Rotas de Criação e Transformação: Narrativas de origem dos Povos Indígenas do Rio Negro

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ARQUEOLOGIA RUPESTRE NO BAIXO RIO NEGRO

ocupações cerâmicas e pré-cerâmicas da sua região de estudo (Pereira 2003) configurando-se num estudo arqueológico isolado e sem contexto como ocorre com a maior parte das gravuras rupestres no Brasil. O estudo de Corrêa (1994) se concentrou em gravuras rupestres na área de impacto direto do lago da Usina Hidroelétrica de Balbina (Presidente Figueiredo, Amazonas) onde foram localizados 22 sítios rupestres na bacia do rio Uatumã. Na década de 1980, Ribeiro (1985, 1986, 1987) executou um grande levantamento de pinturas e gravuras rupestres de sítios ameaçados por depredação no entorno da capital de Roraima e em algumas bacias próximas. Os estudos de Miranda e de Ribeiro definiram estilos de fenômenos gráficos diferentes para suas respectivas áreas de pesquisa assinalando indícios de diversidade cultural nas manifestações gráficas. Com referência a dados cronológicos somente a escavação de Mentz Ribeiro no sítio Pedra Pintada, um abrigo com pinturas na terra indígena São Marcos em Roraima, permitiu o estabelecimento de uma datação absoluta de 4.000 anos a.p. para um nível com muito material corante (hematita e hematita processada – pigmento), mas, sem relação clara com os grafismos (Pereira 2003). Na porção oriental da Amazônia brasileira, a investigação dos registros rupestres tem avançado graças aos trabalhos de Edithe Pereira. Esta pesquisadora obteve importantes resultados na sistematização arqueológica de diversos conjuntos gráficos rupestres ao longo de mais de 20 anos de pesquisas dentro das fronteiras do Pará, Tocantins, Maranhão e Amapá (Pereira 1990, 1996 e 2003). Observa-se que este tipo de trabalho, um inventário sistemático de grandes proporções, é a base de dados ideal para se proceder ao trabalho analítico onde diferentes estilos de registros são classificados e geograficamente situados. Na porção ocidental da Amazônia brasileira, no entanto, tal abordagem sistemática ainda está em fase inicial. Com relação ao rio Negro em território brasileiro, Heckenberger (1997) prospectou a bacia do rio Jaú, um tributário do rio Negro em seu baixo curso, assinalando a ocorrência de diversos sítios cerâmicos e de pelo menos três conjuntos de gravuras rupestres entre o sítio pré-colonial e histórico da cidade de Velho Airão e o baixo rio Jaú. Mais recentemente, Valle (2006 e 2007) com apoio da Fundação Vitória Amazônica (FVA) retornou a área do rio Jaú em duas ocasiões, visitando os sítios assinalados por Heckenberger e se estendendo até o rio Unini. Foi possível assim, adotar uma metodologia específica da pesquisa com registro rupestre procedendo inicialmente à localização georeferenciada e documentação fotográfica sistemática das gravuras na área. Resultando, desta forma, na identificação de três sítios rupestres no rio Jaú, dois sítios rupestres no rio Unini e mais dois no rio Negro. 107


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