Protagonistas Jornal Notícias | "Temos que pegar nos doentes e aconchegá-los"

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ID: 78309282

27-12-2018

Meio: Imprensa

Pág: 29

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 12,64 x 30,00 cm²

Âmbito: Informação Geral

Corte: 1 de 1

PROTAGONISTA

"Temos que pegar nos doentes e aconchegá-los" Maria José Sousa celebra 25 anos de voluntariado ao serviço da Liga Portuguesa Contra o Cancro

Maria José Sousa foi homenageada pelo voluntariado com os doentes do IPO PORTO Há 25 anos, Maria José Sousa concretizou um sonho antigo: ser voluntária. Inscreveu-se na Liga Portuguesa Contra o Cancro, quando a vida lhe permitiu ter o tempo suficiente para se dedicar aos outros. Atualmente, acompanha os doentes do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e foi homenageada pelo seu trabalho. "Já tinha esta ideia [de ser voluntária] há muito tempo mas não avancei antes porque acho que se tem de ter tempo. Com os horários da faculdade [dos filhos] e o preparar das refeições, não era possível. Quando casaram, inscrevi-me", recorda Maria José Sousa, de 78 anos. A primeira tarefa de Maria José Sousa enquanto voluntária foi um peditó-

CV

• Idade: 78 anos • Lugar: Porto • Profissão: reformada e voluntária no IPO rio pela Baixa do Porto. "Arranjei uma maneira de toda a gente contribuir: fui às paragens. Um colega dizia que só as pombas é que não me davam", disse. No IPO, a voluntária começou por ficar na parte do acolhimento. Mais tarde, foi convidada para o hospital de dia. "Na altura, pensei que não tinha coragem, porque aquilo é um bocadinho dramático", confessa. Com os doentes, revela Maria José Sousa, há "duas coisas que não podem ser tema de conversa: religião e doença. Temos que pegar

neles e aconchegá-los. Uns entram em lágrimas, extremamente derrotados, desolados e desanimados. Às vezes, começamos a conversar pelo tempo ou pelo sol que está abater nas costas [do doente]. A pessoa vai-se abrindo e eu ouço", conta. De todos os pacientes que já acompanhou, Maria José Sousa recorda um que a marcou: "Era rapaz da idade do meu filho. Todo o bocadinho que tinha estava com ele. Vi-o diminuir até que ele foi para os paliativos. Um dia cheguei lá e já não estava". "Sou muito forte interiormente e uma mulher de grande fé. Raramente falto à missa. É no fim da missa que vou buscar aquela força e as palavras para o meu doente", referiu..m.s.


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