PROJETO TRANSPREVENÇÃO

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Quase 400 transexuais e travestis foram acolhidas no projeto TransPrevenção O TransPrevenção chegou ao fim. Nos últimos dois anos o projeto, de iniciativa do Instituto Vida Nova, percorreu várias cidades no Estado de São Paulo e levou para aproximadamente 400 mulheres e homens transexuais e travestis conhecimento e reflexão sobre a mandala de prevenção do HIV, a promoção da saúde e os direitos sociais com foco nesta população. O projeto nasceu para acolher e minimizar os desafios que travestis e transexuais enfrentam diariamente. Após se perceberem de um gênero diferente do que lhes foi atribuído no nascimento, essas pessoas passam a enfrentar uma verdadeira luta para viverem sua identidade. Além do risco constante de serem vítimas de violências, elas são excluídas do mercado de trabalho, têm enorme dificuldade para acessar serviços de saúde, são hostilizadas e violentadas nas escolas e sofrem, frequentemente, com a incompreensão e a rejeição familiar. Em 2019, a transfobia fez pelo menos 124 vítimas no Brasil, contabilizando a média de uma morte de pessoas trans a cada três dias no País.

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TransPrevenção começou com rodas de conversas nas casas das participantes. Cada anfitriã recebia uma ajuda de custo e convidava outras amigas para um bate-papo com duas facilitadoras. A ideia era fazer com que elas se sentissem mais confortáveis e pudessem usar suas linguagens. Nos últimos meses, devido a pandemia do novo coronavírus, o projeto se reinventou e passou a promover rodas de conversas virtuais. A dinâmica era a mesma, o desafio foi fazer com que as informações entre pares chegassem ao maior número de pessoas. Roda de Conversa Domiciliar “Realizamos 71 rodas de conversas e a falta de informação sobre direitos básicos foi um dos assuntos mais discutidos. Muitas meninas não tinham ideia, por exemplo, de que o SUS oferece hormonização. Elas também estavam bastante preocupadas com o silicone industrial. A camisinha era um insumo conhecido entre elas, mas poucas sabiam sobre outras formas de prevenção", explicou Américo Nunes Neto, idealizador do projeto e fundador do Instituto Rua Prof. Assis Veloso, 226 – São Miguel Pta. – São Paulo – SP. CEP. 08021-470 Fone/Fax: 011 – 2297-1516 - E-mail: ividanova@uol.com.br – Site: www.ividanova.org.br CNPJ 03.855.787/0001-61 - Utilidade Pública Municipal Nº 51.971-2010 – COMAS Nº 994-2015


Vida Novas. Outro assunto em destaque foi o preconceito e o estigma que pessoas trans sofrem por viver com HIV. As próprias amigas usam termos pejorativos e o resultado é a discriminação. “Reforçamos o tempo todo que independentemente da sorologia para o HIV e outras ISTs, somos seres humanos e temos que ser respeitados.” Ele continua: “Sabemos que as pessoas trans estão entre as mais vulneráveis e marginalizadas quando o assunto é o enfrentamento a covid-19. É uma população que cotidianamente enfrenta estigmas e discriminação quando procura serviços de saúde. Constatamos essa realidade nas últimas rodas. Por isso, decidimos ampliar o objetivo inicial e começamos a acolher as nossas participantes com doação de cestas básicas e produtos de higiene”, contou o ativista. Segundo Américo, o projeto TransPrevenção conseguiu acessar a população trans de várias formas e contribuiu ao longo dos 24 meses para o fortalecimento de vínculos com os serviços de saúde, além de manter a integração com a ONG e outras instituições parceiras. Dados Ao sistematizar os dados sociometricos colhidos ao longo do projeto, os envolvidos nesta iniciativa chegaram à conclusão de que a falta de acesso à educação, à saúde e a direitos básicos contribuem cada vez mais para a marginalização destas pessoas. O grupo constatou que os maiores desafios à garantia do acesso universal ao SUS pela população trans são a discriminação nos serviços e equipamentos de saúde; o acolhimento inadequado; a qualificação dos profissionais; a ausência de política de atenção básica e inexistência de rede de saúde; e a escassez de recursos para o financiamento dos processos transexualizadores e de políticas de promoção da equidade e respeito às identidades de gênero trans. “Os serviços de saúde e proteção social estão distantes das realidades e necessidades desta população. O não acesso a saúde integral e a falta de humanização afasta as trans e travestis dos serviços”, finalizou.

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uando perguntadas se elas já sofreram algum tipo de violência, a maior parte respondeu que já sofreu violência física, psicológica, verbal e sexual. Sobre os sonhos, algumas disseram que gostariam apenas de ter um emprego formal, outras querem construir família, tem quem sonha em estudar, colocar silicone e ter muito dinheiro. Mas o que mais chamou atenção são as meninas que sonham em ser respeitas pelo que são, sem julgamentos. Aplicação da sociometria

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m dezembro de 2019 o TransPrevenção recebe o prêmio da A 16ª edição da Mostra Nacional de Experiências Bem-sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças Expoepi em Brasília. Da direita Dr. Wanderson de Oliveira, Secretário de Vigilância em Saúde / Américo Nunes, Coordenador do Projeto TransPrevenção

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rabalhar no TransPrevenção significou participar

de algo que acredito e me motiva, isso faz a diferença, o projeto me possibilitou meu amadurecimento pessoal e profissional, e uma visão mais clara e ampla das demandas ligadas ao trabalho de prevenção com a população trans, esse trabalho mexeu comigo e isso é bom. As lições aprendidas com o projeto são de que a população de travestis e transexuais precisam ser ouvidas, acolhidas de forma humana, sem julgamentos das suas vivências e práticas, que o estigma deve ser constantemente combatido, que o acesso à informação é um direito valiosíssimo, que a educação em saúde, a referência de pares e o reconhecimento da autonomia são fundamentais para um trabalho efetivo nesse segmento. Por fim, digo que os esforços baseados na equidade como diretriz norteadora, como da busca ativa e espaços confortáveis de troca com pares é o caminho", disse a assistente social Raphaela Fini, responsável técnica do projeto.

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Agente de Prevenção Soraya dos Santos também está bem contente com os resultados do projeto. “Aprendi muito no TransPrevenção. Ao lado de Raphaela Fini, tive a oportunidade de mostrar para algumas irmãs o que é prevenção, o que é ter apoio.

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Este projeto é sinônimo de aprendizado e ampliação. Não podemos viver apenas a margem das situações, temos que estar sempre presentes, nos precavendo de várias situações e aprendendo a viver de maneira saudável. Essa iniciativa alcançou várias irmãs e trouxe uma grande conjunção para quem não tinha informação. É um orgulho ter participado do TransPrevenção, só tenho a agradecer pela oportunidade de aprendizado e conhecimento.”

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osso projeto

chegou ao fim, mas o compromisso na luta pela garantia de uma política de saúde de qualidade, assistência social e proteção de direitos humanos para as pessoas trans e travestis continua. Roda de Conversa Domiciliar

Sabemos que os esforços para garantir os direitos humanos a população trans só funcionarão se o direito à vida e à saúde estiverem protegidos”, concluiu Américo. O projeto foi financiado pelo Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo e atuou em parceria com os serviços de IST/Aids dos municípios de São Paulo, Guarulhos, Suzano, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba e Diadema. São Paulo, 07 de agosto de 2020.

Apoio

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