Potencialidades e constrangimentos_turismoquinhamel

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Algumas abordagens tendentes às metodologias integradas propõem a adopção de uma gestão comunitária, participada e participativa com atribuição de autonomia por via da responsabilização. Este tipo de metodologia parece ser adequado do ponto de vista teórico, se bem que na prática as experiências demonstrem as dificuldades de prossecução de um modelo gestionário participativo de base comunitária, resultando numa simples apropriação dos recursos e das infraestruturas criadas. A ideia do envolvimento comunitário, sendo meritória, requer alguma ponderação e análise prévia das condições de aplicação, sendo possível promover um conjunto de medidas que, com um carácter progressivo, consistem em estímulos para a participação com envolvimento. Assim, são práticas habitualmente consideradas como bem sucedidas: 1. a realização de reuniões com representantes das comunidades, com um carácter intercalar e com periodicidade a definir para apresentação dos objectivos do Projecto, esclarecimento de dúvidas e pedido de sugestões; 2. a constituição de uma Comissão de Gestão Participativa, constituída pelos promotores do Projecto, Régulos e representantes de tabancas, com a preocupação de valorizar e manter activo o poder tradicional, envolvendo os seus representantes e responsabilizandoos pela tomada de decisões; 3. o envolvimento de membros das diferentes comunidades na definição de trilhos, circuitos, rotas e locais de interesse para observação, bem como na identificação de tabancas a visitar ou das zonas interditas, tendo em conta os períodos de prática de rituais sagrados; 4. o recurso à contratação de técnicos locais para as diferentes fases de desenvolvimento do Projecto, incluindo concepção, construção, implementação e comercialização; 5. a identificação, formação e contratação de membros das diferentes comunidades, para exercerem a função de guias no acompanhamento dos viajantes nas actividades promovidas. Na região de Biombo, as experiências participativas não têm sido abundantes, pelo que a possibilidade de gestão co-participada, com estímulo para o envolvimento comunitário, representa um factor inovador importante na relação entre promotores e populações locais. Contudo, é importante recomendar que o factor da rentabilização económica e financeira da iniciativa, requerendo controlo, não sendo a única dimensão a considerar, é de grande importância tendo em conta o objectivo da sustentabilidade a médio e a longo prazo.

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