Expedições Garbe: pai & filho

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Instituto Martius-Staden apresenta

16 de abril a 30 de agosto de 2019


Ernst Garbe nasceu em 1853, na cidade de Görlitz, Alemanha. Casou-se com Anna Garbe e, como fruto dessa união, em 1882, nasceu Walter Garbe na cidade de Leipzig, Alemanha. Ernst trabalhou por muitos anos para o famoso comerciante de animais selvagens Carl Hagenbeck (1844-1913), realizando expedições de caça. Entre elas, visitou o território brasileiro pela primeira vez, também em 1882. No ano de 1888, Ernst vem com sua família para o Brasil de forma permanente, estabelecendo sua primeira residência na cidade de Piracicaba, interior do estado de São Paulo. Em 1901, é contratado para trabalhar pelo Museu Paulista como naturalista-viajante, sendo convidado pessoalmente pelo então diretor da instituição, Hermann von Ihering (1850-1930). “Foi graças a Ernst Garbe que Hermann von Ihering, diretor do Museu Paulista, pôde reunir a melhor coleção zoológica da América do Sul na ocasião.” Andrea C. T. Wanderley Ernst Garbe, ao longo de duas décadas, realizou diversas expedições a serviço do museu, sendo um dos grandes responsáveis pelo inventário de recursos naturais que deram origem aos atuais acervos do Museu do Ipiranga e ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. Nessas expedições, Ernst sempre contou com a companhia de seu filho Walter Garbe, que, desde a infância, foi envolvido e influenciado pelas atividades de seu pai. A primeira grande viagem que realizaram juntos, entre 1901 e 1902, sob patrocínio do Museu Paulista, teve como objetivo a exploração do vale do Rio Juruá, no estado do Amazonas, e da região de Santarém, no Pará.

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Expedições Garbe: Pai & Filho


Em uma das viagens ao vale do Rio Doce, nos estados do Espírito Santo e de Minas Gerais, Walter registrou as práticas culturais e sociais do grupo indígena Botocudos em um conjunto de fotografias, trabalho esse que o imortalizou. “[...] o Sr. Ernst Garbe, naturalista-viajante do Museu, em companhia de seu filho Walter, fez valiosas coleções zoológicas nesta região [Rio Doce], desde a fronteira do estado de Minas até Linhares e na Lagoa Juparana. Naquela ocasião, estes viajantes não entraram em relações com os índios, mas, em compensação, o Sr. Walter Garbe, nos meses de março até maio de 1909, fez de novo várias excursões, com o propósito especial de visitar os Botocudos. Desde muitos anos não temos informações novas sobre estes indígenas e as seguintes observações mostram que foi muito conveniente preencher esta lacuna.” Ihering, revista Museu Paulista, 1911. Após o falecimento de seu pai, em 1925, Walter Garbe continuou fazendo viagens por boa parte do território brasileiro para coleta de material a serviço do Museu Paulista e, posteriormente, para o Instituto Butantan até 1963, quando faleceu aos 80 anos de idade. A família Garbe deixou um grande legado para a pesquisa científica e zoológica brasileira. A exposição “Expedições Garbe: pai & filho”, realizada pelo Instituto Martius-Staden, reúne fotos das diversas viagens da família Garbe pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Bahia ao longo de cinco décadas. Nessas empreitadas, Walter Garbe fotografou a natureza, caboclos nativos, trabalhadores rurais, paisagens das cidades e indígenas. São imagens extremamente intensas e de grande expressão, que apresentam diversos cenários raramente registrados na época.

Instituto Martius-Staden, 2019. Expedições Garbe: Pai & Filho

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naturalista, colecionador, taxidermista e estudioso

Ernst Garbe (1853-1925):

Ernst Garbe (1907) faz pose no jardim de sua residência, na Rua Vitória, no centro de São Paulo, preparado para nova saída a campo. Foto: B. Kloss.

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Walter Garbe (1882-1963):

colecionador, taxidermista e fotógrafo Walter Garbe durante seu aprendizado no Instituto Butantan, em São Paulo, em 1950.

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Criança Botocudos, 1909.

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Botocudos em família do Vale do Rio Doce, no Rio Pancas, 1909.

Casal de Botocudos, 1909, Vale do Rio Doce, no Rio Pancas. A mulher de saia fotografada morreu afogada ao nadar sem tirar a vestimenta. Expedições Garbe: Pai & Filho

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Homem tocando flauta com o nariz e mulher bebendo água do taquarussú. Aldeia nas proximidades do Rio Pancas, 1909.

Botocudos caçando. Vale do Rio Doce, no Rio Pancas, em 1909.

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Operários na construção da Adutora do Rio Claro, São Paulo, em 1929.

Transporte do carvão vegetal para Usina Siderúrgica mineira, alto Rio Doce, Minas Gerais, 1940. Expedições Garbe: Pai & Filho

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Pousando com o resultado de uma caçada; em pé, da esquerda para a direita, Dr. Olivério, Walter e Lima. Goiás, 1934. Expedições Garbe: Pai & Filho

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Família de caboclos em sua morada, sertão da Bahia, 1932.

Lima e Walter concentrados no trabalho, Fazenda Formiga, Goiás, 1934.

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1853

Ernst Garbe nasce em Görlitz, Alemanha.

1882

Walter Garbe, filho de Ernst e Anna Garbe, nasce em Leipzig, Alemanha.

1882

Ernst Garbe vem pela primeira vez ao Brasil, coleciona animais selvagens e os leva para Hamburg, Alemanha, a pedido de Carl Hagenbeck, famoso comerciante de animais e diretor do jardim zoológico Tierpark Hagenbeck, em Hamburg.

1888

Em 1888, Ernst Garbe vem para o Brasil com sua família e se estabelece permanentemente no estado de São Paulo.

1901

Ernst é contratado como naturalista-viajante pelo Museu Paulista. Entre 1901 e 1902, realiza uma expedição com seu filho Walter para o Rio Juruá, região do Amazonas, custeada pela instituição.

1905-1906

Primeiras expedições da família Garbe à região do baixo Vale do Rio Doce, nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Após essas viagens, Walter regressa à Alemanha para realizar um curso de Artes Fotográficas, em Dresden, no ano de 1907.

1909

Walter Garbe volta a Rio Doce em busca do grupo indígena dos Botocudos, onde reúne um vasto acervo de fotografias e peças etnográficas. Expedições Garbe: Pai & Filho

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1911-1913

Diversas publicações tratam das expedições Garbe. Hermann von Ihering publica, na revista Museu Paulista, o artigo “Os Botocudos do Rio Doce”, em 1911. No ano de 1913, a primeira página do notável jornal Correio Paulistano estampa uma matéria sobre o trabalho de Ernst Garbe.

1915

Ernst realiza expedição para o Rio Uruguai, no Rio Grande do Sul, e para o Rio da Prata.

1920-1921

Última expedição de Ernst com seu filho Walter para a Amazônia (Santarém-Pará). O material coletado durante a viagem é composto principalmente por aves e borboletas.

1925

1932-1937

1940-1957

1963

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Ernst Garbe falece em São Paulo. Ele colecionou para o Museu Paulista enorme quantidade de mamíferos, aves, ofídios, répteis, batráquios, aracnídeos, crustáceos, lepidópteros, insetos e peixes. Na década de 1930, Walter realiza expedições para o sul da Bahia e Goiás. Além disso, em 1937, realiza um levantamento fotográfico para a emissora da Estrada de Ferro Sorocabana, entre Osasco e o Porto de Santos. Participa da expedição Bandeira Anhanguera, em Goiás e Mato Grosso, organizada por Taunay, diretor do Museu Paulista. Walter Garbe realiza diversas expedições ao sul de Goiás. Em 1940, a Universidade de Harvard encomenda um exemplar da Columbina cyanopis, a pomba de olhos azuis (rolinha-do-planalto), e Walter recebe a incumbência de encontrá-la. Walter falece em São Paulo aos 80 anos de idade, ainda realizando trabalhos pontuais para o Instituto Butantan e como um exímio colecionador de fotografias e objetos coletados durante as expedições realizadas em vida. Expedições Garbe: Pai & Filho



Agradecimentos: Bruno e Eliane Garbe


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