INCENDIO OCULTO - Capítulo 1

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Giselle Almeida

VIVIAN WOLKOFF

Autora e Diretora Criativa

GISELLEeALMEIDA

Edição e Revisão

Cláudia Fusco

Escritora

Ilustração de Capa Giselle ViniciusAlmeidaSouza

Paula Cruz Betagem

MayaraRubensSampaioAlves

Vivian Wolkoff

Yasminny Freitas

Design de Capa e Tipografia

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Katma esticou as costas, tentando desfazer o nó de tensão que havia se formado ali. Ela adorava dirigir, ainda mais quando era em uma estrada aberta, sem trânsito ou condições adversas. No entanto, passara as últimas seis horas dirigindo e não havia gostar de dirigir que evitasse uma dor nas costas depois desse tempo todo.

Eu não vou dirigir Emily nem sequer se deu ao trabalho de olhar para Katma ao falar, apenas continuou virada para a janela. Os braços ainda estavam cruzados sob o peito, como estavam na última vez em que as duas voltaram para o carro depois de uma pausa, há mais de uma hora — Você decidiu me arrastar para cá, então você dirige.

Katma suspirou enquanto raiva e frustração corriam feito gasolina em suas veias. Emily estava agindo como uma criança mimada e Katma estava cansada de tentar

Você bem que podia dirigir um pouco Katma disse para a irmã assim que entraram na cidade de Woràk. Ela não se importava de dirigir enquanto estavam na estrada, mas Emily não era acostumada a dividir a pista com caminhões e outros veículos pesados. O trânsito de uma cidade era diferente A gente vai parar no próximo posto e você assume o volante.

Katma não sabia mais o que fazer. Foi então que as duas foram chamadas para o escritório do advogado de seus pais. Katma havia deixado um recado no celular de Emily porque já havia desistido de esperar para falar com a irmã cara-a-cara. Ela raramente estava em casa e, quando estava, a encontrava dormindo para fugir da ressaca ou tão mal-humorada que as duas acabavam brigando. Katma não fazia ideia se a irmã lera ou ouvira a mensagem.

Emily recebeu a irmã de braços abertos naquele primeiro momento, mas logo foi mudando. A perda faz coisas estranhas com as pessoas. Algumas se aproximam daqueles que ainda lhe restam... outras se afastam. Emily era o segundo tipo de pessoa. Ela praticamente abandonou os estudos e passou a perder seu tempo com péssimas companhias. Quanto mais Katma tentava conversar e aconselhar, mais Emily se rebelava. Quanto mais Katma tentava se aproximar, mais Emily se afastava.

explicar e barganhar com a irmã. Será que ela não poderia parar de pensar em si mesma por um momento? Não tinha sido a única a perder ambos os pais de uma hora para a Katmaoutra.estava longe da família quando recebeu a ligação. Era o meio da noite e tinha viajado por conta do simpósio de bioquímica; era a véspera de sua apresentação. Emily estava chorosa ao telefone, pedindo que Katma viesse para casa, e foi exatamente isso o que ela fez. Katma deixou o simpósio, a apresentação e o emprego com uma empresa francesa... só para poder estar ao lado da irmã nesse momento tão difícil.

No horário marcado pelo advogado, ela chegou sozinha ao escritório. Emily apareceu quase quarenta minutos depois, ainda usando o vestido preto da noite anterior e

O advogado entrou antes que Emily pudesse dar uma resposta atravessada, carregando uma pasta recheada sob o braço. Ele começou a reunião dizendo que lamentava muito a morte dos pais de ambas e que eram seus amigos há mais de quarenta anos, e que estava ao dispor das duas para o que precisassem. Katma agradeceu gentilmente enquanto Emily estava caindo no sono ao seu lado.

Emily sentou-se reta na cadeira. Ao que parecia, a palavra testamento era mais eficaz do que café Testamento? Vai me dizer que papai e mamãe eram secretamente milionários?Oadvogado

Foi você quem marcou essa reunião tão cedo, não foi? Ela bebeu um longo gole do café que trouxera consigo.

— Cedo? São nove da manhã, Emily —

riu — Não, não. Não chega a tanto, mas eles vão deixar vocês duas bem confortáveis.Emilyestava alerta e curiosa durante toda a leitura da lista de bens que os pais deixaram. A casa. O carro novo da mãe. Uma poupança. Algumas jóias. Seria o suficiente para que completasse os estudos e tivesse um apartamento em qualquer cidade que quisesse. Katma gostaria de ficar com algumas das jóias da mãe, mas Emily podia ficar com o resto. Ela não precisava do dinheiro.

cheirando a cerveja barata e cigarros. Se largou na cadeira ao lado de Katma e empurrou os óculos escuros mais para cima em seu nariz.

— Eu não sei o que Conrad e Anna disseram para vocês — começou o advogado, claramente constrangido — Mas deixaram um testamento.

O advogado disse — O testamento explica tudo.

— Ah, o senhor está certo. Eu esqueci. Se ela resolver me dar o meu dinheiro.

— Conrad e Anna apenas queriam ter certeza que você...

— Não é bem isso — o advogado começou, cheio de paciência.

Ele esperou que uma das duas dissesse alguma coisa, mas nem Katma nem Emily tinham algo a dizer. O homem estava suando mais do que o necessário. O escritório era abafado, mas o ar condicionado estava em potência máxima. Katma não gostou nem um pouco de perceber que ele estava nervoso. Não havia motivos para um advogado com anos de experiência ficar tão tenso ao ler o testamento de clientes a não ser que soubesse que iria dar péssimas notícias para os herdeiros.

— Existem condições para que Emily tenha acesso à herança.

Condições? Emily perguntou, sua alegria se esvaziando como um balão em fim de festa — Como assim, condições?

Katma estava esperando o pior, mas, ainda assim, ficou em choque quando ouviu o advogado dizer Deixamos todos os nossos bens à descrição de nossa filha mais velha, para que ela escolha como ou se vai dividir a herança com sua irmã mais nova.

O quê?! Emily exclamou no instante que o advogado terminou de ler o documento — Eu vou ser obrigada a fazer o que a minha irmã mandar até ela decidir me dar dinheiro. É isso mesmo que eu ouvi?

Isso só pode ser ilegal Emily interrompeu Eu não aceito uma coisa dessas. Acho que vou procurar outro advogado, alguém que não tenha se formado no século passado.Odinheiro era dos seus pais, mocinha O advogado passou uma mão trêmula pelos cabelos ralos e grisalhos. Ele estava tentando ter paciência com Emily, provavelmente em nome dos anos de amizade com os pais dela, mas dava para ver que estava sendo difícil — E tinham todo o direito de decidir quem herdaria.

— Para você é fácil dizer. Você herdou tudo.

Katma respirou fundo, buscando paciência de reservas que já haviam se esgotado há semanas. Um ex-namorado disse, depois de uma briga, que quando ela estava com raiva, Katma tinha um jeito de olhar que era praticamente uma rajada de metralhadora. Era para ser um insulto, mas Katma levou como um elogio. Esse olhar fulminante a poupava tempo e trabalho de gastar seu latim com quem a desagradava, como aconteceu agora.

não ia deixar a irmã falar assim. Além disso, o advogado estava num tom de púrpura que era preocupante. A última coisa que Katma queria era que o homem tivesse uma síncope bem no meio da reunião Já chega. Fica calma. Vai dar tudo certo.

Emily se encolheu como um cachorro com medo, mas o recuo durou pouco. Ela tinha o mesmo pavio curto que Katma; não ia se dar por vencida.

— Eles perderam o direito de dar pitaco na minha vida quando o carro deles caiu daquelaEmily!ponte.Katma

— Aproveite o seu dinheiro, Katma!

O coração de Katma batia descompassado de ansiedade enquanto Emily pensava no caso. Esperava que esse acordo acalmasse a irmã e desfizesse um pouco do seu ressentimento contra Katma, ao mesmo tempo em que criaria tempo para ajudar a caçula a encontrar um rumo na vida.

o que você quer em troca? — Emily perguntou, desconfiada.

Sem problemas. Não me importa o que você estude, contanto que seja algo que te garanta um bom emprego no futuro.

Emily saiu do escritório, batendo a porta com tanta raiva que a janela tremeu.

— Que você aceite ir morar comigo. Eu consegui um emprego dando aulas na faculdade em Woràk. Você vai ganhar uma bolsa integral por ser da minha família. Se terminar a faculdade com boas notas e conseguir um bom emprego, o dinheiro é seu. Todo o dinheiro.

— Eu não quero mais fazer Administração — disse Emily.

Demorou dias para que Emily voltasse para casa e outros tantos para que se acalmasse o suficiente para sequer ouvir a voz da irmã mais velha. Quando ela conseguiu ser racional de novo, Katma contou o seu plano. Iria colocar a casa dos pais à venda. Esse dinheiro, assim como o resto dos bens, ficaria protegido até o aniversário de vinte e cinco anos de Emily, quando as duas voltariam a discutir o caso. Katma estava disposta a assinar um contrato com todas essas garantias, se isso fizesse Emily feliz.—E

— Você não, Emily. Nós.

Um sorriso triste passou pelos lábios de Emily Você parece a mamãe quando fala assim...Masse

O lugar era menor do que o antigo apartamento de Katma e do que a casa dos pais dela e de Emily, mas tinha potencial para ser bem agradável. Tinha dois quartos de tamanho razoável, apesar de Katma sentir falta de um escritório ou um jardim onde ela pudesse fazer os seus rituais. O caminhão de mudança chegaria lá pelo meio da tarde, trazendo os móveis e tudo o que não coube no porta-malas do carro. Katma conferiu a hora no seu celular. Passava um pouco do meio-dia.

Eu vou querer um contrato Emily continuou, agora mais firme Algo oficial mesmo. Com firma reconhecida e tudo.

Agora, elas estavam aqui, na casa nova.

— O que mais eu posso fazer, né? É isso ou perder tudo — Emily ofereceu a mão para um aperto — Então eu aceito.

Nós não temos muito tempo Ela esticou as costas de novo, os músculos doloridos antes mesmo de começar Precisamos dar uma geral na casa e trazer as malas antes dos móveis e caixas chegarem.

— Sem problema.

Uma geral? Emily estava falando como se Katma tivesse pedido um litro de seu sangue —Quer que eu faça faxina depois de passar horas na estrada?

esforçou para limpar o rosto daquele saudosismo, como se ter saudades fosse algo ruim. Uma doença.

* * *

Naquela manhã de sábado, o pai não havia precisado reclamar com Lilend. Depois de dias de chuva e ventania, o outono resolvera ser gentil. O sol tinha retornado e o dia estava mais quente do que o normal naquela época do ano. Lilend havia pegado os

Emily estreitou os olhos com raiva e saiu pisando forte pela casa.

Lilend já tinha tido esse pesadelo tantas vezes que o reconhecia logo de cara. O pior de tudo nem era o fato de não conseguir escapar do sonho, mesmo sabendo o que ia acontecer. O pior era que aquele pesadelo tinha acontecido de verdade.

Katma tinha fé que ela e a irmã se acertariam e construiriam uma vida nova aqui. Afinal, já foram muito próximas, apesar de seus doze anos de diferença. No entanto, em momentos como agora, Katma se questionava se o que ela queria não era um sonho impossível.

Ele era um moleque magrelo aos dez anos de idade, com braços e pernas que não paravam de esticar e um cabelo preto feito tinta que, apesar de liso, nada conseguia controlar. E estava no quintal.

Seu pai não gostava que brincasse em casa. “Porque temos um jardim se você insiste em ficar enfiado aqui dentro o dia todo? Era a mesma ladainha toda vez que pegava Lilend lendo ou brincando em casa, a exceção sendo os dias de chuva e os meses de inverno. Pelo menos isso.

você se lembra de mim? —A mulher esticou os braços na direção dele, como se pudesse atravessar as barras e o espaço entre os dois em um piscar de olhos. Ela deu um sorriso triste quando Lilend, aturdido demais para mentir, sacudiu a cabeça em negativa Não tem problema. A gente tem tempo. Você vai se lembrar de mim. Eu tenho certeza.

A mulher estava no portão da casa. Ela apertava nas barras de ferro preto com tanta força que seus dedos estavam brancos como ossos. Usava roupas desbotadas e puídas, o cabelo era loiro e parecia ter sido cortado por alguém com muita raiva e pouco talento para a coisa. Por pouco não era uma mendiga. Mas não foi a aparência dela que assustou Lilend: foi o jeito como ela o encarava. Seus olhos azuis estavam cheios d'água; olhava para ele com uma intensidade que o menino não conseguia entender—Lilend,

seus soldados e correu para o jardim, querendo aproveitar o bom tempo. Mesmo tão novo, deveria imaginar que a sua alegria duraria pouco.

— Lilend?

— O que você está fazendo aqui? — A voz do pai de Lilend, Damien, era um chicote.

Ela começou a cantar uma música de ninar, as palavras num idioma que Lilend não costumava ouvir em casa, mas reconhecia. Russo. Diversas vezes o pai falava ao telefone em russo por causa do trabalho. Lilend ainda estava com medo dessa mulher, mas também curioso. Ele não a reconhecia, mas se lembrava vagamente dessa música. A melodia havia ficado esquecida em algum canto escuro e empoeirado de sua mente até esse momento.

— Quem é aquela mulher, pai?

— Você não tem motivo para vir aqui.

Os olhos dela deslizaram pelo ar até encontrar Lilend.

— Vai embora daqui — Damien sibilou antes de marchar de volta para junto de Lilend.

saiu da casa pisando forte, o rosto vermelho. Vai embora ou eu chamo a polícia!Amulher começou a soluçar — Damien, por favor...

A mudança em Damien foi brutal e instantânea. Raiva quente deu lugar a frieza letal. Cruzou a distância em poucos passos e ficou tão próximo do portão e da mulher que Lilend achou que o pai ia bater nela. Damien disse algo para a mulher em um tom tão baixo que Lilend só sabia que ele tinha falado porque ela encarou o homem de volta. Seu rosto perdeu a pouca cor que tinha e sacudiu a cabeça como se não acreditasse no que acabou de ouvir

Lilend se virou devagar para o pai, que estava em pé na porta de casa, tentando juntar pedaços de desculpas em sua cabeça. O medo explodiu em seu peito, fazendo o coração bater rápido feito um tambor de guerra. Lilend nunca ouvira o pai tão furioso e não sabia o que havia feito de errado dessa vez. Mas Damien não estava furioso com ele; nem sequer parecia estar vendo Lilend no jardim. Só tinha olhos para a mulher no portão.Damien

Só então Damien percebeu que o filho estava no jardim.

Ele arrastou o filho para dentro de casa. Quando Lilend tentou olhar para trás, para a mulher, o homem segurou o queixo do menino e o forçou a olhar para frente.

O celular apitou na mesa de cabeceira.

Aaron havia mandado aquela mensagem. Com certeza ele e Pixie teriam algo perigoso e idiota planejado para a noite que começava a cair lá fora. Era exatamente o que Lilend precisava para esquecer esse pesadelo e colocar a cabeça no lugar. Alongou o pescoço, tentando forçar os músculos a se livrarem da tensão que sempre contraía seus ombros quando tinha o pesadelo.

Lilend acordou com o choro da mulher ainda ecoando em seus ouvidos. Nunca mais soube dela, mas sempre se perguntava quem era e por que o pai a odiava tanto. Nos momentos mais solitários da sua vida, Lilend chegou a pensar se aquela era a sua mãe. Quando tinha esse pensamento, como agora, a dor aguda dava lugar à raiva. Sua mãe o abandonou sem sequer olhar para trás. Por que ainda se importava com ela?

Ninguém A voz dele deixava claro que eles nunca mais iam falar sobre o assunto — Ela não é ninguém.

* * *

Quando Katma finalmente se permitiu sentar para descansar, seu corpo estava em frangalhos. As costas ainda doíam, os dedos de um dos pés latejavam (graças a uma caixa que Emily havia deixado cair hoje mais cedo) e uma dor de cabeça começou a brotar atrás de seus olhos. No entanto, a mudança foi feita. As duas haviam

Tá de bobeira hj?

Tô sim, digitou. O que vocês dois estão planejando?

Seu caso vai ser analisado hoje. Por favor, apresente-se nesse endereço em duas horas. Atenciosamente, Michal.

— Vamos dar uma volta? — Emily perguntou.

— Emily, vamos ficar em casa? A gente pede uma pizza e assiste...

— Você está louca? — A luz da sala era como adagas entrando pelos olhos de Katma quando ela os abriu para encarar a irmã. Para seu completo choque, Emily estava falando sério — Não está cansada?

Agora, tudo o que Katma queria era um banho escaldante, um analgésico e ler um bom livro, de preferência usando o seu pijama favorito.

Katma ignorou o pensamento e leu o endereço que estava na segunda mensagem. Ela havia entrado em contato com a Irmandade de bruxaria local assim que conseguiu o emprego na faculdade. Katma tinha negligenciado o seu lado bruxa desde a morte dos pais, mas estava ansiosa para mudar a situação. Viver desconectada de sua magia era como passar os dias com um olho vendado.

Quem assinava uma mensagem de texto?

O celular de Katma tocou o ringtone de mensagem. Ela suspirou, cansada, e se esticou para pegá-lo na mesa de centro.

conseguido fazer uma limpeza rápida na casa vazia e trazer as malas e poucas caixas que estavam no carro antes de que o pessoal da companhia de mudança chegasse com o resto dos móveis. Ela também havia encomendado compras num supermercado local, usando um aplicativo que Emily havia achado mais cedo.

A caçula deu de ombros.

As mãos de Emily se fecharam em punhos ao lado do corpo e ela se afastou, furiosa, batendo a porta do quarto com força.

O dinheiro. Isso, Emily respeitava, pelo menos por enquanto.

— Preciso sair — ela anunciou — Vou deixar dinheiro para você pedir uma pizza.

Katma suspirou, cansada. Se sentia muito mais velha do que os seus trinta e um anos de idade. Não tinha tempo para discutir com Emily ou se sentir mal. Ela queria ficar em casa e descansar, mas o dia ainda não havia acabado.

Ela se apressou para o quarto. Precisava trocar de roupa e sair de casa; não havia tempo a perder

— Como assim? Eu não vou ficar em casa se você vai sair!

— Mas...

— Você fez um acordo comigo, lembra?

Katma fechou os olhos, murmurando o feitiço que conhecia tão bem. A magia era uma onda de calor percorrendo seu corpo, aliviando as dores e relaxando seus músculos. Uma outra onda, fria como água, bateu em sequência, espantando o cansaço e lhe dando um novo ânimo. Quando voltou a abrir os olhos, quase se sentia nova em folha.

Isso não é um debate A paciência de Katma, assim como seus músculos, estava em frangalhos — Você tem aula amanhã. Vai ficar em casa hoje.

Ela riu — Não vou, não.

— Você vai sim, Emily.

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