Comunicação de notícias difíceis: compartilhando desafios n atenção à saúde

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COMUNICAÇÃO DE NOTÍCIAS DIFÍCEIS: compartilhando desafios na atenção à saúde

articulações do projeto com a Política Nacional de Humanização e alguns desdobramentos concretos dessa iniciativa que surgem em sintonia com a política. Além disso, apresentam a proposta de um modelo reduzido para multiplicação das Oficinas de Comunicação de Notícias Difíceis em unidades de saúde que queiram disparar discussões em torno dos temas da clínica ampliada, da saúde do trabalhador e da gestão do trabalho, tendo como base situações concretas vividas no cotidiano dos serviços. Carlos Lugarinho nos traz seu artigo Reflexões sobre a Observação Impossível. Nele, o autor faz um breve relato sobre como se deu a sua aproximação com o projeto, como ocorreu sua inserção, para depois realizar uma articulação entre a função de observador com a do coordenador do grupo. Ele traça um paralelo entre a posição (lugar) assumida por ele na roda, que ele denomina oblíqua, com a posição (função) do observador. Essa obliquidade o leva a estabelecer uma forma de trabalho que oscila no grupo entre a intervenção e a não interferência. O autor ainda relata as diversas maneiras que ele encontra para abordar o tema da morte que, em suas palavras, não pode ser desvinculada da vida, apoiado pelo pensamento de Sándor Ferenczi, Edgar Morin, excertos de Susan Sontag e ilustrado pela ficção de Ana Hatherly. O artigo termina indicando que o lugar de observador paradoxalmente só se consolida se estiver “intimamente” desligado da função de observador, em uma ambiência constituída no balanço entre o ser singular e o ser coletivo. Fechando a Parte I, temos o artigo de Cristina S. Mizói, Fabiane Carvalhais Regis e Lilian Bertozo, Capacitação dos Profissionais do INCA para o Atendimento Humanizado ao Paciente Oncológico e Familiar no Centro de Simulação Realística Albert Einstein. As autoras apresentam fundamentos teóricos que embasam a utilização da simulação realística como ferramenta de aprendizado e treinamento. Fazem também um relato de como foram desenvolvidas as diversas simulações, especialmente para esse projeto, e ainda incluem depoimentos das supervisoras e das atrizes que participaram daquele evento. Na abertura da Parte II, que traça o Percurso dos Grupos temos o texto Da solidão profissional à interdisciplinaridade: a trajetória de um grupo Balint-Paidéia por Ana Perez Ayres de Mello Pacheco. Ela aborda a importância da construção de um enfoque interdisciplinar no trabalho de uma equipe de saúde. A autora nos conta como a solidão diante do trabalho relatada pelas diferentes categorias profissionais participantes do grupo foi, aos poucos, sendo minimizada, a partir do compartilhamento de afetos e saberes, o que apontou para o imenso valor da conversa como instrumento de promoção de saúde. O aumento da autopercepção e do autoconhecimento contribuíram para uma percepção mais ampla do lugar e do valor do trabalho de cada integrante da equipe. A redistribuição de saberes e responsabilidades, ao diminuir o isolamento de cada categoria profissional, apontaram para a interdisciplinaridade como um importante dispositivo de saúde, valorizando também o cuidado com o cuidador. Ana Perez evidencia, em seu relato, como um cuidador mais consciente de si acaba modificando também a sua relação com o outro, no caso, o paciente, trazendo este para um lugar de maior responsabilidade com o seu tratamento e maior implicação com a sua recuperação. Selma Eschenazi do Rosario traz o ensaio Atravessando Fronteiras: O valor da experimentação compartilhada para o ato de cuidar, em que o tema do cuidado aparece articulado com a questão da experimentação compartilhada que, para a autora, merece ser diferenciada do que se entende

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