O IMPACTO DE COMUNIDADES EMIGRANTES NAS EXPORTAÇÕES

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Estudo sobre o impacto de Comunidades Emigrantes nas exportações e soluções estratégicas para Bragança

rede lusa ESTUDO SOBRE O IMPACTO DE COMUNIDADES EMIGRANTES NAS EXPORTAÇÕES E SOLUÇÕES ESTRATÉGICAS PARA BRAGANÇA

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Indice geral.

00 01 02

2

Enquadramento

5

Internacionalização da economia portuguesa

6

Portugal no contexto do Comércio Internacional

6

Dinâmicas de exportação e internacionalização das empresas

9

Perfil exportador as empresas nacionais

10

O perfil exportador da Região Norte

13

O perfil exportador de Trás-os-Montes

17

O perfil exportador das empresas de Bragança

18


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03 04

Diáspora Portuguesa

20

As diásporas e a globalização

22

Distribuição dos emigrantes portugueses pelo mundo

24

O mercado “da saudade”

26

Potencial das comunidades emigrantes na internacionalização

30

O processo de internacionalização

30

Motivações e obstáculos da internacionalização

31

Estratégias de entrada em mercados internacionais

32

O papel da diáspora na internacionalização

35

O papel da diáspora em mercados estratégicos

36

O papel da diáspora de Bragança

05

A Comunidade Portuguesa no estrangeiro, um ativo na Promoção Externa – Proposta de estratégia para vencer nos mercados estratégicos

43

Considerações finais

48

Bibliografia

50

Webgrafia

51

41 3


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Abreviaturas.

DGACCP - Direção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas

INE - Instituto Nacional de Estatística

APD - Associação Portuguesa de Demografia

NUTS - Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins estatísticos (versão 2013)

AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal

OPEP - Organização dos Países Produtores de Petróleo

BdP - Banco de Portugal

PALOP - Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa

CCDRN - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte

PIB - Produto interno bruto

EFTA - Associação Europeia de Livre Comércio EUA - Estados Unidos da América

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PME - Pequenas e Médias Empresas UE - União Europeia VAB - valor acrescentado bruto


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Enquadramento

O presente Estudo sobre o impacto das Comunidades Emigrantes nas exportações e soluções estratégicas para Bragança tem como objetivo a recolha de informação junto das comunidades portuguesas e de stakeholders, no sentido de obter informações detalhadas sobre o seu consumo, para que o esfoço de incremento das exportações responda às necessidades da procura. Pretende-se de igual forma, identificar os canais de distribuição de bens, na base das relações comerciais a estabelecer com essas mesmas comunidades, potenciando deste modo as exportações da região. O estudo contempla informação e estatísticas referentes ao impacto que as comunidades emigrantes têm, ou podem ter, sobre o setor das exportações e em que medida as empresas podem tirar vantagem do mercado.

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Internacionalização da economia portuguesa

para o mercado externo, fora da UE, derivado da atual conjuntura do comércio internacional. Exportações (€) de bens por Localização geográfica (NUTS - 2013), segundo o Tipo de comércio

Portugal no contexto do Comércio Internacional

2018 2017 2016 Portugal Continente Portugal Continente Portugal Continente

Tipo de comércio Comércio internacional

57.806

55.081

55.018

52.355

50.039

47.609

Comércio INTRA-UE

43.999

42.266

40.790

39.1106

37.590

35.959

Comércio EXTRA-UE

13.806

12.815

14.227

13.244

12.449

11.649

Fonte: INE 2019

No comércio Mundial de Bens em 2018, Portugal ocupa o 44ª posição nas exportações com uma quota de 0,36%, do lado das importações ocupa a 40ª posição com uma quota de 0,40%, referente ao ano de 2018. Quanto ao ambiente de negócios, segundo o “Doing Business Report 2019” que avalia a facilidade em fazer negócios em 190 países, Portugal situa-se na 34ª posição do ranking. Quanto ao grau de competitividade ocupa também a 34ª posição em 140 países avaliados, segundo o Global Competitiveness Index 2018. Analisando os dados do INE dos três últimos anos, com informação provisória relativa a 2018, observam-se as exportações(€) de bens para o Continente e para Portugal, e foca-se o detalhe no tipo de comércio, Intra-UE, Extra-UE e na sua totalidade. Verifica-se uma evolução positiva das exportações de Portugal, na União Europeia, um ligeiro abrandamento na evolução internacional, representativa do total das exportações e um decréscimo ligeiro nas exportações

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Indicam-se em seguida as exportações totais de bens M€ (milhões de euros) por localização, com origem em Portugal em 2018, que representam um total de 57 807 M€. Com o comércio interno, no mercado único da UE a valer 44 000 M€ e o comércio externo a valer menos de um terço deste último, com 13 807 M€. Exportações totais de bens por localização (M€) M€ 0 Mundo Intra União Europeia Extra União Europeia EFTA OPEP PALOP França Reino Unido Estado Unidos

Fonte: INE 2019

10000 20000

30000

40000

50000

60000


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É o comércio intracomunitário que tem apresentado um crescimento mais acentuado.

Principais clientes e fornecedores de Portugal, em 2018 (quota %)

Evolução das Exportações de Bens (M€) no Continente segundo o tipo de comércio França M€ 60000

Alemanha

50000 Comércio internacional

40000

Comércio INTRA-UE

30000

Espanha

Comércio EXTRA-UE

20000

0%

10000 0 2016

2017

2018

Fonte: INE 2019

Os principais clientes e fornecedores que Portugal tem comum no comércio bilateral são, nos três primeiros lugares, a Espanha com destino de 25,3% das exportações portuguesas, seguido de França com 12,7% e Alemanha com 11,5%. Seguem-se o Reino Unido 6,3% e EUA com 5%. No sentido das importações encontram-se também a Itália e os Países Baixos em que cada um dos países representa 5%.

10%

20%

30%

40%

Fonte: INE 2019

Segundo o Banco de Portugal (BdP) nos últimos anos a representatividade do comércio de serviços tem vindo a aumentar e representa mais de um terço das exportações totais (bens e serviços). O turismo permanece o maior sector do comércio de serviços, representando 45% das exportações e 28% das importações, mas desde o início do milénio que os outros sectores têm ganho relevância.

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Estrutura das Exportações de serviços (%) em 2016

13,5% 17,1%

Viagens e turismo

48,3%

Transportes 21,1%

Outros serviços fornecidos por empresas Outros serviços

Fonte: Bdp

Após análise da balança comercial de bens e de serviços, observa-se que o saldo da balança comercial de bens é negativo com um valor de -17 075 M€, apresentando um coeficiente de cobertura de 77,2%, o que contrasta com o saldo da balança comercial de serviços, positivo, com valores de 16 718,1 M€ e com um amplo coeficiente de cobertura de 207,6%. Balança Comercial de Bens (M€) 69 689 61 424 50 039

Balança Comercial de Serviços (M€)

75 033 57 958

26 725

30 270

32 249

14 651

15 530

55 018 13 263 17075 M€

2016

20172

Exportação

Fonte: INE 2019

8

018 Importação

16718 M€ 2016

20172

Exportação

018 Importação

Os setores mais representativos em Bragança e nas Terras de Trás-os-Montes são a Indústria transformadora seguida do Comércio a grosso e retalho. Contudo, devido à essência e objetivo deste estudo, elementos históricos da região comprovam e relatam a natureza rural sustentada no setor primário. O que leva adiante a destacar a importância da abordagem à evolução das exportações na fileira agroalimentar em Portugal. Em 2018 as exportações da fileira agroalimentar foram aproximadamente 6,5 mil milhões de euros, o que representou 11,3% das exportações totais em Portugal. Os produtos agrícolas são os mais exportados, quando comparados com os produtos alimentares. Entre 2010 e 2018 as exportações do setor da indústria agroalimentar e das bebidas, aumentaram 58%, segundo o INE. Esta evolução mantém-se constante desde 2014 e reflete um aumento significativo no reconhecimento dos produtos portugueses no mercado externo. Dentro da fileira, os produtos mais exportados são o vinho e o azeite, seguidos pela padaria, pastelaria, frutas frescas, moluscos e peixe congelado. Por outro lado, os produtos com maior importação são os produtos agrícolas, para os quais o país não é autossuficiente e tem muito espaço para crescer.


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Dinâmicas de exportação e internacionalização das empresas As exportações continuam a aumentar, com um crescimento de 7,8% em 2017, embora com algum abrandamento, as previsões de crescimento mantêmse para os próximos anos, segundo projeções do BdP. A dinâmica e a intensidade exportadora atual tem presenciado uma diversificação nos setores de exportação, nomeadamente através dos plásticos e borrachas, mobiliário, veículos e outros equipamentos de transporte, metais comuns, entre outros. A representatividade dos serviços no comércio internacional tem aumentado também nos últimos anos, devido principalmente ao crescimento das Viagens e turismo, que em 2016, segundo o Banco de Portugal, representou quase metade das exportações de serviços. A heterogeneidade das empresas, tal como noutros países, é grande. Segundo Amador, J. et al (2018), e considerando o comércio internacional de serviços em empresas não turísticas em Portugal, a maior parte, 44,6% tem atividade bilateral, em ambos os sentidos, enquanto que as empresas com fluxos unidirecionais, só importadoras ou só exportadoras tem proporções muito menores, com 27,5% e 28%.

O perfil das empresas que recorre à exportação como forma de iniciar o processo de internacionalização, também está a mudar. Atualmente as empresas de micro ou pequena dimensão, através de processos disruptivos ou recorrendo à inovação contínua e através do melhor acesso a programas de apoio, começam a emergir nos mercados. A internacionalização de uma empresa é um processo que leva anos a ser preparado, testado e implementado. Mesmo as empresas mais experientes e com maior antiguidade no mercado estão permanentemente sob prova, porque dificilmente podem controlar fatores externos em meios de tão grande complexidade. No entanto quando se detém a informação e o conhecimento completo do mercado pretendido existem formas e modos de entrada que minimizam os potenciais riscos inicialmente. Em Portugal o processo de internacionalização mais comum, para empresas de menor dimensão e experiência, inicia-se com a exportação. Esta pode ocorrer de forma pontual ou regular, sendo uma forma atrativa, de baixo risco e que permite obeter conhecimento sobre o mercado de destino. Ocorre muitas vezes em mercados externos, a empresa pouco experiente, necessitar de recorrer a um agente ou intermediário que trata de procedimentos burocráticos e financeiros, o que permite superar algumas das barreiras existentes.

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Outra forma de iniciar a internacionalização ocorre através da procura de oportunidades de negócio, com o objetivo de criar parcerias ou alianças, ou mesmo a criação/integração de clusters noutros mercados. No caso de serem criadas condições para efetivar a internacionalização, esta pode ser concretizada pelo investimento direto, com aquisição de participação em empresas estrangeiras ou abertura de filial no mercado alvo. Segue-se um exemplo comum, em duas etapas:

Exportação

Intermediário ou Representante

Grossista Retalho

Retalho

Através da integração da inovação em todas as áreas da cadeia de valor da empresa, são obtidos melhores resultados e segundo os especialistas, a empresa pode exportar até seis vezes mais e potenciar os lucros até oito vezes mais. Os resultados na produtividade também são óbvios. Será determinante a capacidade atual de imersão na indústria 4.0 através da utilização de bigdata e de táticas adequadas à estrutura e objetivos das empresas para tornar sustentável esta nova dinâmica exportadora.

Cliente final

Cliente final

ou: Retalho

Perfil exportador das empresas nacionais

Exportação Cliente final

Esta dinâmica exportadora está em consolidação e o aumento das exportações deve-se a vários fatores: Inovação; medidas de apoio à internacionalização; melhoria no acesso ao crédito; inclusão da indústria 4.0.

O tecido empresarial de Portugal é constituído por 1 242 693 empresas, dados de 2017, das quais 5,4% pertencem à indústria transformadora, (e realizam 24% do volume de negócios) segundo o INE. Os setores de atividade e os trabalhadores que incluem estão distribuídos do modo apresentado no quadro seguinte: Trabalhadores por conta de outrem e setor de atividade (2016)

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Setor de Atividade

%

Setor primário

2%

Setor secundário

31.5%

Setor terciário

66.5%


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Em 2017 o total das empresas é distribuído do seguinte modo: Empresas individuais

Sociedades

Pessoas ao serviço

Volume de negócios

857 725

402 711

3 985 479

397 694 M€

+ 3,9%

+ 3,7%

+ 4,9%

+ 8,7%

Fonte: INE 2019

No total das empresas é de realçar que as empresas não financeiras representaram 93,4% do volume de negócios e 88,9% do VAB (valor acrescentado bruto) do setor empresarial do país, enquanto que as empresas do sector financeiro perderam peso na economia, representando apenas 6,6% em volume de negócios e 11,1% do VAB. As sociedades tiveram um acréscimo de 8,5% em número de nascimentos e na taxa de sobrevivência a um ano, 91,8%, muito superior à taxa das empresas individuais. O setor com a taxa de natalidade mais elevada foi a Construção e Atividades Imobiliárias com 11%, seguido por Outros serviços com 10,6%, pela Agricultura e pescas com 9,6%. Os setores da Industria, da Energia e da Água voltaram a ter a taxa mais baixa. Setorialmente foi a Agricultura e pescas que registou a maior taxa de sobrevivência (92,5%), dados do INE. O setor de atividade que apresentou maior crescimento em 2017, foi o Alojamento e restauração, apresentando aumentos de 18,6% em volume de negócios e 23,1% em VAB.

No contexto nacional e numa tendência idêntica (ao total das sociedades não financeiras) as sociedades com perfil exportador apresentaram crescimentos na generalidade dos indicadores económicos. Em 2017 houve um acréscimo de 4,4% de sociedades com perfil exportador em relação ao ano anterior, o que fundamenta a importância da exportação para a economia. Na caraterização de uma empresa e consoante o seu objetivo, é possível determinar o seu perfil em função do contexto em análise. Assim, em relação ao perfil exportador de uma empresa, este pode ser determinado segundo alguns critérios previamente considerados. São referência, o INE-Instituto Nacional de Estatística e o Banco de Portugal nas regras que consideram, nos quais uma empresa tem perfil exportador quando cumpre um dos seguintes critérios: a) Ter pelo menos 50% do volume de negócios proveniente da exportação de bens ou serviços; b) Ter pelo menos 10% do volume de negócios resultante da exportação e o valor correspondente é superior a 150 mil euros. Em Portugal as empresas exportadoras representam uma pequena parte do total das empresas, no entanto segundo o INE e considerando apenas as empresas não financeiras, estas são responsáveis por 43% do PIB.

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Em 2017 existiam em Portugal 394.967 empresas e apenas 6,3% tinham a sua atividade predominantemente virada para os mercados externos, mais 4,4% que no ano anterior. Sendo as empresas exportadoras responsáveis por 34,9% do volume de negócios da totalidade das empresas e por 23% da mão-de-obra, tratam-se sem dúvidas de dados relevantes para o crescimento de 2,8% da economia, com uma contribuição significativa das exportações. Segundo a dimensão da empresa (Informa D&B), são as micro empresas que exportam em maior número absoluto, no entanto tem baixo perfil exportador, representando 9,3% das empresas exportadoras. Em contraste, 57,5% das grandes sociedades, vendem para mercados externos. Ao nível da sua localização, 44% das exportadoras concentram-se na região norte do país e 57% atuam nas industrias transformadoras.

Principais Produtos Exportados

0%

10%1

5%

20%

Máquinas/aparelhos Veículos e... Metais comuns Plásticos e borrachas Combustiveis minerais

Fonte: INE 2019 Principais Produtos Importados

As quotas (%) dos principais produtos comercializados por Portugal em 2018 apresentam-se em seguida.

0%

Máquinas/aparelhos Veículos e... Combustiveis minerais Agrícolas Químicos

Fonte: INE 2019

12

5%

5%

10%

15%

20%


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Deste modo, conclui-se que a produção de bens em Portugal tem margem de crescimento, até porque idealmente será obtenção de uma condição de autosuficiência.

O perfil exportador da Região Norte Na análise das empresas nacionais relativamente a cada NUTS (1), é importante identificar quais os setores de atividade mais relevantes. Deste modo, inicia-se com uma sequência de dados em função do volume de negócios que cada setor representa.

Quadro – Volume de Negócios das Empresas não financeiras 2017 (milhares €) Continente

Norte

361 765 785

106 595 283

Agricultura, animais, caça, silvicultura e pesca

6 676 708

1 094 016

Industrias extrativas

1 049 271

175 692

Industrias transformadoras

89 226 739

35 485 548

Eletricidade, gás e água

20 910 370

1 801 708

Extração e tratamento águas

3 435 014

1 064 382

Construção

18 705 426

7 641 294

Comércio por grosso e retalho

133 431 122

40 083 213

Transporte e armazenagem

19 639 064

3 831 282

Alojamento/restauração

12 740 147

2 881 533

Tecnologias Informação e Comunicação

12 334 138

1 613 699

Imobiliário

6 898 337

1 727 029

Consultoria técnica e científica

12 135 296

2 830 349

Administrativos e serviços apoio

12 076 708

2 702 280

Educação

1 512 815

408 866

Saúde e Apoio social

7 030 537

2 155 133

Cultura, artes e desporto

2 400 715

644 017

Outros serviços

1 563 379

455 188

Setores atividade / total

Fonte: www.pordata.pt

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Numa análise geral, destaca-se o setor do Comércio por grosso e retalho como o mais representativo a nível nacional, seguido das Indústrias transformadoras. Para a região Norte os setores de atividade mais representativos são os mesmos, por ordem de importância: o Comércio por grosso e retalho seguido das Indústrias transformadoras e da Construção. Relativamente à NUTS II, a região Norte do país tem o primeiro lugar no ranking, as Indústrias transformadoras. No setor Agricultura, animais, caça, silvicultura e pescas é a região Centro que se destaca com grande vantagem na NUTS II. A área metropolitana de Lisboa ocupa o primeiro lugar do ranking em maior volume de negócios nos restantes setores, com exceção da Indústria extrativa. Segundo a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte-CCDRN, durante os anos 2014 a 2016 as exportações da região do Norte cresceram mais que o total nacional, sucedendo o mesmo para as importações, daí que a importância relativa para a região Norte tenha diminuído ligeiramente em 2017, depois de atingir máximos históricos em 2016. As empresas com sede no Norte foram as responsáveis por 40% do valor total das exportações de bens, em 2017, enquanto que a referência país atingiu os 28%. Estes valores reforçam a orientação exportadora e o grau de abertura da economia na região do Norte. Destaca-se também o contributo para 9,7% do PIB do comércio internacional de bens das empresas do Norte em 2017.

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É interessante referir o efeito das taxas de variação nas exportações de bens pelas empresas do Norte. O crescimento de 7,5% em volume em 2016, apresentou uma ligeira redução, quando comparado com um crescimento de 6,1% em 2017. Já o crescimento em valor mantém-se crescente desde 2014. Exportações de bens por empresa da região Norte (taxas de variação)

10,0% 8,0%

em valor

6,0% em volume

4,0%

preço (valor unitário)

2,0% 0,0% -2,0%

2013

2014

2015

2016

2017 p.

Fonte: CCDRN

No que se refere ao tipo de produto, a especialização internacional do Norte destaca-se nas fileiras do têxtil, vestuário e automóvel. Analisando as exportações da região por grupo de produto, observa-se que mais de metade das exportações em 2017 referem-se a estas três fileiras, com 18,7% relativos ao têxtil e vestuário, 17,4% relativos aos produtos automóvel e 14% referente às máquinas, aparelhos e material elétrico.


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Em seguida aparecem três categorias de produtos que representam entre 8,9% e 8,5% do total das exportações do Norte em 2017: a fileira florestal, o calçado e couro e os metais comuns. Ao acrescentar a fileira Plásticos com 4,1% do total, identificam-se mais de quatro quintos das exportações desta região. Comércio Internacional de bens em empresas da região Norte – Exportações M€ 4 500

Têxteis e vestuário

4 000

Fileira automóvel

3 500

Máquinas/aparelhos; mat. elétrico

3 000

Produtos fileira florestal Calçado e couro

2 500 2 000

Metais comuns

1 500

Plásticos

1 000

Bebidas, liq. alcoólicos e vinagre Peixes, crustáceos e moluscos

500 0

2013

2014

2015

2016

2017

Fonte: CCDRN

Na classificação de produto existem 15 categorias nesta nomenclatura, no gráfico apresentado enumeram-se os primeiros da lista, devem-se considerar ainda: -Instrumentos de ótica, fotografia, de medida, precisão e médico-cirúrgicos;

-Vidro; -Metais preciosos, joalharia, ourivesaria, bijutaria; -Bicicletas, partes e acessórios; -Produtos farmacêuticos; -Mobiliário (exceto de madeira), sommiers e colchões; -Outros produtos. É de referir que a exportação de combustíveis a partir da região Norte, não é considerado devido ao critério de classificação que utiliza a sede das empresas para atribuição das transações internacionais. Isto é, mesmo que se realize a exportação na região Norte (neste caso), se a diretiva tiver origem numa empresa cuja sede esteja fora da região em estudo, este contributo não é considerado. No comércio internacional a participação das empresas do Norte geram mais excedentes em cinco categorias de produto: têxteis e vestuário, fileira automóvel, florestal, calçado e couro, e bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres. Relativamente aos concelhos mais exportadores da região norte, em primeiro lugar mantém-se Vila Nova de Famalicão e em segundo o concelho de Maia. Na lista 10 dos concelhos mais exportadores, seis localizam-se no Norte. Destacando Braga como o município que mais reforçou o seu peso relativo, com uma evolução de 5,4% para 6,8%. Entre 2016 e 2017, identificam-se nove concelhos que reforçaram a sua posição como mais exportadores, por ordem de importância:

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Maia, Braga, Matosinhos, Barcelos, Vila do Conde, Bragança, Vila Nova de Cerveira, Trofa e Gondomar. Relativamente ao comércio internacional do Norte, observa-se que é um comércio de relativa proximidade, como comprovam os dados relativos aos mercados destino das exportações bem como nos mercados origem das importações. Além disso, este tipo de comércio concentra-se em poucos mercados. Destaque-se que é o transporte rodoviário que assegura a maior parte deste comércio, com 77,3% dos movimentos, com o transporte marítimo a representar apenas 17,8% do total, com a dominância das empresas portuguesas a laborar neste mercado e que mais à frente neste trabalho serão referidas. No que respeita ao transporte aéreo, este representa apenas 4,5% nas exportações. Conforme o gráfico seguinte, os principais mercados destino das exportações da região Norte são: Espanha com 25,8% do total, França 16,2% e Alemanha com 11,4%, seguidos pelo Reino Unido, Países Baixos e Itália. Por outro lado as importações concentram um menor grupo de países, com Espanha 35,1% e Alemanha 12,7% a representarem quase metade do total. No ranking dos dez países de origem das importações da região Norte identificam-se a China com 4,3%, Índia 2,2% e por último a Turquia com 1,7%. De referir que no período em análise a China foi o país cujo masi mais se reforçou, passando de 3,8% para os referidos 4,3%.

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Principais mercados das exportações/importações da região Norte (% do total)

0%

10%

20%

30%

40%

Espanha França Alemanha Exportações Reino Unido

Importações

EUA Países Baixos Itália

Fonte: INE 2019

Conclui-se que o comércio internacional na região Norte de Portugal tem evoluído favoravelmente, reforçando o perfil exportador da economia regional. No entanto e contrariamente ao que ocorreu nos cinco anos anteriores a 2017, a economia do Norte não cresceu mais que o total do comércio mundial. Estando previsto alguma instabilidade no desempenho a curto prazo, como sugerem os dados preliminares do relatório “Empresas de Portugal” do INE, num contexto de fraco crescimento do comércio mundial, baseado na envolvente externa de conflitos comerciais entre potências, o ‘Brexit’, etc.


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O perfil exportador de Trás-os-Montes Na NUTS III, de Trás-os-Montes, foram identificadas 19013 empresas em 2017, apenas uma é grande empresa, 99 microempresas e as restantes são pequenas e médias empresas. Quanto à forma jurídica 17% do total são sociedades. Considerando as empresas não financeiras, estas totalizaram um volume de negócios de 1 948 493 mil euros e empregavam 29 917 pessoas. A forma de internacionalização que prevalece é a exportação.

Quadro – Volume de Negócios das Empresas não financeiras 2017 (milhares €) Norte

Trás-os-Montes

Setores atividade / total

106 595 283

1 948 493

Agricultura, animais, caça, silvicultura e pesca

1 094 016

69 270

Industrias extrativas

175 692

-

Industrias transformadoras

35 485 548

832 130

Eletricidade, gás e água

1 801 708

17 625

Extração e tratamento águas

1 064 382

63 832

Construção

7 641 294

91 701

Comércio por grosso e retalho

40 083 213

644 926

Transporte e armazenagem

3 831 282

-

Alojamento/restauração

2 881 533

56 286

Tecnologias Informação e Comunicação

1 613 699

3 579

Imobiliário

1 727 029

14 601

Consultoria técnica e científica

2 830 349

22 891

Administrativos e serviços apoio

2 702 280

11 030

Educação

408 866

6 664

Saúde e Apoio social

2 155 133

38 503

Cultura, artes e desporto

644 017

10 056

Outros serviços

455 188

9 290

Fonte: INE; “-” valores não disponíveis

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Relativamente ao comércio internacional em Trás-osMontes, também este é um comércio de proximidade com os mercados vizinhos, como comprovam os dados relativos aos mercados destino das exportações bem como os mercados origem das importações. É um comércio concentrado em poucos mercados. Concluindo, esta NUTS com densidade populacional mais baixa relativamente a Bragança, aufere das mesmas características exportadoras.

O perfil exportador das empresas de Bragança No concelho de Bragança foram identificadas 5 571 empresas em 2017, uma do total é grande empresa, 98 microempresas e as restantes são pequenas ou médias empresas. Quanto à forma jurídica 20% do total são sociedades. Considerando as empresas não financeiras, estas totalizaram um volume de negócios de 1 149 536 mil euros e empregavam 10 013 pessoas. Destas 31 empresas possuem atividade internacional, mas com baixo perfil exportador. A exportação é a forma de internacionalização utilizada pela maioria destas empresas, à exceção da empresa “Faurecia” única grande empresa estabelecida no concelho.

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Como se observa no quadro seguinte, o diferencial entre o concelho e o distrito de Bragança refere-se a apenas 36.268 milhares de euros. No entanto importa referir a relatividade dos valores totais, pelo facto da empresa “Faurecia” pertencente a um grupo francês, contribuir maioritariamente para as exportações, e ter registado um aumento de 100% nas exportações nos últimos três anos, no seguimento dos mais recentes investimentos desenvolvidos. Comércio internacional de Bens e comparação com as respetivas NUTS Comércio internacional 2018

Concelho Bragança

Terras de Trás-osMontes

Norte

Distrito Bragança

Exportações (M€)

706.721

739.855

22.672.650

742.898

Importações (M€)

634.436

689.937

17.205.809

698.439

Fonte: INE 2019

A balança comercial comparada, das agregações geográficas expostas permite concluir um saldo constantemente positivo, contrariando os valores apresentados para Portugal, em que a balança comercial se apresenta negativa em 17.075 M€ conforme mostrado anteriormente.


Estudo sobre o impacto de Comunidades Emigrantes nas exportações e soluções estratégicas para Bragança

Quanto ao setor de atividade, são as Indústrias transformadoras que representam o maior volume de negócios nas NUTS referidas, seguido pelo Comércio por grosso e retalho. Uma vez mais não se encontram disponíveis todos os valores no quadro. Alguns são inexistentes, como é o caso das Indústrias extrativas.

Num universo total de 5571 empresas, em 2017 foram identificadas 27 que internacionalizaram através da comercialização dos seus produtos, este número aumentou para 31 no ano seguinte. A quase totalidade apresenta baixo perfil exportador.

Quadro – Volume de Negócios das Empresas não financeiras 2017 (milhares €) Trás-os-Montes

Bragança

Setores atividade / total

1 948 493

1 149 536

Agricultura, animais, caça, silvicultura e pesca

69 270

12 893

Industrias extrativas

-

-

Industrias transformadoras

832 130

731 849

Eletricidade, gás e água

17 625

-

Extração e tratamento águas

63 832

-

Construção

91 701

45 443

Comércio por grosso e retalho

644 926

258 200

Transporte e armazenagem

-

21 167

Alojamento/restauração

56 286

26 777

Tecnologias Informação e Comunicação

3 579

2 028

Imobiliário

14 601

12 935

Consultoria técnica e científica

22 891

9 926

Administrativos e serviços apoio

11 030

3 115

Educação

6 664

1 935

Saúde e Apoio social

38 503

10 672

Cultura, artes e desporto

10 056

8 344

Outros serviços

9 290

3 731

Ano

Nº Empresas Exportadoras de Bens

2018

31

2017

27

2016

32

Fonte: INE 2019

Foi no setor primário que se registou a maior taxa de crescimento em número de empregados, cerca de 62%. Indica-se em seguida a representatividade de cada setor de atividade para o concelho: Setor Terciário

Setor Secundário

Setor Primário

71,5%

27,2%

1,2%

Relativamente ao nascimento e à sobrevivência de empresas no município de Bragança, entre 2016 e 2017, os respetivos valores continuam a decrescer, segundo dados da Pordata. Atualmente em Bragança a dinâmica empresarial de vocação internacional, é promovida principalmente pela grande empresa do concelho, segundo o kapitaldonordeste.pt e a Sic Bragança.

Fonte: INE; “-” valores não disponíveis

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Esta empresa tem suportado a sustentabilidade de vários negócios locais, impulsionado e até promovido o investimento indiretamente através de parcerias criadas. Nomeadamente parcerias com o Instituto Politécnico, com o Brigantia EcoPark, Prometal, Tecwelf, entre outras. De destacar também as parcerias estabelecidas com empresas de capital estrangeiro como a CatraPort e a Mautomotive.

Diáspora Portuguesa Ao referir a diáspora, alguns significados mostram que o seu significado tem evoluído ao longo do tempo. Primeiro como conceito associado à dispersão de gentes tiradas à sua terra natal e deportadas para uma outra, ou como um conjunto de comunidades radicadas fora da sua pátria e que mantêm laços culturais e afetivos com o país de origem; hoje o conceito de diáspora está associado à emigração, independentemente dos motivos que estejam implícitos. Os emigrantes portugueses constituíram grandes e proeminentes comunidades portuguesas no mundo.

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Durante a emigração colonial, desde a época dos descobrimentos que os portugueses têm contribuído para a promoção da língua, da cultura e dos costumes em todas as partes do mundo, (Moreira, 2005). Segundo este autor, foi através da emigração que se empreendeu o império ultramarino, presente ainda nas novas nações através de marcas deixadas pela cultura portuguesa. Tradicionalmente Portugal é considerado um país de emigração. A época dos descobrimentos marcou o maior fluxo de saída dos portugueses para todo o mundo. Por exemplo, a partir do século XVII aumentou o número de emigrantes (quase só portugueses) com destino ao Brasil. Incluíam-se desde funcionários públicos a camponeses. No século XIX e inicio do século XX, a emigração económica para o Brasil volta a ter muito significado, mas também para outras regiões da América, onde devido à abolição da escravatura (Brasil 1888), grande parte foi substituir a mão-deobra escrava nas plantações. Foi na década de sessenta que a emigração no continente passou a ter como destino principalmente aos países mais desenvolvidos da Europa, nomeadamente Alemanha, França, Luxemburgo e Suíça. Enquanto que a partir do arquipélago da Madeira os destinos eram África do Sul e Venezuela, os emigrantes açorianos partiam em direção aos EUA e ao Canadá.


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No início do século XXI, além dos 10 665 000 portugueses residentes em Portugal, segundo os dados da DGACCP, estimavam-se existir aproximadamente 4,8 milhões de emigrantes de primeira geração e luso descendentes.

Com a mais recente crise mundial assistiu-se novamente ao aumento da emigração portuguesa. Embora relativizado esse facto, mesmo quando houve uma redução na emigração, os portugueses nunca deixaram de emigrar.

Através da chamada migração de mão de obra, os portugueses que atualmente emigram, já não o fazem “com uma mão à frente e outra atrás” segundo a socióloga Margarida Marques, “esse Portugal já não existe”. Atualmente, são os jovens mais qualificados que procuram oportunidades de enriquecimento profissional e pessoal, procura reforçada pela existência de economias emergentes, como o continente africano ou asiático, onde falta mão de obra qualificada.

É também revelador quando se verifica que Portugal é o 12º país do mundo com mais emigração.

Presentemente é indiscutível o contributo dos portugueses que representam internacionalmente Portugal, ocupam cargos de relevo a nível cultural, social e político-económico, e criam cada vez mais empresas de sucesso, através do seu espírito empreendedor tão característico. Na atual conjuntura, segundo a AICEP, é também cada vez mais reconhecido o contributo da diáspora para a economia portuguesa e para o PIB nacional. Recentemente o Banco de Portugal divulgou que o valor das remessas dos emigrantes enviadas para Portugal em 2014, foi ligeiramente superior a 3 milhões de euros, representando 1,75% do PIB. Foram os emigrantes residentes em França e na Suíça que mais dinheiro enviaram para Portugal, o seu país de origem.

Uma caraterística diferenciadora da Comunidade portuguesa no mundo, refere-se à atitude empreendedora de alguns emigrantes portugueses nos países de destino, levando à transposição de barreiras socioculturais, linguísticas e legais, implementando negócios de sucesso. Com base em vários estudos e testemunhos, verifica-se que, mesmo longe de Portugal e bem integrados nos países de destino, os portugueses sentem-se muito ligados ao seu país de origem. Outro aspeto a considerar é que a relação dos emigrantes portugueses com o seu país de origem tende a ser diferente consoante o país de acolhimento ou mais especificamente com a sua localização. Segundo Meneses (2005), verificam-se diferenças significativas entre os emigrantes fixados na Europa e os emigrantes fixados fora da europa. A comunidade emigrante localizada fora da europa visita Portugal com menos frequência e poucas vezes deseja regressar ao país de origem, exceto para passar férias.

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Estes também estão mais sujeitos a perder o contacto com Portugal, mas mantêm o simbolismo e a identidade portuguesa. Por exemplo no continente africano, existem países onde as gerações seguintes mantêm grande proximidade à identidade portuguesa por motivos históricos, políticos e culturais, mantendo assim a afinidade e ligação à comunidade lusa. Por outro lado, os emigrantes portugueses localizados dentro da Europa, visitam Portugal mais frequentemente, sendo a emigração temporária que tem mais significado nesta localização. Estas relações da comunidade portuguesa são também condicionadas pelas políticas de imigração existentes nos países de acolhimento e consequentemente pela globalização, acrescentando novas dinâmicas e tendências. Por exemplo, agora já não são os filhos dos emigrantes a vir a Portugal passar o Natal mas o oposto, em que os familiares de mais idade vão visitar os filhos ou os mais novos emigrados, segundo várias publicações regionais. Não será demais acrescentar o testemunho do Presidente do Conselho da Diáspora Portuguesa criado em 2012, que integra 96 membros em 28 países e 48 cidades, ao referir o papel na promoção da imagem de Portugal, forte e moderna, nas sociedades de acolhimento, o qual destacou que as comunidades portuguesas se caraterizavam pela integração e ligação e que hoje há a acrescentar a representação e a influência.

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As diásporas e a globalização Segundo o jornal “The Economist”, o uso da palavra globalização no contexto económico terá surgido por volta de 1944, em referência ao artigo, os autores definiram globalização como “o livre movimento de bens, serviços, ideias e pessoas em volta do mundo”. A globalização pode também entender-se como uma fase do processo de internacionalização das empresas e traduzir uma abordagem estratégica aos vários mercados nacionais e regionais como se fosse um único mercado, o mercado global (Teixeira e Diz, 2005). Feito este enquadramento, é de lembrar que durante muito tempo da história sempre existiram pessoas ou grupos a deixarem as suas casas, a sua origem, pelas mais variadas razões. Desde os desastres naturais, escassez de recursos, guerras e revoluções, crises políticas, perseguições religiosas, epidemias e agitações sociais, mudanças climáticas e demografia, estes fatores sempre motivaram movimentos migratórios. As deslocações dos portugueses tiveram mais significado a partir do século XV com os descobrimentos e aumentaram significativamente no século XVI, depois da expansão europeia que consequentemente mudou totalmente a geopolítica na altura. Estes movimentos coincidiram com o conhecimento do mundo através da chegada a novos continentes e a novas culturas, favorecidos pela localização geoestratégia da Península Ibérica.


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Aliada à pobreza, apesar de Portugal ter uma população diminuta, a emigração sempre foi uma necessidade que evoluiu em diferentes perfis. Citando Adriano Moreira “Em primeiro lugar tivemos a emigração ao Serviço do Estado, nem sempre voluntária, que, na época das navegações e descobertas, fazia uma colheita periódica de milhares de jovens(...)” depois, desde os emigrantes à procura de recursos para enviar aos que ficaram em Portugal e “todos os que, no serviço do Estado, ou no trabalho, andavam pelas longínquas colónias, aderiram a D. João de Bragança (...) e apenas Ceuta escapou ao movimento”. Os impérios constituídos durante os descobrimentos e mantidos através da presença nas novas nações foram posteriormente perpetuados durante as alterações geopolíticas e constituem um reforço do elo de ligação entre os povos. Segundo Moreira (2005), “as pessoas (...) lançaram-se em busca de novas terras, de um novo espaço onde fosse possível construir um projeto que permitisse uma maior dignidade de vida” e muitos não regressaram, transmitindo e implementando costumes e culturas adotados pelas comunidades estrangeiras no país destino.

A comercialização de bens e serviços para fora do mercado doméstico é uma forma de reduzir o risco e a interdependência das PME. A expansão das exportações em Portugal é um ótimo exemplo. Presentemente o sucesso financeiro do emigrante atual não é comparável ao emigrante de há 40 anos atrás. Com a globalização, alguns benefícios esbateramse, tais como o estabelecimento da moeda única ou a eliminação dos ganhos cambiais, não esquecendo os valores diferenciais e a qualidade de trabalho que ajudaram os portugueses de outrora. Atualmente, os portugueses emigram com um diploma, para países em que o nível académico da população ativa é superior aos índices observados em Portugal. O crescimento do turismo é também contributo dos portugueses da diáspora, na promoção emocional e genuína do seu país como melhor destino turístico, ao mostrar Portugal como destino autêntico e com grande diversidade na oferta.

A interdependência das economias num enquadramento externo, a globalização dos mercados, a maior acessibilidade ao conhecimento e exigência da sociedade, as tecnologias de informação, tornaram a internacionalização numa inevitabilidade, levando as empresas a adotar estratégias competitivas para sobreviverem num mercado global.

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Distribuição dos emigrantes portugueses pelo mundo

Comunidade Portuguesa mais representativa no Mundo:

Espanha Alemanha

Segundo o Conselho da Diáspora Portuguesa, existem portugueses em 178 países do mundo, o que inclui, os emigrantes permanentes e em maior proporção os emigrantes temporários, isto é, emigrantes em constante mobilidade, o que será uma tendência cada vez maior. Atualmente na União europeia, Portugal é o segundo país com maior número de emigrantes e em primeiro lugar na UE encontra-se Malta. Em 2017, segundo o Observatório para a Emigração, estavam emigrados 2,3 milhões de portugueses que representavam cerca de 22% da população portuguesa. Na sua maioria, distribuídos na Europa, representando 66,3% de quota e onde se destacam os países do Reino Unido, Suíça, França, Alemanha, Espanha e Luxemburgo. Na América a quota é de 26,1% e outras localizações com 7,6%. Fora da Europa os destinos mais relevantes são Angola, Moçambique, Brasil, Canadá e EUA. Em seguida, apresenta-se os países de acolhimento com mais emigrantes portugueses, onde se destaca França, com 596 mil emigrantes, seguido pela Suíça e os EUA. De referir que o número de emigrantes referente ao Brasil e Canadá, são estimativas e respeitam ao ano anterior, de 2017.

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Brasil

França

Reino Unido Canadá EUA

Suíça

Países

França

595 900

Suíça

217 662

EUA

178 500

Canadá

161 055

Reino Unido

141 000

Brasil

169 069

Alemanha

115 190

Espanha

94 520

Fonte: Observatório da Emigração, 2018 Apresenta-se a variação anual do número de emigrantes em

2018:

10,0%

5,0%

0,0%

-5,0%

-10,0%

França

Suíça

EUA

Canadá

Fonte: Observatório da Emigração

Reino Unido

BrasilA lemanha Espanha


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Além das tendências apresentadas no gráfico, outras são verificadas pelo Observatório da Emigração e indicam em 2018, uma redução acentuada para a Alemanha. Uma redução de 24% para Angola, onde no ano anterior se observou o dobro desta diminuição, embora comparativamente ao Reino Unido, esta redução seja menos significativa, em valor absoluto. Registou-se pelo quarto ano consecutivo uma diminuição na emigração portuguesa para a Suíça.

De acordo com o relatório do Observatório da Emigração, mantêm-se os números observados nas décadas de 60 e 70. Em 2017 saíram 85 000 emigrantes portugueses, um valor provisional, enquanto que os dados do INE apontam para um total de 81 051. Do total das saídas de emigrantes portugueses estimamse 39% com carácter permanente e 61% temporários. Este valor é menor do que as saídas em 2015, que registaram 110 000.

Os principais países de destino da emigração portuguesa nos últimos anos, nomeadamente o Reino Unido e França, encontram-se representados no quadro seguinte.

O número total de emigrantes permanentes e temporários, entre 2015 e 2017 tem vindo a decrescer, na dimensão apresentada no quadro seguinte. Contudo, o número de emigrantes permanentes localizados fora da UE registou uma ligeira subida, em cerca de 16 indivíduos, segundo dados do INE atualizados em outubro de 2018. Apesar disso, em proporção, existem muitos mais emigrantes temporários.

Principais países destino da emigração portuguesa: Ano

Principais destinos

Entradas

2017

Reino Unido

22 622

2017

Alemanha

17 750

2016

Suíça

9 257

2017

Espanha

9 038

2017

França

8 316

2017

Luxemburgo

3 342

2017

Bélgica

2 691

2017

Angola

2 962

2017

Holanda

2 127

2016

Moçambique

1 400

Local de residência futura

Nº Emigrantes temporários

% Evolução (2016-2017)

Nº Emigrantes permanentes

% Evolução (2016-2017)

Total

49298

- 19%

31753

EU 28

31989

- 15%

22556

- 20% - 28%

Extra-UE

17309

- 27%

9197

0,002%

Fonte: Observatório da Emigração

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Atualmente, os novos emigrantes correspondem a uma população jovem e qualificada, o que provoca um efeito negativo no envelhecimento da população residente no país de origem. De acordo com o Eurostat, 16% dos portugueses que residem na Europa são licenciados. Mas apesar de uma evolução em 10,5% deste indicador nos últimos dez anos, Portugal continua na lista de países em que os emigrantes apresentam um nível académico inferior aos que permanecem no país de origem.

Preferências de consumo

O mercado “da saudade”

Algumas empresas portuguesas tal como caraterizadas anteriormente, carecem de dimensão e principalmente de produção em escala, para responder aos mercados de maior dimensão e exigência, daí que facilmente se identifiquem os principais grupos ou empresas que respondam facilmente a necessidades de abastecimento relativamente disperso e em escala, como o do mercado “da saudade”.

As comunidades portuguesas no estrangeiro foram as impulsionadoras do mercado “da saudade” hoje tão relevante para Portugal, nomeadamente para a exportação dos bens e serviços das empresas portuguesas para países onde estão localizadas relevantes comunidades portuguesas, isto é, por todo o mundo. Exportação essa, assente sobretudo no consumo de bens maioritariamente alimentares. É de esclarecer que este mercado, à medida que as gerações de emigrantes vão sendo adicionadas, é cada vez menos “da saudade”, e os mais jovens luso-descendentes já falam do mercado “da experimentação”. Nos mercados em que grandes empresas e marcas portuguesas aumentaram o chamado mercado “da saudade” foram criando um mercado de trade, de oportunidade. Em alguns casos, determinados países serviram de plataforma para expansão do mercado a países laterais.

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Algumas PME e grandes empresas portuguesas sobressaem neste comércio que alimenta o segmento da Diáspora, essencialmente de produtos mais tradicionais e regionais. Desde conservas, rissóis de leitão, bola de carne, alheiras e outros enchidos, pastéis de nata, pastéis de bacalhau, queijo da ilha, queijo de cabra, caracóis e moelas, marisco e peixe congelado, sardinhas, além dos incontornáveis: bacalhau, azeite e vinho.

Empresas nacionais como a Porminho, ICM, Seara, Central de Cervejas, Ribeiralves, entre outras, são exemplos de crescimento na internacionalização impulsionado pelo mercado da saudade. Os seus testemunhos, bem como a experiência de evolução no mercado, são fundamentais neste estudo. A Porminho é especialista em charcutaria e fornecedora em quase todos os segmentos de clientes em Portugal e em vários continentes.


Estudo sobre o impacto de Comunidades Emigrantes nas exportações e soluções estratégicas para Bragança

A ICM, do grupo Primor, é a maior exportadora portuguesa de carne de porco, para toda a Europa, América, Ásia e África. A Ribeiralves processa e vende 10% do bacalhau pescado em todo o mundo, exporta desde os anos 90 para 20 países e tem nas comunidades portuguesas o seu principal cliente de exportação. Desde que processa o bacalhau congelado, pronto a cozinhar tornou-se mais acessível, o que possibilitou vender o produto para restaurantes portugueses em países como China e Taiwan. Mas para quase todos os mercados é necessário adaptar o produto à gastronomia de cada país. Inglaterra gosta do bacalhau menos salgado, Portugal com nível médio de sal e os EUA preferem sem pele nem espinhas. Os testemunhos destas empresas são unânimes em dizer que as escolhas preferenciais são mercados onde existe grande influência portuguesa, isto é, onde haja grandes comunidades portuguesas, porque “tem mais facilidade” de penetração. Os testemunhos indicam também que a última crise foi a oportunidade para aumentar as exportações, deste modo, continuam a explorar a oportunidade, porque tem um efeito de diminuição do risco.

Mas nem só com produtos nacionais são abastecidos as comunidades portuguesas, que também importam produtos europeus. O proprietário de uma rede de supermercados entre Bruxelas e os arredores de Paris, testemunha que consegue garantir 60% de produtos portugueses nas suas lojas, mas com a recente abertura da maior superfície comercial portuguesa em França, o “Prim’land“ em Saint-Maximin, vai garantir 80% de produtos portugueses.

Tendências de consumo Entre muitas empresas de logística a operar desde Portugal para a Europa, quase só ao serviço do “mercado da saudade”, registou-se o relato da Stef. Segundo a empresa, líder europeu em serviços de logística e transporte em temperatura controlada, relata que nos últimos anos aumentou a procura de novos produtos, nomeadamente, refeições prontas e pré-cozinhadas, e a preferência por marcas específicas, tais como, o leite Ucal, Nestum mel e refrigerantes Sumol. Com registo da crescente procura por luso descendentes que não sabem ou não tem tempo para cozinhar e preferem os pré-preparados, saem diariamente desta empresa, camiões para abastecer os mercados da saudade. Com o desenvolvimento do negócio e a evolução nas preferências de consumo, esta e outras empresas acrescentaram ao portfólio, refeições prontas, produtos de origem biológica, produtos vegetarianos, produtos com packaging adaptado às especificações do cliente e ao segmento a que se destina.

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Atualizaram também processos internos para permitir encomendas online, relatórios de entrega, reforço da cadeia valor do cliente com projetos à medida, entre outros. A Bel Portugal, filial de um grupo francês e representante de marcas líderes no mercado nacional (Limiano e Terra Nostra) aposta fortemente com as suas marcas líder no mercado da saudade. Esta empresa refere que consegue vender queijo português no país “do queijo”, isto é, aos franceses. Os grossistas ETC Mariano, com nove supermercados só em França, reforçam o testemunho anterior, “temos pastilhas Gorila e Pintarolas (...) em stock e 200 garrafas de “Barca Velha”, refeições pré-cozinhadas, salgados e sobretudo pastelaria que tem cada vez mais procura e onde mais de 20% dos clientes já é local. A primeira comunidade de portugueses no Soho, fabricava o seu próprio vinho, com uvas locais, prática que ainda ocorre pontualmente. No que resta desta comunidade e noutras comunidades dos EUA, o vinho, as carnes e enchidos, os pickles e as sardinhas portuguesas estão sempre presentes, bem como as procissões a Nossa Senhora de Fátima e os clubes de futebol comunitários. Os donos de uma rede de mercearias e restaurantes especializados, que se dedicaram a produtos de qualidade, apostando no mel, compotas, porco preto certificado e tortas de Azeitão, relatam que o gourmet sempre foi tendência em França, mas a segunda e terceira geração de luso descendentes já têm essa preferência.

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O restaurante “Taste of Portugal” na comunidade de Newark em New Jersey, serve essencialmente comida portuguesa combinada com comida espanhola e abastece-se com produtos portugueses, servindo a comunidade e também os locais. Os proprietários do supermercado “A casinha portuguesa”, nos arredores de Paris, vendem exclusivamente produtos portugueses, além dos já enumerados, também os chocolates Regina, café Delta ou Nicola e os fiambres de marca nacional. Os clientes são quase todos luso descendentes e locais. Outros luso descendentes, proprietários de restaurantes distintos, relatam que no inicio os clientes eram só emigrantes, mas há cada vez mais franceses, angolanos e brasileiros. Outra tendência identificada pelos proprietários das lojas de produtos portugueses e que servem as comunidades, é a crescente procura por cidadãos nativos do país, que são atraídos pela gastronomia portuguesa quando passam férias em Portugal e/ou porque Portugal está “na moda”. Os luso descendentes proprietários de restauração ou empregados relatam que uma média de 60% dos seus clientes são emigrantes portugueses. Duas empresas exportadoras de presunto de Barrancos, identificam que cada vez mais é necessário inovar, pelo que o lançamento de embalagens com menor gramagem e maior tempo de cura, têm tido mais procura.


Estudo sobre o impacto de Comunidades Emigrantes nas exportações e soluções estratégicas para Bragança

Por um lado, diminui o esforço de compra e por outro oferece um produto com menos sal, questões cada vez mais valorizadas pela população mais jovem. Em várias comunidades do Reino Unido, nomeadamente em Stockwell, os produtos de origem portuguesa são determinantes. Os emigrantes que chegaram nos anos 60 e 70 mantêm dificuldades em comunicar em inglês e frequentam quase exclusivamente lojas de portugueses. A marca de cerveja Sagres foi criada para atender a um pedido inglês para abastecer as suas tropas em Gibraltar. Atualmente as exportações da marca, entre 15 a 20% destinam-se ao mercado da diáspora, incluindo a expansão de mercado conseguida em Inglaterra através do mercado da saudade. Seguiu-se a Sumol, Sical, Sicarze, etc.

Resumo das tendências: -Procura por novos produtos e por inovação; -Aumento do consumo de produtos saudáveis, biológicos e vegan; -Aumento do consumo de produtos de conveniência; -Entrada de novos segmentos de clientes (emigrantes mais antigos, luso descendentes e população local ou turistas que já visitaram Portugal); -Valorização do produto pelos luso descendentes.

O grossita PortuBras Lda. representa uma central de compras para produtos alimentares portugueses e brasileiros a operar no mercado inglês e tem como objetivo chegar a todo o mercado da saudade.

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Potencial das comunidades emigrantes na internacionalização A partir das comunidades portuguesas, em todos os países foram formadas Associações e/ou Federações que promovem a integração e que aproximam as comunidades portuguesas das pessoas da sociedade local e ao mesmo tempo permitem manter as tradições e cultura próprias do país de origem. Estas contribuem também para a partilha de experiências entre as gerações anteriores e neste caso, os lusodescendentes. A influência das diásporas possui comprovadamente várias dimensões a nível político, contribuindo para a democracia. A nível económico e cultural, promove a confiança entre os meios sociais e empresariais, quebrando barreiras que de outro modo se podiam manter ou até incrementar. No caso português, além de comprovada demonstração de valor e de profissionalismo das comunidades, foram determinantes estas relações de confiança para o estabelecimento de uma verdadeira economia da diáspora.

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Os testemunhos recolhidos neste trabalho são unânimes, em referir que as comunidades portuguesas no estrangeiro foram determinantes, para a facilitação e abertura de portas a muitas empresas portuguesas, o que consequentemente permitiu a sua expansão e consolidação no mercado. Conseguiram e mantiveram condições para recrutar mais mão de obra portuguesa no estrangeiro e recursos locais. Nos últimos anos, a classe política constatou o potencial confirmado das comunidades e a sua representatividade para a economia local onde se inserem, reconhecendo a valorização dada pelas sociedades que acolheram os emigrantes portugueses, a nível social, político e financeiro.

O processo de internacionalização A internacionalização ocorre sempre que uma empresa expande alguma(s) atividade(s) de negócio nos mercados exteriores ao país de origem (Hollensen, 2008), ou quando se estabelecem relações comerciais com outros países, através da extensão, penetração e integração internacional, (Doole e Lowe, 2008). Os conceitos apresentados indicam que, a internacionalização é um processo que permite às empresas aumentar o mercado, adaptando-se e em simultâneo melhorar a sua competitividade.


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Os fatores que influenciam este processo são: a dimensão da empresa, os seus objetivos, a localização, o produto e serviço, a tecnologia e inovação. Para Hollensen (2008) os fatores influenciadores são as empresas exportadoras, os governos, as câmaras de comércio ou organizações exportadoras semelhantes e as entidades bancárias. Dependendo do autor, a influência no processo de internacionalização deve-se a fatores externos, ou são determinados por fatores diretamente relacionados com a empresa envolvida.

Motivações e obstáculos da internacionalização No processo de internacionalização é necessário identificar os motivos para a internacionalização, as principais barreiras e as várias fases do processo. As fases do processo são determinadas pelo perfil da empresa, do objetivo do seu negócio e também do modo de entrada selecionado. Os motivos que levam à internacionalização são os seguintes: -Mercado doméstico pequeno, saturado ou surgimento de melhores oportunidades; -Ciclo de vida curto do produto ou tecnologia;

-Única competência da empresa; -Desejo de seguir os concorrentes ou clientes, no exterior; -Aspirações de crescimento e orientação internacional da empresa; -Reduzir custos e aumentar o controlo através da integração. É pertinente referir que outros autores classificam os motivos em dois grupos, diferenciando-os em proativos e reativos. Os motivos proativos representam as tentativas à mudança de estratégia, tais como: o aumento de receitas e objetivos de crescimento, economias de escala, benefícios fiscais, competência tecnológica ou oportunidades de mercado. Os motivos reativos resultam da reação da empresa a pressões e ameaças dos mercados internos ou externos, por exemplo, a proximidade aos clientes internacionais, o mercado doméstico pequeno e saturado ou o excesso de capacidade produtiva. No caso dos obstáculos, identificam-se os seguintes: -Condições financeiras insuficientes ou falta de capital para expansão; -Falta / insuficiência de conhecimento sobre os mercados de destino; -Falta de contatos no mercado estrangeiro; -Insuficiente capacidade produtiva;

-Excesso de competências e recursos desaproveitados na empresa;

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-Falta de canais de distribuição no estrangeiro; -Importância dada pela gestão no foco no mercado doméstico; -Escalada de financeiras.

custos,

distribuição

e

despesas

Estratégias de entrada em mercados internacionais Muitas empresas têm sucesso nos mercados internacionais, porque evitam as barreiras de entrada, através de mudanças nas estruturas do negócio, com a oferta de produtos competitivos através de diferentes canais de distribuição, como a internet ou o direct marketing, ou ainda, canais que incluem grossistas ou agentes importadores (Bradley, 2005). Antes de se apresentarem as estratégias ou formas de entrada nos mercados internacionais, é pertinente identificar as estratégias genéricas de marketing internacional que representam as formas de entrada nos mercados estrangeiros. Para (Bradley, 2005), estas estratégias dividem-se em duas, estratégia de concentração e estratégia de diversificação. A estratégia de concentração do mercado, seleciona os países alvo mais disponíveis, enquanto minimiza o risco e o investimento, baseando-se em oportunidades a longo prazo. Esta estratégia implica a adaptação dos produtos e serviços às necessidades específicas de cada mercado.

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A estratégia de diversificação de mercado, tem baixa necessidade de adaptação do produto e da comunicação e implica uma repartição semelhante dos recursos através dos mercados, tendo como objetivo a obtenção de elevado retorno a médio/longo prazo e um fraco compromisso de recursos. Qualquer que seja a estratégia adotada, é sempre útil fazer uma análise global externa, por ser importante o conhecimento dos concorrentes, dos mercados e tendências dos outros países, para ajudar a empresa a identificar oportunidades, ameaças, estratégias e incertezas, embora seja uma análise difícil devido às diferenças culturais existentes (Aeker, 1998). Em seguida identificam-se as formas de internacionalização mais comuns, de um modo sistematizado e o mais objetivo possível: A. Exportação - A exportação é considerada a forma de entrada mais simples nos mercados internacionais e a maior parte das vezes é a estratégia elegida pelas micro e pequenas empresas, como vários estudos confirmam. Ocorre quando as empresas fazem negócios no estrangeiro de compra e/ou venda de produtos e serviços. Esta é a forma mais comum de entrada nos mercados e por vezes constitui apenas o primeiro passo no processo de internacionalização de uma empresa. Em geral a exportação divide-se em direta e indireta e também em exportação cooperativa.


Estudo sobre o impacto de Comunidades Emigrantes nas exportações e soluções estratégicas para Bragança

As exportações têm a vantagem de implicarem baixo risco, são operações simplificadas e possibilitam receitas adicionais com baixos níveis de investimento e ganho de experiência. Têm o inconveniente de permitir um menor controlo sobre o desempenho do produto nos mercados estrangeiros, mas com a estratégia correta, tal pode ser contornável. Os players que atuam no modelo de exportação direta podem ser: Distribuidores - empresas independentes que armazenam o produto da empresa de produção e detêm grande liberdade para determinar preços e clientes; Agentes - empresas independentes que vendem em nome do produtor (exportador), para clientes. Geralmente não fazem stockagem do produto, este é pago por comissão mediante um pré acordo; Intermediário - Pessoa ou empresa que age como mediador ou contato entre duas partes de determinado negócio; A exportação direta ocorre normalmente quando a empresa produtora se encarrega das atividades de exportação, estando em contacto direto com o primeiro intermediário do mercado alvo estrangeiro. A exportação indireta é concretizada através de intermediários existentes no mercado doméstico ou pertencentes ao mercado alvo. São exemplo, os tradings e podem assumir várias formas. Nesta forma de exportação a empresa produtora não se encarrega das atividades de exportação.

Piggyback (verticalização) – Considera-se uma das formas de exportação indireta, ocorre quando um fornecedor vende o seu produto noutro país através de outra empresa, usufruindo das facilidades de distribuição e duma rede internacional de distribuição, podendo ser paga através de uma comissão. É comum em produtos não competitivos e também em empresas que tem produtos complementares ao produto em causa. A exportação cooperativa envolve acordos colaborativos com outras empresas (Export marketing groups). Estes grupos encontram-se entre as PME que recentemente entraram no mercado da exportação, muitas destas empresas, tipicamente não tem escala económica suficiente, nem na produção, nem no marketing. B. Licenciamento – consiste num acordo em que o licenciador paga um valor pela licença e paga uma segunda quantia ao licenciado, em troca de um determinado desempenho. Esta forma da empresa se estabelecer no exterior, não necessita de investimento capital elevado, sendo a estratégia preferida das PME. Os direitos da patente da marca ou o uso da tecnologia são garantidos. Em geral o licenciamento pode ser visto como um complemento à exportação. C. Franchising – normalmente existem dois tipos de franchising. O primeiro tipo refere-se ao “product and trade name” franchising (semelhante à licença pela marca). Consiste num negócio em parceria no qual a empresa (ou franchisador) que detém a marca, cede os direitos de exploração, o know how e a distribuição ao “franchisado” do conceito do negócio. 33


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D. Joint ventures/alianças estratégicas - Num contexto de grande competição e de desenvolvimento tecnológico, muitas empresas multinacionais estão a perceber que devem desenvolver a longo prazo, relações mutuamente benéficas, com concorrentes, fornecedores, governantes e consumidores. A curto prazo, estas empresas desenvolvem relações de colaboração e uma das formas de se estabelecerem, é através de colaborações de marketing. Atingindo uma vantagem competitiva no estabelecimento de relações mutuamente benéficas e duradouras com clientes satisfeitos e fidelizados, as joint ventures ou alianças estratégicas consistem assim numa parceria entre duas ou mais partes. Nas joint ventures internacionais, as partes intervenientes situam-se em países diferentes o que obviamente torna mais difícil a gestão desta relação. Estas alianças têm como vantagem o controlo local da atuação, a fácil transferência de tecnologia e o acesso a recursos e conhecimento.

A diferença formal relativamente à joint venture, é que a aliança estratégica é tipicamente uma “non equity cooperation”, o que significa que os parceiros não se comprometem a investir de igual modo na aliança. A joint venture tanto pode ser um contrato de não igualdade ou uma ‘equity joint venture’. Neste caso os investidores locais e estrangeiros partilham a propriedade e o contrato. Na contratual joint venture, duas ou mais empresas formam uma parceria para partilhar custos e investimento, riscos e proveitos a longo prazo.

Têm como inconveniente gerar maior nível de investimento e de exposição ao risco (Freire, 2008), perda de controlo, falha de coordenação e perda de flexibilidade e confidencialidade. De um modo geral, caracterizam-se por se estabelecerem de um modo relativamente simples e benéfico a curto/médio prazo, porém de forma instável.

F. Aquisições e investimento direto - Através desta estratégia obtêm-se uma vantagem local. Quanto à desvantagem, é identificada a difícil integração devido às diferenças culturais e de idioma. O investimento direto no estrangeiro, implica um compromisso financeiro elevado, assistindo-se a uma transmissão de conhecimento, de processos de produção, de competências de marketing e de outros recursos.

As alianças estratégicas permitem às empresas o acesso a recursos que não estão disponíveis de imediato nos mercados. E. Consórcios - Podem considerar-se joint ventures, exceto quando se verificam duas condições: o envolvimento de um grande número de participantes ou quando se situam num país em que nenhum dos participantes se encontra.

Segundo um estudo da Laval University do Canadá, é demonstrado que a maioria das PME integrantes do estudo realizado, evoluiu na internacionalização através de estratégias tradicionais, nomeadamente importação/exportação, joint ventures e subsidiárias.

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Essas empresas utilizam simultaneamente diferentes tipos de alianças estratégicas, sem ordem cronológica. Subsidiária - é uma empresa controlada por outra empresa, que normalmente tem participação financeira superior a 50%. Quando estabelecida noutro país da UE atua segundo as normas do país de acolhimento. E se controlada minoritariamente por parceiros locais torna-se numa subsidiária conjunta. Filial e sucursal - a filial é uma sociedade de direito português, tem figura jurídica e é independente dos titulares, o capital é detido maioritariamente pela empresa-mãe e a esta são prestadas contas. Na europa, uma filial não está legalmente separada da empresa-mãe. A sucursal é uma extensão da empresa mãe, só tem figura jurídica se for constituída no estrangeiro. É um estabelecimento estável através do qual é desenvolvida total ou parcialmente a mesma atividade da empresa mãe, sob orientação e gestão desta. G. Countertrade - É um tipo de acordo comercial em que os produtos são trocados por outros produtos e têm a particularidade de se basear em termos e condições não standardizadas que variam consoante o mercado. Este tipo de acordos tem vindo a ganhar relevância e representam já uma proporção significativa do comércio mundial (Ghauri e Cateora, 2010). H. Contract Manufacturing - Consiste num outsoursing com um parceiro externo especializado na produção e/ou tecnologia de produção que capacita a empresa com um fornecedor estrangeiro, através de um acordo flexível, sem no entanto ter um compromisso final.

I. Acordos comerciais - A empresa vende um produto ou serviço ao comprador e estabelece um acordo mútuo, que geralmente incide em termos percentuais sobre o valor original da venda.

O papel da diáspora na internacionalização Começando por explorar a essência da migração, para uma melhor perceção, Gonçalves (2009) classifica a emigração como um fenómeno social que ocorre em diferentes formas ao longo da história e que apesar de relatos sobre experiências comuns, o próprio fenómeno é complexo e diverso. A autora citada, diferencia ainda os migrantes por género, idade, classe social, etnicidade, razão da emigração, pela natureza e influência na economia global. Vários estudos têm-se dedicado à caraterização do empreendedorismo da comunidade empresarial emigrante portuguesa, no país de acolhimento. Como conclusão do seu estudo, Meneses (2005), refere que quando o emigrante decide aplicar a mesma capacidade empreendedora no seu país de origem, depara-se com o insucesso relacionado com a falta de confiança e solidariedade, inexistência de processos modernos e desburocratizados e de instituições conhecedoras das especificidades empresariais em causa. Por outro lado, os empresários com sucesso, referem o favorecimento de políticas governamentais de incentivo e o recurso ao capital próprio nos países de destino. 35


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Este empreendedorismo é desconhecido em Portugal, estes estudos carecem na dimensão e quantificação para que de uma forma objetiva se dimensione o relevo da diáspora. Contudo, são inúmeros os testemunhos atuais sobre os contextos que direcionam o imigrante na criação da sua própria empresa no país de acolhimento. Entre os vários motivos, destacamse positivamente, as oportunidades específicas de investimento através do estabelecimento de negócios em áreas não exploradas pelos nativos, obtendo assim vantagem competitiva, o apoio em redes sociais étnicas (fatores de integração), o aumento salarial ou a tradição familiar. Atualmente existem e começam a dar resultados visíveis, os apoios formais por parte das entidades oficiais do estado, associações e organizações com e sem fins lucrativos, às empresas nacionais no estrangeiro e que promovem o investimento em Portugal. Utilizam-se uma multiplicidade de meios, quer na negociação de acordos e parcerias, seja na área económica, comercial ou fiscal, em redes de divulgação, quer seja através da promoção da imagem dos produtos portugueses no mercado externo. Como referência, deve ser destacado o papel das comunidades portuguesas na criação de ligações de confiança e relações comerciais entre Portugal e os países de residência da comunidade, bem como nas ações de investimento no território nacional.

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Os portugueses com o seu carácter humanista e de entrega, conseguem-se integrar em qualquer parte do planeta, contribuindo com a sua presença para a inclusão da língua portuguesa em todos os continentes, contribuindo para a internacionalização e integração das economias da diáspora. Nas últimas décadas, a economia portuguesa tem vindo a internacionalizar-se e esse processo tem aumentado nos últimos anos. A maior proximidade da sociedade, as novas tecnologias, a existência de novas ligações aéreas nacionais permitem que os portugueses da diáspora visitem Portugal mais vezes no ano (nos últimos 3 anos, surgiram 584 novas rotas e operações aéreas). Esta conjuntura tem sido um elemento facilitador e fundamental na dinâmica da internacionalização.

O papel da diáspora em mercados estratégicos O caso dos mercados de França, Reino Unido e Estados Unidos da América Conforme partilhado pelas empresas no texto do capitulo 3.3, é identificado por quase todos a maior abertura dos mercados e o potencial existente nas localizações onde estão estabelecidas as comunidades portuguesas.


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Mercado de França A economia francesa depois de uma forte contração devido à mais recente crise, em 2016 apresentou um crescimento do PIB de 1%. Em 2017 cresceu a um ritmo mais elevado e atingiu uma taxa de 1,9%, segundo o relatório da AICEP. Para melhor compreender as prioridades de França, é de referir que o país apresentou um grande plano de investimento no valor de 57 mil milhões de euros, que assenta nas seguintes áreas de atuação: transição ecológica, formação, competitividade e inovação e digitalização do Estado. No comércio internacional, as importações de bens e serviços tem uma previsão de crescimento na ordem dos 3,6%. E as importações de bens pela França em 2018 deverão atingir um crescimento de 8,3% segundo a AICEP. Só em França, segundo a AICEP, são cerca de 45 mil empresas em diversos setores de atividade, criadas por portugueses e luso-descendentes nos últimos anos. Nas exportações, o sector automóvel é o mais relevante, seguido do material elétrico, calçado, têxteis, bens alimentares, mobiliário, construção, etc. Já no turismo, de forma recíproca, é de assinalar em 2018 os mais de três milhões de turistas franceses que visitaram Portugal e a existência de mais de 500 ligações aéreas entre Portugal e os 20 aeroportos em França, dados da revista Bilateral.

Na economia portuguesa, França ocupa uma posição de topo devido ao investimento dos franceses em Portugal, através de filiais relevantes para a economia e através do ramo imobiliário. Também é relevante o setor das telecomunicações e da grande distribuição, através dos grupos Auchan, Intermarché e FNAC. O estudo “Marca Portugal” mostra que França é o primeiro contribuinte em valor acrescentado bruto (VAB), para a economia portuguesa. A rede empresarial presente em França é significativa e engloba a CCIPF - Chambre de Commerce FrancoPortugaise, que reúne 400 empresas portuguesas e francesas de diferentes setores de atividade. Tem sede em Paris e uma delegação em Marselha, à qual se juntam outros núcleos de empresários portugueses em Lyon, Toulouse e Bordéus, que têm dado suporte às empresas portuguesas com interesse no mercado. Como exemplo de casos empreendedores, a empresa de emigrantes “Aux Delices du Palais” fundada em 1993, recebeu cinco anos depois o prémio da melhor ‘baguette’ de Paris. Esta empresa é gerida por um chef português emigrado nos anos 60. Na cidade de Saint-Maximin a 60 km de Paris construiu-se o maior centro comercial luso em França, propriedade do emigrante José Gaspar. O agora dono do “Prim’land Saint- Maximin” começou o seu negócio próprio com um supermercado em Romainville, Paris, seguido de um outro em Bruxelas e atualmente mais duas lojas em Livry-Gargan.

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Os produtos exportados para França em 2017, com origem em Portugal e que tiveram maior taxa de crescimento de mercado foram: manteiga e outras matérias gordas (59%) seguido por outras frutas frescas (46%). Depois de Espanha e Itália, França é o 5º importador de azeite de Portugal, com cerca de 23% das exportações de vinho português a destinarem-se a este mercado. Como tendências no mercado de consumo, estão os produtos certificados, diferenciados e de conveniência; identificam-se também os produtos orgânicos, com mais 15% nas vendas, os produtos biológicos e o segmento gourmet. Os canais de distribuição preferenciais são o retalho, os diretos e as lojas especializadas. Mercado do Reino Unido É uma economia muito dependente do setor dos serviços. A sua economia cresceu 1,8% em 2016, mas as suas exportações abrandaram o ritmo de crescimento, assim como as importações, devido ao atual e prolongado período de incerteza do Brexit. O crescimento real do PIB apresentou uma taxa de 1,6% em 2017 e no consumo privado também se prevê um abrandamento. Na exportação de serviços, o Reino Unido encontra-se como 1º cliente de Portugal.

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A contribuição da diáspora portuguesa no Reino Unido comprova-se através do conhecimento dos mercados e estabelecimento de redes e contactos importantes para as exportações portuguesas. Existem empresários de sucesso e gestores de topo ligados ao setor financeiro em Londres e ao Estado. Estes são exemplos que confirmam a qualidade dos recursos humanos portugueses e uma das razões de muitas empresas britânicas se estabeleceram em Portugal. Além de ocuparem cargos no sector financeiro, os emigrantes portugueses também estão presentes no setor tecnológico, que apresenta um franco crescimento atual, o mesmo acontecendo no setor da restauração. Segundo o “Financial Times”, nos últimos dois anos estabeleceram-se em Portugal 22 empresas britânicas, com um investimento total de 460 milhões de euros e 1400 novos postos de trabalho. Relativamente à prolongada incerteza deste mercado, no ano passado o Governo português abriu uma linha de apoio aos emigrantes residentes no Reino Unido e uma linha de crédito para as empresas exportadoras nacionais expostas no mercado do “Brexit”, no valor de 50 milhões de euros. Com um futuro marcadamente incerto devido ao Brexit, com uma potencial saída sem acordo, os britânicos podem enfrentar escassez de alguns alimentos e respetivo aumento de preço, nomeadamente em leite e derivados, carne, chocolate, entre outros.


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Por exemplo, quase todo o iogurte consumido no país tem origem na Irlanda e 94% da carne de bovino vem do exterior, tal como frutas e vegetais, onde 90% da alface consumida tem origem em Espanha. Como se pode concluir é um mercado com potencial relativo. As comunidades de portugueses mais importantes no Reino Unido situam-se na “Little Portugal”, no bairro de Stockell e em outros bairros de Londres, perfazendo quase metade da comunidade. A restante distribuise por Manchester, Belfast, Edimburgo, Hamilton e St. Helier. No último ano foram distinguidas empresas com o prémio de Empreendedorismo, pertencentes a emigrantes que se estabeleceram neste mercado: São exemplos, a Farfetch de José Neves, estabelecida em 2015 no segmento do retalho de luxo; O Grupo Mentaur, de serviços residenciais no ramo saúde, pertence a Isabel Melo e estabelecida em 2012. Relativamente às especificidades do mercado, este é exigente pela qualidade, o consumidor está bem informado e tem grande poder de compra. Os canais preferidos do consumidor são a grande distribuição, algumas lojas de categoria e alguns retalhistas independentes. As tendências de consumo mais relevantes são: maiores vendas de produtos certificados de origem orgânica, aumento do consumo de frutas e vegetais, de refeições saudáveis, refeições vegetarianas; aumento da procura de vinho orgânico e cerveja.

Neste mercado, em meio rural começam a surgir as “picking farms”, onde o consumidor ou cliente final procede à colheita de produtos agrícolas diretamente no local de produção. Mercado dos Estados Unidos da América Em relação à economia americana, segundo o relatório da AICEP, o PIB per capita norte-americano é 2,8 vezes superior ao português e a sua economia continua a crescer, com uma taxa de 2,7% em 2018. Além de representarem o primeiro importador de bens, são também o maior mercado consumidor mundial, com cerca de 328 milhões de habitantes. Estruturalmente, os EUA representam um mercado complexo com cerca de 50 estados independentes, em que cada estado é único, com diferentes modelos e regras de fiscalidade e de regulamentação de acesso. Apesar disso, é uma economia aberta ao mundo e segundo o Banco Mundial em 2016 a taxa média aduaneira sobre os produtos importados situou-se em 1,67%. Segundo o United States Department of Agriculture (USDA) em 2017 o país importou 115 490 mil milhões em produtos alimentares, com um crescimento de 6% relativo ao ano anterior. É um mercado maduro e exigente, com grande poder de compra, sendo um mercado relevante para as exportações portuguesas que deve ser precedido por uma estratégia de abordagem do mercado a médiolongo prazo.

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O país tem preferência por produtos de qualidade, inovadores, saudáveis, low carb, biológicos e vegan, que ofereçam conveniência. Neste mercado, as empresas que reforçam ações de sustentabilidade e de responsabilidade social têm mais oportunidades. As comunidades mais importantes nos EUA situamse na Califórnia, New Jersey (Newark), Massachusetts e Nova Iorque. Outrora foi relevante a comunidade do Soho, em Manhattan, que representou cerca de 700 famílias de portugueses. A primeira geração de emigrantes chegou a produzir vinho com uvas vindas de locais de proximidade. Entretanto a comunidade começou a reduzir entre os anos 80 e 90 derivado à crescente especulação imobiliária na zona e aumento de crimes e alguns portugueses mudaram-se para Long Island, outros mantiveram-se, e os reformados voltaram a Portugal. Atualmente no Soho, ainda existem proprietários/emigrantes que continuam a disponibilizar alojamento para os novos emigrantes vindos de Portugal. Outro ponto de viragem neste mercado, a nível político e social, aconteceu após o ataque às torres gémeas, em que tudo mudou, inclusive a sociedade e o modo de estar, sendo que muitos portugueses nunca mais voltaram ao mesmo local de Nova York. Também nos EUA, a comunidade portuguesa sobressai com os seus valores.

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Na vertente do empreendedorismo identificamse de seguida algumas empresas constituídas por empresários da diáspora e também distinguidas com o prémio “Empreendedores Inovadores”: A S&F Concrete, do ramo da construção, de António Frias constituída em 2011; A.V.Thomas Produce, produção de hortícolas (batata), de Manuel Vieira, fundada em 2009; O Matthews Studio Group, comércio de equipamentos de iluminação e áudio, de Carlos de Matos, constituída em 2008. A maioria das exportações de produtos alimentares para os EUA, destinam-se ao mercado da saudade. Existe a oportunidade de promoção dos produtos portugueses através da diáspora e de consequentemente alargar esse mercado. Ao nível das especificidades do mercado, vários testemunhos podem ser citados. A Ribeiralves acerca do mercado Norte Americano e do Brasil refere que o apoio comercial é determinante; A exportar via importador, ao nível da gestão de produto, a Direção comercial dos vinhos da Bacalhôa, refere a necessidade de recursos humanos permanentes no acompanhamento local da área comercial.


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O papel da diáspora de Bragança No início do século XX a economia do distrito de Bragança baseava-se na terra, um património desejado que levou ao aumento de pequenos proprietários. Devido aos solos, ao clima e ao relevo, as propriedades eram pequenas e fragmentadas, gerando uma agricultura pouco competitiva de onde dependia todo o agregado familiar. Com baixa densidade populacional, quase fechada às influências exteriores, não existia indústria e as atividades económicas baseavam-se em pequenas manufaturas. Como exemplo, o fabrico de seda, tecelagem de lã e linho, curtumes, o fabrico de telha e algumas explorações de minério. Apenas as feiras de gado e de produtos agrícolas eram pontualmente geradoras de alguma dinâmica económica. Para melhor contextualização, cita-se Taborda (1987), sobre os acessos rudimentares existentes, “Em Trásos-Montes a densidade de estradas é relativamente baixa, porque o sistema de caminhos vicinais é deficiente, o trânsito diminui rapidamente longe dos pontos privilegiados (...) Aí as circulações mantêm-se no último grau da hierarquia, no caminho rural difuso e pedregoso que só conhece a penosa tração do carro de bois (...)”

Segundo Martins (1999) existe uma grande identidade entre o perfil do habitante, do emigrante do Nordeste Transmontano e o contexto socioeconómico que integram, bem como nas causas que levaram à emigração. Na primeira década do século XX, saíram 605 034 emigrantes de Portugal, destes, 8% tinham origem no Nordeste Transmontano. Na década seguinte, dos emigrantes que saíram de Portugal, 17,2% pertenciam ao distrito de Bragança, uma taxa bruta superior à do continente. As causas comuns para emigração eram as questões estruturais, devido ao abandono das atividades produtivas e ao fraco rendimento dos camponeses. Os emigrantes foram assim procurar trabalho e o sustento da família que por vezes os acompanhavam. Segundo estatísticas oficiais, mais de 80% dos emigrantes procuravam “fazer fortuna”, 57% tinha como objetivo exercer uma profissão ou outros trabalhos remunerados e 28% desejavam viver com a família. Segundo Martins (1999), “estruturas debilitadas, sem capacidade de resposta tanto a nível económico, como social e até cultural, aliadas ao insucesso das politicas governamentais e critérios pouco ajustados, geradores de heterogeneidades, marcam o tipo de razões que conduz grande parte da população do distrito de Bragança a emigrar (...) e justificar, não apenas o ato individual de emigrar, mas também, a massificação com que o fenómeno se revelou”.

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Nos últimos anos, a história da diáspora de Bragança tem sido alvo de interesse e de recuperação das suas memórias que integram o património cultural da região do Nordeste Transmontano. Em resultado, a Associação dos Amigos do Museu Abade de Baçal que apoia o museu em várias vertentes e promove iniciativas próprias e colaborativas, tomou a iniciativa do projeto “Memórias do Salto”. Este projeto pretende contribuir para o reforço da identidade coletiva da região, recuperar, salvaguardar e valorizar o seu património cultural, através do registo e divulgação da memória de muitos portugueses do nordeste transmontano que emigraram clandestinamente entre 1954 e 1974. Atualmente através de http://memoriasdosalto. com/#videos é possível assistir, entre muitos outros, a catorze entrevistas de emigrantes de Bragança, onde cada interveniente conta a sua história do salto e a experiência de vida enquanto emigrante. Um projeto surpreendente na sua essência. No presente, o hábito de regresso em época de verão mantém-se e a maior parte dos emigrantes que continuam no seu país de acolhimento regressam para férias durante o mês de Agosto, o que temporariamente provoca uma animadora dinâmica nas suas localidades de origem. Ao nível do empreendedorismo desta diáspora, para registo, questionou-se a Câmara Municipal de Bragança e identificaram-se duas empresas nascidas e uma em fase final de lançamento.

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Duas empresas com atividades na área de restauração e uma outra no turismo respetivamente. A diáspora de Bragança não se encontra dimensionada, existem registos dispersos mas sempre sem alinhamento da informação. De caráter relevante para este trabalho e a sua plena aplicabilidade, procurou-se saber sobre a existência de alguma forma de organização da diáspora na região, mas sem êxito. Para contextualizar a essência deste trabalho e alavancar a estratégia proposta no capítulo seguinte é fundamental descrever algumas das principais caraterísticas da região. Sendo uma importante base para a triangulação das informações estatísticas, deste modo, identificam-se alguns recursos e vantagens da região. Recursos da região: Dentro da fileira agroalimentar, existe a produção e transformação local de: azeite/olivicultura, fruticultura e horticultura, vinho, mel, castanhas, amêndoas, cogumelos, carne e enchidos, compotas e licores, gastronomia, entre outros. No turismo e recursos naturais, existe um grande património natural para desportos de natureza e aventura, para observação e estudos científicos (da geologia local e da diversidade biológica). Identificam-se já algumas infraestruturas de turismo rural e regional.


Estudo sobre o impacto de Comunidades Emigrantes nas exportações e soluções estratégicas para Bragança

Vantagens da região: - Centralidade face à Península Ibérica; - Facilitação de acessos e outras infraestruturas; - Existência de uma comunidade académica; - Relativa disponibilidade de mão-de-obra qualificada; - Disponibilidade e abertura do Município.

A Comunidade Portuguesa no estrangeiro, um ativo na Promoção Externa – Proposta de estratégia para vencer nos mercados estratégicos A proposta apresentada em seguida não pretende ser única ou condicionar a escolha ou ajuste de outras estratégias de internacionalização. Este trabalho que se apresenta tem como propósito aconselhar um dos caminhos possíveis para integrar uma estratégia consistente de internacionalização nas empresas do concelho de Bragança.

Após seleção e prospecção dos mercados a internacionalizar uma outra etapa tem de ser considerada, a segmentação do mercado ou mercados e a definição do posicionamento a tomar em cada um deles. Num processo de internacionalização é determinante que nenhuma das etapas seja ignorada. Segue-se a proposta, numa primeira fase com a definição da estratégia genérica (A) e numa segunda fase (B) com a definição do modo de entrada nos mercados internacionais (extracomunitários) ou no mercado comunitário. A - No que respeita às estratégias genéricas de entrada nos mercados, enunciadas anteriormente, todas são adequadas em alguma situação, mas devido à enorme diversidade existente nos mercados internacionais, segundo Ghauri e Cateora (2010), a estratégia apropriada para um mercado específico será determinada pelos recursos da empresa, pelo produto e pelo seu mercado alvo. Após análise da informação recolhida, o facto da maioria das empresas exportadoras o fazerem apenas para um ou dois mercados é proposto uma estratégia genérica de diversificação de mercados para as empresas que já iniciaram a internacionalização ou que exportam. Para as empresas em prospecção de mercado e com pouco conhecimento/experiência no processo, propõem-se uma estratégia de concentração de mercados.

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Seguindo uma estratégia de diversificação dos mercados e caso a natureza do produto seja agroalimentar, sugere-se direcionar as ações a nichos de mercado, de forma a valorizar a diferenciação do produto português. B - Modo de entrada nos mercados-alvo Propõem-se a exportação direta através de agente ou importador e a exportação cooperativa idealmente. A exportação cooperativa devido à natureza dos produtos regionais em causa e à pouca escala de produção. Neste sentido será benéfico para ambas as partes intervenientes no negócio, porque este tipo de exportação permite agrupar e exportar produtos complementares. Exportação

Importador

Retalhista ou Grossista

No contexto das micro e pequenas empresas em Bragança, esta forma de entrada é favorável às empresas com pouco capital disponível e oferece pouco risco. Com o benefício de a prazo permitir o conhecimento do mercado e a evolução para a consolidação do processo de internacionalização. A seleção de países considerados nesta proposta é atrativa no contexto da EU e para fora da EU. Para os EUA é necessário recorrer inicialmente a parcerias ou alianças estratégicas que permitam dar resposta a pequenos nichos de mercado existentes.

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Em estados cujas condições de acesso sejam mais atrativas e com oportunidade. A criação de parcerias com stakeholders do mesmo setor de atividade, a concretização de alianças estratégicas e até acordos informais, permite disponibilizar quantidades significativas de bens a comercializar, o que possibilita o aumento do poder negocial para a empresa exportadora. Em qualquer caso e sempre que se justifique, as plataformas de comércio online são muito atrativas e apresentam-se como alternativas viáveis para as pequenas empresas. Está confirmado que através da utilização da internet as PME têm conseguido estabelecer uma forte presença nos mercados internacionais. Pela satisfação de pedidos dos clientes, unida a uma componente de inovação, a empresa consegue construir uma imagem corporativa fundamental no comércio de hoje. C -Os Canais de distribuição identificados e sugeridos para os mercados estratégicos em estudo, apresentam-se em seguida, reforçando que cada opção é sempre contextualizada pelo perfil da empresa exportadora e pelos seus objetivos específicos.


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Reino Unido

EUA

A nível internacional (extra comunitário), no caso de concretização do Brexit, via indireta:

Os Canais de distribuição identificados a nível internacional e sugeridos para os Estados Unidos América, via indireta:

-A distribuição via organizações -Via grossista -Marketing direto -Comércio especializado A nível comunitário, no caso de não Brexit, (via indireta) ou via direta: -Marketing direto -Comércio especializado França Os Canais de distribuição identificados no mercado comunitário e sugeridos para França podem concretizar-se via direta ou indireta: -A distribuição via organizações -Via grossista -Marketing direto -Comércio especializado

-A distribuição via organizações -Via importador ou distribuidor -Marketing direto -Comércio especializado D - Atividades complementares recomendadas: Participação em feiras especializadas nos mercados destino; Recorrer à inovação contínua do produto ou serviço (exemplos, na embalagem do produto, na forma de comunicar, de abordar o cliente, na apresentação/ imagem, etc.) Organização e cooperação; divulgação e promoção recorrendo ao Município, Associações Empresariais e a entidades de apoio à internacionalização e à diáspora. Manutenção das exportações nos mercados maduros e expansão para mercados de oportunidade próximos. E – Proposta de valor para os recursos da região No Agroalimentar – promoção e divulgação do que é genuíno e endógeno, valorizar as industrias e processos locais, (exemplo: azeite/olivicultura, vinho, mel, castanha, amêndoa, cogumelos, entre outras);

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No Turismo e recursos naturais – valorizar o turismo de natureza, desenvolvendo infraestruturas de suporte – (a geologia local e a diversidade biológica) Valorizar o turismo rural e regional, com a promoção e divulgação dos produtos regionais, da gastronomia, artesanato e não só, de todo o nordeste transmontano. Desenvolver parcerias de colaboração com o Vale do Tua(2) (para complementar a oferta e o desenvolvimento, valorização e promoção das infraestruturas de suporte). De igual forma, também o Parque Natural de Montesinho, atualmente com parcerias já estabelecidas com as entidades estatais, i.e. municípios, entre outras, mas também com privados nas áreas do turismo rural, turismo de natureza e gastronomia, apresenta um enorme potencial de crescimento. Em conjunto com as redes da Diáspora existentes, selecionar uma entidade local de referência para fazer convergir os investidores da diáspora com os empresários locais e mais importante ainda, a curto prazo, criar uma organização que represente a Diáspora de Bragança do Nordeste Transmontano. Participar no “Salon des Maires”, evento de referência para as autarquias. Que acontece a 19 de novembro próximo, na Porte de Versailles, através do stand da ACTIVA, o grupo de amizade França - Portugal das cidades, formado por franceses selecionados, interessados nas ligações entre os dois países.

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Este stand será responsável pela promoção de mais de 250 geminações e cooperações existentes, bem como pelas cidades que procuram integrar novos projetos de cooperação. F - Entidades e programas de apoio existentes: Programa “Elevar o seu negocio 4.0”, é de iniciativa da Fundação AEP, em parceria com o Alto Comissariado para as Migrações (ACM). Este programa apoia os empresários emigrantes portugueses na criação da sua empresa em Portugal. Lançado em setembro de 2017 o objetivo do programa é, nos próximos 5 anos, ajudar a trazer alguns jovens. Este programa criou a rede de empresários lusos. Programa “Empreender 2020”, identifica as condições que favorecem o retorno e o desenho de ações concretas para o regresso da geração de jovens qualificados que nos últimos anos saíram de Portugal. Divulgando oportunidades de turismo qualificado e criativo, e o reforço das ligações empresariais na diáspora. Programa “Regressar” Recentemente o governo português lançou o programa Regressar, onde através de medidas de incentivo fiscal promove a mobilidade e investimento para os emigrantes que regressem entre 2019 e 2020. Destina-se aos emigrantes portugueses e aos seus descendentes no mercado de trabalho europeu. Programa Revive, que disponibiliza através de concessão, imóveis públicos devolutos, a privados para exploração com fins turísticos.

(2) Vale do tua -Segundo o jornal Público, o Parque do Tua é o único de âmbito regional, com gestão local, nomeadamente dos municípios, o que representa por si só uma vantagem. O Parque Natural Regional Vale do Tua situa-se entre os distritos de Vila Real e Bragança e constitui atualmente uma porta de entrada para o fluxo turístico dominante, do centro/norte e do litoral, além de que está com uma estratégia de comunicação muito interessante para a região.


Estudo sobre o impacto de Comunidades Emigrantes nas exportações e soluções estratégicas para Bragança

GAE - os gabinetes de apoio ao emigrante, têm como missão apoiar a nível municipal, os emigrantes em vias de regresso ou que ainda residam no país de acolhimento e numa primeira fase pretende responder a questões sobre o regresso e/ou reinserção em todas as suas vertentes, mas também dinamizar as potencialidades económicas dos concelhos junto da diáspora. GAID – Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora Esta entidade estatal propõem-se contribuir para apoiar, informar e facilitar contactos e networking entre empresas e outras entidades. De forma bilateral, com empresas nacionais que pretendam internacionalizar através da diáspora ou através de projetos lançados pelos emigrantes nos países de acolhimento. AICEP – A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal é uma entidade pública de natureza empresarial, com o objetivo promover a internacionalização das empresas, de apoiar e desenvolver negócios que contribuam para a globalização da economia portuguesa. Por todo o mundo tem presente várias delegações. Brigantia EcoPark – faz parte do Parque de Ciência e Tecnologia de Trás-os-Montes e Alto Douro. Presta apoio a empresas e serve também de incubadora de empresas tecnológicas. Disponibiliza espaços de apoio à inovação, investigação e desenvolvimento.

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Rede Lusa

Considerações finais No inicio do programa foi determinante a disposição e colaboração de vários indivíduos e entidades do universo da diáspora, dos serviços centrais e também da região de Trás-os-Montes. Depressa se estabeleceu uma rede de contatos que demonstrou a predisposição e a pertinência atual do tema. Foi também fundamental para o objeto de estudo os testemunhos de empresários e de associações empresariais da diáspora. Para determinação do consumo, hábitos e tendências de mercado, os estudos de mercado atualizados e a experiência na área de trabalho representaram uma mais valia. Foi considerado que, praticamente todos os objetivos propostos foram atingidos e visíveis.

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(1) Caraterização das NUTS, in: www.pordata.pt

NUTS III

NUTS II

Alto Minho Cávado Ave Área Metropolitana do Porto Alto Tâmega Tâmega e Sousa Douro Terras de Trás-os-Montes

Norte

Oeste Região de Aveiro Região de Coimbra Região de Leiria Viseu Dão Lafões Beira Baixa Médio Tejo Beiras e Serra da Estrela

Centro

Área Metropolitana de Lisboa

Área Metropolitana de Lisboa

Alentejo Litoral Baixo Alentejo Lezíria do Tejo Alto Alentejo Alentejo Central

Alentejo

NUTS I

Continente

Algarve

Algarve

Região Autónoma dos Açores

Região Autónoma dos Açores

Região Autónoma dos Açores

Região Autónoma dos Madeira

Região Autónoma dos Madeira

Região Autónoma dos Madeira


Estudo sobre o impacto de Comunidades Emigrantes nas exportações e soluções estratégicas para Bragança

1-Alto Minho 2-Cávado 3-Ave 4-Área Metropolitana do Porto 5-Alto Tâmega 6-Tâmega e Sousa 7-Douro 8-Terras de Trás-os-Montes

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Rede Lusa

Bibliografia. Aeker, D. (1998) – Strategic Market Management, fifth edition, Wiley editions Amador, J. et al (2018) – Um retrato das empresas portuguesas no comércio internacional de serviços não turísticos; Paper, Banco de Portugal Baptista, A. (2015)- Estratégias de Internacionalização para os pequenos frutos, Tese de Dissertação de Mestrado, Universidade de Évora Bilateral, Entreprises et Affairs (julho 2019) – Magazine da CCIFP, nº14 Bradley, Frank (2005) – International Marketing Strategy, fifth edition, Pearson Education Limited Diáspora Lusa Magazine, nº4 trimestral junho de 2019 Doole, L. E Lowe, R. (2008) International Marketing Strategy, 5th edition Cengage Learning Emea. Empresas em Portugal 2017, (2019) edições INE Instituto Nacional de Estatística Freire (2008) Estratégia –Sucesso em Portugal, Edições Verbo Ghauri, P. E Cateora, P. (2010) – International Marketing, 3rd edition, McGraw-Hill Gonçalves, M. (2009)- Migrações e Desenvolvimento, Fronteira do Caos/CEPESE, Porto Hollessen, S. (2008) – Essentials of Global Marketing, Pearson Education Limited

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Martins, M. (1999)– A Emigração do Distrito de Bragança e a Imprensa Regional no Limiar do séc.XX, ISLA Bragança Meneses, M (2005) Empresarialidade Portuguesa na Diáspora, Universidade Aberta, Porto Moreira, E. (2005) Emigração em defesa dos portugueses no estrangeiro; Jomec, Rio de Janeiro O Comércio Internacional de Mercadorias da Região Norte em 2017; (2019) Norte Estrutura – CCDRN Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional Norte Pires R. et al; (2019) Portuguese Emigration – Factbook 2018, pelo Observatório da Emigração Taborda, Vergílio (1987)– Alto Trás-os-Montes/Estudo geográfico, 2ª edição, livros Horizonte, Lisboa Teixeira S. e Diz, H (2005) Internacionalização, Publisher Team

Estratégias

de


Estudo sobre o impacto de Comunidades Emigrantes nas exportações e soluções estratégicas para Bragança

Webgrafia. http://portugalglobal.pt/PT/RevistaPortugalglobal/2016/ Documents/Portugalglobal_n85.pdf http://kapitaldonordeste.pt/brigantia-ecopark-integra-listade-incubadoras-acreditadas-para-aceitacao-do-valeincubacao https://www.doingbusiness.org/content/dam/ doingBusiness/country/p/portugal/PRT.pdf https://www.facebook.com/131961653543109/videos/ faurecia-de-bragança-empresa-que-se-propõe-criarmais-postos-de-trabalho-no-âmbi/1623847147687878/ https://eco.sapo.pt/2019/02/13/so-63-das-empresas-emportugal-sao-exportadoras/ https://www.noticiasmagazine.pt/2014/a-saudade-e-umbom-negocio/ http://www.jornalnordeste.com/opiniao/ponto-de-vista-um http://observatorioemigracao.pt/np4/1316/?sInd11 https://www.lusopress.tv/pt https://www.noticiasmagazine.pt/2014/a-saudade-e-umbom-negocio/

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Rede Lusa

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