A África por ela mesma: a perspectiva africana na História Geral da África (UNESCO)

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Em quase todos os casos, os movimentos nacionalistas e a política colonial correspondente foram conduzidos e dominados pelas novas elites educadas, que estavam em melhor situação para compreender a cultura política europeia e, portanto, para reagir de maneira competente aos regimes coloniais, de acordo com os termos desses mesmos regimes (Oloruntimehin, 2010, p. 666).

Este tipo de escrita da história, dominante na explicação das origens dos nacionalismos africanos, recupera, portanto, uma perspectiva mais individualista da abordagem do sujeito africano, recorrente quando se estudou a ação dos soberanos reformadores do século XIX. Trata-se de uma reorientação da escrita da história voltada para a ação das massas populares, que se fortificou na história da resistência africana ao colonialismo entre fins do século XIX e início do XX. Dessa forma, nessa história mais recente dos nacionalismos africanos, volta-se a destacar a importância do indivíduo como agente da transformação histórica. Isso é notável, por exemplo, nos estudos da primeira parte do Volume VIII, que tratam das independências nacionais africanas. Neste sentido, se enfatiza o papel central que as lideranças africanas e seus agrupamentos políticos tiveram na libertação de seus países. Os principaís nomes aí citados são os seguintes: K. Nkrumah (Gana), J. Nyerere (Tanzânia), G. al-Nasser (Egito), A. Sékou Touré (Guiné), M. Kadhaffi (Líbia), B. Bella (Argélia), A. Cabral (Guiné Bissau), H. Selassié (Etiópia), P. Lumumba (Congo), J. Kenyatta (Quênia), E. Mondlane (Moçambique), F. Houphouet Boigny (Nigéria). Nesta constelação ocupam lugar central, na HGA, três líderes africanos: Kwame Nkrumah, Gamal‘ Abd al-Nasser e Julius Nyerere. Esta centralidade se dá porque, além da referência às suas trajetórias, também são analisados, de forma resumida, aspectos dos seus pensamentos teóricos e políticos. Isto ocorre nos seguintes artigos do Volume VIII: Pan-africanismo e libertação (E. Kodjo e D. Chanaiwa);“Procurai primeiramente o reino político” (A. Mazrui); Construção da nação e evolução dos valores politicos (J. Ki- Zerbo, A. Mazrui e C. Wondji; em colaboração com A. Boahen); Construção da nação e evolução das estruturas politicas (J. Elaigwu; em colaboração com A. Mazrui);Tendências da filosofia e da ciência na África (A. Mazruiet. al.);O Panafricanismo e a integração regional (S. Asante, em colaboração com D. Chanaiwa). A partir de uma análise da trajetória destes (Nkrumah e Nyerere) e outros líderes africanos, E. Kodjo & D. Chanaiwa (Pan- africanismo e libertação, Volume VIII), por exemplo, mostram como o pan-africanismo, após 1935, conseguiu se manter, apesar das divergências internas, como um movimento político relevante para a conquista das 124


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