estádio da Copa do Mundo. Atualmente, são 32 consumidores em todo o Estado que já utilizam sistemas de geração distribuída de

energia. Segundo o Superintendente Comercial da Celpe, Hélio Rafael, para viabilizar a microgeração distribuída, o consumidor deve possuir uma central geradora de energia elétrica com potência instalada de até 100 kW. “A minigeração, por sua vez, caracteriza-se por ter potência instalada superior a 100 kW até 1000 kW”, explica. As normas estão disponíveis no site www.celpe.com.br. Na Paraíba, com a concessionária Energisa, as primeiras adesões ocorreram nas cidades de Campina Grande, Patos e João Pessoa, no ano de 2014. Outros 17 clientes apresentaram projetos e geram hoje cerca de 3MWh por mês. A previsão é que haja 23 novos beneficiados com o programa até o final do ano. Segundo o assessor de Planejamento e Orçamento da Energisa, Ricardo Soares, há vários benefícios para ambos os lados, cliente e concessionária. “Há a redução na fatura de energia elétrica do cliente e melhoria da qualidade da energia fornecida. Para a concessionária, isto possibilita a diminuição dos investimentos nos sistemas elétricos de distribuição e transmissão e até de perdas técnicas. Sem contar a inserção de energia de fontes renováveis na matriz energética e a diminuição dos impactos ambientais”, explica.

COBRANÇA DE ICMS Uma das principais barreiras para a expansão acelerada da geração distribuída no país é a incidência de impostos estaduais (ICMS) e federais (PIS/COFINS) sobre a energia produzida pelo microgerador. Uma questão que depende da adesão dos Estados ao Convênio ICMS 16/2015 do Conselho Nacional de Administração Fazendária (CONFAZ). O Governo de Pernambuco foi pioneiro, juntamente com o Estado

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de São Paulo, em solicitar autorização para a concessão de isenção nestas operações, obtendo-a em 22 de abril de 2015. A regulamentação foi obtida em agosto. Cada administração estadual deve, individualmente, solicitar adesão ao Confaz. Até o momento, apenas Goiás, Rio Grande do Norte, Ceará e Tocantins já aderiram. Minas Gerais possui lei estadual concedendo a isenção.


E NO CASO DAS EMPRESAS MAIORES, COMO REDUZIR? Muitas vezes, a redução de consumo de energia está diretamente relacionada ao seu uso racional ou à gestão adequada. Uma das soluções, citadas pelo Secretário Executivo de Energia da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo de Pernambuco, Eduardo Azevedo, é a chamada Modulação de Carga, que significa retirar a carga de trabalho/produção de um certo horário para relocá-la em outro e, assim, pagar menos por ela. Sabe-se que no horário de ponta do sistema, entre 17h30 e 20h30, o custo da energia é pelo menos três vezes maior do que em todos os demais. “É preciso mapear o processo de produção, fazendo esta análise e determinando o que pode ser paralelo/sequencial para diminuir a demanda e o consumo nos horários de ponta. Às vezes, esta simples relocação já traz uma grande economia” , explica. Há, ainda, a questão dos contratos com a concessionária, que podem passar a ser melhor dimensionados. Dependendo do tamanho da empresa, eles podem ser binômicos, levando em conta o consumo instantâneo e a demanda. Assim, há o máximo que se consome instantaneamente e o que efetivamente se consumiu ao longo do mês. Se o empresário fizer um contrato de demanda errado e excedê-lo, a multa é tão alta que o preço médio da conta de energia acaba ficando muito maior do que deveria ser. Lembrando que este contrato é necessário pois a concessionária precisa se programar para atender a empresa. “A diferença entre o consumo real e o contratado pode trazer prejuízos para o contratante. Primeiramente, então, deve-se fazer estudos. Quem também faz uma parada grande na hora do almoço, por exemplo, mas, na retomada dele, trabalha dobrado, pode fazer um acordo de valor fixo com a concessionária e rodar 24h. É um período maior, mas com produção integral”, afirma. SUBSTITUIÇÃO ENERGÉTICA: outra alternativa para reduzir os gastos. O primeiro passo é identificar para que é utilizada a energia. Se é para refrigeração, por exemplo, é possível criar outra maneira de refrigerar o ambiente com o acionamento térmico. O consumo é o mesmo, mas a fonte primária é substituída, o que pode gerar economia. Trocar a eletricidade por gás ou lenha também é uma opção. “Já há padarias trabalhando com lenhas certificadas e que funcionam muito bem”, revela Azevedo.

PE SOLAR Falando em fontes renováveis, o auxílio também pode vir da própria esfera pública estadual. Em 29 de Maio de 2015, de acordo com o Decreto nº 41.786, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDEC) e da Secretaria de Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação (SEMPETQ), em conjunto com a Agência de Fomento do Estado de Pernambuco (Agefepe), lançou o programa “PE Solar”. O objetivo é estimular a implantação de microgerações e minigerações de fonte solar distribuídas em instalações consumidoras em todo o Estado, com a definição de políticas, diretrizes e ações efetivas para o incentivo de uso e a aplicação de energias renováveis. O programa conta com o Leilão de Energia Solar, certame pioneiro no Brasil e realizado em dezembro de 2013. A realização do Leilão trouxe a inserção do aproveitamento da energia solar na matriz energética do Estado a partir da contratação de 92 MW. Segundo o Secretário Executivo Eduardo Azevedo, a intenção foi unir a demanda de quem quis comprar energia com quem queria vender. “Foi uma articulação para viabilizar um projeto com uma série de benefícios como criar referência de preço de energia solar (R$ 250 por MW, mas com deságio de quase 10% nas propostas vencedoras, que apresentaram R$ 228,63) que não havia no país, capacitar empresas pernambucanas para trabalhar neste ramo e estimular a vida de outras para o nosso Estado”, explica. O próximo passo foi contratar as empresas vencedoras para implantar sua usina no prazo de um ano e meio. A partir daí, dobrou este prazo para quem comprasse painéis fotovoltaicos ou inversores de pernambucanos. Além disso, há a questão do financiamento. Por meio da Agefepe, é oferecida uma linha de crédito com até 100% do valor do projeto em oito anos para pagar, taxa de juros média de 7%/ano, (atualmente abaixo da inflação) e carência até receber o primeiro benefício pela geração. No site http://www.energia.pe.gov.br/, é possível ter mais informações sobre o programa e ainda conferir a lista dos 14 fornecedores credenciados até o momento. O cadastramento para novos está, entretanto, sempre aberta. A empresa só precisa possuir acervo técnico registrado no Crea, obedecer às faixas de preços mínimo-máximo (sempre dinâmicas). Atualmente, duas empresas já possuem contrato assinado e equipamentos em instalação. O PE Solar está analisando cerca de outras 50 solicitações. Inédito no país, o projeto já inspirou iniciativas ainda não implementadas em Minas Gerais, São Paulo, Ceará e Goiás.

No Brasil, há 725 beneficiados com os programas. Dentre eles, existem 13 minigeradores (potência instalada maior que 100 kW e menor que 1000 kW) e 712 microgeradores (potência instalada menor ou igual a 100 kW). Recentemente, a Aneel abriu a Audiência Pública nº 26/2015 para revisar a Resolução Normativa nº 482/2012 e os procedimentos de acesso, com o objetivo de otimizar e ampliar esta adesão.

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Foto: SDEC/ Divulgação

CAPA

Parque Híbrido de Tacaratu

ENERGIA SOLAR: ONDE VALE A PENA INSTALAR?

Foto: SDEC/ Divulgação Complexo Eólico Ventos de Santa Brígida

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Segundo especialistas, no Brasil sempre é válido. “Em linhas gerais, podemos considerar que o pior sol do Brasil, ou seja, com menor índice de radiação para aproveitamento fotovoltaico, ainda é melhor do que o melhor sol da Alemanha, por exemplo”, aponta Azevedo. E neste país europeu, instala-se praticamente todo o telhado. A questão é que lá o incentivo fiscal é diferenciado e a realidade é de uma nação com mais infraestrutura. O Brasil ainda é muito incipiente nesta questão. Os últimos leilões que contrataram energia do governo federal trazem perspectivas de geração de 2 GW. Na Alemanha, este número costuma ser de mais de 30 GW. Em que situação Pernambuco encontra-se em relação ao Nordeste e ao restante do Brasil? Há energia solar em Fernando de Noronha, na Arena da Copa, em um projeto de pesquisa e desenvolvimento da Chesf a ser instalado, além de 25 a 30 consumidores de geração distribuída. Dentre os vencedores do leilão de 2013, entretanto, está a Enel Green Power, já funcionando na cidade de Tacaratu, na Região do Médio São Francisco de Pernambuco. Trata-se, atualmente, da maior planta solar do Brasil e a primeira trabalhando na filosofia de parque híbrido eólico/solar. São 80 MW eólicos e 11 MW fotovoltaicos. “Ela veio com o objetivo de testar o que a teoria já nos dizia: no Nordeste, quando o sol nasce o vento para; quando se põe, ele aumenta. Condições perfeitas que otimizam

o uso da transmissão”, afirma. E quais, então, as melhores condições para geração de energia solar? Engana-se quem pensa que as localizações mais estratégicas dependem apenas da radiação do sol. Não se pode dizer, por exemplo, que a radiação solar segue menor no litoral e maior no sertão. Há vários fatores relacionados a ela, a exemplo da incidência direta ou difusa e das características atmosféricas e dos terrenos. Se há muitas nuvens, a incidência direta diminui. Pode ocorrer, ainda, que a poluição interfira, que haja lugares mais altos ou baixos, reflexo da luz de acordo, cobertura do terreno ser de vegetação ou qualquer outro. Diante disto, a Secretaria fez um mapeamento de geração de energias renováveis no Estado, o Atlas Eólico e Solar de Pernambuco, com análise de satélite e de dados de estação meteorológica. O resultado confirmou os prognósticos de que os maiores potenciais eólico e solar ficam mesmo na região sertaneja. Constatação que levou à criação de mais programas destinados ao incentivo da produção de energia solar e termo solar no Seminárido e Sertão de Pernambuco. “Atualmente, em Vitória de Santo Antão, na região da Zona da Mata Norte, já há uma empresa utilizando-se da energia solar térmica concentrada para a produção de chocolates, por exemplo”, afirma. Exemplos como os citados são marcos quanto a estratégias e soluções para a


SOLUÇÕES, ESTRATÉGIAS E ALTERNATIVAS PARA O USO RACIONAL DA ENERGIA redução do consumo de energia elétrica e o aproveitamento de fontes primárias. E assim como o poder pú- blico, empresários também têm apostado nelas.

ILHA DA INOVAÇÃO De 20 a 23 de outubro, no Centro de Convenções de Pernambuco, a Revista Construir Nordeste coordenou a “Ilha da Inovação, eficiência energética e água” , dentro da feira Fimmepe/ Forind 2015. Ele contou com projetos que apresentaram as melhores soluções em eficiência energética e reutilização de água, com participação das seguintes empresas, tratando dos temas correspondentes: MultiEmpreendimentos (energia eólica, solar, painéis fotovoltaicos e aquecimento solar); Global Sun (painéis fotovoltaicos); SaneAcqua (reutilização de água); Ecopere (reutilização de água); Blue Sun Brasil (painéis fotovoltaicos, aquecimento solar e reutilização de água); Paci (painéis fotovoltaicos e aquecimento solar) e Insole (painéis fotovoltaicos). Segundo Tatiana Menezes, Diretora Executiva da Reed

Exhibitions Alcantara Machado, realizadora da Feira, especificamente quanto à energia, o intuito foi comunicar as várias opções de adequações para redução de custos. “Queremos esclarecer que é possível fazer muito mais com menos investimento”, explica. Além das sete empresas pernambucanas, a Ilha da Inovação teve a participação do projeto PE Solar, do Governo de Pernambuco, AD/DIPER e Copergás. Cada participante apresentou soluções em redução de custos para as indústrias e ainda teve direito a uma consultoria gratuita, de 15 minutos, na Ilha do Conhecimento. Para isto, precisaram levar o seu histórico das seis últimas contas. “Para se reduzir o valor das faturas para um ponto de equilíbrio é necessário se revisar todos os itens que compõem este valor, como a demanda ativa, consumo ativo na ponta, consumo ativo fora de ponta, consumo reativo, etc.”, explica. A Ilha da Inovação ainda trouxe boas oportunidades de negócios uma vez que estiveram, em um mesmo ambiente, empresas/indústrias e profissionais que fornecem soluções em eficiência energética.

Foto: Márcio Ancelmo

Es mular, através de exposição e debate, o uso racional da energia, a u lização de fontes renováveis, tecnologias e sistemas. Es mular a prá ca do projeto de iluminação e acús ca nos edi cios e espaços urbanos, proporcionando melhor qualidade de vida e conforto.

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ENERGIA, ILUMINAÇÃO E ACÚSTICA

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ARQUITETURA

PARAÍBA NA ROTA DOS GRANDES EVENTOS A Pedra do Reino inaugura em João Pessoa como o maior teatro do Brasil, com uma estrutura completa para receber grandes shows e apresentações, nacionais e internacionais. fotos por Isabel Caminha

O aniversário da capital paraibana, João Pessoa, no dia 5 de agosto, teve um gostinho mais que especial. A cidade recebeu seu novo teatro, chamado A Pedra do Reino, em homenagem ao escritor Ariano Suassuna. Não foi apenas a Paraíba, entretanto, que foi presentada. O empreendimento - com estrutura bastante complexa - é um patrimônio para toda a região Nordeste, já que, em termos de capacidade, está posicionado como o maior teatro do Brasil. Possui lotação para 2.931 lugares, sendo 2.820 poltronas regulares, 36 para portadores de mobilidade reduzida, 18 destinadas a obesos e 59 para cadeirantes. O teatro A Pedra do Reino foi edificado pela Via Engenharia dentro do recém-construído Centro de Convenções

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Ronaldo Cunha Lima, localizado em um terreno de 342 mil m², a 800 metros do mar. A paisagem da praia de Cabo Branco, das falésias e do mar foi o elemento inspirador da arquiteta mineira Isabel Caminha, responsável pelo projeto arquitetônico da obra e de todo o complexo. Para integrar o teatro com o entorno, ele foi projetado com formas arredondadas, como ondas, num estilo moderno e arrojado. As aberturas arredondadas na frente e nas laterais da edificação remetem à forma dos cascos das tartarugas. “Ao iniciar o projeto, quis gerar uma forma diferente, com curvas, composto por quatro volumes: hall de entrada, foyer, plateia e palco/camarins”, explica Isabel Caminha.


Com área de 11.763 m², sendo 6.268 m² de área de projeção (1º piso), o teatro possui seis níveis e um palco com 921 m², do tipo italiano, com 31 manobras transversais de acionamento elétrico – a boca da cena (espaço vertical que abriga a cortina) mede 26,6m de largura por 9m de altura. O proscênio (área entre a cortina e a plateia) possui sua maior largura no centro, com 4,20 m de profundidade, e o palco mais 19,13 m, da boca de cena ao fundo. A arquiteta afirma que o teatro A Pedra do Reino foi projetado para qualquer tipo de espetáculo, podendo abrigar shows, congressos, musicais, peças teatrais, dentre outros. Isabel contou com a consultoria de profissionais competentes na área de cenotecnia e de acústica: o arquiteto, cenógrafo e figurinista Raul Belém Machado, falecido em 2012; o engenheiro mecânico Marco Antonio Vecci, especialista em acústica e o engenheiro Carlos Filgueiras, na coordenação dos projetos.

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ARQUITETURA

O Teatro faz parte do complexo do Centro de Convenções da Paraíba, que inclui Mirante, Feira de Exposições e Centro de Congressos. O eixo do empreendimento é o bloco do restaurante e mirante. Assim como os blocos da feira de exposição e do Centro de Congressos, o Teatro dista 64 metros do eixo deste mirante. Dele, parte, rumo ao teatro, passarela coberta, solta sobre espelho d’água e vedada com vidro nas laterais, permitindo transparência total para o entorno, em rampa com acessibilidade. Todo o percurso, desde o estacionamento até os locais para as cadeiras de rodas dentro do teatro, inclusive o palco, foi estudado com cuidado para permitir a acessibilidade do cadeirante e portadores de mobilidade reduzida, inclusive com acessos alternativos e rotas de fuga, nas circulações laterais à plateia.

DESBRAVANDO A ESTRUTURA Ao caminhar para o teatro, após percorrer a passarela coberta, tem-se área para credenciamento e ingressos. Transposto o hall de entrada, vislumbra-se um vasto foyer que se abre, nas laterais, para duas varandas voltadas para os espelhos d’água externos à edificação, em um visual amplo e agradável. Do foyer, duas escadas soltas em grande abertura circular vazada dão acesso ao mezanino no 2º nível, com balcão que possui cerca de 16% dos lugares do teatro. O acesso ao balcão também pode ser feito por meio de três elevadores, o que permite total mobilidade. Sobre o balcão projeta-se volume em balanço, em estrutura de concreto que abriga salas de projeção e de tradução. Passado o foyer, no nível 1, circulações no fundo e nas laterais da plateia permitem total flexibilidade e independência para acesso ao fundo, às laterais e à frente da mesma. As paredes laterais da plateia são duplas, devido ao isolamento acústico. Foram revestidas internamente com material acústico e criados difusores acústicos com seção cilíndrica, utilizados também para iluminação de presença com um efeito luminotécnico interessante, dando movimento e charme ao volume interno da plateia.

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A plateia do teatro tem dimensões de 45,7 m de largura e 41,6 m de profundidade, do proscênio (espaço anterior à boca de cena) ao fundo dela. Acima, escondidas pelo forro acústico, três pontes técnicas em estrutura metálica atravessam de uma lateral à outra do teto para abrigar iluminação cênica, que dá vida aos personagens no palco. “Para acesso ao palco projetei duas escadas laterais ao proscênio e mais duas aberturas em nível pelas circulações laterais, que permitem o acesso ao palco, sem passar pela plateia”, revela a arquiteta. Sob o palco há o fosso para a orquestra, onde já foi instalado elevador para movimentação da mesma e subsolo previsto para futura instalação de sistemas de movimentação de cenários e personagens. Na coxia, lateral ao palco, para movimentação vertical do cenário e das varas de iluminação, foi projetada uma parede de maquinárias. “Sobre o palco projetei urdimento com varandas de manobra e de lastro e grelha para instalação dos instrumentos cenotécnicos. A movimentação dos cenários é feita lateralmente para as coxias e verticalmente por fixação na grelha, a uma altura de 22 m”. “No fundo do palco projetei quatro camarins coletivos com sanitários, um camarim individual e uma sala para

confraternização dos atores do evento. A entrada dos cenários é feita por acesso no fundo do palco, na coxia (área para movimentação de cenário), pela área de carga e descarga”, explica. Para comunicar o palco com as varandas, pontes técnicas e salas de projeção e tradução, foram criados dois caminhos: por baixo, através dos corredores laterais e uma escada de serviço e outro através das varandas e pontes técnicas, no alto, sobre o forro e sobre as circulações laterais à plateia. “Acima dos camarins, com entrada independente ao teatro, projetei espaço para salas, com área administrativa e sanitários para implantação futura de Cursos de Arte Teatral”, afirma. A visão do palco para a plateia realça os volumes do balcão, da sala de projeção, dos difusores acústicos laterais e os relevos do teto, integrando todo o espaço em harmonia. O teatro A Pedra do Reino também é dotado de geradores que, na falta de energia, entram em operação automaticamente, garantindo seu funcionamento por mais de duas horas, podendo até chegar a quatro. Possui também três cabines para tradução simultânea.

RELÓGIO DE SOL


CORTE LONGITUDINAL DO TEATRO

CORTE TRANSVERSAL DO TEATRO PLANTA BALCÃO, OFICINAS E MEZZANINO - TEATRO

Ele não fazia parte do complexo do Centro de Convenções, mas num belo dia Isabel Caminha acordou pensando que seria importante fazer referência ao fato de que João Pessoa é o local, ou um deles, em que o sol nasce primeiro nas Américas. Assim surgiu o projeto do Relógio de Sol, elaborado pelo sócio da arquiteta, o engenheiro Carlos Filgueiras. Relocado, em relação ao projeto inicial, pela arquiteta, juntamente com a Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento da Paraíba - SUPLAN, para a frente do Centro de Congressos, possui gnomon (ponteiro) com 12 m de comprimento e altura, na extremidade, de 2,27 m. “Ainda falta a marcação no piso das linhas das horas e dos solstícios de verão e de inverno (sombras mais e menos longas durante o ano), paralelos aos bancos”, salienta a arquiteta Isabel Caminha. A distância da ponta do gnomon ao piso é de 2,27m e forma ângulo de 7°11’, que é a latitude de João Pessoa, no local do Centro de Convenções.

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ARQUITETURA

A ARQUITETA Isabel Cristina Soares Caminha nasceu em Belo Horizonte (MG), formou-se em Arquitetura pela Universidade Federal do Estado – UFMG, fez pós-graduação em Urbanismo, morou alguns anos no Rio de Janeiro e em Volta Redonda, onde projetou e foi responsável técnica pela execução da obra de um prédio com 162 apartamentos, com área superior a 13 mil m². Hoje reside na capital mineira e é proprietária da empresa A&A Arte Arquitetura Isabel Caminha Ltda., junto ao sócio e seu marido, o engenheiro Carlos Filgueiras.

FICHA TÉCNICA

* ESTUDOS PRELIMINARES E PROJETO BÁSICO: A&A Arte Arquitetura Isabel Caminha Ltda. Responsáveis Técnicos: Coordenação: Carlos Almeida Cunha Filgueiras e Isabel Cristina Soares Caminha / Arquitetura, urbanismo, terraplenagem, paisagismo, comunicação visual: Isabel Caminha / Estrutura em concreto armado: Cláudio Márcio Ribeiro / Estrutura Metálica: Edezio Antonio Beleigoli / Hidrossanitário: Isabel Caminha / Elétrico e cabeamento estruturado: Fernando Cesar Ribeiro de Faria / Prevenção e Combate a Incêndio: Ronaldo Tavares de Carvalho / Climatização: Mariano José Macedo / Consultores técnicos: Cenotecnia - Raul Machado Belém, falecido em 2012; Acústica - Marco Antonio Vecci. * PROJETOS EXECUTIVOS: - Arquitetônico (baseado no projeto básico existente) – Luiz Gustavo de Menezes Vaz - Detalhamento arquitetônico – VIA Engenharia - Instalações elétricas, rede de cabeamento estruturado (telefonia, lógica e imagem) e sonorização de ambientes – Wilmar Farias Marques/ Marques Engenharia - Projeto de Instalações Hidráulicas e Sanitárias – Tibério

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Luiz Mousinho do Rêgo/Comtermica – Comercial Térmica - Projeto de instalações hidrossanitárias e de Irrigação – Genildo Ferreira de Moura - Projeto Estrutural – Henri Netto/Multiconsult Engenharia - Projeto de Estrutura Metálica / Consultoria estrutural – Ulisses Targino Bezerra/ Normano Perazzo Barbosa – Scientec Consultoria - Projeto Acústico do Teatro – Francisco Buarque - Projeto de ar condicionado – Carlos Roberto Cordeiro Barros/Engear Engenharia de Aquecimento e Refrigeração - Cenotecnia, Iluminação e Vestimenta Cênica – Cineplast Cenotecnia Som e vídeo – SVA Sistemas de Vídeo e Áudio Elevador de palco – Full Tec Engenharia Piso do palco – Cox Port Engenharia e Comércio Urdimento e maquinaria cênica - Sercal Engenharia * CONSTRUÇÃO: Via Engenharia



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TECNOLOGIA, SUSTENTABILIDADE E BOAS SURPRESAS Aliando qualidade, inovação, sustentabilidade, irreverência criativa e atualização tecnológica, Antônio Caramelo conquista, cada vez mais, prestígio e premiações ao longo dos anos. Recentemente, recebeu o XII Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa 2015 pelo Predial Multiuso, Salvador Prime. Mais um que se soma às dezenas de títulos conquistados com a sua Caramelo Arquitetos Associados. Um profissional que acredita serem a criatividade e a ousadia itens essenciais para o sucesso de um projeto. “Independentemente da proposta do cliente e do atendimento aquilo que se propõe, é preciso surpreender! Além, é claro, de oferecer conforto, funcionalidade, conveniência e segurança”. Um arquiteto para quem os conceitos de economia e sustentabilidade também têm um papel fundamental e que demonstra inclinação em trabalhar com tecnologias e produtos recicláveis, de alta eficiência e maior durabilidade. Sobre suas inspirações na vida profissional, cita a sua terra, Salvador; as pessoas com quem convive; projetos de cidades como Songdo, Masdar e HaVVAda. “Além disso, o trabalho em si é minha grande inspiração. A arquitetura, para mim, é uma paixão e isso é determinante para me manter interessado e engajado”, afirma. Vamos conhecer, então, um pouco mais da paixão de Antônio Caramelo.

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02 | DESIGN INOVADOR Na entrada principal deste edifício, chama atenção a passarela que conduz os pedestres ao interior do empreendimento até chegar ao Green Mall. A peça, com cerca de 50m de extensão, é ornamentada por um pórtico de estrutura metálica e vidro, remetendo esteticamente a uma asa delta. Ela parece pousar em um hangar, simbolizado pelo arco logo à frente.


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01 | SUSTENTABILIDADE Vencedor do Americas Property Awards na categoria Melhor Arquitetura de Escritório do Brasil e das Américas (Central e Sul), o edifício de escritórios que abriga a sede da Caramelo Arquitetos Associados, em Salvador, possui materiais e conceitos construtivos ecológicos. Há vidros especiais que têm capacidade para reter 92% dos raios UV e 68% dos infravermelhos; piso elevado que permite mudança de layout sem gerar resíduos e que pode ser reutilizado em novas obras, pois é facilmente desmontável. Ainda é feito com matéria-prima de 78% de resíduos pósconsumo. Os ambientes internos e externos também possuem luminárias em LED com vida útil média de 60.000 horas.

03 | IMPONÊNCIA NA FACHADA Neste edifício, o porte e a imponência do empreendimento o destacam na paisagem, começando pela sua fachada esteticamente ousada, com todos os lados revestidos em materiais nobres, principalmente vidro de alto desempenho e alumínio composto (Alucobond). O conjunto, com as quatro torres, recebeu o título de maior fachada de alumínio composto na América Latina, de acordo com pesquisa realizada pela 3A Composites (antiga Alcan), em dezembro de 2010.

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04 | CONFORTO Iluminação seletiva, design humanizado do mobiliário expositor, personalização das áreas que compõem o mix de produtos. Neste projeto, o foco é o conforto do cliente, por isso todo o destaque foi para localização das gôndolas centrais rebaixadas - de modo a se tornarem mais ergométricas e possibilitando a visão ampla e panorâmica da loja, para zonas frias e uso de cores. Revestida totalmente em vidros laminados refletivos de alta performance e alumínio composto na cor branco, com porcelanato na base, remete, ainda, a uma linguagem moderna.

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TECNOLOGIA

SOLUÇÕES MODULARES METÁLICAS PRÉ-FABRICADAS Presente no mercado pernambucano há 12 anos, a Embraloc tem apostado na construção modular metálica pré-fabricada. Os módulos são utilizados para diversos ambientes, como áreas de vivência (alojamentos, almoxarifados, banheiros, estandes de vendas, dentre outros), e também para construir edificações: escolas, residências, restaurantes, hotéis... São, ainda, desmontáveis e pré-fabricados em aço estrutural com perfis laminados de 3 mm. Com clientes em todo o Nordeste, a empresa acredita que a tecnologia é uma tendência para o setor, devido a algumas características que apresenta: maior conforto térmico, qualidade do equipamento e facilidade no deslocamento dentro da obra, além de possibilitar mudança de layout e mais velocidade na execução. “Há casos em que montamos um canteiro de obras de 500 metros quadrados em apenas sete dias. Mas o nosso maior case foi no interior do Maranhão, onde executamos o canteiro e os alojamentos, totalizando uma área de 8 mil m², na usina Termo Parnaíba, para o Grupo EBX”, exemplifica o diretor da Embraloc, João Carvalho. Outro ponto positivo é o tratamento térmico e acústico. O isolamento é feito com poliuretano, com espessura de 40 mm, e na cobertura, com lã de rocha. A Embraloc atende clientes de variados perfis, desde grandes construtoras a pessoas físicas, podendo vender

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as estruturas ou apenas locá-las. Seu portfólio vai de bilheterias e palcos de shows a edificações de bancos, indústrias, eólicas e estaleiros, dentre outas obras. “Somos pioneiros na região Nordeste com essa tecnologia. Nosso objetivo é estar presente, a cada dia, no âmbito social das grandes cidades, com soluções rápidas e inovadoras de baixo custo, fornecendo, sobretudo, para setores como habitação, segurança pública, saúde e eventos”, revela João Carvalho. MAIS EFICIENTES O sistema pré-fabricado da Embraloc possui vantagens se comparado aos contêineres marítimos, comumente adaptados para utilização em áreas de vivência. Um dos maiores diferenciais é o conforto térmico. “O isolamento dos módulos é mais eficiente. Outro atrativo é que eles são mais altos internamente, com 2,50 metros, e permitem acoplamento a outros módulos, o que não é possível nos contêineres marítimos”, opina o diretor da empresa. Mais uma diferença é que o layout dos módulos pode ser alterado, enquanto naquele não há esta possibilidade. O transporte também fica à frente: é possível transportar dez módulos de uma só vez; já os contêineres, só cabem dois, por viagem, nas carretas. “Mesmo com as adaptações feitas, os módulos são mais vantajosos, inclusive quanto ao fator ‘estética’”, afirma.

BAIXO CUSTO Sem gastos com alvenaria para construção Sem custos para demolição Sem necessidade de remoção de entulhos RAPIDEZ Facilidade para a instalação, remoção ou mudança de localização Sem necessidade de mobilização de equipamentos de entulhos FLEXIBILIDADE Layout flexível Fácil mudança de posicionamento Possibilidade de empilhamento de até três unidades

* SERVIÇO Embraloc 81. 3471-6641 www.embraloc.com.br


TECNOLOGIA

TECLA INVESTE EM ESTRUTURAS DE AÇO LEVE Uma solução já muito disseminada no exterior começa a despontar no Nordeste brasileiro. O Light Steel Frame, que em português significa estrutura em aço leve, é uma das técnicas inovadoras no mercado local utilizadas pela construtora Tecla, de Pernambuco. Ela consiste em painéis formados por perfis de aço, com fechamento em placas cimentícias. Os perfis de aço são galvanizados com no mínimo 275 g/m² de zinco, para proteção contra oxidação. A técnica pode ser utilizada apenas como fechamento ou para solução estrutural, substituindo a alvenaria tradicional em blocos. O sistema de montagem conta com uma manta para garantir que não haja percolação de água para o interior da edificação. Segundo o diretor da Tecla, Rogério Castro e Silva Filho, o Light Steel Frame utiliza materiais diferentes do que se usa tradicionalmente nas construções. “Os perfis metálicos e as placas cimentícias já são pré-fabricados e apenas montados na obra. No conceito tradicional, as paredes são “fabricadas” em obra com um processo bem mais artesanal”, explica. No sistema convencional, a quantidade de etapas construtivas também é maior, já que existe assentamento de blocos, ligação entre alvenaria e estrutura, chapisco, emboço, dentre outros.

Na região Nordeste, o Light Steel Frame tem sido utilizado ainda de forma pontual, em projetos em que o prazo de construção é uma questão fundamental ou por alguma outra necessidade técnica. Em Pernambuco, a construtora Tecla aplicou o sistema em um edifício empresarial, em outro residencial e numa agência bancária.

BENEFÍCIOS Maior produtividade Menor geração de resíduos Maior facilidade na execução de instalações por dentro das paredes

Redução de cargas na fundação do edifício Processo construtivo mais “enxuto” Facilidade na logística dos materiais

A CONSTRUTORA - A Tecla foi fundada em 1973, no Recife (PE), e sempre teve como foco qualidade e inovação. Além da tecnologia do Light Steel Frame, a empresa construiu o primeiro edifício em concreto protendido na capital pernambucana e o primeiro residencial de alto padrão em estrutura metálica, dentre outras soluções, sempre buscando industrialização de processos, maior eficiência e maior qualidade no produto final. Seu portfólio é variado, com atuação no setor privado. Atualmente, possui obras de edificações residenciais e comerciais. * SERVIÇO Construtora Tecla 81 3213-0810 www.construtoratecla.com.br

FOTOS: JULIANA BANDEIRA

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TECNOLOGIA

TECNOLOGIA AMERICANA PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES E POTABILIDADE DE ÁGUA Segundo Saneacqua, sistema proporciona uma eficiência de até 99% de redução na carga orgânica mensurada por Demanda Biológica de Oxigênio

A NBS Engenharia, do Espírito Santo, está trazendo com exclusividade para o Brasil uma tecnologia americana de tratamento de efluentes (doméstico e industrial) e potabilidade de água considerada uma das maiores inovações no segmento, nos últimos anos: a Air Mixer. Nas regiões Norte e Nordeste, ela será fornecida pela pernambucana Saneacqua Ambiental. A Air Mixer difere do que ocorre no tratamento por flotação ou em sistemas com aeração por consistir em um fenômeno de formação de cavidades de vapor dentro do líquido, gerando pequenas zonas de alta pressão e temperatura. Em

outras palavras, trata-se da formação de pequenas bolhas dentro do líquido, que explodem e liberam grande quantidade pontual de energia, elevando a pressão e a temperatura para níveis bem altos (chegando a 4.726,8°C, por exemplo). Na água, que está presente em grande parte em qualquer efluente, existem dois átomos de Hidrogênio para um de Oxigênio. E, com esta elevação na pressão e temperatura, há uma quebra molecular da água em duas: H e –OH. Este radical (-OH) é um oxidante poderoso e acaba por reagir quimicamente com os elementos presentes na água, gerando, portanto, oxidação.

Sistema é composto por: unidade de absorção do ar atmosférico, unidade de mistura de fluídos sob pressão e unidade de dispersão do fluído oxigenado.

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A tecnologia Air Mixer, via Indutor hidrocavitacional Externo, pode ser utilizada para tratamento de esgoto doméstico (sanitário), tratamento de água para potabilidade, efluentes carregados de nutrientes (nitritos e nitratos), com óleos e graxas ou com elevadíssimas cargas orgânicas (ex.: Demanda Biológica de Oxigênio - DBO acima de 7000mg/L), principalmente em indústrias de alimentos e aterro sanitário. A produção de lodo nesse sistema é 50 a 60% menor do que em um sistema do tipo UASB, o que economiza custos com aterro sanitário. “Seu tempo de implantação também é 30% menor em relação às Estações de Tratamento compactas”, afirma o diretor comercial da Saneacqua, Abraão Rodrigues.

PRINCIPAIS EFEITOS DA AIR MIXER Gerar micro e nano-bolhas, promovendo efeito flotador; Coagular sólidos suspensos e dissolvidos, atuando na turbidez; Oxidar bactérias nocivas, eliminando-as; Oxidar metais, melhorando a coloração; Desestabilizar emulsões, retirada de óleos e graxas; Adicionar oxigênio dissolvido, retirando contaminantes orgânicos; Remover de nitrogênio amoniacal.

* SERVIÇO Saneacqua 81 3104-7403 www.saneacqua.com.br

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NEGÓCIOS

FOTO: PORMADE

LEROY MERLIN INVESTE EM EXPANSÃO E INAUGURA LOJA NO NORDESTE Empreendimento, em Fortaleza, é o 33º da rede francesa no Brasil

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Leroy Merlin, presente no Brasil há 17 anos e considerada o home center líder no setor de material de construção do país, tem direcionado seus investimentos para o Nordeste. A multinacional inaugurou, em abril, sua primeira loja na região, em Fortaleza (CE). O novo empreendimento, que está gerando 210 empregos diretos e 300 indiretos, incentiva o “Faça Você Mesmo” por meio da técnica de bricolagem, que significa fazer coisas de modo criativo, colocando a “mão na massa” sem a intervenção de um profissional da área. A nova loja possui 9 mil m² de área de venda, além de mais 10 mil m² de estacionamento com 425 vagas. “Escolhemos Fortaleza por seu desempenho econômico, a cidade está se desenvolvendo e este crescimento foi o que nos chamou a atenção. Investimos para construir um espaço amplo, com muita variedade de produtos, ótimas condições de pagamento e maior número de itens para pronta entrega. Somos a loja mais nova e moderna da região”, disse

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Edinaldo Godoy, diretor da Leroy Merlin Fortaleza. A unidade de Fortaleza é a 33ª da rede no Brasil e oferece ao mercado mais de 80 mil itens, divididos em 14 setores, estando alguns deles disponíveis para pronta entrega. A estrutura foi executada no sistema de pré-fabricados de concreto, pela fábrica cearense da T&A Pré-Fabricados.

CERTIFICADO AQUA (ALTA QUALIDADE AMBIENTAL) A loja de Fortaleza possui a certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental) de Projeto Sustentável e Operações, que comprova a alta qualidade ambiental do empreendimento, conferida por meio de auditorias independentes realizadas pela Fundação Vanzolini. As outras lojas da rede certificadas são: Niterói e Jacarepaguá (RJ), Taguatinga (DF), Campinas Anhanguera, Sorocaba e São José do Rio Preto (SP), São Leopoldo (RS), Londrina e Curitiba Atuba

(PR), São José (SC) e a Matriz em São Paulo (SP). A Leroy Merlin é uma das 24 empresas integrantes do Grupo Adeo – maior grupo de bricolagem da França, segundo da Europa e quarto do mundo – e tem na sustentabilidade um dos pilares que embasam seus negócios.


CONSTRUÇÃO CIVIL CONTA COM NOVA FÁBRICA DE CIMENTO NO NORDESTE O empreendimento do Grupo Brennand Cimentos teve investimentos de mais de R$ 700 milhões e possui capacidade produtiva de 1,5 milhão de toneladas de cimento ao ano. Aposta na qualidade do produto e uma boa dose de iniciativa empreendedora. Imbuídos destes atributos, o Grupo Brennand Cimentos anunciou, recentemente, o início das suas operações no Nordeste do país. Com investimentos de mais de R$ 700 milhões, a fábrica do chamado Cimento Nacional é a primeira da empresa na região e possui capacidade produtiva de 1,5 milhão de toneladas ao ano. Localizada em Pitimbu, no litoral Sul da Paraíba, visa atender a demanda do setor de construção civil nos nove Estados nordestinos, da Bahia ao Maranhão. A expectativa da empresa é, com a entrada em operação desta fábrica, chegar a 5% de share no mercado de cimentos do Brasil. O grupo já opera uma fábrica localizada em Sete Lagoas, Estado de Minas Gerais. Juntas, as duas deverão produzir 4 milhões de toneladas ao ano.

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NEGÓCIOS

NEGÓCIOS

Segundo o presidente do Brennand Cimentos, José Eduardo Ramos, a vocação industrial e logística da Paraíba foram fatores determinantes para a escolha do local. “Trata-se de um interessante polo de matéria-prima, as jazidas de calcário, que vêm se mostrando de excelente qualidade e são encontradas em considerável volume, algo aproximado a 300 milhões de toneladas. Além, é claro, da localização estratégica do Estado”, afirma. Ele salienta ainda a proximidade com Pernambuco, destaque no mercado nordestino de cimento, atrás apenas da Bahia em termos de consumo. “O polo de Suape é uma referência importante e Recife tem crescido, sim, nos últimos anos. Acreditamos, inclusive, que seja, futuramente, nossa primeira praça”, visualiza. Além disso, todo o gesso utilizado na produção de cimento da marca, algo entre 4% e 5%, é obtido do polo gesseiro do município de Araripina, Sertão do Estado. O coque (espécie de carvão vegetal), que também faz parte do processo de produção do cimento, é comprado na Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE). A fábrica, que começou a ser construída em 2012, ocupa um terreno de mais de 200 hectares e irá operar com 70% da sua capacidade em três turnos. Serão 250 empregos diretos e 800 indiretos, com prestadores de serviço e fornecedores da própria região na produção dos cimentos CP II F-32, CP IV-32, CP V-ARI-MAX e CP II-F-40, todos com a marca Cimento Nacional, nas unidades de ensacado, granel e big bag. Diferenciais do Brennand Cimentos são também os Laboratórios de Concreto fixo e móveis, com uma equipe de engenheiros especializados em tecnologia de concreto para prestar consultoria a clientes nas

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aplicações, garantindo um melhor custo-benefício. “Eles são destinados a apoiar os consumidores na utilização de nossos produtos, prestando assessoria técnica especializada na própria obra ou nas unidades industriais. E posso dizer que fazemos isto de forma inédita na região” , ressalta. Com a construção da nova fábrica em Pitimbu, a unidade da Brennand Cimentos em Sete Lagoas (MG) ficará responsável por abastecer os mercados do sul da Bahia, Sudeste e parte do Centro-Oeste e Sul do Brasil. Ela foi inaugurada em 2011, com um investimento total de R$ 850 milhões, possui capacidade produtiva de 1,5 milhão de toneladas de cimento ao ano e passou por uma expansão em 2013. Dentre os futuros projetos do Grupo estão uma nova expansão do espaço, ainda sem data definida. Quanto à inauguração de outra fábrica, José Eduardo Ramos adianta que já há um equipe de geologia estudando projetos vindouros. “Posso afirmar que o prazo para que algo comece a ser estruturado, ainda em local indefinido, é de cinco a seis anos” , conclui.


A ADMISSÃO DE CRITÉRIOS AMBIENTAIS ÀS CONTRATAÇÕES PÚBLICAS FAZ COM QUE O ESTADO PARTICIPE DO MERCADO, VALENDO-SE COMO INSTRUMENTO DE JUSTIÇA SOCIAL E AMBIENTAL .

EMPREGOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL – A DURA TRAJETÓRIA DE 2015 * Por Mônica Mercês

Os números do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2015, dão conta de que a situação do mercado de trabalho formal no Brasil fica mais difícil a cada dia. Tal constatação surge depois de se ter, me média, nos últimos 30 anos, uma curva ascendente da geração de emprego no país. Entretanto, o cenário previsto, ao término de 2015, é de um encolhimento de mais de 1 milhão de postos de trabalho. Os dados recentes revelam que de janeiro a agosto/15 já foram subtraídos da economia 572.792 empregos. No comparativo dos últimos 12 meses essa redução atingiu 985.669 trabalhadores, eliminando-os, lamentavelmente, do mercado de trabalho formal brasileiro. Cabe observar que nos últimos anos, o volume de novos empregos no país declinou bastante, saindo de 1.489.721 (de 2012 para 2013) para 623.077 (de 2013 para 2014). Registra-se ainda que, no final de 2014, existiam no país 49,6 mil empregos, um crescimento de 12% se comparado a 2010 e um pouco mais que o dobro do volume registrado no início do plano Real, em 1994 (gráfico 1). Gráfico 1 – Empregos Formais - Brasil 1985 - 2014

Nesse contexto um dos segmentos mais penalizados vem sendo o da indústria da construção civil, sobretudo pelo imenso número de empregos gerados ao longo de toda a sua cadeia produtiva. Soma-se a essa dura realidade

a redução observada na indústria de transformação, pois dos 985.669 empregos eliminados nos últimos 12 meses, 474.910 (48%) foram desse setor e 385.249 (30%), da construção civil, para ficar nos exemplos mais expressivos. Juntos, esses dois importantes segmentos, geradores de emprego e renda para o país, responderam pela redução de 87% dos empregos. No Nordeste a construção civil teve uma diminuição de 105.522 postos de trabalho nesse mesmo comparativo, sendo 37.727 em Pernambuco, 31.433 na Bahia, 8.959 no Maranhão, 7.882 na Paraíba, 7.065 no Piauí, 5.885 no Rio Grande do Norte, 3.629 em Alagoas, 2.529 em Sergipe, e, curiosamente, uma retração de apenas 443 postos no Ceará. As estimativas para o encerramento de 2015 apontam que só na construção civil o volume de empregos será reduzido em mais de 500 mil postos de trabalho, uma situação bastante preocupante e sem perspectiva de reversão num curto prazo. Estamos nos aproximando do final do ano e a crise econômica e política avançam, destruindo 2015 e dando sinais que sérias dificuldades enfrentaremos também em 2016. Essa sangria nos empregos tem que ser estancada urgentemente, sob pena de adicionarmos, de forma mais grave, um outro componente à crise econômica e política: a crise social. Essa junção é explosiva para qualquer governante e assusta, cada vez mais, quem tem o empreendedorismo no sangue, quem investe na economia produtiva do país, pois não há consumo sem renda, não há produção sem consumo e não há emprego sem produção. Uma relação direta e simples, mas que parece ser de difícil compreensão por aqueles que deveriam não só entendê-las, mas principalmente, defendê-las.

* Economista, Assessora de Planejamento e Inteligência de Mercado da Diretoria da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário – QGDI.

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ISSO É DIREITO

A LEI 13.097/2015 E A RESCISÃO EXTRAJUDICIAL DA PROMESSA DE COMPRA E VENDA * Por Rafael Accioly

Foi publicada, no dia 20/01/15, a Lei Federal nº. 13.097, que trata da conversão da Medida Provisória nº. 656/14. A referida lei, além de contemplar as disposições já abrangidas na Medida Provisória para o mercado imobiliário (dentre as quais está a tentativa de desburocratização da compra do imóvel), alterou o art. 1º do Decreto-Lei nº. 745/69, que trata da rescisão dos contratos de promessa de compra e venda de bens imóveis não loteados. Esta inovação legislativa, que entrou em vigor em 19/02/15, trouxe excelentes mudanças para o mercado imobiliário, pois deixa evidente a possibilidade de rescisão extrajudicial da promessa de compra e venda de bens imóveis. Isto porque a redação original do art. 1º do Decreto-Lei nº. 745/69 – apesar de indicar a necessidade de prévia notificação do devedor inadimplente, concedendo a este novo prazo para pagamento de dívida inadimplida – não apontava as consequências decorrentes do não pagamento do saldo devedor após a estrapolação do prazo previsto na notificação. Em razão disto, a jurisprudência dos principais tribunais do País, inclusive do STJ, vinha entendendo que, mesmo nos casos em que o consumidor estiver inadimplente e não atender a notificação com o pagamento do saldo devedor, seria imprescindível a prévia manifestação judicial. Neste passo, ainda que o adquirente do imóvel estivesse inadimplente perante o promissário vendedor e aquele, mesmo após ter sido notificado, não realizasse o pagamento do saldo devedor, acaso o empreendedor optasse por rescindir a promessa de compra e venda de forma extrajudicial (nos termos do Decreto-Lei nº. 745/69), este poderia ser surpreendido com decisão judicial desfavorável, no sentido de que a rescisão teria se operado de forma indevida, situação que iria agravar os prejuízos já sofridos pelo vendedor em decorrência da inadimplência. Tal entendimento acabava por deixar o setor imobiliário em situação de bastante insegurança, pois, para garantir a segurança plena da rescisão, teria que propor uma ação judicial, deixando mais longo caminho para retomada do imóvel em caso de inadimplência, mesmo nos casos em que o cliente tivesse realizado o pagamento de uma pequena parcela do preço. Com a entrada em vigor da Lei 13.097/2015, passou a não mais haver dúvidas quanto à possibilidade da rescisão de pleno direito de um contrato de promessa de compra e venda sem que seja necessário qualquer pronunciamento judicial sobre o assunto, desde que cumpridos os requisitos ali estabelecidos, quais sejam: a) estar o adquirente inadimplente há, pelo menos, três meses do vencimento de qualquer obrigação contratual; b) não ter havido o pagamento do saldo devedor após transcorridos os 15 dias do cumprimento da notificação do devedor; c) haver previsão expressa no contrato

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de cláusula resolutiva permitindo a rescisão em caso de inadimplência pelo adquirente e não pagamento após superado o prazo da notificação. É importante destacar, no entanto, que a adoção deste procedimento, mesmo tendo-se atendido todos os requisitos legais, não impedirá que o consumidor que se sentir lesado ajuíze a competente ação questionando alguma falha no procedimento, o que exige uma atenção ainda maior por parte do empreendedor no cumprimento dos requisitos estabelecidos pela legislação. Além disso, o ordenamento jurídico atual não estabelece parâmetros em relação à devolução das quantias pagas pelo comprador inadimplente, como valores possíveis de serem retidos e forma de pagamento, o que pode acabar por levar ao judiciário os casos em que não houve concordância quanto a isso. Neste caso, entretanto, a discussão cingir-se-á a valores, não impedindo a recolocação no mercado da unidade retomada em razão da inadimplência de seu antigo adquirente. Desta forma, tem-se que a novidade trazida pela Lei Federal nº. 13.097/2015, será uma excelente aliada dos empreendedores neste momento de aumento da inadimplência, trazendo mais segurança jurídica e simplicidade no desfazimento das promessas de compra e venda e retomada dos imóveis.

* Rafael Accioly é advogado e Sócio-Gestor do escritório Queiroz Cavalcanti Advocacia.


NEGÓCIOS

CUB/M MÉDIO BRASIL AVALIAÇÃO GERAL O Custo Unitário Básico médio Brasil (CUB/ m² Brasil), calculado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), aumentou 5,25% no acumulado dos primeiros sete meses de 2015. Analisando os resultados desagregados, observa-se que de janeiro a julho/2015 o custo com material de construção cresceu 2,52% e o custo com a mão de obra aumentou 7,43%. Já as despesas administrativas registram incremento de 5,08% e os equipamentos apresentaram queda de 0,36%. Como se observa, a maior fonte de pressão do indicador foi o custo com a mão de obra. Ressalta-se que, na composição relativa do CUB médio Brasil, a mão de obra participou, em julho/2015, com 54,85%. As regiões Sul e Centro-Oeste registraram incremento superior à variação nacional, com altas de 7,37% e 5,45%, respectivamente. Nas demais regiões o aumento do custo foi inferior ao resultado do País. O CUB médio da região Nordeste, em particular, cresceu 4,09% nos primeiros sete meses do ano. Assim como aconteceu com o resultado no Brasil, neste período, o aumento da mão de obra, de 6,62%, foi uma das maiores fontes de pressão do referido indicador. A alta observada no custo médio com materiais de construção foi bem mais modesta: 1,40%. As despesas administrativas, apresentaram expansão de 6,31% na região, enquanto o custo com equipamento demonstrou redução de 9,44%. Em valores monetários o custo médio do metro quadrado de construção no Brasil, calculado pela CBIC, foi de R$1.205,54 em julho/2015. Nesse mês, o mesmo índice na região Nordeste foi de R$1.105,69. Considerando a desoneração da mão de obra, o CUB/m² médio Brasil aumentou 5,10% no período de janeiro a julho/2015. O CUB/m² médio Brasil é calculado a partir dos resultados dos CUBs estaduais divulgados pelos Sinduscons de todo o País. Atualmente, 21 estados

compõem a sua média.

Fonte: Banco de Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção ( CBIC).

* Dados e análise fornecidos pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) de Minas Gerais.

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PERFIL EMPRESARIAL

ESPECIALISTA EM OBRAS ESPECIAIS Em uma visita ao escritório do engenheiro Ilo Borba, no Recife, tivemos a oportunidade de conhecer alguns importantes projetos de obras não convencionais em vários estados do Brasil: Paraíba, Pernambuco, Alagoas Ceará, Espírito Santo, dentre outros. À frente da sua Conprel, presente no mercado desde 1982, o pernambucano mostra por que é um renomado consultor técnico da região, especializado também em projetos estruturais de obras especiais e perícias técnicas. São pontes e viadutos (rodoviários e ferroviários), túneis, edifícios residenciais, empresariais e comerciais, fábricas, passarelas de pedestres, que levam a sua assinatura, ao longo de mais de 44 anos de experiência profissional.

O lema da empresa tem sido fazer o melhor projeto, no menor espaço de tempo e com o melhor custo possível. “Partindo do princípio de que os projetos estruturais são os grandes responsáveis por algumas das maiores transformações da natureza, a Conprel tem procurado dar a sua contribuição efetiva ao planeta, transformando ideias e sonhos em grandes obras”, acredita Ilo Borba, que também foi professor universitário por 40 anos. Desde a sua fundação, a empresa realizou mais de seis mil projetos estruturais de obras em concreto armado e protendido, estruturas metálicas e estaiadas, e, ainda, fundações especiais.

CONHEÇA ALGUNS DOS PROJETOS ESTRUTURAIS MAIS RECENTES DA CONPREL Pontes sobre o Rio Una – Palmares (PE) Terminal Integrado de Passageiros (TIP) Pelópidas Silveira – Paulista (PE) Passarela estaiada de Parnamirim – Parnamirim (RN) Terminal Integrado de Passageiros (TIP) Estaiado de São Cosme Damião (PE) Recuperação de Passarela Estaiada da Santista (PE) Recuperação da Passarela Estaiada de Leon Heimer (PE) Ponte Rodoviária Rio Capibaribe (PE)

TERMINAL INTEGRADO SÃO COSME E DAMIÃO O Terminal Integrado de Passageiros (TIP) de São Cosme Damião, na cidade de Camaragibe, Pernambuco, é um dos projetos recentes mais interessantes elaborados pela empresa. Trata-se de uma coberta de estrutura metálica com forma elíptica, de larguras longitudinal e transversal iguais a 120 m e 40 m, respectivamente. A coberta se apoia em apenas dois pilares de concreto armado, com altura de 25 m cada, que possuem seção transversal circular vazada, composta de paredes com espessura igual a 0,40 m. Todo o peso da estrutura metálica da coberta, bem como as sobrecargas que atuam sobre a mesma, são transmitidos para o topo dos dois pilares através de 24

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estaios de aço CP 170 RB. Para a fixação dos estaios no topo das torres (pilares), foram projetados olhais apropriados com pinos de aço inox, para permitirem a eventual substituição de qualquer um dos estaios. Foram ainda projetados em chapas de aço, blocos de ancoragem fixados à estrutura metálica da coberta, para permitirem a execução da protensão.


EMPRESARIAL BURLE MAX O Empresarial Burle Max, situado em uma das principais vias da capital pernambucana, tem o projeto estrutural e a sua construção assinados pelo engenheiro Ilo Borba. Concluída há aproximadamente 15 anos, a edificação localiza-se em um terreno de 2.103,25 m2, possui 10.186,98 m2 de ára construída e é composta por 21 pavimentos.

PONTES SOBRE O RIO UNA Quando no ano de 2010, as duas pontes então existentes sobre o rio Una desabaram, em Palmares (PE), devido às enchentes que ocorreram na época, a Conprel foi contratada em caráter emergencial para elaborar, em apenas 10 dias, os projetos executivos das obras, que deveriam ser implantadas no local. Naquela oportunidade, a Conprel recomendou os aumentos das suas extensões, bem como as elevações dos seus greides, para evitar que novos acidentes semelhantes viessem a acontecer. O Consórcio que estava à frente dos serviços era formado pelas Construtoras Mendes Júnior e O.A.S., que conseguiram, em parceria com a Conprel, executar as duas obras no tempo recorde de quatro meses.

* SERVIÇO Conprel 81. 3423-8690

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AGILIDADE E INOVAÇÃO EM AÇO PARA CONSTRUÇÃO SECA. A fabricação e a construção em estrutura de aço ganham um nível muito além do Steel Frame convencional quando utilizado o sistema de fabricação completo e integrado Multiperfil Framecad System. Em sua próxima obra, conte com a experiência da Multiperfil, que há 20 anos fornece as melhores soluções para a construção seca em todo Brasil.

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11 4793.9300 O Camará Shopping (Recife/PE) contou com as soluções Multiperfil Framecad System na edificação de suas estruturas de aço.

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THE THAMES BARRIER A barreira do Tâmisa é uma das maiores barreiras móveis contra inundação do mundo (após o Oosterscheldekering, na Holanda). A Agência do Meio Ambiente executa e mantém The Thames Barrier, bem como outras defesas contra inundações da capital inglesa, como programas de manutenção, esquemas e estratégias de inundação, e diferentes abordagens para a gestão dos riscos de inundações.

* Doutor em engenharia civil com pós-doutorado em resiliência urbana e mudanças climáticas.

A barreira se estende por 520 metros pelo rio Tâmisa, perto de Woolwich, e protege 125 quilômetros quadrados do centro de Londres, de inundações causadas por marés altas e tempestades movendo-se do Mar do Norte. Ela entrou em operação em 1982, sendo constituída por 10 portas de aço que podem ser içadas barrando a água do rio Tâmisa. Quando levantados, os principais portões podem ficar tão altos quanto um prédio de cinco andares e tão grandes como a abertura da Tower Bridge (principal ponte sobre o rio Tâmisa, que corta a cidade de Londres). Cada portão principal pesa 3.300 toneladas. Desde que a barreira foi oficialmente inaugurada, já foi içada mais de 100 vezes para proteger a capital de inundações. E vai continuar a protegê-la com segurança até o ano de 2070; depois dessa data, o nível de proteção vai diminuir lentamente ao longo do tempo devido ao aumento dos níveis do mar e a uma maior magnitude e frequência das condições de sobrecarga. O projeto “Estuário do Tâmisa 2100” tem estudado e recomendado opções para gerenciamento de risco de inundação no estuário do Tâmisa até 2100. Embora não seja possível a eliminação completa dos riscos de inundações, podese minimizar seus efeitos e reduzir o dano que elas causam. A construção da barreira no rio Tâmisa, juntamente com os programas de manutenção e a gestão dos riscos de inundações, desenvolvidos e monitorados pela agência inglesa do meio ambiente, evidencia como essas catástrofes podem ser evitadas.

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O centro expõe como diversos riscos urbanos podem ser detectados, prevenidos e geridos de forma a tornar as cidades mais resilientes, concentrando-se na segurança e proteção, em incidentes como crime, incêndio e controle de multidões. Com filmes interativos e animações, pode-se explorar uma gama de questões, incluindo as tendências da cidade, planejamento urbano, edifícios inteligentes, proteção e segurança, energia, água, vida saudável, meio ambiente e mobilidade. Trata-se de estudos de caso de cidades ao redor do mundo com ideias inovadoras, que nos convidam a imaginar como nossas cidades poderão ser em 2050. Além disso, apresentam-se possíveis inovações para os sistemas de energia elétrica, destacando as dificuldades de adequação entre oferta e demanda de energia e fornecendo alternativas limpas. As soluções incluem a geração de energia descentralizada e centralizada, as redes inteligentes, armazenamento de energia e absorção de energias renováveis. Quanto ao consumo de água, concentra-se sobre a importância da água como um recurso precioso e finito, exploram-se soluções que permitem o acesso à água potável, incluindo aproveitamento de águas pluviais, reciclagem de águas residuais, dessalinização, redução do uso de água e melhoria da gestão da água. Por fim, podem-se observar estudos sobre os efeitos da geração de resíduos, poluição e qualidade reduzida do ar no nosso ambiente, e maneiras de melhorar essa qualidade, a gestão de resíduos e as emissões de CO2; também sobre o aumento da necessidade de infraestrutura de transporte eficiente – à medida que mais pessoas se mudam para as cidades – e a importância das escolhas de transporte verdes, soluções integradas de tráfego e mobilidade.

THE BUILDING CENTRE / THE LONDON CENTRE FOR BUILDING ENVIRONMENT Esse espaço, no centro de Londres, foi criado em 1931; desde então, tem-se consolidado como um fórum independente dedicado ao fornecimento de informações e inspiração para todos os setores do ambiente construído. Aberto a todos os envolvidos na arquitetura e construção, é um lugar onde se pode aprender e desenvolver o conhecimento sobre o ambiente construído. Esse centro apresenta um estudo detalhado de todo o planejamento para o crescimento da cidade de Londres e região, inclusive com propostas para conter os possíveis efeitos advindos de fenômenos hidrológicos extremos, possivelmente resultantes de mudanças climáticas, como a barreira construída para conter as águas do rio Tâmisa – The Thames Barrier.

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LONDRES: UMA METRÓPOLE SUSTENTÁVEL * Texto e fotos por Luiz Priori Jr.

A capital inglesa lançou, em 2007, o “Plano de Sustentabilidade Londres 2012”, visando promover os Jogos Olímpicos mais sustentáveis da história. Um processo que continua após a realização da competição e faz de Londres um exemplo de metrópole voltada para um futuro mais sustentável. Esse artigo apresenta três edificações dessa cidade que devem ser visitadas pelos interessados na sustentabilidade urbana.

THE CRYSTAL CENTRE Esse centro de exposição é uma iniciativa da empresa alemã Siemens para explorar o futuro das cidades. Abriga a maior exposição do mundo com foco na sustentabilidade urbana e um centro de classe mundial para o diálogo, descoberta e aprendizagem sobre as grandes metrópoles. Por meio da exposição de sistemas de indicadores de sustentabilidade, podem-se aprimorar os conceitos sobre os sistemas urbanos mais relevantes para a resiliência das cidades. Também podem ser coletados parâmetros para aferição de indicadores de geração e consumo de energia, consumo de água e acesso a saneamento básico, geração de resíduo por habitante, uso do solo pela densidade populacional média das grandes cidades, geração de CO2 por habitante, densidade da rede de transporte, número de veículos por habitante, geração de lixo por habitante, etc. Todos esses parâmetros são calculados por continente, tomando como base as cidades mais sustentáveis da região. A edificação gera toda a energia que consome através da luz solar e de uma bomba de calor geotérmica – isso significa que não são utilizados combustíveis fósseis na geração de energia. O edifício incorpora aproveitamento de águas pluviais, tratamento de águas negras, aquecimento solar e sistemas automatizados de gestão da edificação. O projeto estrutural do edifício foi planejado para fornecer isolamento adicional e levar a uma maior eficiência energética. Também se podem observar as tendências e os desafios globais nas soluções tecnológicas para a construção de cidades ambientalmente sustentáveis, habitáveis e prósperas; e como as alterações demográficas, a urbanização e o impacto das mudanças climáticas afetam em todos os sentidos a vida das pessoas – a partir da economia, a qualidade de vida e o meio ambiente, restando demonstrada a tomada de decisão multifacetada, planejamento urbano e monitoramento necessários à formação e funcionamento das nossas cidades.

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Prefeitura de Camaragibe, SENAI, SENAC e Sinduscon/PE, criou o projeto Florescer. O objetivo é qualificar 12.500 pessoas, sendo 2.500 para atuarem na construção civil, com qualificações do SENAI, e outras 10.000 para atuarem nas operações vide a qualificação do SENAC. Durante todo o período de implantação dos equipamentos da reserva, com duração de oito anos, moradores de Camaragibe e seu entorno receberão qualificações. “Nesta primeira fase, o foco é qualificar um quantitativo de 2.420 pessoas para atender o primeiro equipamento da Reserva, o Camará Shopping, gerando, assim, mão de obra capacitada, para atuar tanto nas obras de construção quanto nas lojas do shopping”, afirma.

4 CULTURAL MUSEU CAMARÁ Preservar e valorizar a história local das antigas fábricas de tecidos que deram origem à cidade de Camaragibe. É o que visa o grupo de empreendedores da Reserva e do Camará Shopping, ao dar início à construção do Museu Camará, localizado à direita do centro de compras.

Com curadoria da historiadora Virgínia Pernambucano e projeto arquitetônico do escritório Andrade & Raposo, o espaço, que será aberto ao público, tem como parceiras as empresas Estaf, Ibratin, Techna Engenharia, Telemetric e Audium. Ele abrigará exposição de máquinas, sala interativa para apresentações de vídeos e documentários. Haverá, ainda, espaço para armazenagem e revitalização de antigos documentos e um auditório com capacidade para 110 pessoas, que servirá para a realização de palestras, cursos e eventos nas áreas ambiental, social e cultural.

PROJETO SEMPRE MAIS VERDE A interatividade com o público e o estímulo à sociedade para a adoção cada vez mais frequente de práticas sustentáveis passará também pelas redes sociais. Com o projeto Sempre Mais Verde, o Shopping realizará, por meio do Facebook, uma interação na qual o internauta envia seu nome à página do Camará Shopping, sempre na última sexta-feira de cada mês. A partir daí, pode passar no centro de compras e levar uma muda de planta. Eles também podem participar sugerindo lojas que possam passar a fazer parte do

Shopping. “Nosso objetivo é estimular e ampliar o desenvolvimento de práticas sustentáveis, visando a participação direta da população, reforçando, assim, o sentimento de zelo pela natureza, além de intensificar o relacionamento com a comunidade, estreitando laços do empreendimento com a população”, finaliza Peggy. Para a doação destas mudas aos internautas, bem como para atender as demandas de todo o complexo multiuso e suas ações sustentáveis foi criada uma sementeira. Um local onde há plantio e manutenção das mudas. Estas demandas são o Reflorestamento, com a ocupação de áreas devastadas na região de Camaragibe; o Paisagismo, com a produção interna de todas as mudas que serão utilizadas na ornamentação e arborização da Reserva Camará - propiciando, ainda, uma diminuição no tráfego de caminhões, o que resulta em menos CO² lançado na atmosfera –, e a Educação Ambiental, com ações desenvolvidas em escolas municipais, estaduais e também particulares da zona oeste do Grande Recife. Dezenas de escolas já participaram das ações do projeto, que busca tratar de assuntos relacionados à sustentabilidade e distribuição de mudas.

SOBRE O SHOPPING CAMARÁ Abrigando três pisos, totalizará 61 mil m² de área construída, com 34 mil m² de Área Bruta Locável (ABL), 290 lojas, mais de um quilômetro de vitrines, além de oito lojas-âncora, 15 megalojas, cinco salas de cinema, playpark, brinquedoteca e mais de 30 operações de alimentação. A área de estacionamento comportará 1.500 vagas, sendo 900 delas cobertas. O Shopping é um empreendimento da Reserva Camará, formada por empresas pernambucanas que, juntas, somam mais de 100 anos de experiência no ramo da construção civil: A.B Côrte Real, FMSA Carrilho, Casa

Grande Engenharia, Consulte Engenharia, MASF e Moderno Empreendimento. O investimento realizado será da ordem de R$ 225 milhões. Até o momento, o Camará Shopping já está com 78% da sua ABL comercializada. Dentre as lojas já confirmadas, destacam-se grandes marcas como a Riachuelo, C&A, Renner, Americanas, Le Biscuit, EletroShopping, Hering, Game Station, PMC Cinema, Esposende, Subway, Burger King, McDonald´s e várias outras de representação nacional. A previsão é a de geração de 2.500 empregos diretos e 5.000 indiretos, do projeto à construção final.

POR SEUS PRECEITOS DE SUSTENTABILIDADE, O CAMARÁ SHOPPING ACUMULA UMA SÉRIE DE PREMIAÇÕES: - Top de Marketing ADVB/PE 2013. - Top SocioAmbiental e de RH ADVB/PE 2014. - 1° Prêmio Construir NE (Categoria: Boas Práticas). - Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade. - Prêmio de Sustentabilidade Ambiental do Sistema FIEPE. - Prêmio CBIC de Responsabilidade Social.

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CAPA

Obras do Camará Shopping estão em plena execução. O empreendimento será inaugurado em 2016. FOTOS: Divulgação

3 SOCIAL

2 AMBIENTAL

LOJA MODELO INOV - CAPACITAÇÃO

PROGRAMA OBRA LIMPA Abarcando mais este pilar de sustentabilidade, o Camará Shopping investe no Programa Obra Limpa - Plano de Controle de Impactos em Canteiro de Obras, composto por 88 estratégias de sustentabilidade desde a etapa de construção. Dentre elas, a garantia da qualidade do ar para os futuros ocupantes do empreendimento, sejam lojistas, funcionários ou clientes. O objetivo é desenvolver estratégias que reduzam os impactos socioambientais das atividades da construção civil dentro dos canteiros. O Plano é baseado em conceitos internacionais de sustentabilidade nestes locais, inclusive com algumas estratégias exigidas pelas principais certificações ambientais do mundo, a exemplo da Certificação LEED e do Processo AQUA. Felipe Coelho, graduado em Ciências Biológicas com ênfase em Ciências Ambientais, pela Universidade Federal de Pernambuco, além de outras qualificações, está à frente do Plano Diretor de Sustentabilidade do Shopping Camará, que consiste em 16 programas. Ele explica que o Plano é dividido em oito categorias com o objetivo de estimular o uso racional da água e o gerenciamento de resíduos

da construção civil. Há, ainda, o intuito de reduzir perdas e aumentar produtividades; monitorar os indicadores de sustentabilidade; desenvolver estratégias sociais na obra e no seu entorno; trabalhar a educação ambiental entre os colaboradores; priorizar a compra de materiais menos impactantes; garantir a proteção do solo e do lençol freático durante as atividades poluentes. Visa, também, reduzir possíveis transtornos e incômodos na vizinhança do entorno da obra; garantir a qualidade do ar para os futuros ocupantes daquele empreendimento; e proteger a fauna e flora local existente na área. Ele lista os impactos já perceptíveis da iniciativa. “Podemos citar redução de custos, aumento de produtividade, redução do tráfego de caminhões de consumo de combustível, diminuição das emissões de CO2, do desperdício e perdas de materiais da construção civil, além do desenvolvimento de uma consciência ambiental, mudança comportamental no canteiro de obras, maior trabalho em equipe e fortalecimento da marca da empresa”, finaliza.

Outra característica pioneira do Camará Shopping é a construção da Loja Modelo Inovar. Trata-se de uma loja padrão com 40m2 ao lado do stand de vendas. Segundo a diretora de marketing do Camará Shopping, Peggy Tavares Corte Real, lá, o lojista pode ter acesso a técnicas construtivas sustentáveis e a seus fornecedores para que se sinta estimulado a adotá-las. “Tudo seguindo os padrões de sustentabilidade empregados no mall do centro de compras, apresentando uma série de vantagens econômicas e ambientais que os beneficiarão”, explica. Outra vertente deste pilar social da sustentabilidade presente no Camará é a capacitação de todos os colaboradores, por profissionais da Reserva Camará, que passam por treinamentos, em seus cargos e funções, com o objetivo de desempenhar qualitativamente as características sustentáveis do empreendimento. “Algo que trazem para a vida profissional, mas também para todas as esferas em que transitam, como um todo”, continua. Ampliando mais o leque deste aspecto da capacitação, a Reserva Camará, em parceria com o Governo do Estado por meio da Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo, da

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OS QUATRO PILARES DA SUSTENTABILIDADE DO SHOPPING CAMARÁ 1 ECONÔMICO CONSTRUÇÃO – MATERIAIS E TÉCNICAS As obras de construção do Shopping Camará encontram-se em estágio avançado, mais precisamente na conclusão do fechamento externo. Toda a concretagem do estacionamento está finalizada e a casa de máquinas dos elevadores também está sendo concluída. E é em todas estas etapas que o empreendimento foi concebido para ser sustentável. No projeto de construção, há a utilização do Building Information Modeling (BIM) como uma ferramenta mais eficaz para a diminuição de interferências na análise de projetos, integrando as informações dos diferentes trabalhos em arquitetura, instalações prediais, climatização e outros, em um modelo único. Esse método facilita a identificação e coopera com soluções para problemas que até então apenas eram percebidos e resolvidos no decorrer da obra. Contribui, também, para a obtenção da quantificação mais exata dos objetos e materiais, elaboração de desenhos e planilhas mais coerentes em tempo menor, o que diminui o retrabalho e melhora a comunicação entre todos. Ao invés de elementos mais tradicionais, como tijolo, cimentos, argamassa e blocos de concreto, a obra é composta de perfis metálicos, chapas cimentícias e outros componentes. O sistema é feito de pré-moldados, estrutura metálica e paredes de drywall, garantindo uma redução em torno de 90% na geração de resíduos da construção. Para seguir os padrões das chamadas obras “secas e limpas”, toda a estrutura metálica é feita em steel framing, um sistema estruturado em perfis de aço, projetados para suportar as cargas da edificação e todo seu fechamento. Segundo Serapião

Bispo, Diretor-Presidente do Camará, as vantagens desse modelo de construção são inúmeras. “Podemos citar o tempo de execução mais curto, a fácil manutenção e o reparo feitos sem barulho ou sujeira. O sistema construtivo possibilita a utilização de diversos materiais de revestimento, é flexível, devido às facilidades de reformas e ampliação, e ainda pode ser racionalizado, o que aperfeiçoa a utilização de recursos e o gerenciamento de perdas. Ele ainda permite total controle de gastos, tem alta durabilidade e pode ser reciclado” , explica. Na superestrutura, mais uma inovação: colunas e vigas de aço, lajes em steel deck, sistema composto por telha de aço galvanizada sob uma camada de concreto armado. Dentre outros benefícios dessa tecnologia construtiva, pode-se citar aumento da produtividade da obra, a redução do tempo de execução e dos riscos de acidente no trabalho, além da facilidade de instalação e a alta qualidade de acabamento do piso. No fechamento externo e nas divisórias internas do shopping também são utilizados o steel framing e drywall. Este modelo de construção garante a redução na geração de resíduos da construção em, aproximadamente, 99% e traz outras vantagens como tempo de execução de obra mais curto e de fácil manutenção. REFRIGERAÇÃO No Shopping Camará, haverá uma Central de Água Gelada (GAC). Além disso, todo o sistema de pisos e vigas frias associado à fachada com tratamento térmico especial irá garantir a redução dos custos de climatização em, aproximadamente, 50%. A utilização de vidros

eficientes, que permitem o aproveitamento da iluminação natural, repelindo o calor solar, juntamente com o sistema de cogeração e geração de energia por meio dos resíduos orgânicos, reduzirão ainda mais os custos com energia. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA, APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS, ETA E ETE O programa de sustentabilidade do shopping inclui o reaproveitamento dos resíduos de demolição, além da economia e do reuso de água com Estações de Coleta, de Tratamento (ETA) e de Efluentes (ETE). Neste contexto, os empreendedores também vão investir em eficiência energética com energia limpa e renovável (tanto solar quanto eólica), iluminação zenital (recurso que privilegia a luz natural) e sistemas de ar-condicionado de alta eficiência. Todas as estratégias de sustentabilidade implantadas na obra irão permanecer na operação do mall, o que garante a redução dos custos condominiais. O Plano de Conservação das Águas do empreendimento contemplará um sistema de tratamento e reuso da água e a instalação de equipamentos e acessórios inteligentes para controle e baixa vazão, que reduzirão o consumo em mais de 60%. As estratégias irão contribuir para que o Camará Shopping atinja o nível máximo do principal selo de eficiência energética do Brasil, o Procel Edifica nível A.

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CAPA

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SUSTENTABILIDADE É PALAVRA DE ORDEM NO CAMARÁ SHOPPING Impactos negativos diversos e toda uma série de consequências que representariam agressões à natureza e ao meio ambiente. Isto é o que se pensa, geralmente, quando se imagina a construção de um moderno centro de compras. Ou melhor... pensava. É isto, condicionar o uso deste verbo ao pretérito, o que pretendem os responsáveis pela construção de um dos mais novos empreendimentos de Pernambuco, a ser inaugurado no ano de 2016: o Camará Shopping. Concebido para ser integralmente sustentável em todas as suas etapas, ele se destaca pela adoção de práticas que se configuram em uma cadeia produtiva “saudável” da construção civil, por meio do uso de tecnologias e estratégias que promovem impactos positivos nos quatro pilares da sustentabilidade: ambiental, social, cultural e econômico. De que forma isto vai ser feito? Como um gigante de 61 mil m² de

área construída pode ser sustentável? São estas as respostas que a Construir Nordeste oferece agora. Localizado na cidade de Camaragibe, Região Metropolitana do Recife, a 13 km quilômetros da capital pernambucana, o Camará Shopping terá as mesmas dimensões, serviços e operações dos mais completos empreendimentos do ramo. Mais do que um polo gerador de emprego e renda, além de diversificado leque de opções de serviços, lazer e alimentação, entretanto, ele traz um novo conceito, inédito no país. Embora outros centros comerciais também tenham ações voltadas à sustentabilidade, o Camará foi além. Dos materiais e técnicas de construção, ferramentas e soluções tecnológicas até o tratamento de água e a divulgação dos conceitos de sustentabilidade, tudo visa a ao máximo de uso racional de recursos naturais, além do mínimo desperdício dos mesmos.

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Curadoria

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Organização e Promoção


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3º Salão Internacional da Construção

REFERÊNCIA PARA QUEM PENSA EM CONSTRUÇÃO, ACABAMENTO E REVESTIMENTO

Apoio Institucional

Revistas Oficiais

“Proibida a entrada de menores de 16 anos, mesmo que acompanhados. Evento exclusivo e gratuito para profissionais que fizerem o seu pré-credencimento por meio do site ou apresentarem o convite do evento no local.”


SOCIAL

PINTANDO O 7 NO CAVIVER No dia 12 de setembro deste ano, aconteceu no CAVIVER (Centro de Aperfeiçoamento Visual Ver a Esperança Renascer), em Fortaleza (CE), o Pintando o 7. Um evento nacional do projeto Casa da Criança que ocorre nas instituições antes de serem inauguradas, permitindo plantar a semente da solidariedade nas crianças filhas dos arquitetos, construtores e patrocinadores, para que no futuro elas deem continuidade a ações sociais para a construção de um Brasil melhor. As crianças são livres para desenhar e pintar as paredes para que fiquem com um lindo colorido. O CAVIVER é uma ONG (Organização Não Governamental), cujo objetivo é diagnosticar, tratar e reabilitar crianças carentes com baixa visão. A ação do projeto Casa da Criança na reforma do CAVIVER contou com a participação de 55 arquitetos voluntários, divididos em 55 ambientes, que vão atender cerca de 2.500 crianças anualmente. Esta é a 4ª instituição beneficiada em Fortaleza. As outras foram: - Abrigo Tia Júlia (2002); - Lar dos Amigos de Jesus (2006); - Centro Pediátrico do Câncer (2010).

O projeto Casa da Criança desenvolve, desde 1999, atividades sem fins lucrativos, dentre as quais a adequação de espaço físico em instituições públicas, de caráter filantrópico, de atendimento à criança e ao adolescente socialmente desfavorecido. Fornece apoio logístico e mobiliza construtores, empresas ligadas à construção civil e decoração, o que resulta na restauração e reforma ou construção das unidades, tornando-as adequadas ao desenvolvimento de suas atividades. O Casa da Criança está presente em 16 estados do Brasil, com mais de 3 mil arquitetos, mais de 1.500 construtoras – todos voluntários. E, ainda, com mais de 50 instituições beneficiadas e mais de 200 mil crianças atendidas.

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BOAS PRÁTICAS

SOLUÇÕES DE MELHORIAS SUSTENTÁVEIS PARA CASAS POPULARES Reutilização de água, contenção e proteção de barreiras com vegetação, telhas e lâmpadas apropriadas. Soluções práticas, fáceis e de baixo custo que podem trazer melhoria de vida e diminuição de custos à rotina dos moradores de comunidades mais populares. Tais informações passaram a ser disponibilizadas pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife desde o início de setembro, em uma cartilha intitulada Melhorias Construtivas Sustentáveis. A publicação é fruto de uma parceria com a ONG Habitat para Humanidade, que testou 10 soluções em moradias da Bomba do Hemetério e de bairros vizinhos, na capital pernambucana. Foram distribuídos 1.000 exemplares à população. As ações são voltadas para casas populares, cuja renda familiar possa chegar a R$ 1.600. Dentre as alternativas presentes no livreto, estão a captação de água da chuva, o reuso de água, além da contenção e proteção de barreiras com vegetação, uso de lâmpadas fluvorescentes, telhas translúcidas e arejadores. Para desenvolver e testar as técnicas, o projeto recebeu recursos da ordem de R$ 60 mil, provenientes do Fundo Municipal de Meio Ambiente. Segundo a Secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, Cida Pedrosa, a cartilha foi pensada para as comunidades mais simples de qualquer bairro do Recife e até de outras cidades. “Serviu para nos certificarmos que as medidas eram de fácil aplicação, baixo custo e capazes de se reverter em economia não só de recursos naturais, como financeiros para as famílias. Além disso, abre uma possibilidade para que a administração pública adote algumas dessas soluções na construção de casas populares”, explica. A ONG Habitat para Humanidade -que atua há 21 anos com projetos para a promoção de moradias adequadas e o apoio ao desenvolvimento comunitário no Brasil nas cidades de São Paulo, Salvador e Recife – já está começando a aplicar as sugestões em municípios da Bahia. O conteúdo da cartilha pode ser acessado no site da Prefeitura do Recife, por meio do endereço http:// www2.recife.pe.gov.br/sites/default/files/cartilha-de-melhorias-construtivas-sustentaveis.pdf

ALGUMAS SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS Telhas translúcidas - Elas permitem a entrada de luz natural no ambiente, diminuindo os gastos com a conta de energia. Devem ser usadas como uma ilha de luz e claridade na área interna da casa, em meio às outras telhas. Arejadores - São aparelhos pequenos que devem ser colocados na saída de água das torneiras. Eles diminuem a quantidade de água liberada por minuto, sem alterar a pressão da mesma. A economia pode chegar a 70%. São encontrados em lojas de materiais de construção. Muro verde - O muro pode ser construído de tijolos, deixando-se espaços para ventilação. Depois disso, é só colocar as plantas. A hera (Hedera helix) é uma das mais comuns por ser resistente. O muro vai diminuir o calor no local. Telhado branco - Trata-se de pintar todo o telhado de fibrocimento com uma tinta à base de cal, na cor branca. Essas cobertas são muito usadas por serem mais econômicas, mas, infelizmente, mais quentes. Quando pintadas de branco, entretanto, diminuem em até 30% o calor dentro de casa.

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É BACANA!

PISOS FEITOS A PARTIR DE PNEUS São variadas as formas de aplicabilidade de pneus inutilizados. Uma delas é a fabricação de pisos. A CrossfitPisos elabora seus produtos com 95% de grânulos de pneus em diversas cores. Dentre as vantagens, estão a de não quebrar, soltar lascas ou desenvolver fungos. Possuem, ainda, alta resistência e durabilidade, não deformam com o peso de equipamentos ou brinquedos e amortecem o impacto em quedas. Podem ser utilizados em cenários como uma pequena brinquedoteca residencial ou até uma praça pública. Nas academias de ginástica, oferecem conforto acústico, protegem as articulações dos atletas, são antiderrapantes e anti-impactantes. Some-se a isso o fato de que se trata de material 100% reciclável.

DESCONTAMINAÇÃO DE LÂMPADAS QUEIMADAS A Steck recebeu um certificado concedido pela Naturalis Brasil devido à descontaminação de lâmpadas fluorescentes. A empresa realiza, a cada dez meses, uma coleta de aproximadamente 450 lâmpadas queimadas transformando o mercúrio em um produto inofensivo, inerte e com propriedades de biodegradabilidade, solubilidade ou combustibilidade.

LÃ DE VIDRO ECOLÓGICA

GESTÃO AMBIENTAL ESPECIALIZADA

POP4+. Este é o nome da mais recente novidade da Trevo Drywall. Lã de vidro para o isolamento termoacústico de paredes de drywall, o produto conta com 65% de vidro reciclado na sua composição, o que a torna muito mais sustentável do que as lãs de vidro convencionais.

Referência na região do Vale do São Francisco (PE), a Sanvale é uma empresa com franco crescimento na região. Busca proporcionar sustentabilidade às empresas e ao evitar passivos ambientais, agregando valor econômico pela inovação tecnológica e ganhos sociais nas comunidades onde atua.

RESERVA ECO LIFE O Reserva Eco Life, em Pernambuco, procura trazer um novo conceito de vida sustentável. Comercializados em três fases distintas, os empreendimentos possuem disposição dos lotes buscando o melhor aproveitamento do terreno e incidência de luz solar; captação, tratamento e armazenamento de água para reutilização; projetos alternativos para fornecimento de energia; sistema de coleta seletiva de lixos e resíduos, além de replantio de árvores, até mesmo em maior quantidade do que a desmatada.

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VISTO DE PORTUGAL

HOJE, COM A CRISE QUE FOI INSTALADA NO PAÍS, COM QUEDAS SIGNIFICATIVAS NOS CONSUMOS DE ENERGIA E O AUMENTO DO SEU PREÇO, PONDO O BRASIL SEM CRESCIMENTO RELEVANTES NOS PRÓXIMOS SETE ANOS, ABRE-SE UMA PERSPECTIVA DE CORREÇÃO DA NOSSA MATRIZ QUE NÃO PODERÁ SER PERDIDA, CRIANDO UMA BASE SUSTENTÁVEL PARA FORNECIMENTO DE ENERGIA LIMPA QUANDO O PAÍS VOLTAR A CRESCER .

UM MOMENTO MÁGICO PARA MUDAR A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA * Renato Leal

Há duas décadas, a matriz energética portuguesa era pouco renovável, centrada em combustíveis fósseis, com pressão sobre custos e ambiente e dependente dos humores dos produtores de petróleo. A partir de um intenso programa de investimentos em tecnologia e fontes alternativas de produção, Portugal alterou de forma significativa a sua matriz, com impactos positivos na atividade econômica, no meio ambiente e no balanço de pagamentos. Entre diversos programas, a certificação energética das residências – necessárias inclusive nas compras e locações – veio a dar uma visão mais clara da qualidade sob o ponto de vista de consumo energético das residências portuguesas. E incentivos diretos à eficiência energética complementaram este programa de adaptação aos novos tempos. O Brasil – devido à opção pela energia hidroelétrica - sempre teve uma posição positiva, se comparada ao restante do mundo, mais dependente do petróleo e do carvão. Não contava, porém, com as oscilações climáticas que vêm trazendo constrangimentos à produção desta energia. E também no fato do seu impacto nos ecossistemas, que as torna vulneráveis no ponto de vista ambiental. Na última década, passamos a viver momentos de restrições na produção de energia, sendo esta uma condicionante do próprio desenvolvimento econômico brasileiro. Hoje, com a crise que foi instalada no país, com quedas significativas nos consumos de energia e o aumento do seu preço, pondo o Brasil sem crescimento relevante nos próximos sete anos, abre-se uma perspectiva de correção da nossa matriz que não poderá ser perdida, criando uma base sustentável para fornecimento de energia limpa quando o país voltar a crescer. Sem esquecer que os ajustes já dados e os futuros no preço da energia tornam estas fontes renováveis competitivas em termos de tarifa final. Esta correção deverá atender às previsões de secas constantes nas próximas décadas – os avisos climáticos -; distribuição mais próxima ao consumo, evitando linhas de distribuição; e o

fomento ao desenvolvimento de cluster nacional de produção de equipamentos e tecnologia neste setor. Por fim, não poderia deixar de mencionar a necessidade de reestruturação administrativa do setor elétrico brasileiro, com enxugamento da máquina administrativa e uma eventual descentralização das suas alçadas de ação. É mesmo um momento mágico para adequar a produção de energia para o futuro do país.

Seguem aqui algumas sugestões: 1.

Estímulo à produção de equipamentos para a produção

de amortização;

financiamentos em condições favoráveis de custo e prazos

de energia (eólica, fotovoltaica), via isenção de impostos e

2.

Financiamento de pesquisa e desenvolvimento em novas fontes regionais de energia e novas tecnologias; Estímulo à troca dos equipamentos de maior consumo –

4.

Isenção de impostos ao consumo destas energias;

3.

aquecimento de água e lâmpadas entre outros;

seja ele doméstico e comercial – tais como refrigeração,

Envolvimento maior das prefeituras na questão da gestão da

8.

Uma ação intensa de fiscalização dos furtos de energia;

7.

Substituição dos sistemas públicos de iluminação;

6.

Retrofit energético nos prédios públicos;

5.

iluminação e consumos energéticos. 9.

Abandono dos mega projetos de produção hidroelétrica, com renovável, pelo menos enquanto houver água.

seus impactos no meio ambiente, apesar de ser uma fonte

* Estrutura negócios, atuando no Brasil e em Portugal.

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EU DIGO

A ADMISSÃO DE CRITÉRIOS AMBIENTAIS ÀS CONTRATAÇÕES PÚBLICAS FAZ COM QUE O ESTADO PARTICIPE DO MERCADO, VALENDO-SE COMO INSTRUMENTO DE JUSTIÇA SOCIAL E AMBIENTAL.

LICITAÇÕES SUSTENTÁVEIS * Por Geórgia Morais Jereissati e Alexandre Araújo Bertini

O crescimento desordenado das cidades tem produzido processos combinados de agressão à natureza, porém desde a segunda metade do século XX a população começou a preocupar-se mais com os danos causados ao nosso planeta, sendo a construção civil responsável por consumir aproximadamente 50% dos recursos naturais extraídos. Mas um grande número de empresas vem investindo para consolidar a cultura de diminuição das perdas, reciclagem, reutilização de resíduos, além da utilização de novos materiais e técnicas alternativas, ditas sustentáveis. O Poder Público, maior contratante do Brasil, tem a obrigação de proteger e preservar o meio ambiente equilibrado ecologicamente, devendo dar exemplo na determinação de procedimentos ambientalmente corretos dos seus fornecedores e estimular a produção de bens sustentáveis, além de conscientizar e mudar paradigmas e entendimentos de seus agentes, lançando mão do seu poder de compra (cerca de 10% do PIB brasileiro). As compras públicas estão vinculadas a uma gama de leis e princípios do Direito Administrativo Brasileiro que se fazem necessários para atender ao interesse público. Sendo assim, à medida que atende aos princípios ambientais e ao direito do meio ambiente ecologicamente equilibrado podem revelar um entrave quando se procura as contratações economicamente mais vantajosas, pois vem de encontro da lei nº 8.666/93. Procurando criar maneiras para atenuar esse problema, em 2010 foi editada a Instrução Normativa (IN) nº 01, do Ministério, Orçamento, Planejamento e Gestão (MPOG), em que foram estabelecidas regras a serem seguidas em todas as compras públicas dos entes federais, possibilitando que critérios verdes fossem incluídos nas licitações públicas, tornando-as sustentáveis. Essa norma dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras e determina que

as especificações e demais exigências do projeto básico ou executivo devam ser elaborados, visando a economia da manutenção e operacionalização da edificação, a redução do consumo de energia e água, bem como a utilização de tecnologias e materiais que reduzem o impacto ambiental, tais como a adoção de sistemas de reuso de água e energia e a captação energia solar. Autorizam ainda as licitações a optarem por produtos menos agressivos ao meio ambiente, independente do fator preço. A nova norma também exige que em obras públicas sejam utilizados materiais reciclados e com menor necessidade de manutenção. Com o ganho na socioecoeficiência, consolidando o já publicado na IN nº 01/2010 do MPOG, em junho de 2012 foi editado o Decreto Federal nº7.746, que regulamentou tudo o que tinha sido exposto na IN. A admissão de critérios ambientais às contratações públicas faz com que o Estado participe do mercado, tanto como consumidor quanto regulador, valendo-se como instrumento de justiça social e ambiental, atuando com os princípios primários do Estado. Além disso, melhora a imagem da autoridade pública, pois transmite responsabilidade a seus cidadãos, demonstrando-se que seus líderes são ambiental, social e economicamente eficientes. E, através das licitações sustentáveis, eles tornar-se-ão um instrumento de fomento de novos mercados, gerando emprego e renda, preparando a economia brasileira para a concorrência internacional no novo contexto econômico mundial. *Alexandre Araújo Bertini é professor e coordenador do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará (UFC), e Doutor em Engenharia de Estrutura/ Geórgia Morais Jereissati é Engenheira Civil, especialista em Avaliações e Perícias de Engenharia e MSc em Engenharia Civil, e professora da Universidade de Fortaleza.

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esclarecer que o serviço de limpeza continua sendo feito de forma preventiva em vários pontos da rede, procurando impedir que voltem a existir pontos de obstrução. Já foram recuperadas mais de 100 unidades operacionais do sistema existente e estão em andamento várias obras de expansão (conforme mencionado anteriormente) da rede coletora. As obras ocorrerão segundo um cronograma específico para cada uma das “cidades beneficiadas”? Elas estão sendo trabalhadas ao mesmo tempo? Ao final dos 12 primeiros anos, o Programa terá 41 sistemas de esgotamento sanitários implantados, sendo 16 sob a responsabilidade de implantação do Poder Público e 25 do Parceiro Privado. Cada cidade contemplada pode conter vários sistemas de esgotamento sanitário, dependendo do relevo do seu terreno. Mesmo cada sistema tendo o seu cronograma de obras, muitos serão implantados simultaneamente. Como é a participação da Foz neste processo? Ao final dos 12 anos, estes 25 sistemas sob sua responsabilidade serão “desvinculados” da Compesa? Quais

os critérios para definir qual sistema fica sob responsabilidade de que parceiro? Todos os sistemas ficarão sob a responsabilidade de operação e manutenção do parceiro privado. Apenas 16 deles são de responsabilidade de investimento (construção pelo Poder Público), mas assim que estiverem prontos, serão operados e mantidos até o 35º ano do contrato pelo parceiro privado. Já os 25 de responsabilidade de implantação do parceiro privado, além de construídos, serão operados e mantidos por ele. Ao final, todos os 41 sistemas serão da Compesa, mas operados e mantidos pela Foz. Há previsão de que o Cidade Saneada se estenda para os outros municípios de Pernambuco? Não. O Programa contempla os 14 municípios que compõem a Região Metropolitana do Recife, além da cidade de Goiana. É importante, todavia, destacar que a Compesa possui dois programas de sustentabilidade hídrica para as bacias dos rios Ipojuca e Capibaribe, que envolvem a confecção de projetos e/ou obras para os municípios situados nas bacias desses rios. Além disso, a

Companhia está com vários investimentos em esgotamento sanitário em andamento, em outros municípios do interior do Estado. De que forma a região beneficiada pode ser polo indutor do desenvolvimento sustentável em Pernambuco? A Região Metropolitana do Recife - quando estiver dotada da infraestrutura urbana adequada, sendo o esgotamento sanitário uma das mais importantes - pode continuar a crescer e certamente atrairá ainda mais empreendimentos, além dos que aqui já se implantaram, a exemplo das indústrias de Suape e da montadora da Fiat. De forma que seja, portanto, essa região o local que vai induzir, concentrar e impulsionar o crescimento do Estado de Pernambuco de forma sustentável sob vários aspectos, Ambiental, de Saúde, Qualidade de Vida. Ou seja, características que permitam um desenvolvimento que mantenha o ambiente, sem degrada-lo ou as pessoas que nele habitam.

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ENTREVISTA

O programa Cidade Saneada é uma iniciativa inédita no país? Sim. Não há, no Brasil, nenhum programa de saneamento planejado, contratado e em execução com este porte. E que se tornou realidade graças à ousadia do ex-governador Eduardo Campos, com o objetivo de proporcionar uma melhor qualidade de vida para a população da região, bem como dotá-la de infraestrutura que permitisse o seu desenvolvimento de forma sustentável. Dois anos após o início do programa, já é possível colher frutos? A avaliação é extremamente positiva. Vários marcos já foram alcançados desde o início da atuação da PPP. Dentre eles, a recuperação de 1.200 quilômetros de redes coletoras de esgoto, o equivalente à distância entre Recife (PE) e Teresina (PI). Outro destaque foi a melhoria no atendimento às solicitações de serviços de desobstrução da rede de esgoto, uma vez que atualmente 100% das solicitações são atendidas em menos de 48 horas e 75%, em até 24 horas. Mais de 100 unidades operacionais já foram recuperadas e vários sistemas de esgotamento sanitário estão com projetos em desenvolvimento ou já em obras. São 23 em desenvolvimento, além das obras em oito sistemas de esgotamento sanitário. Até agora, foram investidos cerca de R$ 300 milhões. É cedo para conjeturar se será alcançada a meta de que todos os 15 municípios atingirão, em 12 anos, o índice de 90% no atendimento em esgotamento sanitário, beneficiando cerca de 3,7 milhões de pessoas? Estamos perseguindo esse objetivo, mas devido à crise pela qual nosso país vem passando estamos com dificuldades em acessar os

recursos federais para dar andamento normal às nossas obras. Pode haver, portanto, a necessidade de ajustes de cronograma. Ainda é cedo, todavia, para afirmarmos isso.

A REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE - QUANDO ESTIVER DOTADA DA INFRAESTRUTURA URBANA ADEQUADA, SENDO O ESGOTAMENTO SANITÁRIO UMA DAS MAIS IMPORTANTES - PODE CONTINUAR A CRESCER E CERTAMENTE ATRAIRÁ AINDA MAIS EMPREENDIMENTOS, ALÉM DOS QUE AQUI JÁ SE IMPLANTARAM.

No portal oficial do programa (www.cidadesaneada.com.br) é citado que apenas no ano de 2012 foram realizadas 4.319 ações sociais, com 65.926 usuários atendidos. Fala-se também que as atividades de participação e mobilização social, educativas e campanhas ambientais têm assegurado benefícios tanto para a Compesa quanto para os seus usuários, qualificando a prestação dos serviços públicos. De que forma isto é feito? Entre as melhorias qualitativas estão a sensibilização da população quanto à preservação dos recursos naturais e também dos sistemas de saneamento, além da redução do desperdício de água no consumo residencial. Os trabalhos desenvolvidos pelo programa Cidade Saneada, que conta hoje com mais de 1.600 pessoas em atividade, alcançam diversas comunidades locais. São ações socioambientais desenvolvidas em escolas, associações de moradores e Unidades

de Saúde da Família, por exemplo. São melhorias qualitativas, uma vez que as ações procuram desenvolver a conscientização das pessoas para um uso racional dos serviços prestados pela Compesa. Qual a metodologia adotada para nortear as ações sociais do programa? São elaborados Planos de Trabalho para cada ano que estabelecem objetivos, metas, ações e atividades a serem desenvolvidas, além de metodologia, indicadores e sistemática de registro de resultados, cronograma de execução e avaliação. Os Planos obedecem a procedimentos metodológicos específicos, utilizando modelo proposto pela Caixa Econômica Federal. Para atender o compromisso do Programa com a informação e a formação da população dos municípios contemplados para a consolidação de uma cultura de saneamento, foram, em coerência com as questões e demandas locais, realizadas ações nos seguintes eixos de atuação e macroações: • Educação: com foco nas macroações de educação ambiental e sanitária. • Mobilização: com foco nas macroações informativas e de mobilização e organização comunitária e principalmente relacionamento com os clientes atuais e futuros. • Trabalho e Renda: com foco na participação comunitária em oficinas e cursos que possibilitem estímulo à capacitação profissional e geração de trabalho e renda com materiais reciclados. Em que frentes de trabalho as atividades estão divididas? A fase de limpeza e desobstrução das redes do sistema existente foi realizada como um mutirão inicial (primeiros 100 dias da operação) para sanar pontos críticos dos sistemas de esgoto. Convém

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ENTREVISTA 80

AS METAS DE SUSTENTABILIDADE DO CIDADE SANEADA A palavra sustentável tem origem no latim “sustentare”, o que quer dizer sustentar, conservar e apoiar. Significa um meio de configurar a civilização e atividade humanas, de tal forma que os recursos econômicos possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente. Em Pernambuco, um dos maiores exemplos de programa público voltado à sustentabilidade é o Cidade Saneada. Nesta entrevista à revista Construir Nordeste, o diretor de Novos Negócios da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Ricardo Barreto, fala sobre o projeto inédito no país, uma Parceria Público-Privada (PPP) com a empresa Foz, surgida em 2013. O objetivo é, em 12 anos, elevar o índice de cobertura de esgotamento sanitário de 30%, na Região Metropolitana do Recife (RMR), e no município de Goiana, para 90%, além de atingir 100% do esgoto tratado nessas localidades.

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SUMÁRIO

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ENTREVISTA | Cidade saneada Ricardo Barreto

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EU DIGO | Geórgia Morais Jereissati e Alexandre Araújo Bertini

10 VISTO DE PORTUGAL | Renato Leal 11 É BACANA! 12 BOAS PRÁTICAS 13 SOCIAL 16 CAPA| Sustentabilidade é palavra de ordem no Camará Shopping

16 12 MOVIMENTO VIDA SUSTENTÁVEL 2015 FÓRUM PERNAMBUCANO DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL OUTUBRO ENERGIAS RENOVÁVEIS

DEZEMBRO MOBILIDADE URBANA

NOVEMBRO CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

O Movimento Vida Sustentável (MVS) vem colocando o tema Sustentabilidade na Construção Civil na ordem do dia, entre empresários, profissionais, professores, estudantes e sociedade. Busca contribuir com a modernização do setor, divulgando os princípios da construção sustentável, com foco nas pesquisas; na divulgação de produtos e iniciativas eficientes; na multiplicação de conhecimento com a promoção de debates e capacitação, com ênfase na geração de energia, no reúso da água, nas drenagens e na gestão dos resíduos.



ano IV | nº 27 | outubro 2015

CAMARÁ SHOPPING Centro de compras traz inéditos conceitos de sustentabilidade

ENTREVISTA

LONDRES

Ricardo Barreto, da Compesa, fala sobre o programa Cidade Saneada

Uma cidades sustentável


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