Resumo da 4.ª Conferência de Lisboa "A Aceleração das Mudanças Globais e os impactos da pandemia"

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Fernando Medina Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

E

u, que não costumo ser muito otimista — e durante muitos anos, infelizmente, tivemos todos que acompanhar o que foi o problema do evoluir da crise de 2008 — creio que a resposta que hoje temos montada pela Europa nos devolveu confiança. Devolveu-nos aquela Europa que durante muitas vezes vimos como grande instrumento de desenvolvimento — nomeadamente em Portugal, aquele país que se ancorou à Europa na ideia de Mário Soares para estabilizar o seu sistema democrático — uma Europa capaz de nos propiciar essa luz de prosperidade e de bem-estar. É essa Europa que estamos a ver aparecer. Aquilo que neste momento está em marcha, aquilo que foi conseguido e aquilo que irá propiciar-se nos próximos anos é uma rutura no bom sentido. Viemos de uma crise violentíssima que estilhaçou o quadro de recuperação europeia, sendo que vivíamos a crédito do Banco Central, que com uma política de juros muito baixos, foi ganhando tempo, permitindo que os fatores de contradição interna da Europa não se tornassem politicamente ainda mais insustentáveis ao nível de cada estado. É evidente que não foi suficiente para evitar alguns dos acontecimentos a que assistimos, como o Brexit ou outros fenómenos

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Conferência de Lisboa – 4 _ 2020 Lisbon Conference – 4

Mayor of Lisbon

em países da Europa onde as evoluções não foram positivas. Esta pandemia trouxe, de certa forma, a salvação do projeto europeu, no sentido em que forçou a resolução de um bloqueio na frente que considero ser a mais importante: a frente da reposta económica e social. Esta será a frente mais violenta e penosa, já que irá arrastar-se com consequências muito pesadas e durante muito tempo. Esta será uma crise da qual iremos demorar tempo a recuperar e precisamente por isso é que a resposta da União Europeia foi importante, indo ao coração do problema. Hoje os países têm uma oportunidade e uma responsabilidade, não sendo pela falta de recursos que não temos os instrumentos para dar uma resposta cabal a uma parte importante dos desafios que são colocados. Eu sinto esse ânimo e essa responsabilidade. Quando falamos da Europa, sejamos claros, falamos dos estados europeus, já que as instituições europeias responderam, no seu fundamental, muito bem a esta crise desde o início, desde o Banco Central à Comissão Europeia, apesar dos obstáculos no Conselho Europeu — problema esse que, em última análise, residia nos Estados-Membros. Existe agora uma diferença de fundo muito importante e com um sentido estratégico, nomeadamente, o posicionamento menos receoso da Alemanha, mostrando ter aprendido bem o problema de gestão da crise de 2008. O facto de esta ser uma crise transversal, em que a maior economia exportadora tem

A ACELERAÇÃO DAS MUDANÇAS GLOBAIS THE ACCELERATION OF GLOBAL CHANGE


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