Avaliação em Contextos de Complexidade

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Entender e descrever o sistema global, incluindo os seus componentes e conexões Um “sistema” é comumente descrito como um grupo de subsistemas e componentes interativos, interdependentes e inter-relacionados que formam um todo complexo e unificado (Coffman, 2007). “No contexto da mudança de sistemas, «o sistema» é o conjunto de intervenientes, atividades e padrões que são direta ou indiretamente capazes de ter influência ou de ser afetados por um determinado problema ou situação” (Foster-Fishman, Nowell, e Yang, 2007, p. 198). Por exemplo, no contexto de uma iniciativa para a primeira infância, os resultados podem envolver agentes, atividades e padrões nos subsistemas da educação, da saúde, da família e comunidade e do serviço social. Cada um dos subsistemas tem os seus componentes próprios (por exemplo, na área da educação a puericultura, o pré-escolar, e escolaridade obrigatória, entre outros), e diferentes tipos de conexões entre as várias partes do sistema. Na avaliação de iniciativas de mudança em sistemas complexos, é importante saber como e porquê, diferentes componentes e subsistemas interagem (ou não) na produção dos resultados desejados. Isto significa que, para além da procura dos componentes também é dada atenção à forma como os componentes interagem e se influenciam, e como contribuem para o impacto geral da iniciativa. Isto permite que os avaliadores se concentrem na recolha de dados e atividades de interpretação de uma forma que reconhece como o sistema age e se comporta. Por isso, a compreensão e descrição do sistema, incluindo os componentes e ligações específicas, tanto quanto possível, é parte integrante de uma avaliação. Uma maneira de fazer isto é pensar em três camadas específicas. Eoyang e os seus colegas do Human Systems Dynamics Institute descrevem a avaliação como o estudo “da parte, do todo, e do «todo maior»”. É importante notar que o sistema de observação e dos seus componentes é uma atividade contínua pois os limites do sistema encontram-se em permanente mudança e evolução. Portanto, a avaliação terá que continuamente pesquisar o sistema procurando mudanças à medida que estas ocorrem. Uma ferramenta útil nestas circunstâncias é o “mapeamento de sistemas”3. O processo de mapeamento de sistemas ajuda a apreender e descrever os elementos (por exemplo, agentes e organizações), relacionamentos e a energia, dentro do sistema que está a ser avaliado. O mapeamento mostra o nível de complexidade e, juntamente com outras ferramentas (por exemplo, mapas de resultados, cronogramas, teoria da mudança, teoria da ação e análise das redes sociais), ajuda a identificar como e onde se deve concentrar uma avaliação. A criação de um mapa de sistemas é melhor feito em estreita colaboração com os stakeholders ou as partes interessadas. No entanto, como Brenda Zimmerman observa, “os mapas de sistema são uma ótima maneira de iniciar conversas e criar a consciência da dinâmica do sistema, no entanto, estes podem perder eficácia se as pessoas acreditarem que o mapa espelha a realidade. Estes também perdem valor, se as pessoas não se aperceberem que os mapas evoluem à medida que os intervenientes vão interagindo entre si” (comunicação pessoal). Assim, é importante rever o mapa do sistema de forma regular e, idealmente, conduzir entrevistas adicionais, para ver se reflete e como reflete a realidade. 3 O mapeamento de sistemas é um processo interativo e participativo de representar graficamente um sistema, incluindo os seus componentes e conexões. Alguns mapas de sistemas também mostram as conexões causais, bem como os padrões de influência, entre os vários componentes. Há cada vez mais ferramentas de tecnologia disponíveis para apoiar o mapeamento de sistemas (por exemplo, Kumu).

Avaliação em contextos de complexidade: propostas para melhorar práticas | Proposta II

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