Revista INBEC: ENGENHARIA E ARQUITETURA

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investimentos públicos planejados, significativos e contínuos. Conforme se pode visualizar em ABDI/ ANPROTEC (2007, p. 71), que na primeira geração de parques, o Japão priorizou estabelecer um conjunto de entidades mais competitivas ao Ocidente, criando uma base industrial em manufatura sólida. Um grande conjunto de empresas surgidas nessa época, constitue hoje empresas mundialmente reconhecidas, que se originaram junto aos Parques e Cidades da Ciência. Por outro lado, o estudo do cenário internacional vem mostrando a intensa relação existente entre as políticas públicas, os esforços de apoio e incentivo aos PqT e os Programas Nacionais e Regionais de Desenvolvimento. O que fica claro no caso da montagem dos Pólos de Competitividade, no qual parece extremamente óbvia a tendência mundial de integração de políticas públicas, visando tanto a otimização do uso de recursos, quanto a maximização de resultados. Este é um movimento de dimensões transnacionais. Contudo, os países asiáticos não ficam atrás no processo e apresentam experiências de excelência como no caso do Japão (Knowledge Cluster Initiative), da Coréia do Sul, da China e da Índia. Eles se constituem em ilustrações de elevado peso quanto à necessidade de tratar os PqT como instrumentos ou mecanismos estratégicos no contexto de uma Política Pública mais abrangente e de caráter nacional e regional. A partir daí, os PqT são vistos de uma forma interativo-sistêmica com o desenvolvimento nacional e regional. Na verdade, um dos aspectos mais importantes das últimas três décadas do século XX e do início do século XXI, tem a ver com a emergência dos países asiáticos no contexto da economia mundial. Em primeiro lugar, há que mencionar os denominados Tigres Asiáticos ou os Quatro Dragões Asiáticos, como os denomina Bustelo (1994, pp. 18 – 21). O autor, também utiliza a denominação “Novos Países Industrializados da Ásia (NPIA)”, para

se referir aos casos de Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong1 e Cingapura. Cujas economias transformaram-se em líderes do crescimento econômico, com taxas de expansão que chegaram a superar as do próprio Japão. Cabe observar que o investimento foi financiado com recursos internos, sendo estimulado por uma crescente abertura ao comércio internacional e também por toda uma ordem de mudanças de fundo fiscais, financeiras e institucionais. Contudo, na opinião de alguns autores e especialistas, a realidade desenvolvimentista dos NPIA estaria muito mais próxima de ser descortinada pelo enfoque do Estado, promotor da aceleração do processo de industrialização e do catching up tecnológico (versão revisionista). Assim sendo, a intervenção estatal foi muito mais importante do que nas economias de industrialização tardia do século XIX. Na Coréia do Sul e em Taiwan, no início dos anos 60 do século XX, registrava-se, apesar dos baixos salários, uma enorme incapacidade competitiva. Em outras palavras, mesmo funcionando corretamente, o mercado, só por ele, não se mostrava capaz de fomentar a industrialização. Portanto, a intervenção estatal não se harmonizou com o mercado, antes viabilizando uma estratégia ativa de industrialização. De outro modo, caberia assinalar que o papel assumido pelo Estado, no âmbito dos NPIA, em muito ultrapassaria o do Estado nacional-desenvolvimentista latino-americano (cujo caso mais bem sucedido é o do Brasil), uma vez que a ação estatal tinha aqui um papel eminente estratégico. Ou seja, através do planejamento estratégico (o Estado como estrategista), a esfera estatal delineava, configurava e implementava a estratégia nacional de industrialização, capacitação tecnológica e desenvolvimento desses países. Na verdade, a experiência dos países do Leste Asiático, conforme registra Masiero (2007, p. 336 – 339), em formação e gestão de recursos humanos, bem como na ausência de fortes disparidades, em termos de ganhos

de PCT/PqT deve se basear num modelo de viabilização, fundamentado fortemente em investimentos públicos planejados, significativos e contínuos.

_________________________________________________ 1 Já definitivamente integrado à China.

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